quarta-feira, 13 de maio de 2009

Querido escritor...


Querido Escritor:

Penso insistentemente em você e sua estranhíssima capacidade de produzir sob encomenda.
Como consegue localizar e tirar proveito do que dificilmente consigo localizar em mim e, menos ainda, aproveitar? Vivo exorcizando o que, para você, são os úteis ajudantes.

Deveras penso em você, que recebe adiantado o dinheiro da editora e me pergunto se seus fantasmas sabem que já foram vendidos, incluídos os gemidos noturnos. Quanta responsabilidade!

Você fuma, bebe e convive com seres evaporentos e esgueirosos mas as vezes desconfio de que isso venha a se tornar perigosamente burocrático. É grande o riscode uma convivência sem suspense com epílogo acoplado. Como você faz para saborear angústias confeitadas de letras?

Quantos personagens povoam teu tormento? E quantos deles são tirados a fórceps de tua imaginação eternamente gestante? Quantos desses pobres seres nem mesmo existiriam, mas foram trazidos ao nosso mundo assim, muito a contra-gosto, tão-somente para que servissem de veículos que escoassem o turbulento produto de tua mente que não pára!

Que eles façam o que deles se espera. Rezo para que teu castelo permaneça deles repleto, povoado de lembranças, insônias, histórias inconclusas e inquietas gritando por trás dos quadros. Que jamais te falte o pesadelo e angústias criativas e que o vento fértil da loucura encha tuas páginas para deleite teu e de teus leitores. (Que estranho deleite o teu!). Assim rezo, também estranhamente, porque estranho é o mundo dos que sentem demais.

Como seriam assombrosas noites e noites de amarga calmaria! Sono vazio, velas sem vento.

Ventos e fúrias, arrepiem esse homem cujo pão de cada dia depende de tais tormentos!

Querido Parteiro de Idéias, Domador de Fantasmas, Artífice de Palavras, se precisar de mim posso atormentar-te por dias, noites infindas com minhas questões intermináveis. Ou envio-te meus fantasmas mais freqüentes; aqueles mais apegados a mim, as verdadeiras “jóias da família”. Decerto eles não irão te decepcionar.

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quarta-feira, 13 de maio de 2009

Querido escritor...


Querido Escritor:

Penso insistentemente em você e sua estranhíssima capacidade de produzir sob encomenda.
Como consegue localizar e tirar proveito do que dificilmente consigo localizar em mim e, menos ainda, aproveitar? Vivo exorcizando o que, para você, são os úteis ajudantes.

Deveras penso em você, que recebe adiantado o dinheiro da editora e me pergunto se seus fantasmas sabem que já foram vendidos, incluídos os gemidos noturnos. Quanta responsabilidade!

Você fuma, bebe e convive com seres evaporentos e esgueirosos mas as vezes desconfio de que isso venha a se tornar perigosamente burocrático. É grande o riscode uma convivência sem suspense com epílogo acoplado. Como você faz para saborear angústias confeitadas de letras?

Quantos personagens povoam teu tormento? E quantos deles são tirados a fórceps de tua imaginação eternamente gestante? Quantos desses pobres seres nem mesmo existiriam, mas foram trazidos ao nosso mundo assim, muito a contra-gosto, tão-somente para que servissem de veículos que escoassem o turbulento produto de tua mente que não pára!

Que eles façam o que deles se espera. Rezo para que teu castelo permaneça deles repleto, povoado de lembranças, insônias, histórias inconclusas e inquietas gritando por trás dos quadros. Que jamais te falte o pesadelo e angústias criativas e que o vento fértil da loucura encha tuas páginas para deleite teu e de teus leitores. (Que estranho deleite o teu!). Assim rezo, também estranhamente, porque estranho é o mundo dos que sentem demais.

Como seriam assombrosas noites e noites de amarga calmaria! Sono vazio, velas sem vento.

Ventos e fúrias, arrepiem esse homem cujo pão de cada dia depende de tais tormentos!

Querido Parteiro de Idéias, Domador de Fantasmas, Artífice de Palavras, se precisar de mim posso atormentar-te por dias, noites infindas com minhas questões intermináveis. Ou envio-te meus fantasmas mais freqüentes; aqueles mais apegados a mim, as verdadeiras “jóias da família”. Decerto eles não irão te decepcionar.

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