quarta-feira, 29 de julho de 2009

Espelho do Sul


Estive em Curitiba. Viagem longa.

Sempre que viajo fico impressionada com as nossas diferenças. Somos todos brasileiros, teoricamente um povo só. Não sei como os estrangeiros nos olham. Talvez nos percebam como vemos os japoneses: tudo igual. Seeeeerá? Somos muito diferentes de região para região. Enormemente diferentes e nem me refiro ao sotaque.

O pessoal do Sul me parece muito formal. Estranhamente formal. E têm uma cruel lentidão para entender não só as inúmeras brincadeiras e trocadilhos que os nortistas e nordestinos fazem sem parar, mas principalmente o prazer e a contumácia nessa prática. É uma mania que o pessoal de lá de baixo do mapa deve achar muito esquisita. Não que eles não façam isso, mas só numa mesa de bar uma vez por mês ou quando soa algum gongo, sei lá.

A gente não. Digo "a gente" porque pelo tempo que moro no Norte já me considero nortista de nascimento.

Vivemos abrindo parêntesis nos diálogos para enxertar pegadinhas verbais cheias de "pequenas" malícia mas não perdemos o fio da meada. Pelo contrário, essa prática funciona como espreguiçar a mente. Faz parte do ato de raciocinar. (Boa desculpa!) Só que eles não estão acostumados com isso. Quando a gente faz eles ficam olhando... olhando pra nossa cara ... Não sabem como reagir. É como se tivéssemos xingado o Papa ou coisa assim.
As vezes não fazem cara feia nem bonita mas também não pegam o fio da meada. Nunca. Apenas congelam como se precisassem se certificar de que nada tão horrível foi dito, afinal de contas. Então tentam enfileirar novamente os neurônios e continuam o que estavam dizendo. E a gente fica se perguntando se chocou sem querer, tipo galinha distraída.

O fato é que eles desconhecem o amigo Parêntesesis. Só foram apresentados para a Dona Pausa. Deveríamos apresentá-lo!

Resumindo: quer congelar um sulista? É só fazer o que você faz o tempo todo no Norte. No meio de uma conversa qualquer descontraia e jogue uma piadinha. Aqui a galera tira de letra, dribla ou te dá um cheque-mate e depois continua o assunto. Lá não: o cara congela por uns segundos, te olha como se você fosse de Marte e continua , só que em câmera lenta. Sempre me sinto deslocada nessas ocasiões... que são numerosas.

Sim, somos diferentes...

As mulheres, em especial, tem algumas características bem interessantes. Já nascem treinadas para serem operadoras de telemarketing. Penso que isso deva ser uma grande vantagem dentro do mercado de trabalho porque se não souberem fazer mais nada na vida pelo menos já têm essa habilidade. É como ser filho de brasileiro com estrangeira: a criança já cresce falando dois idiomas. É um "plus".


As garotas também de São Paulo, têm esse jeitinho peculiar. É como se estivessem sempre atrás de um balcão. Deve ser um traço genético ou um vírus benigno inoculado desde a maternidade. Talvez faça parte dos curriculos escolares. O fato é que é fato, senhora.


Também todas tem um jeito de andar e se movimentar que aos meus olhos parece extremamente contido. Tudo - sorriso, gestos, tom de voz - parece sinalizar "Por favor, mantenha distância!" Ou: "Minha pele larga pedaços!"


Pois agora fui assaltada por um pensamento assaz obscuro... Comecei a visualizar uma imagem completamente oposta a dessas interessantes, delicadas e telemarticas garotas sulistas com suas vozes e sorrisos de recepcionistas. Hmm... Não gostei do resultado.
Gente, vocês me acham... assim?!!!!

Pergunto-me como o pessoal do andar de baixo do mapa definiria o pessoal do andar de cima? Como eles me vêem com o meu jeito espontâneo, falante, gesticulante, direto e éxótico? Sim, creiam: já me largaram na lata que sou exótica. Várias vezes. Não entendo bem quando dizem isso. Não sei se é elogio ou acusação, se é admiração, xingamento ou crítica sutil. Acho que está mais para crítica sutil...

Na verdade estou preferindo imaginar que a imagem que tenho deles esteja apenas na minha cabeça imaginativa. Nada garante que você, honorável leitor, partilhe dessa viagem. Pode ser apenas uma idéia que passou pela minha cabeça cheinha de idéias passantes. Melhor pensar assim do que acreditar que essa imagem é real e que eu sou, de fato, o extremo oposto disso tudo.

Ser diferente tudo bem. Viva a diferença!!! Mas o extremo oposto... Credo!

segunda-feira, 27 de julho de 2009

De bolha em bolha


A vida segue em linha reta. Nada afeta seu curso. Um dia é igual ao outro; sol vai, sol vem, chuva cai, chuva seca, envelhecemos, pessoas nascem, engordam, emagrecem, brigam, amam. Trabalhamos, dormimos, acordamos. Nos sujamos todos os dias, todos os dias tomamos banho.

Ninguém aguentaria sem alguma forma de fuga essa sequência em linha reta que só muda o curso pra baixo, no precipício da morte.

Essa é a razão pela qual o ser humano especializou-se em "criar climas". Os "climas" nada mais são do que NADAS. Mas quem vive sem nada?

Somos inventores, por exemplo, de datas especiais. Não existe engôdo maior. Como assim "data especial"? Não existem datas especiais pois não existem dias que se repetem. Eles não se repetem jamais, mas criamos essa mentirinha para ter o que esperar, para ter motivo para confeccionar e depois olhar para um calendário, contar os dias e depois comemorarmos coisas. Rirmos, bebermos, congratularmo-nos... tudo nos tais "dias especiais" que, no final das contas, não existem. Mas queremos que existam então, nada contra. Se faz bem, tudo bem.

Somos seres criadores. Somos um barato. De onde tiramos esse negócio de comemorar aniversário? O dia em que nasci não voltará nunca mais. Por quê me animo ou fico melancólica em 13 de novembro? Que coisa mais sem sentido!

Agora deixando esse lance de data pra lá, outra arma poderosa para criar coisas que não existem, absolutamente do nada é a música.

Hoje estive assistindo um vídeo com a apresentação de uma linda canção. Dava pra notar que a "temperatura emocional" tanto da cantora quanto da platéia ia crescendo durante a apresentação até chegar a um ápice.

Todos se sentregavam "àquilo" sem medo e até gostavam. Ninguém iria sair daquele teatro reclamando de hipnose grupal. Pagaram pra entrarm, se emocionaram, beberam, talvez até mais da conta por conta da emoção, se envolveram uns com os outros... (sabe Deus o que apareceu nove meses depois) mas tudo bem. Precisamos do êxtase.

As câmeras mostravam, no meio da canção, as pessoas já com gestos melosos sorrindo umas para as outras. Os olhares já estavam mais brilhantes do que no início da música. Mulheres já deitavam candidamente a cabeça no ombro de seus parceiros... (e sabe-se lá onde eles deitavam candidamente as mãos). Até a cantora jogou para seu colega, enquanto cantava com ele, um olhar tão brilhoso e melante que parecia uma adolescente apaixonada. Não estava apaixonada, penso eu, mas era a coisa do momento, magia da música. Pintou um clima. Se apagassem as luzes não sei para onde a coisa evoluiria.

E é assim que a vida se torna mais palatável.

A vida segue reta mas aquele momento musical criou uma bolha, redonda e cor-de-rosa, nessa marcha monótona. Depois cada um volta ao seu ritmo mas ficam lá dentro da cabeça, ressoando, os momentos, os sons, os gestos de carinho, a vontade de dizer "eu te amo!" e o beijo que aconteceu - ou não. Fica tudo isso pairando enquanto seguimos reto, enquanto produzimos ou esperamos por um outro ilusionismo. Porque reto ninguém aguenta mas de bolha em bolha a gente vai que vai.

sábado, 25 de julho de 2009

Boca


Dizer que quem tem boca vai à Roma é dizer pouco. E dizer que os olhos são a nossa parte mais expressiva é um grande equívoco.

Boca é tudo.

Os olhos por si só não dizem nada; são apenas complementos luminosos do que queremos dizer. Já notou que de nada adianta lançar olhares insinuates para uma pessoa? Ela não entenderá nada se os trejeitos mínimos dos nossos lábios não demonstrarem o que queremos. É a boca, mesmo calada, que diz tudo.

Tente tapar os lábios e olhar "insinuantemente" para alguém. Não dá. Você apenas constatará que estará olhando inexpressivamente para o seu alvo. Agora experimente ser observado por uma pessoa que esteja usando óculos completamente escuros. Que tal? Você sabe que o olhar é indiferente, insinuante, ameaçador ou reprovador, não é? Mas como? Pelos olhos? Não, pela boca, pelo jeito dos lábios.

É a postura dos lábios que dizem se uma pessoa é sensual, orgulhosa, idiota, insegura, indefesa, debochada ou gentil. Conhece-se alguém pela boca.

Não sei por quê nos preocupamos tanto em refazer seios, bunda, olhos, coxas... se nossa essência e maior beleza estão exatamente nos lábios.<

Observando a Whitney Houston (foto) vejo que ela é um exemplo acabado do que digo. Sua boca sempre foi seu maior charme, o que a tornou especial em meio a tantas outras mulheres bonitas. A boca e a maneira como a movimenta, sorri e faz biquinho é o que lhe dá um ar travesso e lembram uma menina que está aprontando ou é capaz de aprontar algo surpreendente e delicioso. Sua boca também sugere uma meiguice desamparada pedidora de cuidados e carinhos masculinos. É uma boca assim de mulher que não se importa em se mostrar frágil pois sabe que esse é contraditoriamente o seu ponto mais forte, o que fisgará com laço fatal os espécimes masculinos que caírem na sua armadilha de aparente infantilidade.

Boca... Desintegra-se primeiro que tudo. Primeiro que os seios, primeiro que os olhos, que as bochechas. Nada a reconstitui a contento: preenchimento, plástica, nada. Pura ilusão achar que intervenções profissionais atrasarão o relógio.

Ao contrário dos seios, que os cirurgiões são capazes de deixar lindíssimos, os lábios são um fiasco em suas mãos. Melhor nem tocá-los pois nunca mais sua boca voltará a ser deliciosa e fresca como antes. Continuará falante e expressante, no entanto. E muito mais ainda, na medida em que o tempo passar. Pelo menos isso! Deus é Pai.

Com o passar do tempo você falará muito mais com muito menos sons. Seu rosto será bem mais expressivo. Os pensamentos saltarão de você para o mundo quase como por telepatia. É assim.

Como já dizia Honoré de Balzac a pessoa jovem tem o rosto tão duro e esticado que os sentimentos dificilmente escapam dele mas com o passar do tempo as feições se tornam maleáveis e cada trejeito, movimentos mínimos dos músculos escapam com mais facilidade pela pele e se tornam perceptíveis. Essa é uma das belezas e dos poderes que vem com o tempo. As dançarinas de flamenco se tornam mais fatais e dramáticas com o passar do tempo justamente por causa disso.As mais maduras são justamente as mais aplaudidas.

E a gente pensando que beleza e poder não tinham nada a ver com idade...

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Sei não...


Já tive vontade de dizer isso antes mas resolvi calar. Agora destravei porque afinal de contas pra quê serve um blog se não for para falar o que der na cabeça com aquela impressão agradável de que as pessoas me ouvem e calam com um silêncio reverente?

Você acata humildemente a minha opinião, né? Então fique aí sentadinho e ouça o resto enquanto gesticulo com ar professoral.

A internet e o mundo estão cheios dessas fotos de crianças se beijando. Você deve ter notado e achado bonitinho. É sem dúvida uma foto bem produzida, indiscutivelmente profissional.
O fato é que "não me gusta" ver crianças se beijando assim, "tipo na boca" como gente glande - desculpem - gente grande.

Já sei, já sei: você vai me acusar de ser puritana ou tarada, das duas uma. Moralista, xiita, qualquer-coisa-inconfessável-disfarçada, a bruxa do conto. Tá bom, mas bruxa é você. E tarada é a sua mãe. E puritana, moralista, xiita, tudo isso é a sua avó. Dito isso afirmo solenemente que respeito a sua opinião, claro. Sou muito bem desenvolvida emocionalmente e posso suportar com serenidade uma voz discordande. Uma apenas, por favor.

Voltando.

Sabedora de que uma boa foto de estudio não se tira de primeira, não posso me furtar de imaginar como seria ficar uma tarde inteira mandando duas crianças se beijarem e rebeijarem. Acho o lance meio doentio, coisa de tio ... tarado.

E por quê essa coisa de querer que as crianças se beijem? Pega logo dois marmanjos e manda ver! Deixa as crianças brincarem, ora! Para os fofinhos esse negócio de beijar na boca, a princípio, não faz sentido algum. Não é romântico; elas nem imaginam o que seja essa maluquice de "romantismo" nem erótico (pelo menos não era até que o fotógrafo tarado insistisse que elas começassem com a lambeção e tal e coisa. Qual é então o lance de gostar, produzir e querer "aperfeiçoar" essas fotos?

A graça deve estar na flagrante inocência do casalzinho. As crianças, tão bonitinhas! se beijando por pura brincadeira e afeição sem saber o quê aquilo pode evocar nos adultinhos inocentes. Deve ser isso.

Mesmo assim não acho uma idéia de bom gosto. A sexualidade infantil é uma realidade (dizem os psicólogos e diz a Cristina) mas uma realidade não para ser provocada ou reprimida. A sexualidade infantil é uma flor que deve ser deixada em paz para brotar na hora exata em que o raio da lua refletir na trigésima quarta curva do cérebro e tal.

Lembro de quando eu era criança. Cruzando (gostei do termo) memórias da época com dados atuais concluo enfaticamente (hoje estou cheia de autoridade) que sentimentos e sensações eróticas são muito confusas para as crianças. Elas não tem explicações para o que sentem. Falta-lhes o cabedal teórico (nooossa!) então frequentemente interpretam de forma errada as informações entrecortadas que recebem.


E quer saber de uma coisa? Nâo sou psicóloga nem socióloga nem bostóloga nenhuma. Prefiro ver adultos se beijando e pronto.

Sobre a foto aí de cima, achei que ela ilustraria melhor o que eu disse do que a foto de dois adultos em preliminares amorosas. Isso contradiz o que eu disse? Quem é você para me julgar, menino? Hum...

terça-feira, 21 de julho de 2009

Daria um triângulo?


Que fique registrado para a posteridade essa coisa interessante: a imagem assexuada, cada vez mais pro lado Joãozinho com seu eterno sorriso seco: Xuxa - e a morena Juliana Paes: simpaticíssima, cada vez mais mulher, cada dia mais apta ao amor, à procriação, à maternidade, ao companheirismo. É toda feita de pétalas de feminilidade. Ela vai que vai num crescente que só Deus sabe onde vai parar.

Xuxa não parece homossexual. Nem bissexual. Menos ainda heterossexual. Na verdade não parece nada. Menos ainda feliz. Tampouco infeliz. Não me inspira ... nada. É estranhamente estranha. Tem algo de impenetrável e triste ainda que sorria com dentes impecáveis, nariz invejável e fale com voz de criança.

O que falta em uma, abunda na outra - sem trocadilho. Juliana deixa escorrer hormônios pela barra das calças, pelo cabelo, decote e olhos. Este, os olhos, são melosos, lânguidos e denunciadores de quem quer e tem pra dar muito, mas muito amor. Seus olhos são duas amêndoas preguiçosas que flutuam e brilham em um universo especial. Eles falam e falam sem parar. Dizem coisas indiscretas que a boca ouve mas se recusa terminantemente em nos dizer. Apenas ri marotamente aquele sorrisinho lindo que todos vocês conhecem - o sorriso da Juliana Paes.

Juliana mel;
Xuxa papel... Papel de seda rebordado de segredos, de letras impecáveis, declarações estranhas, versos que não rimam, histórias silenciadas. Ela às vezes parece ser apenas uma boca aprendeu a rir em branco branco.

Não diria que são duas flores. Uma já foi tocada pela doce mão da maternidade. Outra, quem sabe um dia? Pois que sejam felizes as duas pelo tanto que trabalham e se esforçam. Xuxa, pelo tudo que já passou, pelas amizades que pensava que tinha e amores que... também. Quero ver Xuxa feliz sorrindo em tutti-frutti.

Que sejam felizes cada uma em seu planeta principalmente pelo sonho de sucesso que nos emprestam. Quem vive sem sonho nesse mundo de pedra e sague?

Não por serem belas! Mas pela delicadeza de suas mãos, pelo rumo de seus pés, até pelo contraste que não sabem que fazem juntas, que sejam felizes sim. Porque eu, no meio delas, não sei o quê formaria. Um triângulo com ângulo muito próprio? Ou penderia para o lado de uma das duas? (Qual deles?) O pior: seria eu apenas o contraponto? Representaria na foto o passado das duas? Aquilo do que elas conseguiram finalmente escapar?

domingo, 19 de julho de 2009

TOMA-TE! (E não é a primeira vez!)


Fiquei sabendo esses dias que um réu surtou e por sentir-se muito "à lá vontê" sem algemas, atacou o juiz que ousou condená-lo. Toma-te! Que sirva de lição para os pseudo intelectuais safados que criam leis irresponsavelmente (só pensando em si mesmo e seus amiguinhos, caso sejam presos).

Nessa onda de ter peninha de bandidinho, não deixar o pobrezinho sentindo-se humilhado, reprimido em seus cândidos movimentos ou em sua dignidade (?) humana (???!!!) e lá vai mais besteirol acadêmico, é isso o que acontece. E preparem o lombo que vem mais bordoada, meritíssimos!

Mas é assim mesmo, eles são os oprimidos. Nada mais justo do que desabafarem vez por outra - de preferência em cima de quem tem pena deles. Sabe esse pessoal alienado da vida real? Que se orgulha de professar doutrinas modernosas e ultracultas que no final pintam os bandidos como triste oprimidos e nós (que trabalhamos e trememos de medo o dia todo) como opressores malignos, sabe? Pois é: bordoada neles.

Olha aqui a notícia:

Réu sem algemas tenta agredir juiz em julgamento

Um julgamento que seria feito na terça-feira (9/6), na 1ª Vara Criminal de Campos dos Goytacazes (RJ), quase acabou em agressão. O réu Fábio Roberto Martiniano, que estava sendo julgado por homicídio, tentou atacar o juiz Leonardo Grandmasson Ferreira Chaves com o microfone. Foram necessários cinco policiais para contê-lo.

Martiniano estava sem algemas com base na Súmula 11, do Supremo Tribunal Federal. A súmula não proíbe o uso de algemas. Apenas prevê que elas somente serão usadas quando o acusado oferecer risco.O juiz conta que o réu já chegou alterado ao Fórum e que os policiais responsáveis por sua custódia avisaram que seria melhor que ele fosse mantido algemado para evitar incidentes no julgamento. Diante da informação, o juiz conversou com a Defensoria Pública e disse que, se o réu causasse problemas, iria mantê-lo algemado, lavrando-se a informação em ata. As defensoras públicas alegaram que Martiniano estava mais calmo e que só estava nervoso pelo julgamento no Tribunal do Júri. "Em razão disso, procurei o réu e disse que iria deixá-lo solto, ressaltando que eventual problema que causasse poderia ensejar o uso das algemas e que isso só iria prejudicar a ele próprio, ocasião em que o réu me assegurou que permaneceria quieto em Plenário e que não causaria problemas", conta o juiz Leonardo Grandmasson. No início do julgamento, o réu já causou um embaraço, recusando-se a assinar o termo de depoimento dos policiais por não concordar com a versão deles. As oficiais de Justiça explicaram que a assinatura traduzia apenas a presença dele e que não significava aquiescência com o conteúdo. Martiniano começou a responder rispidamente ao juiz, que o advertiu diversas vezes, dizendo que se continuasse com aquela postura não poderia continuar. Ele disse que então não responderia a nenhuma outra pergunta. O juiz estava transcrevendo para a ata os fatos de que Martiniano já tinha narrado quando percebeu que ele estava ficando alterado. O juiz ordenou que os policiais o algemassem. "Desta forma, no momento em que dei a ordem para que o réu fosse algemado, ele se levantou com o microfone na mão e partiu em minha direção como um louco, desferindo um golpe contra a minha pessoa, vindo a atingir a mesa por mim ocupada, quebrando o copo d'água e derrubando tudo, momento em que foi contido com muita dificuldade por nada menos do que cinco policiais", narrou o juiz. Leonardo Grandmasson deu voz de prisão em flagrante ao réu por tentativa de lesão corporal e por dissolver o Conselho de Sentença, encerrando o julgamento.

Com informações da Assessoria de Imprensa do TJ-RJ. Revista Consultor Jurídico, 11 de junho de 2009

sexta-feira, 17 de julho de 2009

O velho surpreendente



Você já foi incumbido de fazer alguma coisa que não sabia fazer? Você teve então que se virar, correr atrás, gastar tempo e passar uns sufocos. Depois de tudo pronto descobriu que sua melhor amiga sabia fazer aquilo com muita facilidade, bastava ter pedido a sua ajuda. Ou que sua mãe tinha em casa todas as instruções que de você precisava. Ou que na loja perto de casa haviam kits com passo-a-passo para confeccionar justamente aquilo que você se esfalfou em vão.

Aprender com a vida é mais ou menos a mesma coisa. Não sei dizer se é bom ou ruim descobrir tudo por mim mesma. As vezes é legal mas redescobrir a roda pode fazer a gente comemorar um gol, sair gritando e depois ter que levar uma cotovelada do amigo ao lado seguida da explicação de que aquele jogo era uma reprise.

Cansei de me flagrar encantada com descobertas já exaustivamente descobertas. Pior: sempre quero compartilhar o grande momento com alguém. Por quê?!

-"Olha, descobri que não se pode confiar mesmo nas pessoas!"
- "É, aprendi que as aparências enganam..."
- "Menina, não é que todo boato tem um fundo de verdade?"
- "Bem que minha vó dizia que não se deve confiar em quem fala muito."
- "Reparei uma coisa: quanto mais cavalheiro, gentil e sedutor, mais safado e cachorro um homem é."
- "Moça que vive com o filho dos outros no colo e diz que adora crianças, quando tem os seus próprios filhos geralmente é uma mãe displicente e relaxada. Minha vó dizia e eu não acreditava..."
- "É verdade... a gente tem que desconfiar quando vê gentileza demais vinda do sexo oposto... E eu pensando que ele apenas me achava legal! E eu pensando que os mais velhos é que maldavam tudo..."

Por quê insistimos em descobrir tudo sozinhos? Por quê não nos tornamos sábios logo rapidinho, na carona da sabedoria alheia? Seria tão mais fácil cortar caminho! Qual o motivo da nossa teimosia em desconfiar das chatas mas certeiras frases feitas se no final das contas elas quase sempre estão certas?

Tudo bem, é o caminho de todos nós. A humanidade é assim mesmo. Só não entendo uma coisa: qual o motivo da minha, da nossa eterna surpresa com o velho?

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Maldades





Há esperança para esta alpinista?

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Não me caricaturem


Faz algum tempo que pedi para não me cremarem. Retorno agora com um novo pedido: não me caricaturem.

Sou um ser frágil e não sei se tenho estrutura emocional para me ver ridicularizada em praça pública. Sim, porque toda caricatura é uma cruel ridicularização. Nenhuma beldade escapa, ninguém fica incólume. Porquê eu ficaria bem na "foto"?
Ninguém fica bonito depois de passar pelo pincel maligno de um caricaturista. Nem bonito nem igual nem mais ou menos: fica ridículo, céus!
Tenho medo de caricaturistas.
São giletadas, digo, pinceladas terríveis no ego de qualquer um, e isso em praça pública. Por mais que você guarde a tela numa pasta dentro de uma caixa e esta num baú por sua vez trancafiado em uma sala secreta de um endereço desconhecido, sua mente terá a sensação incômoda da publicidade com holofote e tudo. Nunca mais você fugirá da sua imagem própria completamente axincalhada, registrada pelo pior ângulo possível. Sabe aquele ângulo que você tenta evitar, disfarçar mas que vem a tona como um assassinado que boia no lago?
Não não! Já luto horrores com outros dramas íntimos, reais ou imaginários. Chega. Caricatura é demais para a minha cabeça. Mas caso alguém resolva ignorar meus clamores, vingo-me por antecipação ridicularizando o famoso casal acima.
Nada como apagar a luz dos outros...

terça-feira, 14 de julho de 2009

Encontro - Marcos Quinan


Amigas inseparáveis desde a infância, na adolescência e até se formarem. Juntas viveram na juventude, sonhos, anseios, as paixões e alguns amores.

Juntas cruzaram a época das maiores contestações, repressões. Foram despojadas e vaidosas, queriam conquistar o mundo. Lutaram pela liberdade e pela justiça. Cometeram transgressões e rebeldias, sempre juntas, confidentes, irmãs.

Perderam-se depois da faculdade. Uma casou-se, viveu a paixão e o amor; depois, todos os sentimentos multifacetados contidos no casamento.

Teve filhos, a casa dos sonhos, jóias nem sonhadas, viagens de férias e a atenção do grande amor. Quando os filhos cresceram, separou-se, perdida em seus valores.

Na outra, a paixão era latente; apaixonava-se perdidamente e, noutro instante, o coração estava disponível. Tinha muita coragem, seus casamentos duravam poucos anos; não tivera filhos, nunca morou muito tempo no mesmo lugar, na mesma cidade, no mesmo país.

Ficou famosa escrevendo biografias. Agora, vivia afastada do meio literário, perdida em sua coragem.

No aeroporto, cruzaram-se no saguão. Uma voltando para o que não conseguira ser, a outra indo buscar o que tinha ficado no seu desejo; não se reconheceram.

Apenas se desculparam pelo esbarrão.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Fantasmas


Tenho amigos-fantasmas. Não confunda com "fantasmas-amigos". Entenda a diferença.

Meus amigos são impossíveis. Meus amigos são assoberbados. Meus amigos são muito importantes. Meus amigos trabalham 25 horas por dia. Meus amigos acham isso bom. Meus amigos não vão ao cinema nem batem perna no shopping. Também não vão ver o por-do-sol na orla da cidade e não tem noção do que vai passar no teatro. Eles não podem pensar nessas coisas. Também não podem ler livros sem relevância científica. Nada de conversar amenidades ao telefone. Meus amigos raramente tem tempo para pipocas ou bichos de estimação. Em seus corpos não vemos nem os mais longínquos vestígios de bronzeamento. Meus melhores amigos não tem tempo pra coisas desimportantes e alegres. E eles tem o estranho dom de sumirem dias e dias. Eles simplesmente evaporam. Acho até que atravessam paredes - esse item vou confirmar ainda. Depois conto pra vocês. Só sei que eles vão para o "ponto do sumiço". Mas claro que são meus amigos! Talvez não de si mesmos...

Sinto falta deles. Acho que eles também sentem falta de si mesmos - mas isso é só quando lembram que existem. Não sempre. Felizmente! Já pensou se quisessem se encontrar e não conseguissem por causa do trânsito, da agenda, da chuva, do patrão? Seria triste.

As melhores pessoas que conheço levam uma vida inteiramente dedicada a sei-lá-o-quê. Bonito, né?

Eles são gente boa mas me deixam órfã a maior parte do tempo. Tenho amigos que, de tão distantes, nei sei se ainda continuam existindo.

Ei, eu tenho mesmo esses amigos? Ou será coisa da minha cabeça?
São impossíveis ou são imaginários?

Na dúvida vou acender uma vela pra eles.

domingo, 12 de julho de 2009

Matemática aplicada

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sábado, 11 de julho de 2009

Anti-conceito

Gostei dessa foto mesmo ela sendo esquisita. Quer dizer: gostei dessa foto porque ela é esquisita e as coisas esquisitas são instigantes. Veja: ela é uma contradição.

A foto nos mostra uma moça passeando de bicicleta e ao mesmo tempo nos passa a sensação oposta ao que o ato de andar de bicicleta normalmente representa para nós.


Passear de bicicleta não seria uma das coisas mais descontraídas e relaxantes de se fazer? Um passeio casual, livre, sem custos, saudável, rápido o suficiente para sentir o vento e lento o suficiente para sentir a paisagem desfilar. Ir sem a pressa de um carro e sem o vagar por demais lento dos passos, pé ante pé que não nos permite sentir tanto o vento nem aquela coisa gostosa de quase voar.


Quem anda de bicicleta não faz pose mas se debruça despreocupadamente, olha para os lados e pensa livre, mais ou menos como nada. É só pegar o ritmo da respiração e pronto, o resto vai no automático.


A moça da foto não sabe de nada disso. A moça da foto só sabe que é bonita, só vê a si mesma e à platéia que a vê.


Não, não há platéia na foto - para mim e para você. Mas na cabecinha dela o mundo está povoado de olhos.


Na mente de um vaidoso sempre há platéia mesmo no meio do Saara, numa estrada selvagem, no meio do nada. Sempre haverá olhos atentos e medições cruéis.


A moça da foto é linda e doente. É doente de linda. Não vê nada que não seja a si mesma. Não intui sequer que de nada valerá seu ridículo guarda-chuvas diante da tempestade que se arma. Tempestade? Que tempestade? - diria.


Uma pessoa, para se manter impecável, não pode se preocupar com tempestades...

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Nem Dado

É aquela história: já perguntei para algumas pessoas "por quê você ainda guarda isso? Não serve pra nada!" A pessoa diz "é... é que foi dado..."

É mais ou menos por aí. Se não é, passou perto da idéia.

Ainda não entendi o que as gostosas da mídia conseguem ver nesse tal de Dado Dolabella. Claro que ele não é feio mas eu achava que para um carinha mexer com o coração de uma mulher que estivesse no patamar visual da Luana Piovani, ele deveria ser especial.

Tolice minha. Tolice por vários motivos.

Primeiro porque não sei nada sobre o patamar mental das mulheres que se apaixonaram por ele nem do patamar mental dele. Tudo o que posso falar aqui sobre os famosos fica sempre na arena do chute. Nada pode ser levado a sério porque falo pelas aparências e só. E qual a aparência dele? De retardado.

Gente, esse sorriso de "menino travesso" misturado com um corte de cabelo ao estilo "mamãe-acabei-de-acordar- faz- minha- bananada" me irrita! Saco!

Não consigo imaginá-lo conversando nada além de obviedades praianas, coisinhas de academia, do mundo das passarelas, das bundas e dos cortes de cabelo.

Pode ser injustiça. Pode sim. Talvez ele seja um espírito profundo, um verdadeiro pensador, um filósofo moderno cheio de idéias novas e borbulhantes, a genialidade numa capa bestinha. Como só vejo a capa bestinha acabo escrevendo essa postagem bestinha.

É, pode ser uma tremenda injustiça... Mas na dúvida, se ele me ligar diga que não estou.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Fernando Pessoa



"Andorinha que vais alta,
Porque não me vens trazer
Qualquer coisa que me falta
E que te não sei dizer?"

quarta-feira, 8 de julho de 2009

A história...

Judy Wallman é uma pesquisadora na área de genealogia nos Estados Unidos.
Durante pesquisa da árvore genealógica de sua família deu de cara com uma
informação interessante:

Um tio-bisavô, Remus Reid, era ladrão de cavalos e assaltante de trens. No verso da única foto existente de Remus(em que ele aparece ao pé de uma forca) está escrito:
"Remus Reid, ladrão de cavalos, mandado para a Prisão Territorial de Montana em 1885, escapou em 1887, assaltou o trem Montana. Flyer por seis vezes. Foi preso novamente, desta vez pelos agentes da Pinkerton,condenado e enforcado em 1889."

Acontece que o ladrão Remus Reid é ancestral comum de Judy e do senador pelo estado de Nevada, Harry Reid. Então Judy enviou um email ao senador solicitando informações sobre o parente comum. Mas não mencionou que havia descoberto que o sujeito era um bandido. A atenta assessoria do Senador respondeu desta forma:

"Remus Reid foi um famoso cowboy no Território de Montana. Seu império de negócios cresceu a ponto de incluir a aquisição de valiosos ativos eqüestres, além de um íntimo relacionamento com a Ferrovia de Montana. A partir de 1883 dedicou vários anos de sua vida a serviço do governo, atividade que interrompeu para reiniciar seu
relacionamento com a Ferrovia. Em 1887 foi o principal protagonista em uma importante investigação conduzida pela famosa Agência de Detetives Pinkerton. Em 1889, Remus faleceu durante uma importante cerimônia cívica realizada em sua homenagem, quando a plataforma sobre a qual ele estava cedeu."

Palavras e números podem ser manipulados pra dizer o que o manipulador quiser.

Pensamento que me ocorre: o que farão com a minha memória (se não a perderem)?!

terça-feira, 7 de julho de 2009

Criança doente


O amor é uma criança em todos os sentidos.

O amor é todo intuição, curiosidade e aprendizado. O amor erra demais, nossa! Mas sorri logo depois e aprende com uma facilidade incrível. Ele não nasceu pra morrer mas para crescer porque assim são as crianças.

Quantos anos tem o seu amor? 1 aninho? 12? 35? 40? Não importa, ele é uma criança e ainda não sabe nada de nada. Está só começando. É tolo como ele só, pode ter certeza disso. Quer coisas impossíveis, chora por besteira, ri de coisas que ninguém ri e vê o mesmo filme mil vezes sem cansar.

A coisa mais triste do mundo é quando ele está doente e vai perdendo peso, perdendo peso... Que dor! Parte o coração. Um amor que fenesce e morre é como qualquer criança que adoece, agoniza fenesce e morre. Igualzinho igualzinho.

Todo amor por mais que dure, morre sempre cheio de promessas e esperanças. Nenhum amor dura o suficiente tanto quanto nenhuma criança vive o suficiente.

Uma criança transmudará ao longo de sua existência, criará novas manias, fará novas perguntas, afeiçoar-se-á a novos brinquedos, criará travessuras impensáveis, ficará doente, irremediavelmente doente e depois renascerá das cinzas porque as crianças são assim mesmo. O amor engolirá chaves, deixará todo mundo louco mas depois sorrirá candidamente e voltará a correr no jardim. Não importa o que aconteça, o amor se recuperará porque está escrito que crianças estão destinadas à vida.


Ah, não nasceram para morrer! Mas é certo que morrem...

Estranhamente morrem, a despeito do que está determinado. A despeito da lisura irepreensível de suas peles, da maciez de seus cabelos, da inabalável disposição que têm para pular, correr e perdoar. A despeito disso tudo, muito estranhamente de vez em quando uma luz se apaga nesse mundo de meu Deus.

Por algum mistério muito misterioso alguns amores nascem doentinhos, inviáveis, já quebrantados. São velados desde o nascimento por amantes em suspense e familiares atentos. Coração na mão, suspense, terço na mão, noites sobressaltadas, lágrimas furtivas.

Centenas e centenas de crianças dormem febris entre sopros agourentos da noite, entre avisos de folhas secas que insistem em entrar pela janela a perturbar seus leitos de pedra.

Algumas até duram. Não podem correr, não podem pular, não podem ser expostas a nenhum tipo de provação. Qualquer travessura seria o fim, qualquer vento encanado, água gelada, piso escorregadio, susto ou fruta passada. A gente olha e sabe... e entre mimos e dores tentamos de tudo.


Afirmo com grande dor que a coisa mais triste do mundo é enterrar uma criança. Uma criança morta não é só uma pessoa morta. Uma criança morta são sonhos decepados, promessas esfaqueadas. E o futuro que virou miragem.

Um velho amor morto é ... Não há "velho amor morto". Um amor morto é uma criança morta com mil coisas por viver e fazer, novas historias ainda pra contar, desenhos ainda não desenhados pra mostrar, muros para pular, canções para aprender.

Não existe amor velho assim como não existe criança velha. Tudo o que existe é criança doentinha, sem defesas, com pulmões fracos e pais atônitos que não sabiam direito o que fazer e então perderam a luta.

...Então ela se foi. E não importa o trabalho que essa criança deu: sua partida vai doer para sempre e eles só conseguirão lembrar dos bons momentos, do seu sorriso e daquele corpo quentinho quando ainda havia vida.

domingo, 5 de julho de 2009

Tudo sobre Sufismo (da série Implicando...)


Sabe tudo aquilo que você sempre quis saber sobre sufismo (não é surfismo) mas nunca teve coragem de perguntar? Pois seus problemas terminaram. Eis que surge em seu cavalo branco Paulo Coelho e suas explicações rocambolescas.

Desta vez ele foi ao "Iran" para descobrir in loco de que se trata o lance (" Um pouco sobre o sufismo" - coluna semanal) .

Conta-nos em sua coluna (não vertebral) que deu o ar de sua graça em um evento onde homens entram em transe fazendo coisas estranhas como só pessoas estranhas e em transe conseguem fazer. Por fim um dos varões decide satisfazer a curiosidade de mestre Paulinho e explica gentilmente e ainda em transe (suponho) que durante aqueles momentos sublimes ele esteve "em contacto com a energia do Universo e que Deus passou por dentro de sua alma..."

Ah tá, agora eu entendi! Mas...

Talvez mestre Paulinho tenha ficado meio reticente, com cara de bunda. O bom homem, com a paciência que só tem os que acabaram de trans - quer dizer - de estar em transe, continuou des-explicando:

“O sufi é aquele cujo pensamento caminha na mesma velocidade que seu pé.” Ou seja, sua alma está onde está o seu corpo, e vice-versa. Onde um sufi está, encontra-se também tudo o que ele é: o trabalhador, o místico, o intelectual, o contemplativo, o que se diverte."

Entendeu agora? NÃO?! Haja paciência com você, meu filho! Mas calma, Paulo Coelho conseguiu prever sua limitação mental e terminou a coluna com uma história supimpa que por si só realinhará sua mente:

"Nasrudin, o mestre louco do sufismo, tinha um búfalo. Os chifres afastados faziam-no pensar que se conseguisse sentar-se entre eles, seria o mesmo que estar em um trono. Certo dia, quando o animal estava distraído, ele foi até lá e fez o que imaginava. Na mesma hora, o búfalo se levantou e o atirou longe. Sua mulher, ao ver aquilo, começou a chorar. “Não chore”, disse Nasrudin, assim que conseguiu se recuperar. “Tive meu sofrimento, mas ao menos realizei o meu desejo.”

Sacou agora?

Cara, é impressionante o que a gente obtém de sabedoria lendo Paulo Coelho...

sábado, 4 de julho de 2009

Você tem disso?


Insight: se você não tem, problema seu.

Antes de ontem estive mal. Hoje, pelo contrário, me deu novamente um daqueles trecos bonitos. Atacou-me um "êxtase de beleza" ( ou algo assim).

Você tem disso?!

Hoje fui aproveitar o sábado no clube. Na ida já senti alteração. O primeiro sinal de quando vai me dar essa coisa é que noto tudo muito mais colorido do que de costume. Por exemplo: a água piscina estava especialmente límpida e fresca. Parecia cristal líquido. E o sol? O sol... o que dizer do sol a não ser que é quente, doura tudo e esse monte de coisas manjadas? Bem, mas ele tinha algo a mais hoje - não me pergunte o quê.

A tarde estava linda, mas de uma lindeza dolorosa, dessas lindezas de doer, sabe como? Vai dando até um aperto no peito.

Havia cores demais, um absurdo, quase um desperdício. Lá pelo meio da tarde, quando eu voltava para casa, respirando fundo, senti-me tão saudável e bronzeada, tão leve e maravilhosa como se eu tivesse acabado de sair de um casulo direto para a vida.

Antes de ontem eu estava horrivelmente deprimida; hoje foi me subindo essa overdose de "felicidade encantada" vinda sei lá de onde. É esquisito mas é bom, então deixa.

Liguei o som do carro e me deslumbrei "novamente pela primeira vez" com o violão encantado de Toquinho executando a Bachianinha, do Paulinho Nogueira. Cara! Aí não aguentei: chorei. Chorei aos cântaros, de soluçar, de pingar, molhar o rosto todo.

Não, eu não estava triste.
Não, eu não estava especialmente alegre.

Chorei assim de beleza, sabe como? De êxtase, porque o sol arrefeceu e tudo estava sem brilho mas nítido, nítido mesmo, com as cores lavadas pela chuva recente. E estava fresco e tocava a Bachianinha e os carros iam todos irmanados na mesma direção como se todos - o mundo todo! - ouvisse uma única e doce música. A mim me parecia que dar-se-iam as mãos se pudessem, se as tivessem. A cidade descansava do sol, lambia-se da chuva, preparava-se para o amor do final da tarde e eu seguia meu rumo encantada e cheia de vida, molhada, trazendo ainda restos de sol nos seios como cacos de ouro. Então ri e chorei, misturei tudo, sozinha e enlouquecida.

...e durante meu percurso fui saudada, lindamente saudada!

Um saco plástico órfão, repentino e travesso inflou-se à minha frente. Encheu o peito, subiu até a altura do meu pára-brisas, o suficiente para que eu o visse. Olhou-me brevemente, fez uma estrela como fazem os artistas de rua. Pairou... sorriu e ... não sei. Assim, como que do nada. Só lembro que era verde claro e muito ágil.

Que breve, que meigo, que gentil!

Pois é, aconteceu.

Frase

O problema não é envelhecer, mas envilecer.

Você é adulto mesmo?

Por Martha Medeiros

"... Enquanto que um corpo sarado se obtém com exercício, musculação, dieta e discernimento quanto aos hábitos cotidianos, a leveza de espírito requer justamente o contrário: a liberação das correntes..." (Continue lendo)

sexta-feira, 3 de julho de 2009

VOLVER A LOS 17




(Composição: Violeta Parra)


Mercede Sosa - Volver a los 17





Voltar aos dezessete, depois de viver um ciclo
É como decifrar os signos, sem ser sábio ou competente
Voltar à ser, de repente, tão frágil em um segundo
Voltar à sentir-se importante como uma criança frente à Deus
Isso é o que sinto eu neste grande momento
Se vai enredando, enredando
Como um muro, a parede
E vai brotando, brotando
Como um musgo na pedra
Como um musgo na pedra, ah sim, sim, sim...

Meu passado retrocede quando o teu avança
O arco das alianças penetrou no meu ninho
Com todo seu colorido passeou por minhas veias
E até a dura corrente que ata nossos destinos
É como um diamante valioso que ilumina minha alma serena

O que pode o sentimento sem ter podido o saber
Nem o mais claro proceder, nem o mais amplo pensamento
Tudo muda à todo momento, qual mago condescendente
Nos afasta docemente de rancores e violências
Só o amor com sua forma nos transforma tão inocentes

O amor é repleto de uma pureza original
Até um feroz animal sussurra seu doce trino
Detem os Peregrinos, Libera os prisioneiros
O amor com seus esmeros, volta o velho à criança
E ao mal, só o carinho lhe transforma em puro e sincero

Aos poucos a janela se abriu como por encanto
Entrou o amor com seu manto como uma linda manhã
Ao som de seu belo dia fez brotar o jasmim
Voando a qual fim o céu lhe deu
E meus tempos com 17
Lhes converteu em querubim.

Letra Original:

Volver a los diecisiete después de vivir un siglo
Es como decifrar signos sin ser sabio competente
Volver a ser de repente tan frágil como un segundo
Volver a sentir profundo como un niño frente a Dios
Eso es lo que siento yo en este instante fecundo

Se va enredando, enredando
Como en el muro, la hiedra
Y va brotando, brotando
Como el musguito en la piedra
Como el musguito en la piedra, ay si si si...

Mi paso retrocedido cuando el de ustedes avanza
El arco de las alianzas ha penetrado en mi nido
Con todo su colorido se ha paseado por mis venas
Y hasta la dura cadena con que nos ata el destino
Es como un diamante fino que alumbra mi alma serena

Lo que puede el sentimiento no lo ha podido el saber
Ni el más claro proceder ni el más ancho pensamiento
Todo lo cambia el momento cual mago condescendiente
Nos aleja dulcemente de rancores y violencias

Sólo el amor con su ciencia nos vuelve tan inocentes
El amor es torbellino de pureza original
Hasta el feroz animal susurra su dulce trino
Detiene a los peregrinos libera a los prisioneros
El amor con sus esmeros al viejo lo vuelve niño
Y al malo sólo el cariño lo vuelve puro y sincero...

De par en par la ventana se abrió como por encanto
Entró el amor con su manto como una tibia mañana
Al son de su bella diana hizo brotar el jazmín
Volando cual serafín al cielo le puso aretes.
Y mis años en diecisiete los convertió el querubín

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Michael Jackson - também quero falar sobre ele


De Michael já falaram tanto, mas tanto que originalidade aqui está meio difícil. Mas não estou aqui para me esforçar.

Todo astro prima por ser esquisito para se destacar. Michael era naturalmente estranho, distraidamente estranho, não conseguiria deixar de sê-lo nem que quisesse. Sua aparente infelicidade justificava sobejamente todas, absolutamente todas as suas muitas esquisitices. Quando ele excedia muito os limites (lembra aquele lance de abalnçar o bebê na sacada?) alguém dava um toque para ele cair na real. Ele não era mau, apenas se noção. Totalmente.

Sua voz continuou tão doce! Ele falando parecia cantar. Tinha um jeito meio sussurrante que me agradava enormemente. Parecia um boneco - um boneco danificado, maltratado pela vida e por si mesmo principalmente. Um boneco caro mas avariado e triste, muito triste, que não conseguia dormir nem amar.

Assim informam os arquivos nada confiáveis da minha cabeça romântica.

Todos vocês já sacaram que eu imagino coisas, idealizo, atribuo sentimentos aos outros, imponho pensamentos, acredito neles e acabou-se: tudo vira verdade. É minha humilde esquisitice com a qual o tangencio levemente.

Não sei se ele fez o mal. Se realmente fez é difícil imaginar que não tenha sido por viver prisioneiro de uma alma torta, sem noção de vida real (não me perguntem o que é vida real. Não compliquem!) sem noção de preço das coisas nem de nada. Ele quase nada sabia desse nosso mundo, era apenas um menino de música, criança, boneco cantante, uma estrela que não sabe ser outra coisa.

Eu adorava as roupas do Michael Jackson. Adorava seu estilo, sua altura, seu porte. Ele simbolizava alguma coisa que não sei explicar mas me enternece.

Não consigo vê-lo como homem nem como viado nem como pedófilo nem como tarado. Não consigo mesmo rotulá-lo sexualmente.

Ele era uma pessoa com dor e talento.
Ele é um personagem meigo, brilhante, bondoso e energisado.
Michael era uma coisa doce e frágil, difícil de explicar.
Não é bem um exemplo de vida... mas sua imagem, sorriso e música evocam coisas boas. Nos levam a mente para o país do bem, não do mal. Isso é mérito.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Vai uma vela aí?


Mais uma da séria série Implicando com Paulo Coelho.

Dessa vez ( postagem de 14.06.09) mestre Paulinho descolou de seu cérebro mais uma criativa história de um discípulo aflito que quer saber como fazer para ficar mais próximo de Deus. No episódio em questão ele tem a iluminada idéia de pedir informação para um tal "Wang Tei".
(Por que cargas d'água Deus daria seu endereço a alguém com um nome desse?)

Vamos lá: Wang Tei, como todos os personagens de Paulo Coelho, puxa um fumo. Só pode! Pelo papo do cara a gente saca logo. A resposta do mestre é típica. Ele enrola, enrola mas o resumo é: "vá ver se eu estou lá na esquina, palhaço!" Se não, vejamos:

O tal Wang Tei, como resposta ao clamor do coração aflito de seu discípulo, pediu que o abestado o acompanhasse até o alto de uma montanha. De repente pegou uma vela. Calma! Apenas mandou que seu dis­cípulo a acendesse (ufa!).
Claro que o vento a apagava sempre. E claro que o idiota continuava tentando. E mais claro ainda que o "mestre" f.d.p. continuava zoando com ele. Depois de muitos fósforos gastos (nada ecológica essa parábola) o aprendiz de jumento conclui que não vai dar e que "Eu precisaria andar até lá (onde?) se quisesse acender a vela num lugar onde não está ventando. "

Agora o grande fecho. O "mestre" (de quê, meu Deus?) responde (música ao fundo...):
"- Da mesma maneira, para iluminar a chama de Deus dentro de você, é preciso caminhar até Ele. "

O que isso tem a ver com vela apagando no vento, não sei. O tal discípulo deve estar até agora segurando a vela. Isso se o tal Wang Tei não resolveu dar outra lição nele.
(Fonte: Globo.com - Link para a mensagem "Vá em Busca da Chama": clique AQUI)

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Espelho do Sul


Estive em Curitiba. Viagem longa.

Sempre que viajo fico impressionada com as nossas diferenças. Somos todos brasileiros, teoricamente um povo só. Não sei como os estrangeiros nos olham. Talvez nos percebam como vemos os japoneses: tudo igual. Seeeeerá? Somos muito diferentes de região para região. Enormemente diferentes e nem me refiro ao sotaque.

O pessoal do Sul me parece muito formal. Estranhamente formal. E têm uma cruel lentidão para entender não só as inúmeras brincadeiras e trocadilhos que os nortistas e nordestinos fazem sem parar, mas principalmente o prazer e a contumácia nessa prática. É uma mania que o pessoal de lá de baixo do mapa deve achar muito esquisita. Não que eles não façam isso, mas só numa mesa de bar uma vez por mês ou quando soa algum gongo, sei lá.

A gente não. Digo "a gente" porque pelo tempo que moro no Norte já me considero nortista de nascimento.

Vivemos abrindo parêntesis nos diálogos para enxertar pegadinhas verbais cheias de "pequenas" malícia mas não perdemos o fio da meada. Pelo contrário, essa prática funciona como espreguiçar a mente. Faz parte do ato de raciocinar. (Boa desculpa!) Só que eles não estão acostumados com isso. Quando a gente faz eles ficam olhando... olhando pra nossa cara ... Não sabem como reagir. É como se tivéssemos xingado o Papa ou coisa assim.
As vezes não fazem cara feia nem bonita mas também não pegam o fio da meada. Nunca. Apenas congelam como se precisassem se certificar de que nada tão horrível foi dito, afinal de contas. Então tentam enfileirar novamente os neurônios e continuam o que estavam dizendo. E a gente fica se perguntando se chocou sem querer, tipo galinha distraída.

O fato é que eles desconhecem o amigo Parêntesesis. Só foram apresentados para a Dona Pausa. Deveríamos apresentá-lo!

Resumindo: quer congelar um sulista? É só fazer o que você faz o tempo todo no Norte. No meio de uma conversa qualquer descontraia e jogue uma piadinha. Aqui a galera tira de letra, dribla ou te dá um cheque-mate e depois continua o assunto. Lá não: o cara congela por uns segundos, te olha como se você fosse de Marte e continua , só que em câmera lenta. Sempre me sinto deslocada nessas ocasiões... que são numerosas.

Sim, somos diferentes...

As mulheres, em especial, tem algumas características bem interessantes. Já nascem treinadas para serem operadoras de telemarketing. Penso que isso deva ser uma grande vantagem dentro do mercado de trabalho porque se não souberem fazer mais nada na vida pelo menos já têm essa habilidade. É como ser filho de brasileiro com estrangeira: a criança já cresce falando dois idiomas. É um "plus".


As garotas também de São Paulo, têm esse jeitinho peculiar. É como se estivessem sempre atrás de um balcão. Deve ser um traço genético ou um vírus benigno inoculado desde a maternidade. Talvez faça parte dos curriculos escolares. O fato é que é fato, senhora.


Também todas tem um jeito de andar e se movimentar que aos meus olhos parece extremamente contido. Tudo - sorriso, gestos, tom de voz - parece sinalizar "Por favor, mantenha distância!" Ou: "Minha pele larga pedaços!"


Pois agora fui assaltada por um pensamento assaz obscuro... Comecei a visualizar uma imagem completamente oposta a dessas interessantes, delicadas e telemarticas garotas sulistas com suas vozes e sorrisos de recepcionistas. Hmm... Não gostei do resultado.
Gente, vocês me acham... assim?!!!!

Pergunto-me como o pessoal do andar de baixo do mapa definiria o pessoal do andar de cima? Como eles me vêem com o meu jeito espontâneo, falante, gesticulante, direto e éxótico? Sim, creiam: já me largaram na lata que sou exótica. Várias vezes. Não entendo bem quando dizem isso. Não sei se é elogio ou acusação, se é admiração, xingamento ou crítica sutil. Acho que está mais para crítica sutil...

Na verdade estou preferindo imaginar que a imagem que tenho deles esteja apenas na minha cabeça imaginativa. Nada garante que você, honorável leitor, partilhe dessa viagem. Pode ser apenas uma idéia que passou pela minha cabeça cheinha de idéias passantes. Melhor pensar assim do que acreditar que essa imagem é real e que eu sou, de fato, o extremo oposto disso tudo.

Ser diferente tudo bem. Viva a diferença!!! Mas o extremo oposto... Credo!

segunda-feira, 27 de julho de 2009

De bolha em bolha


A vida segue em linha reta. Nada afeta seu curso. Um dia é igual ao outro; sol vai, sol vem, chuva cai, chuva seca, envelhecemos, pessoas nascem, engordam, emagrecem, brigam, amam. Trabalhamos, dormimos, acordamos. Nos sujamos todos os dias, todos os dias tomamos banho.

Ninguém aguentaria sem alguma forma de fuga essa sequência em linha reta que só muda o curso pra baixo, no precipício da morte.

Essa é a razão pela qual o ser humano especializou-se em "criar climas". Os "climas" nada mais são do que NADAS. Mas quem vive sem nada?

Somos inventores, por exemplo, de datas especiais. Não existe engôdo maior. Como assim "data especial"? Não existem datas especiais pois não existem dias que se repetem. Eles não se repetem jamais, mas criamos essa mentirinha para ter o que esperar, para ter motivo para confeccionar e depois olhar para um calendário, contar os dias e depois comemorarmos coisas. Rirmos, bebermos, congratularmo-nos... tudo nos tais "dias especiais" que, no final das contas, não existem. Mas queremos que existam então, nada contra. Se faz bem, tudo bem.

Somos seres criadores. Somos um barato. De onde tiramos esse negócio de comemorar aniversário? O dia em que nasci não voltará nunca mais. Por quê me animo ou fico melancólica em 13 de novembro? Que coisa mais sem sentido!

Agora deixando esse lance de data pra lá, outra arma poderosa para criar coisas que não existem, absolutamente do nada é a música.

Hoje estive assistindo um vídeo com a apresentação de uma linda canção. Dava pra notar que a "temperatura emocional" tanto da cantora quanto da platéia ia crescendo durante a apresentação até chegar a um ápice.

Todos se sentregavam "àquilo" sem medo e até gostavam. Ninguém iria sair daquele teatro reclamando de hipnose grupal. Pagaram pra entrarm, se emocionaram, beberam, talvez até mais da conta por conta da emoção, se envolveram uns com os outros... (sabe Deus o que apareceu nove meses depois) mas tudo bem. Precisamos do êxtase.

As câmeras mostravam, no meio da canção, as pessoas já com gestos melosos sorrindo umas para as outras. Os olhares já estavam mais brilhantes do que no início da música. Mulheres já deitavam candidamente a cabeça no ombro de seus parceiros... (e sabe-se lá onde eles deitavam candidamente as mãos). Até a cantora jogou para seu colega, enquanto cantava com ele, um olhar tão brilhoso e melante que parecia uma adolescente apaixonada. Não estava apaixonada, penso eu, mas era a coisa do momento, magia da música. Pintou um clima. Se apagassem as luzes não sei para onde a coisa evoluiria.

E é assim que a vida se torna mais palatável.

A vida segue reta mas aquele momento musical criou uma bolha, redonda e cor-de-rosa, nessa marcha monótona. Depois cada um volta ao seu ritmo mas ficam lá dentro da cabeça, ressoando, os momentos, os sons, os gestos de carinho, a vontade de dizer "eu te amo!" e o beijo que aconteceu - ou não. Fica tudo isso pairando enquanto seguimos reto, enquanto produzimos ou esperamos por um outro ilusionismo. Porque reto ninguém aguenta mas de bolha em bolha a gente vai que vai.

sábado, 25 de julho de 2009

Boca


Dizer que quem tem boca vai à Roma é dizer pouco. E dizer que os olhos são a nossa parte mais expressiva é um grande equívoco.

Boca é tudo.

Os olhos por si só não dizem nada; são apenas complementos luminosos do que queremos dizer. Já notou que de nada adianta lançar olhares insinuates para uma pessoa? Ela não entenderá nada se os trejeitos mínimos dos nossos lábios não demonstrarem o que queremos. É a boca, mesmo calada, que diz tudo.

Tente tapar os lábios e olhar "insinuantemente" para alguém. Não dá. Você apenas constatará que estará olhando inexpressivamente para o seu alvo. Agora experimente ser observado por uma pessoa que esteja usando óculos completamente escuros. Que tal? Você sabe que o olhar é indiferente, insinuante, ameaçador ou reprovador, não é? Mas como? Pelos olhos? Não, pela boca, pelo jeito dos lábios.

É a postura dos lábios que dizem se uma pessoa é sensual, orgulhosa, idiota, insegura, indefesa, debochada ou gentil. Conhece-se alguém pela boca.

Não sei por quê nos preocupamos tanto em refazer seios, bunda, olhos, coxas... se nossa essência e maior beleza estão exatamente nos lábios.<

Observando a Whitney Houston (foto) vejo que ela é um exemplo acabado do que digo. Sua boca sempre foi seu maior charme, o que a tornou especial em meio a tantas outras mulheres bonitas. A boca e a maneira como a movimenta, sorri e faz biquinho é o que lhe dá um ar travesso e lembram uma menina que está aprontando ou é capaz de aprontar algo surpreendente e delicioso. Sua boca também sugere uma meiguice desamparada pedidora de cuidados e carinhos masculinos. É uma boca assim de mulher que não se importa em se mostrar frágil pois sabe que esse é contraditoriamente o seu ponto mais forte, o que fisgará com laço fatal os espécimes masculinos que caírem na sua armadilha de aparente infantilidade.

Boca... Desintegra-se primeiro que tudo. Primeiro que os seios, primeiro que os olhos, que as bochechas. Nada a reconstitui a contento: preenchimento, plástica, nada. Pura ilusão achar que intervenções profissionais atrasarão o relógio.

Ao contrário dos seios, que os cirurgiões são capazes de deixar lindíssimos, os lábios são um fiasco em suas mãos. Melhor nem tocá-los pois nunca mais sua boca voltará a ser deliciosa e fresca como antes. Continuará falante e expressante, no entanto. E muito mais ainda, na medida em que o tempo passar. Pelo menos isso! Deus é Pai.

Com o passar do tempo você falará muito mais com muito menos sons. Seu rosto será bem mais expressivo. Os pensamentos saltarão de você para o mundo quase como por telepatia. É assim.

Como já dizia Honoré de Balzac a pessoa jovem tem o rosto tão duro e esticado que os sentimentos dificilmente escapam dele mas com o passar do tempo as feições se tornam maleáveis e cada trejeito, movimentos mínimos dos músculos escapam com mais facilidade pela pele e se tornam perceptíveis. Essa é uma das belezas e dos poderes que vem com o tempo. As dançarinas de flamenco se tornam mais fatais e dramáticas com o passar do tempo justamente por causa disso.As mais maduras são justamente as mais aplaudidas.

E a gente pensando que beleza e poder não tinham nada a ver com idade...

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Sei não...


Já tive vontade de dizer isso antes mas resolvi calar. Agora destravei porque afinal de contas pra quê serve um blog se não for para falar o que der na cabeça com aquela impressão agradável de que as pessoas me ouvem e calam com um silêncio reverente?

Você acata humildemente a minha opinião, né? Então fique aí sentadinho e ouça o resto enquanto gesticulo com ar professoral.

A internet e o mundo estão cheios dessas fotos de crianças se beijando. Você deve ter notado e achado bonitinho. É sem dúvida uma foto bem produzida, indiscutivelmente profissional.
O fato é que "não me gusta" ver crianças se beijando assim, "tipo na boca" como gente glande - desculpem - gente grande.

Já sei, já sei: você vai me acusar de ser puritana ou tarada, das duas uma. Moralista, xiita, qualquer-coisa-inconfessável-disfarçada, a bruxa do conto. Tá bom, mas bruxa é você. E tarada é a sua mãe. E puritana, moralista, xiita, tudo isso é a sua avó. Dito isso afirmo solenemente que respeito a sua opinião, claro. Sou muito bem desenvolvida emocionalmente e posso suportar com serenidade uma voz discordande. Uma apenas, por favor.

Voltando.

Sabedora de que uma boa foto de estudio não se tira de primeira, não posso me furtar de imaginar como seria ficar uma tarde inteira mandando duas crianças se beijarem e rebeijarem. Acho o lance meio doentio, coisa de tio ... tarado.

E por quê essa coisa de querer que as crianças se beijem? Pega logo dois marmanjos e manda ver! Deixa as crianças brincarem, ora! Para os fofinhos esse negócio de beijar na boca, a princípio, não faz sentido algum. Não é romântico; elas nem imaginam o que seja essa maluquice de "romantismo" nem erótico (pelo menos não era até que o fotógrafo tarado insistisse que elas começassem com a lambeção e tal e coisa. Qual é então o lance de gostar, produzir e querer "aperfeiçoar" essas fotos?

A graça deve estar na flagrante inocência do casalzinho. As crianças, tão bonitinhas! se beijando por pura brincadeira e afeição sem saber o quê aquilo pode evocar nos adultinhos inocentes. Deve ser isso.

Mesmo assim não acho uma idéia de bom gosto. A sexualidade infantil é uma realidade (dizem os psicólogos e diz a Cristina) mas uma realidade não para ser provocada ou reprimida. A sexualidade infantil é uma flor que deve ser deixada em paz para brotar na hora exata em que o raio da lua refletir na trigésima quarta curva do cérebro e tal.

Lembro de quando eu era criança. Cruzando (gostei do termo) memórias da época com dados atuais concluo enfaticamente (hoje estou cheia de autoridade) que sentimentos e sensações eróticas são muito confusas para as crianças. Elas não tem explicações para o que sentem. Falta-lhes o cabedal teórico (nooossa!) então frequentemente interpretam de forma errada as informações entrecortadas que recebem.


E quer saber de uma coisa? Nâo sou psicóloga nem socióloga nem bostóloga nenhuma. Prefiro ver adultos se beijando e pronto.

Sobre a foto aí de cima, achei que ela ilustraria melhor o que eu disse do que a foto de dois adultos em preliminares amorosas. Isso contradiz o que eu disse? Quem é você para me julgar, menino? Hum...

terça-feira, 21 de julho de 2009

Daria um triângulo?


Que fique registrado para a posteridade essa coisa interessante: a imagem assexuada, cada vez mais pro lado Joãozinho com seu eterno sorriso seco: Xuxa - e a morena Juliana Paes: simpaticíssima, cada vez mais mulher, cada dia mais apta ao amor, à procriação, à maternidade, ao companheirismo. É toda feita de pétalas de feminilidade. Ela vai que vai num crescente que só Deus sabe onde vai parar.

Xuxa não parece homossexual. Nem bissexual. Menos ainda heterossexual. Na verdade não parece nada. Menos ainda feliz. Tampouco infeliz. Não me inspira ... nada. É estranhamente estranha. Tem algo de impenetrável e triste ainda que sorria com dentes impecáveis, nariz invejável e fale com voz de criança.

O que falta em uma, abunda na outra - sem trocadilho. Juliana deixa escorrer hormônios pela barra das calças, pelo cabelo, decote e olhos. Este, os olhos, são melosos, lânguidos e denunciadores de quem quer e tem pra dar muito, mas muito amor. Seus olhos são duas amêndoas preguiçosas que flutuam e brilham em um universo especial. Eles falam e falam sem parar. Dizem coisas indiscretas que a boca ouve mas se recusa terminantemente em nos dizer. Apenas ri marotamente aquele sorrisinho lindo que todos vocês conhecem - o sorriso da Juliana Paes.

Juliana mel;
Xuxa papel... Papel de seda rebordado de segredos, de letras impecáveis, declarações estranhas, versos que não rimam, histórias silenciadas. Ela às vezes parece ser apenas uma boca aprendeu a rir em branco branco.

Não diria que são duas flores. Uma já foi tocada pela doce mão da maternidade. Outra, quem sabe um dia? Pois que sejam felizes as duas pelo tanto que trabalham e se esforçam. Xuxa, pelo tudo que já passou, pelas amizades que pensava que tinha e amores que... também. Quero ver Xuxa feliz sorrindo em tutti-frutti.

Que sejam felizes cada uma em seu planeta principalmente pelo sonho de sucesso que nos emprestam. Quem vive sem sonho nesse mundo de pedra e sague?

Não por serem belas! Mas pela delicadeza de suas mãos, pelo rumo de seus pés, até pelo contraste que não sabem que fazem juntas, que sejam felizes sim. Porque eu, no meio delas, não sei o quê formaria. Um triângulo com ângulo muito próprio? Ou penderia para o lado de uma das duas? (Qual deles?) O pior: seria eu apenas o contraponto? Representaria na foto o passado das duas? Aquilo do que elas conseguiram finalmente escapar?

domingo, 19 de julho de 2009

TOMA-TE! (E não é a primeira vez!)


Fiquei sabendo esses dias que um réu surtou e por sentir-se muito "à lá vontê" sem algemas, atacou o juiz que ousou condená-lo. Toma-te! Que sirva de lição para os pseudo intelectuais safados que criam leis irresponsavelmente (só pensando em si mesmo e seus amiguinhos, caso sejam presos).

Nessa onda de ter peninha de bandidinho, não deixar o pobrezinho sentindo-se humilhado, reprimido em seus cândidos movimentos ou em sua dignidade (?) humana (???!!!) e lá vai mais besteirol acadêmico, é isso o que acontece. E preparem o lombo que vem mais bordoada, meritíssimos!

Mas é assim mesmo, eles são os oprimidos. Nada mais justo do que desabafarem vez por outra - de preferência em cima de quem tem pena deles. Sabe esse pessoal alienado da vida real? Que se orgulha de professar doutrinas modernosas e ultracultas que no final pintam os bandidos como triste oprimidos e nós (que trabalhamos e trememos de medo o dia todo) como opressores malignos, sabe? Pois é: bordoada neles.

Olha aqui a notícia:

Réu sem algemas tenta agredir juiz em julgamento

Um julgamento que seria feito na terça-feira (9/6), na 1ª Vara Criminal de Campos dos Goytacazes (RJ), quase acabou em agressão. O réu Fábio Roberto Martiniano, que estava sendo julgado por homicídio, tentou atacar o juiz Leonardo Grandmasson Ferreira Chaves com o microfone. Foram necessários cinco policiais para contê-lo.

Martiniano estava sem algemas com base na Súmula 11, do Supremo Tribunal Federal. A súmula não proíbe o uso de algemas. Apenas prevê que elas somente serão usadas quando o acusado oferecer risco.O juiz conta que o réu já chegou alterado ao Fórum e que os policiais responsáveis por sua custódia avisaram que seria melhor que ele fosse mantido algemado para evitar incidentes no julgamento. Diante da informação, o juiz conversou com a Defensoria Pública e disse que, se o réu causasse problemas, iria mantê-lo algemado, lavrando-se a informação em ata. As defensoras públicas alegaram que Martiniano estava mais calmo e que só estava nervoso pelo julgamento no Tribunal do Júri. "Em razão disso, procurei o réu e disse que iria deixá-lo solto, ressaltando que eventual problema que causasse poderia ensejar o uso das algemas e que isso só iria prejudicar a ele próprio, ocasião em que o réu me assegurou que permaneceria quieto em Plenário e que não causaria problemas", conta o juiz Leonardo Grandmasson. No início do julgamento, o réu já causou um embaraço, recusando-se a assinar o termo de depoimento dos policiais por não concordar com a versão deles. As oficiais de Justiça explicaram que a assinatura traduzia apenas a presença dele e que não significava aquiescência com o conteúdo. Martiniano começou a responder rispidamente ao juiz, que o advertiu diversas vezes, dizendo que se continuasse com aquela postura não poderia continuar. Ele disse que então não responderia a nenhuma outra pergunta. O juiz estava transcrevendo para a ata os fatos de que Martiniano já tinha narrado quando percebeu que ele estava ficando alterado. O juiz ordenou que os policiais o algemassem. "Desta forma, no momento em que dei a ordem para que o réu fosse algemado, ele se levantou com o microfone na mão e partiu em minha direção como um louco, desferindo um golpe contra a minha pessoa, vindo a atingir a mesa por mim ocupada, quebrando o copo d'água e derrubando tudo, momento em que foi contido com muita dificuldade por nada menos do que cinco policiais", narrou o juiz. Leonardo Grandmasson deu voz de prisão em flagrante ao réu por tentativa de lesão corporal e por dissolver o Conselho de Sentença, encerrando o julgamento.

Com informações da Assessoria de Imprensa do TJ-RJ. Revista Consultor Jurídico, 11 de junho de 2009

sexta-feira, 17 de julho de 2009

O velho surpreendente



Você já foi incumbido de fazer alguma coisa que não sabia fazer? Você teve então que se virar, correr atrás, gastar tempo e passar uns sufocos. Depois de tudo pronto descobriu que sua melhor amiga sabia fazer aquilo com muita facilidade, bastava ter pedido a sua ajuda. Ou que sua mãe tinha em casa todas as instruções que de você precisava. Ou que na loja perto de casa haviam kits com passo-a-passo para confeccionar justamente aquilo que você se esfalfou em vão.

Aprender com a vida é mais ou menos a mesma coisa. Não sei dizer se é bom ou ruim descobrir tudo por mim mesma. As vezes é legal mas redescobrir a roda pode fazer a gente comemorar um gol, sair gritando e depois ter que levar uma cotovelada do amigo ao lado seguida da explicação de que aquele jogo era uma reprise.

Cansei de me flagrar encantada com descobertas já exaustivamente descobertas. Pior: sempre quero compartilhar o grande momento com alguém. Por quê?!

-"Olha, descobri que não se pode confiar mesmo nas pessoas!"
- "É, aprendi que as aparências enganam..."
- "Menina, não é que todo boato tem um fundo de verdade?"
- "Bem que minha vó dizia que não se deve confiar em quem fala muito."
- "Reparei uma coisa: quanto mais cavalheiro, gentil e sedutor, mais safado e cachorro um homem é."
- "Moça que vive com o filho dos outros no colo e diz que adora crianças, quando tem os seus próprios filhos geralmente é uma mãe displicente e relaxada. Minha vó dizia e eu não acreditava..."
- "É verdade... a gente tem que desconfiar quando vê gentileza demais vinda do sexo oposto... E eu pensando que ele apenas me achava legal! E eu pensando que os mais velhos é que maldavam tudo..."

Por quê insistimos em descobrir tudo sozinhos? Por quê não nos tornamos sábios logo rapidinho, na carona da sabedoria alheia? Seria tão mais fácil cortar caminho! Qual o motivo da nossa teimosia em desconfiar das chatas mas certeiras frases feitas se no final das contas elas quase sempre estão certas?

Tudo bem, é o caminho de todos nós. A humanidade é assim mesmo. Só não entendo uma coisa: qual o motivo da minha, da nossa eterna surpresa com o velho?

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Maldades





Há esperança para esta alpinista?

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Não me caricaturem


Faz algum tempo que pedi para não me cremarem. Retorno agora com um novo pedido: não me caricaturem.

Sou um ser frágil e não sei se tenho estrutura emocional para me ver ridicularizada em praça pública. Sim, porque toda caricatura é uma cruel ridicularização. Nenhuma beldade escapa, ninguém fica incólume. Porquê eu ficaria bem na "foto"?
Ninguém fica bonito depois de passar pelo pincel maligno de um caricaturista. Nem bonito nem igual nem mais ou menos: fica ridículo, céus!
Tenho medo de caricaturistas.
São giletadas, digo, pinceladas terríveis no ego de qualquer um, e isso em praça pública. Por mais que você guarde a tela numa pasta dentro de uma caixa e esta num baú por sua vez trancafiado em uma sala secreta de um endereço desconhecido, sua mente terá a sensação incômoda da publicidade com holofote e tudo. Nunca mais você fugirá da sua imagem própria completamente axincalhada, registrada pelo pior ângulo possível. Sabe aquele ângulo que você tenta evitar, disfarçar mas que vem a tona como um assassinado que boia no lago?
Não não! Já luto horrores com outros dramas íntimos, reais ou imaginários. Chega. Caricatura é demais para a minha cabeça. Mas caso alguém resolva ignorar meus clamores, vingo-me por antecipação ridicularizando o famoso casal acima.
Nada como apagar a luz dos outros...

terça-feira, 14 de julho de 2009

Encontro - Marcos Quinan


Amigas inseparáveis desde a infância, na adolescência e até se formarem. Juntas viveram na juventude, sonhos, anseios, as paixões e alguns amores.

Juntas cruzaram a época das maiores contestações, repressões. Foram despojadas e vaidosas, queriam conquistar o mundo. Lutaram pela liberdade e pela justiça. Cometeram transgressões e rebeldias, sempre juntas, confidentes, irmãs.

Perderam-se depois da faculdade. Uma casou-se, viveu a paixão e o amor; depois, todos os sentimentos multifacetados contidos no casamento.

Teve filhos, a casa dos sonhos, jóias nem sonhadas, viagens de férias e a atenção do grande amor. Quando os filhos cresceram, separou-se, perdida em seus valores.

Na outra, a paixão era latente; apaixonava-se perdidamente e, noutro instante, o coração estava disponível. Tinha muita coragem, seus casamentos duravam poucos anos; não tivera filhos, nunca morou muito tempo no mesmo lugar, na mesma cidade, no mesmo país.

Ficou famosa escrevendo biografias. Agora, vivia afastada do meio literário, perdida em sua coragem.

No aeroporto, cruzaram-se no saguão. Uma voltando para o que não conseguira ser, a outra indo buscar o que tinha ficado no seu desejo; não se reconheceram.

Apenas se desculparam pelo esbarrão.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Fantasmas


Tenho amigos-fantasmas. Não confunda com "fantasmas-amigos". Entenda a diferença.

Meus amigos são impossíveis. Meus amigos são assoberbados. Meus amigos são muito importantes. Meus amigos trabalham 25 horas por dia. Meus amigos acham isso bom. Meus amigos não vão ao cinema nem batem perna no shopping. Também não vão ver o por-do-sol na orla da cidade e não tem noção do que vai passar no teatro. Eles não podem pensar nessas coisas. Também não podem ler livros sem relevância científica. Nada de conversar amenidades ao telefone. Meus amigos raramente tem tempo para pipocas ou bichos de estimação. Em seus corpos não vemos nem os mais longínquos vestígios de bronzeamento. Meus melhores amigos não tem tempo pra coisas desimportantes e alegres. E eles tem o estranho dom de sumirem dias e dias. Eles simplesmente evaporam. Acho até que atravessam paredes - esse item vou confirmar ainda. Depois conto pra vocês. Só sei que eles vão para o "ponto do sumiço". Mas claro que são meus amigos! Talvez não de si mesmos...

Sinto falta deles. Acho que eles também sentem falta de si mesmos - mas isso é só quando lembram que existem. Não sempre. Felizmente! Já pensou se quisessem se encontrar e não conseguissem por causa do trânsito, da agenda, da chuva, do patrão? Seria triste.

As melhores pessoas que conheço levam uma vida inteiramente dedicada a sei-lá-o-quê. Bonito, né?

Eles são gente boa mas me deixam órfã a maior parte do tempo. Tenho amigos que, de tão distantes, nei sei se ainda continuam existindo.

Ei, eu tenho mesmo esses amigos? Ou será coisa da minha cabeça?
São impossíveis ou são imaginários?

Na dúvida vou acender uma vela pra eles.

domingo, 12 de julho de 2009

Matemática aplicada

CLIQUE NA IMAGEM PARA LER AS LEGENDAS


sábado, 11 de julho de 2009

Anti-conceito

Gostei dessa foto mesmo ela sendo esquisita. Quer dizer: gostei dessa foto porque ela é esquisita e as coisas esquisitas são instigantes. Veja: ela é uma contradição.

A foto nos mostra uma moça passeando de bicicleta e ao mesmo tempo nos passa a sensação oposta ao que o ato de andar de bicicleta normalmente representa para nós.


Passear de bicicleta não seria uma das coisas mais descontraídas e relaxantes de se fazer? Um passeio casual, livre, sem custos, saudável, rápido o suficiente para sentir o vento e lento o suficiente para sentir a paisagem desfilar. Ir sem a pressa de um carro e sem o vagar por demais lento dos passos, pé ante pé que não nos permite sentir tanto o vento nem aquela coisa gostosa de quase voar.


Quem anda de bicicleta não faz pose mas se debruça despreocupadamente, olha para os lados e pensa livre, mais ou menos como nada. É só pegar o ritmo da respiração e pronto, o resto vai no automático.


A moça da foto não sabe de nada disso. A moça da foto só sabe que é bonita, só vê a si mesma e à platéia que a vê.


Não, não há platéia na foto - para mim e para você. Mas na cabecinha dela o mundo está povoado de olhos.


Na mente de um vaidoso sempre há platéia mesmo no meio do Saara, numa estrada selvagem, no meio do nada. Sempre haverá olhos atentos e medições cruéis.


A moça da foto é linda e doente. É doente de linda. Não vê nada que não seja a si mesma. Não intui sequer que de nada valerá seu ridículo guarda-chuvas diante da tempestade que se arma. Tempestade? Que tempestade? - diria.


Uma pessoa, para se manter impecável, não pode se preocupar com tempestades...

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Nem Dado

É aquela história: já perguntei para algumas pessoas "por quê você ainda guarda isso? Não serve pra nada!" A pessoa diz "é... é que foi dado..."

É mais ou menos por aí. Se não é, passou perto da idéia.

Ainda não entendi o que as gostosas da mídia conseguem ver nesse tal de Dado Dolabella. Claro que ele não é feio mas eu achava que para um carinha mexer com o coração de uma mulher que estivesse no patamar visual da Luana Piovani, ele deveria ser especial.

Tolice minha. Tolice por vários motivos.

Primeiro porque não sei nada sobre o patamar mental das mulheres que se apaixonaram por ele nem do patamar mental dele. Tudo o que posso falar aqui sobre os famosos fica sempre na arena do chute. Nada pode ser levado a sério porque falo pelas aparências e só. E qual a aparência dele? De retardado.

Gente, esse sorriso de "menino travesso" misturado com um corte de cabelo ao estilo "mamãe-acabei-de-acordar- faz- minha- bananada" me irrita! Saco!

Não consigo imaginá-lo conversando nada além de obviedades praianas, coisinhas de academia, do mundo das passarelas, das bundas e dos cortes de cabelo.

Pode ser injustiça. Pode sim. Talvez ele seja um espírito profundo, um verdadeiro pensador, um filósofo moderno cheio de idéias novas e borbulhantes, a genialidade numa capa bestinha. Como só vejo a capa bestinha acabo escrevendo essa postagem bestinha.

É, pode ser uma tremenda injustiça... Mas na dúvida, se ele me ligar diga que não estou.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Fernando Pessoa



"Andorinha que vais alta,
Porque não me vens trazer
Qualquer coisa que me falta
E que te não sei dizer?"

quarta-feira, 8 de julho de 2009

A história...

Judy Wallman é uma pesquisadora na área de genealogia nos Estados Unidos.
Durante pesquisa da árvore genealógica de sua família deu de cara com uma
informação interessante:

Um tio-bisavô, Remus Reid, era ladrão de cavalos e assaltante de trens. No verso da única foto existente de Remus(em que ele aparece ao pé de uma forca) está escrito:
"Remus Reid, ladrão de cavalos, mandado para a Prisão Territorial de Montana em 1885, escapou em 1887, assaltou o trem Montana. Flyer por seis vezes. Foi preso novamente, desta vez pelos agentes da Pinkerton,condenado e enforcado em 1889."

Acontece que o ladrão Remus Reid é ancestral comum de Judy e do senador pelo estado de Nevada, Harry Reid. Então Judy enviou um email ao senador solicitando informações sobre o parente comum. Mas não mencionou que havia descoberto que o sujeito era um bandido. A atenta assessoria do Senador respondeu desta forma:

"Remus Reid foi um famoso cowboy no Território de Montana. Seu império de negócios cresceu a ponto de incluir a aquisição de valiosos ativos eqüestres, além de um íntimo relacionamento com a Ferrovia de Montana. A partir de 1883 dedicou vários anos de sua vida a serviço do governo, atividade que interrompeu para reiniciar seu
relacionamento com a Ferrovia. Em 1887 foi o principal protagonista em uma importante investigação conduzida pela famosa Agência de Detetives Pinkerton. Em 1889, Remus faleceu durante uma importante cerimônia cívica realizada em sua homenagem, quando a plataforma sobre a qual ele estava cedeu."

Palavras e números podem ser manipulados pra dizer o que o manipulador quiser.

Pensamento que me ocorre: o que farão com a minha memória (se não a perderem)?!

terça-feira, 7 de julho de 2009

Criança doente


O amor é uma criança em todos os sentidos.

O amor é todo intuição, curiosidade e aprendizado. O amor erra demais, nossa! Mas sorri logo depois e aprende com uma facilidade incrível. Ele não nasceu pra morrer mas para crescer porque assim são as crianças.

Quantos anos tem o seu amor? 1 aninho? 12? 35? 40? Não importa, ele é uma criança e ainda não sabe nada de nada. Está só começando. É tolo como ele só, pode ter certeza disso. Quer coisas impossíveis, chora por besteira, ri de coisas que ninguém ri e vê o mesmo filme mil vezes sem cansar.

A coisa mais triste do mundo é quando ele está doente e vai perdendo peso, perdendo peso... Que dor! Parte o coração. Um amor que fenesce e morre é como qualquer criança que adoece, agoniza fenesce e morre. Igualzinho igualzinho.

Todo amor por mais que dure, morre sempre cheio de promessas e esperanças. Nenhum amor dura o suficiente tanto quanto nenhuma criança vive o suficiente.

Uma criança transmudará ao longo de sua existência, criará novas manias, fará novas perguntas, afeiçoar-se-á a novos brinquedos, criará travessuras impensáveis, ficará doente, irremediavelmente doente e depois renascerá das cinzas porque as crianças são assim mesmo. O amor engolirá chaves, deixará todo mundo louco mas depois sorrirá candidamente e voltará a correr no jardim. Não importa o que aconteça, o amor se recuperará porque está escrito que crianças estão destinadas à vida.


Ah, não nasceram para morrer! Mas é certo que morrem...

Estranhamente morrem, a despeito do que está determinado. A despeito da lisura irepreensível de suas peles, da maciez de seus cabelos, da inabalável disposição que têm para pular, correr e perdoar. A despeito disso tudo, muito estranhamente de vez em quando uma luz se apaga nesse mundo de meu Deus.

Por algum mistério muito misterioso alguns amores nascem doentinhos, inviáveis, já quebrantados. São velados desde o nascimento por amantes em suspense e familiares atentos. Coração na mão, suspense, terço na mão, noites sobressaltadas, lágrimas furtivas.

Centenas e centenas de crianças dormem febris entre sopros agourentos da noite, entre avisos de folhas secas que insistem em entrar pela janela a perturbar seus leitos de pedra.

Algumas até duram. Não podem correr, não podem pular, não podem ser expostas a nenhum tipo de provação. Qualquer travessura seria o fim, qualquer vento encanado, água gelada, piso escorregadio, susto ou fruta passada. A gente olha e sabe... e entre mimos e dores tentamos de tudo.


Afirmo com grande dor que a coisa mais triste do mundo é enterrar uma criança. Uma criança morta não é só uma pessoa morta. Uma criança morta são sonhos decepados, promessas esfaqueadas. E o futuro que virou miragem.

Um velho amor morto é ... Não há "velho amor morto". Um amor morto é uma criança morta com mil coisas por viver e fazer, novas historias ainda pra contar, desenhos ainda não desenhados pra mostrar, muros para pular, canções para aprender.

Não existe amor velho assim como não existe criança velha. Tudo o que existe é criança doentinha, sem defesas, com pulmões fracos e pais atônitos que não sabiam direito o que fazer e então perderam a luta.

...Então ela se foi. E não importa o trabalho que essa criança deu: sua partida vai doer para sempre e eles só conseguirão lembrar dos bons momentos, do seu sorriso e daquele corpo quentinho quando ainda havia vida.

domingo, 5 de julho de 2009

Tudo sobre Sufismo (da série Implicando...)


Sabe tudo aquilo que você sempre quis saber sobre sufismo (não é surfismo) mas nunca teve coragem de perguntar? Pois seus problemas terminaram. Eis que surge em seu cavalo branco Paulo Coelho e suas explicações rocambolescas.

Desta vez ele foi ao "Iran" para descobrir in loco de que se trata o lance (" Um pouco sobre o sufismo" - coluna semanal) .

Conta-nos em sua coluna (não vertebral) que deu o ar de sua graça em um evento onde homens entram em transe fazendo coisas estranhas como só pessoas estranhas e em transe conseguem fazer. Por fim um dos varões decide satisfazer a curiosidade de mestre Paulinho e explica gentilmente e ainda em transe (suponho) que durante aqueles momentos sublimes ele esteve "em contacto com a energia do Universo e que Deus passou por dentro de sua alma..."

Ah tá, agora eu entendi! Mas...

Talvez mestre Paulinho tenha ficado meio reticente, com cara de bunda. O bom homem, com a paciência que só tem os que acabaram de trans - quer dizer - de estar em transe, continuou des-explicando:

“O sufi é aquele cujo pensamento caminha na mesma velocidade que seu pé.” Ou seja, sua alma está onde está o seu corpo, e vice-versa. Onde um sufi está, encontra-se também tudo o que ele é: o trabalhador, o místico, o intelectual, o contemplativo, o que se diverte."

Entendeu agora? NÃO?! Haja paciência com você, meu filho! Mas calma, Paulo Coelho conseguiu prever sua limitação mental e terminou a coluna com uma história supimpa que por si só realinhará sua mente:

"Nasrudin, o mestre louco do sufismo, tinha um búfalo. Os chifres afastados faziam-no pensar que se conseguisse sentar-se entre eles, seria o mesmo que estar em um trono. Certo dia, quando o animal estava distraído, ele foi até lá e fez o que imaginava. Na mesma hora, o búfalo se levantou e o atirou longe. Sua mulher, ao ver aquilo, começou a chorar. “Não chore”, disse Nasrudin, assim que conseguiu se recuperar. “Tive meu sofrimento, mas ao menos realizei o meu desejo.”

Sacou agora?

Cara, é impressionante o que a gente obtém de sabedoria lendo Paulo Coelho...

sábado, 4 de julho de 2009

Você tem disso?


Insight: se você não tem, problema seu.

Antes de ontem estive mal. Hoje, pelo contrário, me deu novamente um daqueles trecos bonitos. Atacou-me um "êxtase de beleza" ( ou algo assim).

Você tem disso?!

Hoje fui aproveitar o sábado no clube. Na ida já senti alteração. O primeiro sinal de quando vai me dar essa coisa é que noto tudo muito mais colorido do que de costume. Por exemplo: a água piscina estava especialmente límpida e fresca. Parecia cristal líquido. E o sol? O sol... o que dizer do sol a não ser que é quente, doura tudo e esse monte de coisas manjadas? Bem, mas ele tinha algo a mais hoje - não me pergunte o quê.

A tarde estava linda, mas de uma lindeza dolorosa, dessas lindezas de doer, sabe como? Vai dando até um aperto no peito.

Havia cores demais, um absurdo, quase um desperdício. Lá pelo meio da tarde, quando eu voltava para casa, respirando fundo, senti-me tão saudável e bronzeada, tão leve e maravilhosa como se eu tivesse acabado de sair de um casulo direto para a vida.

Antes de ontem eu estava horrivelmente deprimida; hoje foi me subindo essa overdose de "felicidade encantada" vinda sei lá de onde. É esquisito mas é bom, então deixa.

Liguei o som do carro e me deslumbrei "novamente pela primeira vez" com o violão encantado de Toquinho executando a Bachianinha, do Paulinho Nogueira. Cara! Aí não aguentei: chorei. Chorei aos cântaros, de soluçar, de pingar, molhar o rosto todo.

Não, eu não estava triste.
Não, eu não estava especialmente alegre.

Chorei assim de beleza, sabe como? De êxtase, porque o sol arrefeceu e tudo estava sem brilho mas nítido, nítido mesmo, com as cores lavadas pela chuva recente. E estava fresco e tocava a Bachianinha e os carros iam todos irmanados na mesma direção como se todos - o mundo todo! - ouvisse uma única e doce música. A mim me parecia que dar-se-iam as mãos se pudessem, se as tivessem. A cidade descansava do sol, lambia-se da chuva, preparava-se para o amor do final da tarde e eu seguia meu rumo encantada e cheia de vida, molhada, trazendo ainda restos de sol nos seios como cacos de ouro. Então ri e chorei, misturei tudo, sozinha e enlouquecida.

...e durante meu percurso fui saudada, lindamente saudada!

Um saco plástico órfão, repentino e travesso inflou-se à minha frente. Encheu o peito, subiu até a altura do meu pára-brisas, o suficiente para que eu o visse. Olhou-me brevemente, fez uma estrela como fazem os artistas de rua. Pairou... sorriu e ... não sei. Assim, como que do nada. Só lembro que era verde claro e muito ágil.

Que breve, que meigo, que gentil!

Pois é, aconteceu.

Frase

O problema não é envelhecer, mas envilecer.

Você é adulto mesmo?

Por Martha Medeiros

"... Enquanto que um corpo sarado se obtém com exercício, musculação, dieta e discernimento quanto aos hábitos cotidianos, a leveza de espírito requer justamente o contrário: a liberação das correntes..." (Continue lendo)

sexta-feira, 3 de julho de 2009

VOLVER A LOS 17




(Composição: Violeta Parra)


Mercede Sosa - Volver a los 17





Voltar aos dezessete, depois de viver um ciclo
É como decifrar os signos, sem ser sábio ou competente
Voltar à ser, de repente, tão frágil em um segundo
Voltar à sentir-se importante como uma criança frente à Deus
Isso é o que sinto eu neste grande momento
Se vai enredando, enredando
Como um muro, a parede
E vai brotando, brotando
Como um musgo na pedra
Como um musgo na pedra, ah sim, sim, sim...

Meu passado retrocede quando o teu avança
O arco das alianças penetrou no meu ninho
Com todo seu colorido passeou por minhas veias
E até a dura corrente que ata nossos destinos
É como um diamante valioso que ilumina minha alma serena

O que pode o sentimento sem ter podido o saber
Nem o mais claro proceder, nem o mais amplo pensamento
Tudo muda à todo momento, qual mago condescendente
Nos afasta docemente de rancores e violências
Só o amor com sua forma nos transforma tão inocentes

O amor é repleto de uma pureza original
Até um feroz animal sussurra seu doce trino
Detem os Peregrinos, Libera os prisioneiros
O amor com seus esmeros, volta o velho à criança
E ao mal, só o carinho lhe transforma em puro e sincero

Aos poucos a janela se abriu como por encanto
Entrou o amor com seu manto como uma linda manhã
Ao som de seu belo dia fez brotar o jasmim
Voando a qual fim o céu lhe deu
E meus tempos com 17
Lhes converteu em querubim.

Letra Original:

Volver a los diecisiete después de vivir un siglo
Es como decifrar signos sin ser sabio competente
Volver a ser de repente tan frágil como un segundo
Volver a sentir profundo como un niño frente a Dios
Eso es lo que siento yo en este instante fecundo

Se va enredando, enredando
Como en el muro, la hiedra
Y va brotando, brotando
Como el musguito en la piedra
Como el musguito en la piedra, ay si si si...

Mi paso retrocedido cuando el de ustedes avanza
El arco de las alianzas ha penetrado en mi nido
Con todo su colorido se ha paseado por mis venas
Y hasta la dura cadena con que nos ata el destino
Es como un diamante fino que alumbra mi alma serena

Lo que puede el sentimiento no lo ha podido el saber
Ni el más claro proceder ni el más ancho pensamiento
Todo lo cambia el momento cual mago condescendiente
Nos aleja dulcemente de rancores y violencias

Sólo el amor con su ciencia nos vuelve tan inocentes
El amor es torbellino de pureza original
Hasta el feroz animal susurra su dulce trino
Detiene a los peregrinos libera a los prisioneros
El amor con sus esmeros al viejo lo vuelve niño
Y al malo sólo el cariño lo vuelve puro y sincero...

De par en par la ventana se abrió como por encanto
Entró el amor con su manto como una tibia mañana
Al son de su bella diana hizo brotar el jazmín
Volando cual serafín al cielo le puso aretes.
Y mis años en diecisiete los convertió el querubín

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Michael Jackson - também quero falar sobre ele


De Michael já falaram tanto, mas tanto que originalidade aqui está meio difícil. Mas não estou aqui para me esforçar.

Todo astro prima por ser esquisito para se destacar. Michael era naturalmente estranho, distraidamente estranho, não conseguiria deixar de sê-lo nem que quisesse. Sua aparente infelicidade justificava sobejamente todas, absolutamente todas as suas muitas esquisitices. Quando ele excedia muito os limites (lembra aquele lance de abalnçar o bebê na sacada?) alguém dava um toque para ele cair na real. Ele não era mau, apenas se noção. Totalmente.

Sua voz continuou tão doce! Ele falando parecia cantar. Tinha um jeito meio sussurrante que me agradava enormemente. Parecia um boneco - um boneco danificado, maltratado pela vida e por si mesmo principalmente. Um boneco caro mas avariado e triste, muito triste, que não conseguia dormir nem amar.

Assim informam os arquivos nada confiáveis da minha cabeça romântica.

Todos vocês já sacaram que eu imagino coisas, idealizo, atribuo sentimentos aos outros, imponho pensamentos, acredito neles e acabou-se: tudo vira verdade. É minha humilde esquisitice com a qual o tangencio levemente.

Não sei se ele fez o mal. Se realmente fez é difícil imaginar que não tenha sido por viver prisioneiro de uma alma torta, sem noção de vida real (não me perguntem o que é vida real. Não compliquem!) sem noção de preço das coisas nem de nada. Ele quase nada sabia desse nosso mundo, era apenas um menino de música, criança, boneco cantante, uma estrela que não sabe ser outra coisa.

Eu adorava as roupas do Michael Jackson. Adorava seu estilo, sua altura, seu porte. Ele simbolizava alguma coisa que não sei explicar mas me enternece.

Não consigo vê-lo como homem nem como viado nem como pedófilo nem como tarado. Não consigo mesmo rotulá-lo sexualmente.

Ele era uma pessoa com dor e talento.
Ele é um personagem meigo, brilhante, bondoso e energisado.
Michael era uma coisa doce e frágil, difícil de explicar.
Não é bem um exemplo de vida... mas sua imagem, sorriso e música evocam coisas boas. Nos levam a mente para o país do bem, não do mal. Isso é mérito.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Vai uma vela aí?


Mais uma da séria série Implicando com Paulo Coelho.

Dessa vez ( postagem de 14.06.09) mestre Paulinho descolou de seu cérebro mais uma criativa história de um discípulo aflito que quer saber como fazer para ficar mais próximo de Deus. No episódio em questão ele tem a iluminada idéia de pedir informação para um tal "Wang Tei".
(Por que cargas d'água Deus daria seu endereço a alguém com um nome desse?)

Vamos lá: Wang Tei, como todos os personagens de Paulo Coelho, puxa um fumo. Só pode! Pelo papo do cara a gente saca logo. A resposta do mestre é típica. Ele enrola, enrola mas o resumo é: "vá ver se eu estou lá na esquina, palhaço!" Se não, vejamos:

O tal Wang Tei, como resposta ao clamor do coração aflito de seu discípulo, pediu que o abestado o acompanhasse até o alto de uma montanha. De repente pegou uma vela. Calma! Apenas mandou que seu dis­cípulo a acendesse (ufa!).
Claro que o vento a apagava sempre. E claro que o idiota continuava tentando. E mais claro ainda que o "mestre" f.d.p. continuava zoando com ele. Depois de muitos fósforos gastos (nada ecológica essa parábola) o aprendiz de jumento conclui que não vai dar e que "Eu precisaria andar até lá (onde?) se quisesse acender a vela num lugar onde não está ventando. "

Agora o grande fecho. O "mestre" (de quê, meu Deus?) responde (música ao fundo...):
"- Da mesma maneira, para iluminar a chama de Deus dentro de você, é preciso caminhar até Ele. "

O que isso tem a ver com vela apagando no vento, não sei. O tal discípulo deve estar até agora segurando a vela. Isso se o tal Wang Tei não resolveu dar outra lição nele.
(Fonte: Globo.com - Link para a mensagem "Vá em Busca da Chama": clique AQUI)