sábado, 30 de maio de 2009

Essa me deprimiu


Sabe quando a gente começa a ler uma história crente que é um lance de auto ajuda? Pior: sabe quando a gente está precisando de uma bombada pra cima (no bom sentido)? Pois comecei a ler o texto VOANDO (no blog Beck em Palavras). Estava gostando. Jurava que teria um final tipo assim, cristão-esotérico-budista-contemplativo pendendo pro nirvana, entende? Óia só o diálogo:

"- Como se faz para voar tão alto? – perguntou o mais novo.
- Não sei explicar.

- Mas você acabou de voar! Eu tento todo dia, todos os dias, nunca consigo, sempre caio.

- Tem coisas que você simplesmente faz. Vem de dentro. É com o coração. Não se pára para pensar antes de fazer algumas coisas. Não é tudo que fazemos com o raciocínio. Eu nunca parei para pensar antes de voar. Enquanto estou voando, lá no alto, eu não penso em como fazer; simplesmente começo a fazer. E quando vejo, já voei.
- Eu queria tanto conseguir voar...
- Por isso não consegue. Fica ansioso demais.
- Então eu nunca voarei?
- Sim. Voará. Você só precisa aprender a relaxar.

- E só relaxar?
- E acreditar que você pode. Se você acreditar que poderá voar e relaxar, quando você não perceber, estará lá no alto, comigo. Tchau.


Alguns meses depois, deitado na grama de um parque qualquer, completamente relaxado, o mais novo ouvia uma música ao longe e começou a sonhar que estava voando. Sonhou com tanta força, que acreditou que fosse verdade. Quando deu por si, continuava deitado na grama.
Ele nunca voou."

P.Q.P! Fiquei mal. Até parece cruzamento de Caetano Veloso com Paulo Coelho.

Será que nunca vou voar?

quinta-feira, 28 de maio de 2009

A secretária e o rapaz escurinho

Se tem uma coisa que acho inconveniente é chamar empregada doméstica de "secretária". Ô eufemismozinho mais despropositado! É o mesmo que chamar negro de "escurinho"´.

Certas pessoas acham que ser negro é algo tão ruim, tão feio e desgraçante que resolvem amaciar a "desventura" do elemento (segundo a sua própria idiotice) designando-o assim, como se fosse um favor ( "você não é tão preto assim!") o que acaba sendo realmente ofensivo.

Pois o mesmo se dá com a honrada trabalhadora doméstica. O que há de errado em ser empregada doméstica, me diga pelo amor de Deus. Por quê mudar-lhe a designação? Uma empregada doméstica é tão secretária quanto é garçonete. Garçonete não serve lanche para a gente? Empregada doméstica também não faz isso? Então porque não chamá-la de garçonete? Porque são profissões diferentes.

Pois lhe digo que os afazeres de uma empregada doméstica é muito mais parecido com o de uma garçonete do que com o de uma secretária.

Secretária é uma mulher que trabalha em escritório, entende? Escritório! Atende ao telefone, digita seus documentos, recebe na sua sala de espera, organiza sua agenda, tudo com escarpin, blazer e uma maquiagenzinha básica. "Bom dia, senhor. Aguarde um instante, senhor. Ele está em reunião, senhor." Nada a ver com lavar banheiro, fritar bife, arrumar sua cama e enxotar seu gato inconveniente.

Funcionária doméstica, trabalhadora do lar, empregada doméstica, cozinheira, babá, diarista, faxineira... Esses nomes NÃO SÃO PALAVRÕES, não diminuem ninguém e não precisam ser substituídos pela designação de uma outra categoria profissional. Essas pessoas não tem de que se envergonhar. Se você acha que essas pessoas são tao inferiores por desempenharem esse tipo de trabalho, meus pêsames.

Elas batalham, dão um duro danado e acho que não merecem ver as pessoas trocarem o nome de sua profissão como quem troca negro por "escurinho."

E tenho dito!

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Duas mulheres



É mais ou menos como duas mulheres lindas em mesas opostas.

Sabem-se perfeitas mas nenhuma tem certeza de que seria a preferida em caso de uma escolha. Olham-se, comparam-se, invejam-se, tem curiosidades mútuas mas nunca se aproximam. Quase se amam, mas se repelem.

Qual perfume ela usa? Ama? É feliz? Seria mais amada do que eu? Seu corpo é mais firme? Todas estas luzes, estes brilhos todos, são verdades que vem de dentro? Sorri deveras? Meu Deus, quanta delicadeza, quanta riqueza de detalhes, como é sedutora em suas múltiplas artes!

Quão mais atraentes seriam essas luzes do que a naturalidade das minhas águas que jorram sem maquiagem, selvagemente? Minhas margens verdes e frias, meu barulho, meu cicio, o que seria mais desejável e envolvente?

Eu represento a paz que todos procuram mas ela, a glamourosa, é a segurança, a vaidade que os homens inseguros tanto precisam ostentar. Todos a querem durante a semana. Todos lutam pelo seu brilho. Poderiam talvez matar por ela, por sua loirice refulgente. Mas minha paz...

Minha paz é ardentemente desejada noites e noites em sonhos confusos e inconfessáveis. Porque eu sou o que de mais primordial os homens precisam. Sou a mãe, a mulher nua que os quer sem terno e sem carro. Sou o desejo na terra, na água e no mato, sou tudo, o transe natural e sem insegurança, a aceitaçao completa, a plenitude. Sou tudo o que jamais deixariam de querer se não houvesse a civilização. Por isso voltam para mim como quem volta para si mesmo desesperadamente.

Alguns dias... Finais de semana... alguns preciosos dias e não mais. É impossível que seja mais. Então o brilho os cativa de novo.

E a outra ...

Olha a exuberância daquela que precisa de tão pouco para enlouquecer os homens. Daquela que com um simples canto os arranca de seus braços dourados com uma facilidade desconcertante. E eles vão hipnotizados, seguindo uma cantiga que ela mesma nem escuta. Impossível competir! Como ela linda, meu Deus! Como é tão linda com tão pouco?

Por fim, em poucos dias, saciada os devolve todos! Joga-os de volta para mim fazendo tão pouco caso... como se não me custasse tanto essas companhias.

Duas mulheres lindas em mesas opostas...

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Pode ser você



Amanhã milhões de pessoas vão nascer
Entre elas talvez esteja a que vai te matar
Ou a que vai te amparar benignamente
Entre elas talvez esteja
Aquela que, em seus braços
Te salvará das labaredas de fogo
Ou aquela que tornará, aos teus olhos,
O milagre da vida uma coisa sem sentido algum.

Amanhã milhões de pessoas vão morrer
Entre elas pode estar aquela
Que te amaria para sempre
Mas nem poderás segurar suas mãos
Em seus últimos momentos...

É certo que muitos morrerão amanhã
Entre eles pode estar você
Entre eles pode estar a pessoa mais bonita do mundo
Que você jamais beijará

Amanhã uma velhinha casará pela derradeira vez
E deitará feliz em seu leito estéril
Amanhã uma mãe será deixada
E pode ser a sua
Amanhã sobrevirá a sorte grande
Também o enorme infortúnio
E qualquer um de nós poderá receber
Tanto um quanto outro

Olhos se encontrarão
Flores serão pisadas
A chuva unirá nas marquises
Mil futuros namorados
Entre eles pode estar você

Amanhã alguém perderá a agenda
Esse alguém poderá ser você
Porventura outro a encontrará
E não verá sentido algum
No que era o fio condutor
E a única harmonia
De toda a tua pobre vida.

Rodrigo Santoro


Li esses dias parte de uma entrevista de Rodrigo Santoro falando sobre sua solidão. Galã "brasileiro-hollywodiano" sozinho, sem muié? Claro que achei meio estranho.

Famoso, rico, bem sucedido... Solidão?

Peraí! Vamos raciocinar: ele viaja muito, não tem tempo pra engatar um relacionamento. Essa louca vida artística... Masssss a Giselle Bundchen também viaja pra caramba e acabou de casar um dia desses!

É, mas ela não tem que interpretar. Andar de lá pra cá com um vestido bonito dá muito menos trabalho do que ser ator. Ele está sendo cada dia mais assediado por diretores sequiosos por seus talentos artísticos. Aí o resultado é que ele não tem tempo pra nada: não consegue arrumar o cabelo, ajeitar as unhas, a pele está ressecada, ufffa!

É como todo mundo sabe, Rodrigo desenvolveu a capacidade invejável de interpretar com maestria personagens homossexuais. Nossssa, ele faz isso tão bem!!! Aí aparece um horror de trabalho, entende? É proposta de filme por todo o lado. Namorar como? O que sobra é a negra e profunda solidão. Explicado?

sábado, 23 de maio de 2009

Boa samaritana





Gentemmm.... O rapaz tem problemas com a memória. Eu até me disporia a levar umas arranhadinhas para faze-lo lembrar de algumas coisas importantes na vida. Tudo por uma boa causa! Tipo assim, de mãe pra filho, entende?

sexta-feira, 22 de maio de 2009

EU, HEIN...

Mundo, estranho mundo... Navegando por aí deparei-me com mais essa:

"O Movimento da Paixão por Cristo, com sede em Los Angeles, Califórnia, está vendendo pela internet camiseta não só para ex-homossexual como também para ex-fornicador, ex-masturbador, ex-prostituta, ex-ateu, ex-hipócrita etc. No site do movimento, há fotos de jovens que dão depoimento sobre como conseguiram escapar do mau caminho com a ajuda de Jesus. Não há informação sobre qual tem sido a mais procurada..." (leia mais, se aguentar)

A pergunta é: VOCÊ USARIA UMA DESSAS?


quinta-feira, 21 de maio de 2009

Bom, mas bom mesmo...


O que é bom, mas bom mesmo pra você?

A resposta depende muito do dia. Hoje por exemplo estou achando que bom, mas bom mesmo é ser moleque, mas desses moleques bem jogados mesmo, "dos tempos de antigamente".

Sabe aqueles que iam para a escola, faziam o dever de casa e estavam livres para sempre? Pois é. Ô vidão! Colocavam um shorte e iam jogar bolinha de gude, soltar pipa, ajeitar o carrinho de rolimã... emporcalhar-se a tarde toda, em suma.

Obviamente nunca fiz nada disso porque nasci menina... Tinha inveja dos meninos mas eu dava meu jeito lendo contos de fadas, brincando com bonecas, viajando na maionese da minha Second Life mental.

Mas bom mesmo era ser moleque, sempre tive certeza disso. Até os pés cortados tinham seu charme e história pois falavam de algo do qual eu jamais seria chamada a participar. Os meninos voltavam suados e horríveis pra casa, com o joelho esfolado. Disso eu não tinha inveja porque não ficaria bem na hora de cruzar minhas perninhas finas.

Hoje em dia não se tem mais "moleque de família". O que se vê é criança de rua ou menino estressadinho. Vão para a escola e voltam incumbidos de trabalhos escolares rocambolescos que infernizam, quer dizer, envolvem a família toda. Depois tem o judô, o inglês, as aulas reforço e o raio que o parta.

Seja lá o que for que os moleques da foto estão fazendo, e de onde estão descendo, é certo que são uns privilegiados. A cena é rara e para poucos. Conheço poucos (na verdade, nenhum...) lugares de onde se possa descer assim. Deve ser tão, mas tão, mas tão divertido que é terminantemente proibido para crianças de boa família.

Aliás o que é "boa família" mesmo???

Digo a vocês, não sem um certo desgosto, que nunca fui moleque nem moleca. Fiquei no meio: fui meleca. Daí a inveja dos meninos da foto.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

A Máquina Decisiva


Não é justo a gente andar por essa vida com tão poucas certezas. Temos algumas que não chegam a meia dúzia. O resto fica por conta do destino, da meteorologia, dos dados, do fígado, da bosta de - digo - bolsa de valores, do cachorro do vizinho, de uma pedrinha no rim.


Uma máquina útil, é tudo o que peço!


A idéia é essa: por um buraco você enfia fatos, frases, prós, muitos prós, quilos e quilos de prós! e depois é a vez dos contras; carradas e carradas. Depois variantes de tudo o que for raciocínio, TPM, terceiros interessados, prováveis filhotes advindos do cruzamentos dos prós com os contras, filhotes saudáveis, filhotes de duas cabeças, de cinco olhos, filhotes lindos, horrorosos, filhotes parecidos com o vizinho, contas vencidas, planos infernais, boas intenções, sentimentos derrotados e trouxas de coisas inconfessáveis. Enfia tudo. Adiciona água, cuspe, lágrimas falsas e verdadeiras, chiclete, sêmem, perfume barato e então aperta play. A máquina sacode, arregala as luzes, estranha mas consegue entrar em transe.

Vá para um spa.

Depois de uns dias está lá a decisão da sua vida. A decisão indincutivelmente acertada, pensada e repensada, medida e remedida, a melhor para você. Que máximo! Aquela que Deus sem sombra de dúvidas concordaria e emprestaria seu divino selo de qualidade. Os anjos em coro cantariam um amém tão unânime que você ficaria até desconfiado.

Você vai emocionado para trás da bendita e pega sua pasta. Pasta não, caixa! Cheia de papéis dobradinhos e ainda quentes. Pesada e lacradinha - que amor! Com seu nome impresso. Acabou de ser posta no mundo e ali está toda a sua segurança. Também toda a explicação de por que diabos aquela é infalivelmente a melhor resposta para o seu problema. Você pode passar os próximos 10 anos tentando entender o raciocínio da máquina ou pode ir direto para os finalmentes, que não dão nem três parágrafos.

Claro que você vai para os finalmentes e toma a decisão absolutamente CERTA! (confetes, confetes!)


Ficção, ficção...
Bem, era isso o que eu queria. Deixo aqui o meu apelo para esses cientistas que estudam tanto e só inventam babaquice. Deixem as vacas e bois treparem a vontade pelo amor de Deus! Clonagem pra quê? Troço caro e sem aquele lance de pele. E parem também com essa mania de querem cruzar banana com tomate e grudar orelha em camundongo. Quem vai querer uma esquisitice dessas?

Eu quero a Máquina Decisiva. Dá pra ser ou tá difícil?

terça-feira, 19 de maio de 2009

Marinheiros


Por quê me olham? Surpresos? Surpresos comigo e não com o mar, lindo e imenso? O mar que brilha, que vai e vem, que cálido adotaria vocês como desajeitados peixes, curiosas criaturas. Vocês reconhecem de onde vieram? Entendem a semelhança do pequeno mar escuro no qual foram gestados e afagados?
Reconhecem a semelhança dos poemas cochichados por águas semelhantes?
Por que me olham assim? Não posso explicar o que o mar diz. Vocês entenderão um dia, quando à essas horas mais os planos, mas as saudades adormecerão dolentes com o sol.
Há algo de útero na mornidão desse mar e talvez instintivamente vocês reconheçam entre ele e eu alguma semelhança antiga, algum aconchego de tempos idos. Esse mar talvez nem seja grande demais pra vocês. O meu jaz agora pequeno e seco. Mas já foi o mundo!
Já fui todo o mundo que vocês, marinheiros, conheceram por nove meses. Eu era a deusa da vida e da morte. Não sou mais. Sou só lembrança instintiva, ainda morna ... e além das pedras.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Gritinho

Nada de mais. No finzinho do vídeo apareço eu gritando. Rapidinho. Só onda.

domingo, 17 de maio de 2009

A mesma vida, com mais tempo



A vida nem precisava ser mais longa. Bastava que se passasse em câmera lenta quando precisássemos. Ou que pudéssemos dar um "pause" vez por outra.

Há coisas que deveríamos poder ver e viver com mais vagar. Imagine você poder pausar uma cena dessa e olhar longamente as bailarinas assim mesmo, como na foto. Não paradas como bonecas de cera - mais que isso!

Quero o trajeto da luz e a confusão de cores que isso ocasiona. Quero flagrar fachos se realinhando para não perder a cor e buscando rapidamente a saia da moça, suas costas brancas, as flores do cabelo. Quero perceber ainda os cheiros correndo no mesmo colar de movimento, as frações de pensamentos, os rostos em expressões suspensas e esvoaçadas. Quero também ver como é possível, nisso tudo, a juventude movimentar-se tão eficientemente em sentido contrário.
Não deveríamos perder esses momentos mas eles duram frações de segundos para nós. São espetáculos eternamente perdidos. Aqui, congelado em foto, não parece um momento mas um riso, uma zombaria, um esnobar da nossa cegueira.

Só vemos a vida quadro-a-quadro. É pouco. Quero os rastros, as pausas, os suspiros pairando, lapsos de pensamentos iluminados por fios de luzes que se julgavam invisíveis.

Quero andar no meio das bailarinas pelo tempo que eu quiser sem que minha vida aumente ou diminua.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Afro-descendente

(Do blog Ato ou Efeito)

"Pode dizer que é crueldade de minha parte, mas acontece que o mundo te criou pra ser frouxo, e você deixou.

O mais curioso é que eu sequer preciso tentar provar tal acusação crua e maldosa: você mesmo o fez, na última coluna. Você lê a palavra “crioulo” e seu cérebro sub-utilizado pisca a luz de “perigo”. Uma linguagem que simplesmente não usa eufemismos racistas é o bastante pra te soar polêmica. Não me parece ser a idéia do eufemismo..." (Continue lendo)

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Querido escritor...


Querido Escritor:

Penso insistentemente em você e sua estranhíssima capacidade de produzir sob encomenda.
Como consegue localizar e tirar proveito do que dificilmente consigo localizar em mim e, menos ainda, aproveitar? Vivo exorcizando o que, para você, são os úteis ajudantes.

Deveras penso em você, que recebe adiantado o dinheiro da editora e me pergunto se seus fantasmas sabem que já foram vendidos, incluídos os gemidos noturnos. Quanta responsabilidade!

Você fuma, bebe e convive com seres evaporentos e esgueirosos mas as vezes desconfio de que isso venha a se tornar perigosamente burocrático. É grande o riscode uma convivência sem suspense com epílogo acoplado. Como você faz para saborear angústias confeitadas de letras?

Quantos personagens povoam teu tormento? E quantos deles são tirados a fórceps de tua imaginação eternamente gestante? Quantos desses pobres seres nem mesmo existiriam, mas foram trazidos ao nosso mundo assim, muito a contra-gosto, tão-somente para que servissem de veículos que escoassem o turbulento produto de tua mente que não pára!

Que eles façam o que deles se espera. Rezo para que teu castelo permaneça deles repleto, povoado de lembranças, insônias, histórias inconclusas e inquietas gritando por trás dos quadros. Que jamais te falte o pesadelo e angústias criativas e que o vento fértil da loucura encha tuas páginas para deleite teu e de teus leitores. (Que estranho deleite o teu!). Assim rezo, também estranhamente, porque estranho é o mundo dos que sentem demais.

Como seriam assombrosas noites e noites de amarga calmaria! Sono vazio, velas sem vento.

Ventos e fúrias, arrepiem esse homem cujo pão de cada dia depende de tais tormentos!

Querido Parteiro de Idéias, Domador de Fantasmas, Artífice de Palavras, se precisar de mim posso atormentar-te por dias, noites infindas com minhas questões intermináveis. Ou envio-te meus fantasmas mais freqüentes; aqueles mais apegados a mim, as verdadeiras “jóias da família”. Decerto eles não irão te decepcionar.

Mansão


O que faço aqui a noite
Entrincheirada?
Porque traço planos tontos
E mais nada?

O que me tira da cama
Pro chão frio?
Por que não selo o cavalo
E vou passear no rio?

Por que olho a ampulheta
Se já sei todas as horas?
Por que invejo as borboletas
Se por elas tu não choras?

E as tábuas que estalo
Nas mortas pisadas noturnas?
Do que ouvem nada dizem!
Todos são sombras soturnas...

Ando sozinha de noite
Muda a hora, muda o turno
Ninguém pode me dizer
Se estou acordada ou se durmo?

Ao longe é bem mais bonita
A linda mansão azulada
À noite a estrada se agita
Por meus pés será queimada.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Show do Oasis - Eu fui!












Vocês precisam entender: não tem graça ir e não contar pra ninguém. Eu fui ao show do Oasis! O que tenho a dizer hoje, antes que esfrie a experiência é: a-do-rei! A crítica (jornal) jogou um pouco de fel: "Apresentação competente mas burocrática." Ah, quem se importa?

Li também a respeito da apresentação do grupo em São Paulo e, ao que parece, a coisa foi bem melhor aqui (onde estou no momento) em Curitiba. Por quê? Em SP eles nem se dignaram a dar bis. Aqui, só de bis foram umas quatro músicas, que eu lembre (pé doendo afeta a memória). Repito: óooooootimo. Decididamente adoro rock nacional.
Cumequié? Explico.

A banda (rock) que abriu o show do Oasis foi a Cachorro Grande. Não conhecia mas tive o prazer. Eles são muito bons mesmo. Simplesmente não dava pra ninguém ficar parado. Sonzaço, letras excelentes, tudo perfeito (dê uma checada). Vou virar a internet do avesso e achar os CD's dos caras. Virei fã. Pra completar eles tem toda aquela energia pra cima, aquele coisa brasileira e não-gringa que adoro, do humor, da jovialidade, da não-arrogância. Claaaaaaro, não falando mal do vocalista do Oasis que vez por outra simplesmente parava de braços para trás, bem sério, e encarava o público como um pequeno deus mimado esperando ser devidamente adorado. Som de primeira mas o marmanjo... meio retardado.

Valeu o dia das mães com o Victor!

domingo, 10 de maio de 2009

BIBLIOTECA DIGITAL MUNDIAL

BIBLIOTECA DIGITAL MUNDIAL A NOTÍCIA DO LANÇAMENTO NA INTERNET DA WDL, A BIBLIOTECA DIGITAL MUNDIAL.


QUE PRESENTE DA UNESCO PARA A HUMANIDADE INTEIRA !!!

Já está disponível na Internet, através do site http://www.wdl.org/

Reúne mapas, textos, fotos, gravações e filmes de todos os tempos e explica em sete idiomas as jóias e relíquias culturais de todas as bibliotecas do planeta.

Tem, sobretudo, caráter patrimonial" , antecipou em LA NACION Abdelaziz Abid, coordenador do projecto impulsionado pela UNESCO e outras 32 instituições. A BDM não oferecerá documentos correntes, a não ser "com valor de patrimônio, que permitirão apreciar e conhecer melhor as culturas do mundo em idiomas diferentes:árabe, chinês, inglà ªs, francês, russo, espanhol e português. Mas há documentos em linha em mais de 50 idiomas".

Entre os documentos mais antigos há alguns códices precolombianos, graças à contribuição do México, e os primeiros mapas da América, desenhados por Diego Gutiérrez para o rei de Espanha em 1562", explicou Abid.

Os tesouros incluem o Hyakumanto darani , um documento em japonês publicado no ano 764 e considerado o primeiro texto impresso da história; um relato dos azetecas que constitui a primeira menção do Menino Jesus no Novo Mundo; trabalhos de cientistas árabes desvelando o mistério da álgebra; ossos utilizados como oráculos e esteiras chinesas; a Bíblia de Gutenberg; antigas fotos latino-americanas da Biblioteca Nacional do Brasil e a célebre Bíblia do Diabo, do século XIII, da Biblioteca Nacional da Suécia.

Fácil de navegar.  Cada jóia da cultura universal aparece acompanhada de uma breve e xplicação do seu conteúdo e seu significado. Os documentos foram passados por scanners e incorporados no seu idioma original, mas as explicações aparecem em sete línguas, entre elas O PORTUGUÊS. A biblioteca começa com 1200 documentos, mas foi pensada para receber um número ilimitado de textos, gravados, mapas, fotografias e ilustrações.
Como entramos no sítio global?

Embora seja apresentado oficialmente na sede da UNESCO, em Paris, a Biblioteca Digital Mundial já está disponível na Internet, através do endereço http://www.wdl.org/

O acesso é gratuito e os usuários podem ingressar directamente pela Web, sem necessidade de se registrarem.

Permite ao internauta orientar a sua busca por épocas, zonas geográficas, tipo de documento e instituição. O sistema propõe as explicações em sete idiomas (árabe, chinês, inglês, francês, russo, e spanhol e português), embora os originas existam na sua língua original.

Desse modo, é possível, por exemplo, estudar em detalhe o Evangelho de São Mateus traduzido em aleutiano pelo missionário russo Ioann Veniamiov, em 1840. Com um simples clique, podem-se passar as páginas um livro, aproximar ou afastar os textos e movê-los em todos os sentidos. A excelente definição das imagens permite uma leitura cômoda e minuciosa.

Entre as jóias que contem no momento a BDM está a Declaração de Independência dos Estados Unidos, assim como as Constituições de numerosos países; um texto japonês do século XVI considerado a primeira impressão da história; o jornal de um estudioso veneziano que acompanhou Fernão de Magalhães na sua viagem ao redor do mundo; o original das "Fábulas" de La Fontaine, o primeiro livro publicado nas Filipinas em espanhol e tagalog, a Bíblia de Gutemberg, e umas pinturas rupestres africanas que dat am de 8.000 A.C.

Duas regiões do mundo estão particularmente bem representadas:

América Latina e Médio Oriente. Isso deve-se à activa participação da Biblioteca Nacional do Brasil, à biblioteca de Alexandria no Egipto e à Universidade Rei Abdulá da Arábia Saudita.

A estrutura da BDM foi decalcada do projecto de digitalização da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, que começou em 1991 e atualmente contém 11 milhões de documentos em linha.

Os seus responsáveis afirmam que a BDM está sobretudo destinada a investigadores, professores e alunos. Mas a importância que reveste esse sítio vai muito além da incitação ao estudo das novas gerações que vivem num mundo audio-visual.
Espero que curtam!

Stand By Me - Lindo!

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sábado, 9 de maio de 2009

Herói? Jamais.





Em minha opinião só deveria ser considerado HERÓI aquele que:



1) Se lançasse de cabeça em um projeto que desse certo;
2) Que lhe custasse tudo. Se ele se safasse, seria por pura sorte.
3) Ele deveria saber desde o primeiro momento que esse seria o preço: tudo. E ainda assim aceitar.

Como na prática não é assim, mas chama-se de herói o idealista azarado, o resultado é que nenhum herói planeja mesmo ser herói, disso tenho quase certeza.

E não é assim por humildade, mas porque para ser herói, segundo se entende por aí, alguma coisa tem que sair muito, mas muito errada mesmo. É ou não é?

A pessoa embarca em um projeto glorioso mas só entrou por estar convencida de que vai dar certo ou que as chances de fracasso são mínimas. Sente-se segura. então não vejo muito heroísmo nisso... Depois planeja retornar às suas atividades feliz da vida, com aquela sensação de dever cumprido e pronto. Talvez ser lembrado pelos seus pares. Entrar na ala dos livros de história? Nem sonhar! Melhor seria que seu nome evaporasse como acetona ao vento. Entrar pra enciclopédia é sinônimo de catástrofe.

Sim, os glorificados "heróis" nem pensavam que "aquilo" ia dar no que deu. Se desconfiassem o tamanho do pepino não topariam de jeito nenhum. Daí a dedução é lógica: eles não "deram" a vida por uma causa. O que aconteceu é que a coisa saiu errada. Daí veio alguém do lado vencedor e tirou a vida deles. É bem diferente de dar.

Claro que se desse para desistir quando o céu começasse a ficar cinzento eles desistiriam. O problema é que todo o projeto arriscado tem um ponto a partir do qual não é mais possível retornar; a pessoa já está enrolada até o pescoço, não haverá mais perdão, já era. É seguir ou seguir. É quando o cara sabe que está ferrado mas continua não por "heroísmo", mas porque o carro simplesmente não tem ré. O ódio ajuda a seguir em frente. Continuar acreditando na causa também ajuda, se não a pessoa enlouquece. Daí o motivo de os escritos de prisioneiros nessas condições serem tão bonitos. Eles tinham que se convencer dia e noite, noite e dia, hora após hora que não eram idiotas que entraram em uma barca furada, que jogaram fora sua juventude, que estavam enfiando um punhal no coração de seus familiares por nada. Não, eles precisavam continuar acreditando mais do que nínguém. E toma-lhe carta.

Acho que herói é aquele que vai desde o primeiro momento sabendo que vai morrer. Vai como ovelha para o matadouro. Vai consciente de que perderá tudo, que será preso, torturado e morto, tudo com 100% de certeza. tipo um bombeiro que entra nas chamas sabendo que jamais conseguirá retornar.

Ou seja: não acredito que o azar transforme alguém em herói.

Não digo que esses jovens idealistas não mereçam louvores. Merecem sim, louvores, medalhas e menção. Mas suas medalhas devem ter outro tipo de inscrição, não a de "heróis".

A propósito: essa moça aí da foto é a Olga Benário. É uma que se lascou. Certamente não sabia que ia se dar tão mal. Idealista. Heroína para alguns. Sua história rendeu um excelente filme. Ainda assim acho que ela deveria ter ficado quietinha em seu país.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Equilíbrio perfeito

Que meigo, né?Nada como equilibrar as coisas...
Exagerou? Vá para o extemo oposto e encontrarás o nirvana.

Império do mal


A administração de Gong'an (na China) está pressionando seus funcionários a fumar uma cota determinada de cigarros, pois, caso contrário, serão multados. O objetivo da medida é aumentar a arrecadação. (Fonte: Globo.com - Leia na íntegra.)

Li, reli e ri. Engraçado né?

Achei bizarro o governo obrigar pessoas a fumarem pelo sórdido interesse de aumentar a arrecadação de impostos. Que coisa! Que falta de respeito! Que eticétera e tal!

Depois, bem depois, refleti: será que estamos mesmo em situação tão diferente desses manipulados chineses? Tudo não termina mesmo em interesses financeiros?

Todas as nossas campanhas anti fumo não são movidas pela mesmíssima mola propulssora? Fizeram as contas concluíram que o governo gasta mais tratando das doenças causadas pelo fumo do que com os impostos arrecadados com a venda de cigarros. Bem, já que essa doença não dá lucro, melhor evitá-la. No caso dos chineses esta medida bizarra não se trata de um plano nacional. O interesse restringe-se a um determinado condado. A idéia é mostrar um "balancete" apresentável para a chefia às custas do pulmão alheio.

Certamente os planos de saúde brasileiros também aprovam as campanhas e leis anti-fumo. Para eles é muito melhor que paguemos sem nunca usar seus serviços.

Claro que para nós também é preferível pagar sem nunca ficar doente! Não estou tentando abrir os olhos de ninguém para o obvio mas para o sutil: nossas belas campanhas pró saúde poderiam virar do avesso se tão somente as continhas das calculadoras dos poderosos mostrassem o contrário do que estão mostrando hoje.
Se amanhã as calculadoras do poder resolvesse fazer uma travessura e afirmassem com todos os números que o nosso pulmão com câncer seria mais rentável, vocês iam ver pra onde iam essas campanhas todas. Iam começar dizendo que depois de extensivos estudos concluíram que essas campanhas são muito caras e resolveram reverter o dinheiro para o Criança Esperança ou algo assim. Depois diriam que as tais leis eram uma agressão contra a liberdade do indivíduo. Depois de um tempo estariam enfiando um cigarro na boca do seu filho dentro da escola.

Talvez não sejamos menos gado do que aqueles chineses do qual morri de rir minutos atrás.

Tô em crise. Ninguém se importa se meu pulmão é vermelhinho ou da cor de uma esponja de lavar pneu de carro.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Eu e o cão


Sempre afirmei que não gosto de animais, especialmente cães. Posso elencar vários motivos, nenhum deles razoável. Melhor calar pra não queimar meu filme.

Calo agora, mas por diversasa vezes já manifestei minha rejeição a esses seres peludos, saltitantes, carentes e babões.
É verdade: nunca nenhum deles usou contra mim o direito de resposta... Pra completar, esses dias um membro da comunidade canina me deixou assim meio sem jeito. Explico.

Eu estava fora de casa e passei o dia mochilando, sob o sol, movida a lanches vis e ônibus quase. A noite, exausta, precisei andar uns quarteirões até o meu local de hospedagem. Enquanto caminhava pelas ruas frias e soturnas, um ser canino aproximou-se de mim.
Não disse nada, nao me olhou com cara boa nem má. Apenas saiu da beira do seu portão e foi ao meu encontro como se aquilo estivesse pré programado, como se aliás aquele fosse seu ofício.

Estranhei. Talvez ele quisesse terminar o dia me mordendo só para se gabar depois. Foi chegando perto. Tive receio, claro, mas como não latiu nem rosnou, paguei pra ver e continuei andando. Ele também. Lado a lado, quase no mesmo ritmo, como se amigos fôssemos. E eu só de rabo de olho.
Notei que ele era gente boa. Ele sacou que eu estava com medo e resolveu me fazer companhia, só isso.
Saiu do seu portãozinho onde estava escorado, fumando, olhando as horas passarem e manjando as cadelinhas. Jogou a ponta de cigarro para o lado com um peteleco e me seguiu. Não perguntou nada, não pediu telefone, apenas ofereceu companhia até a porta de "casa". Era como se dissesse para eu ficar tranquila, que se alguém se aproximasse ele pularia em cima, morderia na jugular e tal, que ele conhecia a área e a vagabundagem toda pelo nome.

Será que ele ouviu alguma conversa minha falando mal de cães e resolveu dar um tapa de luvas? Ou será que apenas era um cara legal e insone, bicho da noite que não sabia ainda o que ia rolar e não custava nada ser gentil?

Pois fiquem os senhores sabendo que ele me acompanhou direitinho, nem mais a frente nem mais atrás. Parou, esperou o portão ser aberto e só foi embora quando eu entrei. O porteiro até brincou perguntando se aquele era meu cão de guarda ou anjo da guarda, não lembro bem.

Cara, agora que me toquei que nem agradeci!
Vou rever meus conceitos...

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Paço da Liberdade - tudo a ver


Gostei bastante deste click no Paço da Liberdade. Trata-se de um predio antigo - detalhe importantíssimo, pois tenho um lado meio fantasmagórico que AMA construções antigas. (Clique na foto. Ela fica bem mais bonita ampliada.)

Sim, gostei... Pela beleza da sala grande de interior voluntariamente escuro mas sem medo de abrir-se em janelas lindas para a claridade. A claridade entra, passeia, observa, conversa, namora e vai-se embora quando a noite a chama. É eternamente segredo o que falam entre si.

Apeguei-me ao que esta imagem evoca de misterioso. É como se só "essa mulher" soubesse o que está acontecendo ali. Como se para ela a sala não estivesse vazia. Ela olha para trás porque foi brevemente interrompida; alguém abriu a porta inadvertidamente, mas logo sairá e ela continuará ali, familiarizada com um passado ou com um presente... com alguma coisa que só ela pode ver.

Também adorei o contraste entre claro e escuro e esse olhar direcionado a você, como quem pergunta "por quê me olha?" Em seguida virarei de costas ignorando qualquer expectador e transitarei tranquilamente tanto no clarão da janela quanto na quietude escura da sala, como quem procura seu lugar nesse contexto sagrado. Por quê? Porque estou sem mochila, sem relógio, sem saltos, sem nada nas mãos no Paço da Liberdade, no passo da liberdade.

É verdade que te fito, você percebe, ainda que eu seja apenas uma silhueta que vai.
Não é assim?
Você percebe o timbre da minha alma?

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Mahalia Jackson


Estou atrasada apenas umas dezeninhas de anos. Uns cinquenta ou mais, já que ela nasceu em 1911 mas começou a chamar a atenção a partir de 1945.

Gente, eu não sabia que essa deusa havia pisado na face da terra. Ela era maravilhosa! Cantou inclusive no evento cujo ponto alto foi o famozézimo discurso de Martin Luther King. Quer saber mais a respeito clique aqui.

Descobri Mahalia procurando no Youtube uma música que amo. Eu a tenho em CD com a Nana Mouskouri mas ela não está no Youtube. Quem encontrei cantando a belíssima "In the Upper Room" foi ela. Quando ouvi sua voz cheia de emoção, aquela voz linda de negra, me apaixonei e comecei a procurar tudo que lhe dizia respeito. Quanto mais ouvi mais amei.

Artistas não deviam ter permissão para morrer.

Procurei no Amenicanas.com e Submarino.com alguma coisa da Mahalia Jackson e nada. Absurdo! Agora procura do Belo, da Quebra Barraco que você acha. Vou te contar...

Fica aqui o apelo: se você encontrar algum CD ou DVD desta cantora maravilhosa por favor me avise. Estou interessadíssima em adquirir.

Emocione-se também com Trouble of the World.


domingo, 3 de maio de 2009

Pensamento profundo: pato e fim do mundo

Não sei se foi a solidão, os patinhos, o frio ou uns chopes na cabeça. Acho que eu não tava muito boa não... Aê no ventilador um dos meus maus momentos, desta feira no parque Barigui (que insisto em chamar de Birigui).

Caso vocês não entendam direito o que eu digo - já que quando mexo no zoom da máquina o microfone é desligado (fabricante filho da mãe! Por que não avisa?) segue al final a transcrição pra você não perder nada das coisas interessantíssimas que digo.

Porque estou postando essa esquisitice aqui? Pensando em você, caro leitor. Para você se sentir bem nos dias em que estiver se sentindo mal. Espero que tenha entendido. Não me faça explicar.

Então lá vai. Aguenta peãããããão!




"Esse está sendo o meu almoço. Eu estou no meu terceiro e último chope porque mais do que isso não dá. Mais do que isso eu fico tonta. Aliás eu já estou tonta. Daqui a pouco eu começo a chorar. Uma merda.

Aqui, aliás eu estou no parque "Birigui", que todo mundo me disse para eu vir aqui. Dizem que é uma maravilha. Realmente é um lugar muito gostoso.

Isso aqui, se eu entendo um pouco de bicho isso aqui é um pato. Isso é um pato, deixa eu ver. Isso é um pato tranquilo fazendo - ele não faz a menor idéia de que ele é bom pra comer. De que ele é bom no tucupi. Ele não sabe que a vida dele não vale nada pra nós. Ele está aqui para enfeitar. Os sentimentos dele, se é que existem, pra nós é merda (olha a concordância!). Ele existe pra enfeitar o parque e pra ser comido, se der bobeira. Essa é a vida de um pato. Talvez eu seja uma pata e não saiba. (Essa foi profunda...)

Isso aqui é um peixe. Não sei que peixe é esse mas tá muito gostoso. Estou num restaurante, barzinho gostoso. Isso não é um restaurante porque não vende prato, só vende tira-gosto (cultura geral) mas eu não estou morrendo de fome. Eu só não trouxe a minha roupa pra correr porque eu tinha que vir de carro mas vim de ônibus, com medo de me perder (e quem se importa?).

O lugar é super agradável e aqui estou eu me despedindo de vocês no parque "Birigui" (de novo?!)... eu tô bêbada mesmo! (que nada, não tava não!) Em Curitiba e os pratos - os patos se arrancaram (pequeno lapso que não prova nada) .

Ali são outras... aves (?) mas não faço idéia de quais sejam. Estão tranquilas. Tchau gente. Um dia todos eles serão extintos, inclusive nós (vá ser trágica assim lá na curva da virada!). Ou na quarta guerra mundial, terceira, quinta, sexta, ou no aquecimento global, qualquer merda que vier por aí um dia todos estaremos extintos, tá? (Tá, Nostradamus) Talvez eu vá primeiro (chantagem emocional? Não colou.).

Tá aqui o pato idiota que não sabe que vai morrer e pensa que é eterno (prove que ele não é!). Tá aqui o outro. Nadando eles são uma gracinha (pelo menos nadando eles conseguem ser uma gracinha... E você?) mas nunca fui muito com a cara de pato (nem eles com a sua!)."

sábado, 2 de maio de 2009

Um totem à tentativa


Odeio semáforos. Não importa a intenção que os pariu. Odeio pela malícia que trazem em si, entede?
O problema não é o serviço que prestam mas o cinismo com o qual nos fitam, examinando se estamos ou não com pressa. Particularmente estou treinando para enganá-los.
O tempo dos semáforos... Ai que ódio!
Poderia ser a paradinha básica para retocar a maquiagem;
Poderia ser a paradinha básica para encontrar alguma coisa na bolsa;
Poderia ser a paradinha básica para fazer uma anotação importantíssima, para telefonar rapidinho para alguém, para ajeitar a calcinha que está entrando na bunda, para regular o retrovisor, coçar o pé, pra tirar o fiapo do dente. Poderia ser a paradinha básica para comprar jornal ou qualquer porcaria inútil, até mesmo pra encontrar uma moeda e dar para aquele infeliz que está me rondando. MAS NÃO!

Eles são uma espécie de deus nefasto, um totem maldito erigido para nos infernizar. Foram regulados com o tempo EXATO para você TENTAR fazer qualquer uma dessas coisas e NÃO CONSEGUIR nunca!
Um totem à tentativa. Até pra pronunciar é escroto. São tão das trevas que quem não xinga, pensa nun xingamento perto deles. Faz parte do culto ao totem. Afe!
Os sacerdotes chifrudos calcularam certinho o tempo. Pode reparar. Apenas TENTE fazer qualquer coisa que vem a sequência: buzinada e xingada. Por trás.

Detalhe importante: o sinal só demora a abrir se você virar estátua. É im-pres-si-o-nan-te. Fique parada como um manequim de vitrine e aquela praga ficará vermelha pelas próximas três horas. Agora experimente fazer qualquer coisa e verá se estou mentindo.
Há um movimento maligno no mundo. As nossas cidades estão se tornando cada dia mais semaforizadas. Alguém tem que fazer alguma coisa!

Morte aos semáforos!
Pronto: fiz a minha parte.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Boizão

Dizem que a vida é curta. Mentira. A vida é bem longa, se não você não pensaria a longo prazo. Se fosse curta ninguém se argolaria por casa própria. Nem com planos para a velhice - essa sim, longa pra cara...mba.

Não, a vida não é curta. Curta é a juventude. Sacanagem. Você passa a maior parte da vida sendo pirralho e depois, velho. Isso mesmo: a maior parte do tempo você será velho, se viver muito. Ou coroa, se morrer cedo. Pra passar a maior parte da vida jovem você tem que ser muito azarado mesmo.

A vida é um boi, um boizão enooorme! Só que não importa o tamanho: qualquer boi só vem dotado de um único filé.

sábado, 30 de maio de 2009

Essa me deprimiu


Sabe quando a gente começa a ler uma história crente que é um lance de auto ajuda? Pior: sabe quando a gente está precisando de uma bombada pra cima (no bom sentido)? Pois comecei a ler o texto VOANDO (no blog Beck em Palavras). Estava gostando. Jurava que teria um final tipo assim, cristão-esotérico-budista-contemplativo pendendo pro nirvana, entende? Óia só o diálogo:

"- Como se faz para voar tão alto? – perguntou o mais novo.
- Não sei explicar.

- Mas você acabou de voar! Eu tento todo dia, todos os dias, nunca consigo, sempre caio.

- Tem coisas que você simplesmente faz. Vem de dentro. É com o coração. Não se pára para pensar antes de fazer algumas coisas. Não é tudo que fazemos com o raciocínio. Eu nunca parei para pensar antes de voar. Enquanto estou voando, lá no alto, eu não penso em como fazer; simplesmente começo a fazer. E quando vejo, já voei.
- Eu queria tanto conseguir voar...
- Por isso não consegue. Fica ansioso demais.
- Então eu nunca voarei?
- Sim. Voará. Você só precisa aprender a relaxar.

- E só relaxar?
- E acreditar que você pode. Se você acreditar que poderá voar e relaxar, quando você não perceber, estará lá no alto, comigo. Tchau.


Alguns meses depois, deitado na grama de um parque qualquer, completamente relaxado, o mais novo ouvia uma música ao longe e começou a sonhar que estava voando. Sonhou com tanta força, que acreditou que fosse verdade. Quando deu por si, continuava deitado na grama.
Ele nunca voou."

P.Q.P! Fiquei mal. Até parece cruzamento de Caetano Veloso com Paulo Coelho.

Será que nunca vou voar?

quinta-feira, 28 de maio de 2009

A secretária e o rapaz escurinho

Se tem uma coisa que acho inconveniente é chamar empregada doméstica de "secretária". Ô eufemismozinho mais despropositado! É o mesmo que chamar negro de "escurinho"´.

Certas pessoas acham que ser negro é algo tão ruim, tão feio e desgraçante que resolvem amaciar a "desventura" do elemento (segundo a sua própria idiotice) designando-o assim, como se fosse um favor ( "você não é tão preto assim!") o que acaba sendo realmente ofensivo.

Pois o mesmo se dá com a honrada trabalhadora doméstica. O que há de errado em ser empregada doméstica, me diga pelo amor de Deus. Por quê mudar-lhe a designação? Uma empregada doméstica é tão secretária quanto é garçonete. Garçonete não serve lanche para a gente? Empregada doméstica também não faz isso? Então porque não chamá-la de garçonete? Porque são profissões diferentes.

Pois lhe digo que os afazeres de uma empregada doméstica é muito mais parecido com o de uma garçonete do que com o de uma secretária.

Secretária é uma mulher que trabalha em escritório, entende? Escritório! Atende ao telefone, digita seus documentos, recebe na sua sala de espera, organiza sua agenda, tudo com escarpin, blazer e uma maquiagenzinha básica. "Bom dia, senhor. Aguarde um instante, senhor. Ele está em reunião, senhor." Nada a ver com lavar banheiro, fritar bife, arrumar sua cama e enxotar seu gato inconveniente.

Funcionária doméstica, trabalhadora do lar, empregada doméstica, cozinheira, babá, diarista, faxineira... Esses nomes NÃO SÃO PALAVRÕES, não diminuem ninguém e não precisam ser substituídos pela designação de uma outra categoria profissional. Essas pessoas não tem de que se envergonhar. Se você acha que essas pessoas são tao inferiores por desempenharem esse tipo de trabalho, meus pêsames.

Elas batalham, dão um duro danado e acho que não merecem ver as pessoas trocarem o nome de sua profissão como quem troca negro por "escurinho."

E tenho dito!

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Duas mulheres



É mais ou menos como duas mulheres lindas em mesas opostas.

Sabem-se perfeitas mas nenhuma tem certeza de que seria a preferida em caso de uma escolha. Olham-se, comparam-se, invejam-se, tem curiosidades mútuas mas nunca se aproximam. Quase se amam, mas se repelem.

Qual perfume ela usa? Ama? É feliz? Seria mais amada do que eu? Seu corpo é mais firme? Todas estas luzes, estes brilhos todos, são verdades que vem de dentro? Sorri deveras? Meu Deus, quanta delicadeza, quanta riqueza de detalhes, como é sedutora em suas múltiplas artes!

Quão mais atraentes seriam essas luzes do que a naturalidade das minhas águas que jorram sem maquiagem, selvagemente? Minhas margens verdes e frias, meu barulho, meu cicio, o que seria mais desejável e envolvente?

Eu represento a paz que todos procuram mas ela, a glamourosa, é a segurança, a vaidade que os homens inseguros tanto precisam ostentar. Todos a querem durante a semana. Todos lutam pelo seu brilho. Poderiam talvez matar por ela, por sua loirice refulgente. Mas minha paz...

Minha paz é ardentemente desejada noites e noites em sonhos confusos e inconfessáveis. Porque eu sou o que de mais primordial os homens precisam. Sou a mãe, a mulher nua que os quer sem terno e sem carro. Sou o desejo na terra, na água e no mato, sou tudo, o transe natural e sem insegurança, a aceitaçao completa, a plenitude. Sou tudo o que jamais deixariam de querer se não houvesse a civilização. Por isso voltam para mim como quem volta para si mesmo desesperadamente.

Alguns dias... Finais de semana... alguns preciosos dias e não mais. É impossível que seja mais. Então o brilho os cativa de novo.

E a outra ...

Olha a exuberância daquela que precisa de tão pouco para enlouquecer os homens. Daquela que com um simples canto os arranca de seus braços dourados com uma facilidade desconcertante. E eles vão hipnotizados, seguindo uma cantiga que ela mesma nem escuta. Impossível competir! Como ela linda, meu Deus! Como é tão linda com tão pouco?

Por fim, em poucos dias, saciada os devolve todos! Joga-os de volta para mim fazendo tão pouco caso... como se não me custasse tanto essas companhias.

Duas mulheres lindas em mesas opostas...

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Pode ser você



Amanhã milhões de pessoas vão nascer
Entre elas talvez esteja a que vai te matar
Ou a que vai te amparar benignamente
Entre elas talvez esteja
Aquela que, em seus braços
Te salvará das labaredas de fogo
Ou aquela que tornará, aos teus olhos,
O milagre da vida uma coisa sem sentido algum.

Amanhã milhões de pessoas vão morrer
Entre elas pode estar aquela
Que te amaria para sempre
Mas nem poderás segurar suas mãos
Em seus últimos momentos...

É certo que muitos morrerão amanhã
Entre eles pode estar você
Entre eles pode estar a pessoa mais bonita do mundo
Que você jamais beijará

Amanhã uma velhinha casará pela derradeira vez
E deitará feliz em seu leito estéril
Amanhã uma mãe será deixada
E pode ser a sua
Amanhã sobrevirá a sorte grande
Também o enorme infortúnio
E qualquer um de nós poderá receber
Tanto um quanto outro

Olhos se encontrarão
Flores serão pisadas
A chuva unirá nas marquises
Mil futuros namorados
Entre eles pode estar você

Amanhã alguém perderá a agenda
Esse alguém poderá ser você
Porventura outro a encontrará
E não verá sentido algum
No que era o fio condutor
E a única harmonia
De toda a tua pobre vida.

Rodrigo Santoro


Li esses dias parte de uma entrevista de Rodrigo Santoro falando sobre sua solidão. Galã "brasileiro-hollywodiano" sozinho, sem muié? Claro que achei meio estranho.

Famoso, rico, bem sucedido... Solidão?

Peraí! Vamos raciocinar: ele viaja muito, não tem tempo pra engatar um relacionamento. Essa louca vida artística... Masssss a Giselle Bundchen também viaja pra caramba e acabou de casar um dia desses!

É, mas ela não tem que interpretar. Andar de lá pra cá com um vestido bonito dá muito menos trabalho do que ser ator. Ele está sendo cada dia mais assediado por diretores sequiosos por seus talentos artísticos. Aí o resultado é que ele não tem tempo pra nada: não consegue arrumar o cabelo, ajeitar as unhas, a pele está ressecada, ufffa!

É como todo mundo sabe, Rodrigo desenvolveu a capacidade invejável de interpretar com maestria personagens homossexuais. Nossssa, ele faz isso tão bem!!! Aí aparece um horror de trabalho, entende? É proposta de filme por todo o lado. Namorar como? O que sobra é a negra e profunda solidão. Explicado?

sábado, 23 de maio de 2009

Boa samaritana





Gentemmm.... O rapaz tem problemas com a memória. Eu até me disporia a levar umas arranhadinhas para faze-lo lembrar de algumas coisas importantes na vida. Tudo por uma boa causa! Tipo assim, de mãe pra filho, entende?

sexta-feira, 22 de maio de 2009

EU, HEIN...

Mundo, estranho mundo... Navegando por aí deparei-me com mais essa:

"O Movimento da Paixão por Cristo, com sede em Los Angeles, Califórnia, está vendendo pela internet camiseta não só para ex-homossexual como também para ex-fornicador, ex-masturbador, ex-prostituta, ex-ateu, ex-hipócrita etc. No site do movimento, há fotos de jovens que dão depoimento sobre como conseguiram escapar do mau caminho com a ajuda de Jesus. Não há informação sobre qual tem sido a mais procurada..." (leia mais, se aguentar)

A pergunta é: VOCÊ USARIA UMA DESSAS?


quinta-feira, 21 de maio de 2009

Bom, mas bom mesmo...


O que é bom, mas bom mesmo pra você?

A resposta depende muito do dia. Hoje por exemplo estou achando que bom, mas bom mesmo é ser moleque, mas desses moleques bem jogados mesmo, "dos tempos de antigamente".

Sabe aqueles que iam para a escola, faziam o dever de casa e estavam livres para sempre? Pois é. Ô vidão! Colocavam um shorte e iam jogar bolinha de gude, soltar pipa, ajeitar o carrinho de rolimã... emporcalhar-se a tarde toda, em suma.

Obviamente nunca fiz nada disso porque nasci menina... Tinha inveja dos meninos mas eu dava meu jeito lendo contos de fadas, brincando com bonecas, viajando na maionese da minha Second Life mental.

Mas bom mesmo era ser moleque, sempre tive certeza disso. Até os pés cortados tinham seu charme e história pois falavam de algo do qual eu jamais seria chamada a participar. Os meninos voltavam suados e horríveis pra casa, com o joelho esfolado. Disso eu não tinha inveja porque não ficaria bem na hora de cruzar minhas perninhas finas.

Hoje em dia não se tem mais "moleque de família". O que se vê é criança de rua ou menino estressadinho. Vão para a escola e voltam incumbidos de trabalhos escolares rocambolescos que infernizam, quer dizer, envolvem a família toda. Depois tem o judô, o inglês, as aulas reforço e o raio que o parta.

Seja lá o que for que os moleques da foto estão fazendo, e de onde estão descendo, é certo que são uns privilegiados. A cena é rara e para poucos. Conheço poucos (na verdade, nenhum...) lugares de onde se possa descer assim. Deve ser tão, mas tão, mas tão divertido que é terminantemente proibido para crianças de boa família.

Aliás o que é "boa família" mesmo???

Digo a vocês, não sem um certo desgosto, que nunca fui moleque nem moleca. Fiquei no meio: fui meleca. Daí a inveja dos meninos da foto.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

A Máquina Decisiva


Não é justo a gente andar por essa vida com tão poucas certezas. Temos algumas que não chegam a meia dúzia. O resto fica por conta do destino, da meteorologia, dos dados, do fígado, da bosta de - digo - bolsa de valores, do cachorro do vizinho, de uma pedrinha no rim.


Uma máquina útil, é tudo o que peço!


A idéia é essa: por um buraco você enfia fatos, frases, prós, muitos prós, quilos e quilos de prós! e depois é a vez dos contras; carradas e carradas. Depois variantes de tudo o que for raciocínio, TPM, terceiros interessados, prováveis filhotes advindos do cruzamentos dos prós com os contras, filhotes saudáveis, filhotes de duas cabeças, de cinco olhos, filhotes lindos, horrorosos, filhotes parecidos com o vizinho, contas vencidas, planos infernais, boas intenções, sentimentos derrotados e trouxas de coisas inconfessáveis. Enfia tudo. Adiciona água, cuspe, lágrimas falsas e verdadeiras, chiclete, sêmem, perfume barato e então aperta play. A máquina sacode, arregala as luzes, estranha mas consegue entrar em transe.

Vá para um spa.

Depois de uns dias está lá a decisão da sua vida. A decisão indincutivelmente acertada, pensada e repensada, medida e remedida, a melhor para você. Que máximo! Aquela que Deus sem sombra de dúvidas concordaria e emprestaria seu divino selo de qualidade. Os anjos em coro cantariam um amém tão unânime que você ficaria até desconfiado.

Você vai emocionado para trás da bendita e pega sua pasta. Pasta não, caixa! Cheia de papéis dobradinhos e ainda quentes. Pesada e lacradinha - que amor! Com seu nome impresso. Acabou de ser posta no mundo e ali está toda a sua segurança. Também toda a explicação de por que diabos aquela é infalivelmente a melhor resposta para o seu problema. Você pode passar os próximos 10 anos tentando entender o raciocínio da máquina ou pode ir direto para os finalmentes, que não dão nem três parágrafos.

Claro que você vai para os finalmentes e toma a decisão absolutamente CERTA! (confetes, confetes!)


Ficção, ficção...
Bem, era isso o que eu queria. Deixo aqui o meu apelo para esses cientistas que estudam tanto e só inventam babaquice. Deixem as vacas e bois treparem a vontade pelo amor de Deus! Clonagem pra quê? Troço caro e sem aquele lance de pele. E parem também com essa mania de querem cruzar banana com tomate e grudar orelha em camundongo. Quem vai querer uma esquisitice dessas?

Eu quero a Máquina Decisiva. Dá pra ser ou tá difícil?

terça-feira, 19 de maio de 2009

Marinheiros


Por quê me olham? Surpresos? Surpresos comigo e não com o mar, lindo e imenso? O mar que brilha, que vai e vem, que cálido adotaria vocês como desajeitados peixes, curiosas criaturas. Vocês reconhecem de onde vieram? Entendem a semelhança do pequeno mar escuro no qual foram gestados e afagados?
Reconhecem a semelhança dos poemas cochichados por águas semelhantes?
Por que me olham assim? Não posso explicar o que o mar diz. Vocês entenderão um dia, quando à essas horas mais os planos, mas as saudades adormecerão dolentes com o sol.
Há algo de útero na mornidão desse mar e talvez instintivamente vocês reconheçam entre ele e eu alguma semelhança antiga, algum aconchego de tempos idos. Esse mar talvez nem seja grande demais pra vocês. O meu jaz agora pequeno e seco. Mas já foi o mundo!
Já fui todo o mundo que vocês, marinheiros, conheceram por nove meses. Eu era a deusa da vida e da morte. Não sou mais. Sou só lembrança instintiva, ainda morna ... e além das pedras.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Gritinho

Nada de mais. No finzinho do vídeo apareço eu gritando. Rapidinho. Só onda.

domingo, 17 de maio de 2009

A mesma vida, com mais tempo



A vida nem precisava ser mais longa. Bastava que se passasse em câmera lenta quando precisássemos. Ou que pudéssemos dar um "pause" vez por outra.

Há coisas que deveríamos poder ver e viver com mais vagar. Imagine você poder pausar uma cena dessa e olhar longamente as bailarinas assim mesmo, como na foto. Não paradas como bonecas de cera - mais que isso!

Quero o trajeto da luz e a confusão de cores que isso ocasiona. Quero flagrar fachos se realinhando para não perder a cor e buscando rapidamente a saia da moça, suas costas brancas, as flores do cabelo. Quero perceber ainda os cheiros correndo no mesmo colar de movimento, as frações de pensamentos, os rostos em expressões suspensas e esvoaçadas. Quero também ver como é possível, nisso tudo, a juventude movimentar-se tão eficientemente em sentido contrário.
Não deveríamos perder esses momentos mas eles duram frações de segundos para nós. São espetáculos eternamente perdidos. Aqui, congelado em foto, não parece um momento mas um riso, uma zombaria, um esnobar da nossa cegueira.

Só vemos a vida quadro-a-quadro. É pouco. Quero os rastros, as pausas, os suspiros pairando, lapsos de pensamentos iluminados por fios de luzes que se julgavam invisíveis.

Quero andar no meio das bailarinas pelo tempo que eu quiser sem que minha vida aumente ou diminua.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Afro-descendente

(Do blog Ato ou Efeito)

"Pode dizer que é crueldade de minha parte, mas acontece que o mundo te criou pra ser frouxo, e você deixou.

O mais curioso é que eu sequer preciso tentar provar tal acusação crua e maldosa: você mesmo o fez, na última coluna. Você lê a palavra “crioulo” e seu cérebro sub-utilizado pisca a luz de “perigo”. Uma linguagem que simplesmente não usa eufemismos racistas é o bastante pra te soar polêmica. Não me parece ser a idéia do eufemismo..." (Continue lendo)

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Querido escritor...


Querido Escritor:

Penso insistentemente em você e sua estranhíssima capacidade de produzir sob encomenda.
Como consegue localizar e tirar proveito do que dificilmente consigo localizar em mim e, menos ainda, aproveitar? Vivo exorcizando o que, para você, são os úteis ajudantes.

Deveras penso em você, que recebe adiantado o dinheiro da editora e me pergunto se seus fantasmas sabem que já foram vendidos, incluídos os gemidos noturnos. Quanta responsabilidade!

Você fuma, bebe e convive com seres evaporentos e esgueirosos mas as vezes desconfio de que isso venha a se tornar perigosamente burocrático. É grande o riscode uma convivência sem suspense com epílogo acoplado. Como você faz para saborear angústias confeitadas de letras?

Quantos personagens povoam teu tormento? E quantos deles são tirados a fórceps de tua imaginação eternamente gestante? Quantos desses pobres seres nem mesmo existiriam, mas foram trazidos ao nosso mundo assim, muito a contra-gosto, tão-somente para que servissem de veículos que escoassem o turbulento produto de tua mente que não pára!

Que eles façam o que deles se espera. Rezo para que teu castelo permaneça deles repleto, povoado de lembranças, insônias, histórias inconclusas e inquietas gritando por trás dos quadros. Que jamais te falte o pesadelo e angústias criativas e que o vento fértil da loucura encha tuas páginas para deleite teu e de teus leitores. (Que estranho deleite o teu!). Assim rezo, também estranhamente, porque estranho é o mundo dos que sentem demais.

Como seriam assombrosas noites e noites de amarga calmaria! Sono vazio, velas sem vento.

Ventos e fúrias, arrepiem esse homem cujo pão de cada dia depende de tais tormentos!

Querido Parteiro de Idéias, Domador de Fantasmas, Artífice de Palavras, se precisar de mim posso atormentar-te por dias, noites infindas com minhas questões intermináveis. Ou envio-te meus fantasmas mais freqüentes; aqueles mais apegados a mim, as verdadeiras “jóias da família”. Decerto eles não irão te decepcionar.

Mansão


O que faço aqui a noite
Entrincheirada?
Porque traço planos tontos
E mais nada?

O que me tira da cama
Pro chão frio?
Por que não selo o cavalo
E vou passear no rio?

Por que olho a ampulheta
Se já sei todas as horas?
Por que invejo as borboletas
Se por elas tu não choras?

E as tábuas que estalo
Nas mortas pisadas noturnas?
Do que ouvem nada dizem!
Todos são sombras soturnas...

Ando sozinha de noite
Muda a hora, muda o turno
Ninguém pode me dizer
Se estou acordada ou se durmo?

Ao longe é bem mais bonita
A linda mansão azulada
À noite a estrada se agita
Por meus pés será queimada.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Show do Oasis - Eu fui!












Vocês precisam entender: não tem graça ir e não contar pra ninguém. Eu fui ao show do Oasis! O que tenho a dizer hoje, antes que esfrie a experiência é: a-do-rei! A crítica (jornal) jogou um pouco de fel: "Apresentação competente mas burocrática." Ah, quem se importa?

Li também a respeito da apresentação do grupo em São Paulo e, ao que parece, a coisa foi bem melhor aqui (onde estou no momento) em Curitiba. Por quê? Em SP eles nem se dignaram a dar bis. Aqui, só de bis foram umas quatro músicas, que eu lembre (pé doendo afeta a memória). Repito: óooooootimo. Decididamente adoro rock nacional.
Cumequié? Explico.

A banda (rock) que abriu o show do Oasis foi a Cachorro Grande. Não conhecia mas tive o prazer. Eles são muito bons mesmo. Simplesmente não dava pra ninguém ficar parado. Sonzaço, letras excelentes, tudo perfeito (dê uma checada). Vou virar a internet do avesso e achar os CD's dos caras. Virei fã. Pra completar eles tem toda aquela energia pra cima, aquele coisa brasileira e não-gringa que adoro, do humor, da jovialidade, da não-arrogância. Claaaaaaro, não falando mal do vocalista do Oasis que vez por outra simplesmente parava de braços para trás, bem sério, e encarava o público como um pequeno deus mimado esperando ser devidamente adorado. Som de primeira mas o marmanjo... meio retardado.

Valeu o dia das mães com o Victor!

domingo, 10 de maio de 2009

BIBLIOTECA DIGITAL MUNDIAL

BIBLIOTECA DIGITAL MUNDIAL A NOTÍCIA DO LANÇAMENTO NA INTERNET DA WDL, A BIBLIOTECA DIGITAL MUNDIAL.


QUE PRESENTE DA UNESCO PARA A HUMANIDADE INTEIRA !!!

Já está disponível na Internet, através do site http://www.wdl.org/

Reúne mapas, textos, fotos, gravações e filmes de todos os tempos e explica em sete idiomas as jóias e relíquias culturais de todas as bibliotecas do planeta.

Tem, sobretudo, caráter patrimonial" , antecipou em LA NACION Abdelaziz Abid, coordenador do projecto impulsionado pela UNESCO e outras 32 instituições. A BDM não oferecerá documentos correntes, a não ser "com valor de patrimônio, que permitirão apreciar e conhecer melhor as culturas do mundo em idiomas diferentes:árabe, chinês, inglà ªs, francês, russo, espanhol e português. Mas há documentos em linha em mais de 50 idiomas".

Entre os documentos mais antigos há alguns códices precolombianos, graças à contribuição do México, e os primeiros mapas da América, desenhados por Diego Gutiérrez para o rei de Espanha em 1562", explicou Abid.

Os tesouros incluem o Hyakumanto darani , um documento em japonês publicado no ano 764 e considerado o primeiro texto impresso da história; um relato dos azetecas que constitui a primeira menção do Menino Jesus no Novo Mundo; trabalhos de cientistas árabes desvelando o mistério da álgebra; ossos utilizados como oráculos e esteiras chinesas; a Bíblia de Gutenberg; antigas fotos latino-americanas da Biblioteca Nacional do Brasil e a célebre Bíblia do Diabo, do século XIII, da Biblioteca Nacional da Suécia.

Fácil de navegar.  Cada jóia da cultura universal aparece acompanhada de uma breve e xplicação do seu conteúdo e seu significado. Os documentos foram passados por scanners e incorporados no seu idioma original, mas as explicações aparecem em sete línguas, entre elas O PORTUGUÊS. A biblioteca começa com 1200 documentos, mas foi pensada para receber um número ilimitado de textos, gravados, mapas, fotografias e ilustrações.
Como entramos no sítio global?

Embora seja apresentado oficialmente na sede da UNESCO, em Paris, a Biblioteca Digital Mundial já está disponível na Internet, através do endereço http://www.wdl.org/

O acesso é gratuito e os usuários podem ingressar directamente pela Web, sem necessidade de se registrarem.

Permite ao internauta orientar a sua busca por épocas, zonas geográficas, tipo de documento e instituição. O sistema propõe as explicações em sete idiomas (árabe, chinês, inglês, francês, russo, e spanhol e português), embora os originas existam na sua língua original.

Desse modo, é possível, por exemplo, estudar em detalhe o Evangelho de São Mateus traduzido em aleutiano pelo missionário russo Ioann Veniamiov, em 1840. Com um simples clique, podem-se passar as páginas um livro, aproximar ou afastar os textos e movê-los em todos os sentidos. A excelente definição das imagens permite uma leitura cômoda e minuciosa.

Entre as jóias que contem no momento a BDM está a Declaração de Independência dos Estados Unidos, assim como as Constituições de numerosos países; um texto japonês do século XVI considerado a primeira impressão da história; o jornal de um estudioso veneziano que acompanhou Fernão de Magalhães na sua viagem ao redor do mundo; o original das "Fábulas" de La Fontaine, o primeiro livro publicado nas Filipinas em espanhol e tagalog, a Bíblia de Gutemberg, e umas pinturas rupestres africanas que dat am de 8.000 A.C.

Duas regiões do mundo estão particularmente bem representadas:

América Latina e Médio Oriente. Isso deve-se à activa participação da Biblioteca Nacional do Brasil, à biblioteca de Alexandria no Egipto e à Universidade Rei Abdulá da Arábia Saudita.

A estrutura da BDM foi decalcada do projecto de digitalização da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, que começou em 1991 e atualmente contém 11 milhões de documentos em linha.

Os seus responsáveis afirmam que a BDM está sobretudo destinada a investigadores, professores e alunos. Mas a importância que reveste esse sítio vai muito além da incitação ao estudo das novas gerações que vivem num mundo audio-visual.
Espero que curtam!

Stand By Me - Lindo!

CLIQUE AQUI

sábado, 9 de maio de 2009

Herói? Jamais.





Em minha opinião só deveria ser considerado HERÓI aquele que:



1) Se lançasse de cabeça em um projeto que desse certo;
2) Que lhe custasse tudo. Se ele se safasse, seria por pura sorte.
3) Ele deveria saber desde o primeiro momento que esse seria o preço: tudo. E ainda assim aceitar.

Como na prática não é assim, mas chama-se de herói o idealista azarado, o resultado é que nenhum herói planeja mesmo ser herói, disso tenho quase certeza.

E não é assim por humildade, mas porque para ser herói, segundo se entende por aí, alguma coisa tem que sair muito, mas muito errada mesmo. É ou não é?

A pessoa embarca em um projeto glorioso mas só entrou por estar convencida de que vai dar certo ou que as chances de fracasso são mínimas. Sente-se segura. então não vejo muito heroísmo nisso... Depois planeja retornar às suas atividades feliz da vida, com aquela sensação de dever cumprido e pronto. Talvez ser lembrado pelos seus pares. Entrar na ala dos livros de história? Nem sonhar! Melhor seria que seu nome evaporasse como acetona ao vento. Entrar pra enciclopédia é sinônimo de catástrofe.

Sim, os glorificados "heróis" nem pensavam que "aquilo" ia dar no que deu. Se desconfiassem o tamanho do pepino não topariam de jeito nenhum. Daí a dedução é lógica: eles não "deram" a vida por uma causa. O que aconteceu é que a coisa saiu errada. Daí veio alguém do lado vencedor e tirou a vida deles. É bem diferente de dar.

Claro que se desse para desistir quando o céu começasse a ficar cinzento eles desistiriam. O problema é que todo o projeto arriscado tem um ponto a partir do qual não é mais possível retornar; a pessoa já está enrolada até o pescoço, não haverá mais perdão, já era. É seguir ou seguir. É quando o cara sabe que está ferrado mas continua não por "heroísmo", mas porque o carro simplesmente não tem ré. O ódio ajuda a seguir em frente. Continuar acreditando na causa também ajuda, se não a pessoa enlouquece. Daí o motivo de os escritos de prisioneiros nessas condições serem tão bonitos. Eles tinham que se convencer dia e noite, noite e dia, hora após hora que não eram idiotas que entraram em uma barca furada, que jogaram fora sua juventude, que estavam enfiando um punhal no coração de seus familiares por nada. Não, eles precisavam continuar acreditando mais do que nínguém. E toma-lhe carta.

Acho que herói é aquele que vai desde o primeiro momento sabendo que vai morrer. Vai como ovelha para o matadouro. Vai consciente de que perderá tudo, que será preso, torturado e morto, tudo com 100% de certeza. tipo um bombeiro que entra nas chamas sabendo que jamais conseguirá retornar.

Ou seja: não acredito que o azar transforme alguém em herói.

Não digo que esses jovens idealistas não mereçam louvores. Merecem sim, louvores, medalhas e menção. Mas suas medalhas devem ter outro tipo de inscrição, não a de "heróis".

A propósito: essa moça aí da foto é a Olga Benário. É uma que se lascou. Certamente não sabia que ia se dar tão mal. Idealista. Heroína para alguns. Sua história rendeu um excelente filme. Ainda assim acho que ela deveria ter ficado quietinha em seu país.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Equilíbrio perfeito

Que meigo, né?Nada como equilibrar as coisas...
Exagerou? Vá para o extemo oposto e encontrarás o nirvana.

Império do mal


A administração de Gong'an (na China) está pressionando seus funcionários a fumar uma cota determinada de cigarros, pois, caso contrário, serão multados. O objetivo da medida é aumentar a arrecadação. (Fonte: Globo.com - Leia na íntegra.)

Li, reli e ri. Engraçado né?

Achei bizarro o governo obrigar pessoas a fumarem pelo sórdido interesse de aumentar a arrecadação de impostos. Que coisa! Que falta de respeito! Que eticétera e tal!

Depois, bem depois, refleti: será que estamos mesmo em situação tão diferente desses manipulados chineses? Tudo não termina mesmo em interesses financeiros?

Todas as nossas campanhas anti fumo não são movidas pela mesmíssima mola propulssora? Fizeram as contas concluíram que o governo gasta mais tratando das doenças causadas pelo fumo do que com os impostos arrecadados com a venda de cigarros. Bem, já que essa doença não dá lucro, melhor evitá-la. No caso dos chineses esta medida bizarra não se trata de um plano nacional. O interesse restringe-se a um determinado condado. A idéia é mostrar um "balancete" apresentável para a chefia às custas do pulmão alheio.

Certamente os planos de saúde brasileiros também aprovam as campanhas e leis anti-fumo. Para eles é muito melhor que paguemos sem nunca usar seus serviços.

Claro que para nós também é preferível pagar sem nunca ficar doente! Não estou tentando abrir os olhos de ninguém para o obvio mas para o sutil: nossas belas campanhas pró saúde poderiam virar do avesso se tão somente as continhas das calculadoras dos poderosos mostrassem o contrário do que estão mostrando hoje.
Se amanhã as calculadoras do poder resolvesse fazer uma travessura e afirmassem com todos os números que o nosso pulmão com câncer seria mais rentável, vocês iam ver pra onde iam essas campanhas todas. Iam começar dizendo que depois de extensivos estudos concluíram que essas campanhas são muito caras e resolveram reverter o dinheiro para o Criança Esperança ou algo assim. Depois diriam que as tais leis eram uma agressão contra a liberdade do indivíduo. Depois de um tempo estariam enfiando um cigarro na boca do seu filho dentro da escola.

Talvez não sejamos menos gado do que aqueles chineses do qual morri de rir minutos atrás.

Tô em crise. Ninguém se importa se meu pulmão é vermelhinho ou da cor de uma esponja de lavar pneu de carro.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Eu e o cão


Sempre afirmei que não gosto de animais, especialmente cães. Posso elencar vários motivos, nenhum deles razoável. Melhor calar pra não queimar meu filme.

Calo agora, mas por diversasa vezes já manifestei minha rejeição a esses seres peludos, saltitantes, carentes e babões.
É verdade: nunca nenhum deles usou contra mim o direito de resposta... Pra completar, esses dias um membro da comunidade canina me deixou assim meio sem jeito. Explico.

Eu estava fora de casa e passei o dia mochilando, sob o sol, movida a lanches vis e ônibus quase. A noite, exausta, precisei andar uns quarteirões até o meu local de hospedagem. Enquanto caminhava pelas ruas frias e soturnas, um ser canino aproximou-se de mim.
Não disse nada, nao me olhou com cara boa nem má. Apenas saiu da beira do seu portão e foi ao meu encontro como se aquilo estivesse pré programado, como se aliás aquele fosse seu ofício.

Estranhei. Talvez ele quisesse terminar o dia me mordendo só para se gabar depois. Foi chegando perto. Tive receio, claro, mas como não latiu nem rosnou, paguei pra ver e continuei andando. Ele também. Lado a lado, quase no mesmo ritmo, como se amigos fôssemos. E eu só de rabo de olho.
Notei que ele era gente boa. Ele sacou que eu estava com medo e resolveu me fazer companhia, só isso.
Saiu do seu portãozinho onde estava escorado, fumando, olhando as horas passarem e manjando as cadelinhas. Jogou a ponta de cigarro para o lado com um peteleco e me seguiu. Não perguntou nada, não pediu telefone, apenas ofereceu companhia até a porta de "casa". Era como se dissesse para eu ficar tranquila, que se alguém se aproximasse ele pularia em cima, morderia na jugular e tal, que ele conhecia a área e a vagabundagem toda pelo nome.

Será que ele ouviu alguma conversa minha falando mal de cães e resolveu dar um tapa de luvas? Ou será que apenas era um cara legal e insone, bicho da noite que não sabia ainda o que ia rolar e não custava nada ser gentil?

Pois fiquem os senhores sabendo que ele me acompanhou direitinho, nem mais a frente nem mais atrás. Parou, esperou o portão ser aberto e só foi embora quando eu entrei. O porteiro até brincou perguntando se aquele era meu cão de guarda ou anjo da guarda, não lembro bem.

Cara, agora que me toquei que nem agradeci!
Vou rever meus conceitos...

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Paço da Liberdade - tudo a ver


Gostei bastante deste click no Paço da Liberdade. Trata-se de um predio antigo - detalhe importantíssimo, pois tenho um lado meio fantasmagórico que AMA construções antigas. (Clique na foto. Ela fica bem mais bonita ampliada.)

Sim, gostei... Pela beleza da sala grande de interior voluntariamente escuro mas sem medo de abrir-se em janelas lindas para a claridade. A claridade entra, passeia, observa, conversa, namora e vai-se embora quando a noite a chama. É eternamente segredo o que falam entre si.

Apeguei-me ao que esta imagem evoca de misterioso. É como se só "essa mulher" soubesse o que está acontecendo ali. Como se para ela a sala não estivesse vazia. Ela olha para trás porque foi brevemente interrompida; alguém abriu a porta inadvertidamente, mas logo sairá e ela continuará ali, familiarizada com um passado ou com um presente... com alguma coisa que só ela pode ver.

Também adorei o contraste entre claro e escuro e esse olhar direcionado a você, como quem pergunta "por quê me olha?" Em seguida virarei de costas ignorando qualquer expectador e transitarei tranquilamente tanto no clarão da janela quanto na quietude escura da sala, como quem procura seu lugar nesse contexto sagrado. Por quê? Porque estou sem mochila, sem relógio, sem saltos, sem nada nas mãos no Paço da Liberdade, no passo da liberdade.

É verdade que te fito, você percebe, ainda que eu seja apenas uma silhueta que vai.
Não é assim?
Você percebe o timbre da minha alma?

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Mahalia Jackson


Estou atrasada apenas umas dezeninhas de anos. Uns cinquenta ou mais, já que ela nasceu em 1911 mas começou a chamar a atenção a partir de 1945.

Gente, eu não sabia que essa deusa havia pisado na face da terra. Ela era maravilhosa! Cantou inclusive no evento cujo ponto alto foi o famozézimo discurso de Martin Luther King. Quer saber mais a respeito clique aqui.

Descobri Mahalia procurando no Youtube uma música que amo. Eu a tenho em CD com a Nana Mouskouri mas ela não está no Youtube. Quem encontrei cantando a belíssima "In the Upper Room" foi ela. Quando ouvi sua voz cheia de emoção, aquela voz linda de negra, me apaixonei e comecei a procurar tudo que lhe dizia respeito. Quanto mais ouvi mais amei.

Artistas não deviam ter permissão para morrer.

Procurei no Amenicanas.com e Submarino.com alguma coisa da Mahalia Jackson e nada. Absurdo! Agora procura do Belo, da Quebra Barraco que você acha. Vou te contar...

Fica aqui o apelo: se você encontrar algum CD ou DVD desta cantora maravilhosa por favor me avise. Estou interessadíssima em adquirir.

Emocione-se também com Trouble of the World.


domingo, 3 de maio de 2009

Pensamento profundo: pato e fim do mundo

Não sei se foi a solidão, os patinhos, o frio ou uns chopes na cabeça. Acho que eu não tava muito boa não... Aê no ventilador um dos meus maus momentos, desta feira no parque Barigui (que insisto em chamar de Birigui).

Caso vocês não entendam direito o que eu digo - já que quando mexo no zoom da máquina o microfone é desligado (fabricante filho da mãe! Por que não avisa?) segue al final a transcrição pra você não perder nada das coisas interessantíssimas que digo.

Porque estou postando essa esquisitice aqui? Pensando em você, caro leitor. Para você se sentir bem nos dias em que estiver se sentindo mal. Espero que tenha entendido. Não me faça explicar.

Então lá vai. Aguenta peãããããão!




"Esse está sendo o meu almoço. Eu estou no meu terceiro e último chope porque mais do que isso não dá. Mais do que isso eu fico tonta. Aliás eu já estou tonta. Daqui a pouco eu começo a chorar. Uma merda.

Aqui, aliás eu estou no parque "Birigui", que todo mundo me disse para eu vir aqui. Dizem que é uma maravilha. Realmente é um lugar muito gostoso.

Isso aqui, se eu entendo um pouco de bicho isso aqui é um pato. Isso é um pato, deixa eu ver. Isso é um pato tranquilo fazendo - ele não faz a menor idéia de que ele é bom pra comer. De que ele é bom no tucupi. Ele não sabe que a vida dele não vale nada pra nós. Ele está aqui para enfeitar. Os sentimentos dele, se é que existem, pra nós é merda (olha a concordância!). Ele existe pra enfeitar o parque e pra ser comido, se der bobeira. Essa é a vida de um pato. Talvez eu seja uma pata e não saiba. (Essa foi profunda...)

Isso aqui é um peixe. Não sei que peixe é esse mas tá muito gostoso. Estou num restaurante, barzinho gostoso. Isso não é um restaurante porque não vende prato, só vende tira-gosto (cultura geral) mas eu não estou morrendo de fome. Eu só não trouxe a minha roupa pra correr porque eu tinha que vir de carro mas vim de ônibus, com medo de me perder (e quem se importa?).

O lugar é super agradável e aqui estou eu me despedindo de vocês no parque "Birigui" (de novo?!)... eu tô bêbada mesmo! (que nada, não tava não!) Em Curitiba e os pratos - os patos se arrancaram (pequeno lapso que não prova nada) .

Ali são outras... aves (?) mas não faço idéia de quais sejam. Estão tranquilas. Tchau gente. Um dia todos eles serão extintos, inclusive nós (vá ser trágica assim lá na curva da virada!). Ou na quarta guerra mundial, terceira, quinta, sexta, ou no aquecimento global, qualquer merda que vier por aí um dia todos estaremos extintos, tá? (Tá, Nostradamus) Talvez eu vá primeiro (chantagem emocional? Não colou.).

Tá aqui o pato idiota que não sabe que vai morrer e pensa que é eterno (prove que ele não é!). Tá aqui o outro. Nadando eles são uma gracinha (pelo menos nadando eles conseguem ser uma gracinha... E você?) mas nunca fui muito com a cara de pato (nem eles com a sua!)."

sábado, 2 de maio de 2009

Um totem à tentativa


Odeio semáforos. Não importa a intenção que os pariu. Odeio pela malícia que trazem em si, entede?
O problema não é o serviço que prestam mas o cinismo com o qual nos fitam, examinando se estamos ou não com pressa. Particularmente estou treinando para enganá-los.
O tempo dos semáforos... Ai que ódio!
Poderia ser a paradinha básica para retocar a maquiagem;
Poderia ser a paradinha básica para encontrar alguma coisa na bolsa;
Poderia ser a paradinha básica para fazer uma anotação importantíssima, para telefonar rapidinho para alguém, para ajeitar a calcinha que está entrando na bunda, para regular o retrovisor, coçar o pé, pra tirar o fiapo do dente. Poderia ser a paradinha básica para comprar jornal ou qualquer porcaria inútil, até mesmo pra encontrar uma moeda e dar para aquele infeliz que está me rondando. MAS NÃO!

Eles são uma espécie de deus nefasto, um totem maldito erigido para nos infernizar. Foram regulados com o tempo EXATO para você TENTAR fazer qualquer uma dessas coisas e NÃO CONSEGUIR nunca!
Um totem à tentativa. Até pra pronunciar é escroto. São tão das trevas que quem não xinga, pensa nun xingamento perto deles. Faz parte do culto ao totem. Afe!
Os sacerdotes chifrudos calcularam certinho o tempo. Pode reparar. Apenas TENTE fazer qualquer coisa que vem a sequência: buzinada e xingada. Por trás.

Detalhe importante: o sinal só demora a abrir se você virar estátua. É im-pres-si-o-nan-te. Fique parada como um manequim de vitrine e aquela praga ficará vermelha pelas próximas três horas. Agora experimente fazer qualquer coisa e verá se estou mentindo.
Há um movimento maligno no mundo. As nossas cidades estão se tornando cada dia mais semaforizadas. Alguém tem que fazer alguma coisa!

Morte aos semáforos!
Pronto: fiz a minha parte.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Boizão

Dizem que a vida é curta. Mentira. A vida é bem longa, se não você não pensaria a longo prazo. Se fosse curta ninguém se argolaria por casa própria. Nem com planos para a velhice - essa sim, longa pra cara...mba.

Não, a vida não é curta. Curta é a juventude. Sacanagem. Você passa a maior parte da vida sendo pirralho e depois, velho. Isso mesmo: a maior parte do tempo você será velho, se viver muito. Ou coroa, se morrer cedo. Pra passar a maior parte da vida jovem você tem que ser muito azarado mesmo.

A vida é um boi, um boizão enooorme! Só que não importa o tamanho: qualquer boi só vem dotado de um único filé.