terça-feira, 29 de setembro de 2009

Delirei

Nada a ver com megalomania, vou logo avisando. Mas navegando por aí deparei-me com essa linda cadeira:


Olhem que gracinha! Por algum motivo achei que tinha tudo a ver comigo. Já me imaginei sentadinha nela, toda de branco, banho tomado, cabelos lavados... ai ai.

Não combina muito com a minha decoração. Mas pensando bem, um contraste aqui e acolá é tudo de chique, vocês não acham? E essa cadeira tira a gravidade de qualquer ambiente. Não no sentido de que as pessoas passam a flutuar (não estou tão doida assim) mas no sentido de que dá um toque divertido.

Vou comprar. Aí você me visita e eu te deixo tirar uma foto nela.

domingo, 27 de setembro de 2009

Férias na Lua


Sem tempo, sem noite, sem dia
Num tipo de fundo de mar
Prateada, mole e fria
Vou subir e me espraiar
Dar um tempo umas semanas
Pois estou cheia e redonda
Só volto quando lua nova
Ou quando o quarto minguar
Não me espere que não volto
Não precisa me aguardar
Estou numa dessas fases
Que não sei. Vou só pensar.

Becejo... tenho tanto sono!
O sono de um quartel inteiro
Nesses dias impossíveis
De cruz-credo e atoleiro

Se eu sair e não me vires,
Se eu sumir estarei lá
Bem sumida e bem guardada
Olhando pra tudo e pra nada.

Não me chames que não volto
Voltarei quando souber
Explicar o sem-sentido
Dos meus versos de mulher.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Melhor que uma jaulinha

Acho que não devemos ficar lamentando o que somos. "Por quê sou assim, por quê sou assada?". O negócio é reconhecer os pontos fracos e ir em busca de soluções.

O fraco indiscutível, digo, o fato indiscutível é que não sou uma má pessoa mas, eventualmente, posso ser confundida com uma pessoa má. Chato, né? Tudo isso porque não tenho aquilo que costumam chamar de "jogo de cintura". Conversando sobre isso com uma pessoa amiga, ela disse que receitaria para mim não remédio, mas um bambolê.

Se tiver algum marciano lendo esse post fica aqui a explicação: "banbolê" é esse brinquedinho aí da foto no formato de um enorme aro. O lance é aguentá-lo na cintura sem deixá-lo cair. Para isso a pessoa tem que rebolar com jeito, graciosamente. Tem que se esforçar, baixar, levantar... É divertido.

Tenho até um bom rebolado (já disseram) e ritmo pra dançar mas no trato com as pessoas quando envolve tensão sou um fiasco. Abro a tampa do meu cérebro, falo tudo na lata, não levo desaforo pra casa. Só que eu sei que ninguém se dá bem agindo assim. Não é assim que as coisas funcionam em sociedade.

As frases, uma fez formuladas dentro de mim, ficam inquietas como crianças no recreio. Pulam então para a minha língua como pirralhos em um escorrega-bunda. Quando estão lá, adquirem logo um sabor de pimenta insuportável: não querem ficar de jeito nenhum. Ou as engulo ou as cuspo fora no formato sonoro. Frases, frases e mais frases para o mundo ouvir!

Raramente engulo uma frase fresquinha, recém saída do forno da minha cabeça quando estou irritada. O prazer que sinto em jogá-las para o mundo, libertá-las do cativeiro escuro é quase sexual. E isso é mal. Claro que me traz problemas, arrependimentos, antipatias... Mas só penso nisso depois do orgasmo. Depois são nove meses de enjôo e chateação.

Isso aqui é um desabafo. Eu estava quase comprando uma jaulinha. Ia me trancafiar lá dentro e engolir a chave mas quando vi essa imagem da moça brincando de bambolê entendi que isso se me apresentava como uma segunda opção viável e muito mais divertida. Vou experimentar e adquirir o tão sonhado "jogo de cintura". Tudo na vida é treino!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Eu devo isso a ela



Essa é a foto mais incrível da minha vida!

Claro que não parece por isso vou contar o lance. Cara, tocante.



Passeio, praia... foto é inevitável. E ali estava eu em uma cena do tipo "mais previsível impossível" querendo fotografar a praia ao fundo e a mim mesma em primeiro plano, claro.



Postei-me fazendo cara de turista e a pose nem ainda estava completa, notem. Ia jogar a viseira longe, lustrar o sorriso, fazer onda, mas notem que a expressão do meu rosto é a de quem não entende porque o pessoal todo me olhava e gesticulava. Bastava que eu olhasse para trás mas só fiz isso depois.




Olhei só depois, como disse, mas me contaram o antes. Ela, a árvore, não estava lá quando resolvi fotografar. Achegou-se a nós posteriormente- acredite! - com a desenvoltura de um polvo do fundo do mar com seus tentáculos. Um lance muito louco!


O movimento das raízes davam a impressão de ondas, de serpentes, de qualquer coisa assim. Foi rápido. Ela "andava" meio de lado como caranguejo, num movimento tão estranho e rápido que o pessoal só não saiu em disparada porque todos nós sabemos que as árvores não fazem mal a ninguém, muito pelo contrário.



Nenhum mal me fez, embora na foto pareça que ela pretendia enlaçar-me. Não. Apenas queria dizer algo, parecia assim meio aflita.



Qualquer história humana ficou banal diante daquilo. Por mais intensos que sejamos nenhum de nós contaria nada com um gesticular tão sentido e apaixonado como aquela linda árvore fazia. De fato dizia algo, mas o quê?



Depois que ela encontrou se lugar atrás de mim e em frente à câmera, acalmou-se. Continuou fazendo mais alguns gestos (que depois entendemos como suplicantes) mas se aquietou para a "filmagem". Pobrezinha! A gente sacou que ela acreditava tratar-se de uma filmagem! Certamente queria deixar registrado algo relevante. Talvez sobre queimadas ou desmatamento - essas coisas do Jornal Nacional. Pelo menos foi o que nos ocorreu.



Eu não conheço a linguagem dos sinais utilizada pelos humanos, imagina a das árvores! Tratava-se mesmo de uma mensagem? Um pedido de socorro? Ou só a "dança dos não famosos" para aparecer pelo menos no You Tube? Não, era algo importante. Por que ela se apressou, postou-se atrás de mim e depois deixou-se "filmar" enquanto gesticulava daquele jeito comovente?



Jamais saberemos. Quem estava comigo levou o maior susto. Eu só olhei pra trás depois da foto(porque elas não fazem barulho enquanto andam.)



Bem, pelo menos estou contando pra vocês e postando o caso em meu blog. Por algum motivo acho que devo isso a ela.


Por via das dúvidas fica aqui alguns alerta que a gente achou que a árvore poderia ter querido dizer. Ou que a gente diria se fosse árvore:


NÃO QUEIMEM AS FLORESTAS!

NÃO CORTEM AS ÁRVORES!

CIGARRO DÁ CÂNCER!

SE FOR BEBER NÃO DIRIJA!

USE CAMISINHA!

NÃO REELEJA O PT!


domingo, 20 de setembro de 2009

A arte de perder


Adoro pessoas decididas. Observo pessoas decididas e me pergunto: como elas conseguem ser assim?
Já interroguei um desses seres instigantes com essa perguntinha: "Como você consegue ser assim? Você não volta a ser atormentado novamente pela outra opção? Ela não retorna ao seu pensamento como uma mosca incômoda o tempo todo? Comigo é assim!" A resposta:

"- Não. Depois que decido acabou-se. Não me permito pensar mais na outra opção."

"- Mas e se você calculou errado e a outra opção era a melhor?"

"-Se era a melhor, ...deu-se. Arco com as consequências do meu erro ou acerto, custe o que custar. Paciência. Não há mais o quê considerar, ficar pensando, remoendo! Chega! Entendeu?"
"Ah, tá" pensei eu, como se tivesse caído a ficha. Claro que não caiu. Fiquei pensando e repensando na possibilidade de adotar, daquele dia em diante, a postura sábia e light do entrevistado. Começou a chatisse: seria aquela a melhor postura diante da vida e de seus desafios ou será que aquela maneira de lidar com os problemas não era a melhor? Eu era mais sábia e ponderada ou era apenas uma barata atrapalhada no meio das mudanças? Ele, pela sua falta de paciência para analisar mais detidamente os permenores dos fatos, estaria regligenciando pontos importantes, portanto seria mais propenso a tomar decisões equivocadas? Ou eu é que me enredaria com um monte de pensamentos tortuosos e desnecessários desembocando, por fim, em uma "decisão indecisa" que jamais resultaria na tão desejada Pax Domini? Sim, porque o fato é que a "mosca" nunca me deixa! Existe um exército de moscas incansáveis atrás de mim a vida toda!
Não, esse não é bem o caminho da sabedoria...
Decidi: o caminho da sabedoria é o caminho que decide, esquece e se porta como se não houvesse mais segunda opção para ser apreciada. Sim, esse é o caminho e ele nada mais é do que A ARTE DO DESAPEGO.

Decidir é se conscientizar de que a opção 1 acabou, não tem mais, morreu, bola pra frente.

A arte de decidir é também - e principalmente - a arte de perder. Quem quer tudo, não tem nada, nem paz. Decidir é abrir mão, é saber que não dá pra oscilar pra sempre, que não somos donos de todos os caminhos, que não podemos estacionar nosso carro em dois lugares ao mesmo tempo. Não podemos ficar indefinidamente no meio da rua sem saber em qual das vagas colocá-lo.

A paz só vem com a perda e essa é a parte mais difícil da lição, pelo menos para mim. Perder nunca soa como uma coisa serena e adulta aos meus ouvidos...

Continuo admirando as pessoas decididas. Acho que hoje estou um pouco mais perto delas porque descobri como conseguem ser como são. Já é um passo, né? (Não é???)

Acho que o segundo passo é visitar meus armários e jogar um monte de cacarecos fora, fazer umas doações de roupas, sapatos e bolsas. Assim, pra efeito de treinamento.

Não ria! Você pensa que é fácil? Isso gera um tremendo sentimento de perda sinsinhô! Tudo na vida é treinamento! O lance já vai criando o chão necessário onde será erguida a catedral simbólica da Mulher Decidida que serei qualquer dia desses, para a serenidade minha e enlevo da posteridade que me contemplará boquiaberta.

É só esperar.

(Obs.: Eu até comecei bem. Como pude terminar dessa forma delirante?)

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Você conhece esse cara?



Você curte cerimônias? Acho que sim e acho que não. Como todo mundo. Não, eu não "como todo mundo"! Não sou assim tão voraz. Estou dizendo "igual a todo mundo"!

Não conheço uma só pessoa que, estando em uma cerimônia, não reclame da inominável chatisse dela. Também não conheço uma só pessoa que, fazendo jus a uma, abra mão dela. Estranho, né? Vingança pelo que a sociedade lhe fez passar?

A verdade é que a pessoa muda radicalmente e passa a querer uma cerimônia do fundo do coração nem que seja para ficar o tempo todo reclamando.

Contradição humana... O ser humano se forma e não se conforma.

Todo mundo tem, porque ele não teria um cerimonial a altura da sua conquista? Sim, tem que ter brega, quer dizer, beca, entrega de diploma, uma mesa enorme ornamentada de autoridades chatas e reitor. Cadê o reitor? Eu quero o reitor! Por quê o reitor não haveria de comparecer na MINHA formatura? Que insulto!

É o-bri-ga-tó-ri-o o convite aveludado aos parentes, roupa nova, correria, calor insuportável, falta de estacionamento, mata-mata de fotógrafos pulando uns por cima dos outros em suas roupas horríveis e máquinas fotográficas de antepenúltima geração, hordas de mães e tias emocionadas, irmãos espinhentos e fotógrafos não profissionais com maquininhas minúsculas. Tem que ter muito atraso e falta de cadeiras. Tem que não se prestar a tenção a nenhum dos vinte discursos intoleráveis que jamais serão lembrados. Tem que se rezar fervorosamente para que aquele momento tão sonhado acabe logo pelo amor de Deus.

O colarinho tem que penicar e a calcinha tem que entrar na bunda, assar e fritar a parte menos vistosa mas mais valiosa do seu corpo. Sim, você merece, f.d.p.

Há contradição maior? Não há mas há muitas contradições semelhantes: casamentos, aniversários, laureamentos diversos, festinhas de despedida, de boas vindas, de vá tomar daquele lugar, de Chá de Bebê, de Panela, de Casa Nova, de Sabe Deus.

Não me queixo! Sou daquelas que também querem, que também ficam tristes-tristinhas quando a coisa não acontece e ficam alegres-alegrinhas quando a coisa finalmente acaba.

Já fiz elaborados discursos em rodas de amigos com relação a isso. Já disse que deveríamos abolir essas convenções sociais que nos amarram e que na verdade gostaríamos de evitar. Somos livres - quem nos obriga? Quem? Quem?! Queeeeem? Subvertamos tudo! Criemos um novo tempo, uma nova sociedade mais livre e sorridente onde só o que faz bem e faz sentido deve ser conservado. Livremo-nos das imposições burguesas às quais temos obedecido como gado e tal e tal e tal!

Todos ao meu redor concordaram e ignoraram com igual veemência. Até hoje não entendo como as duas coisas podem coexistir. A ressaca me ajudou a refletir.

Essa ditadura social opressiva e contraditória não acaba porque "Nós Mesmos" é a resposta. Aliás "Nós Mesmos" é o ser que mais nos enche de problemas, pobremas, poblemas, ploblemas e seus filhotes todos: dívidas, questões desnecessárias, cismas, ciúmes, chateações diversas.

Você poderia ser feliz e livre mas vem o tal do "Nós Mesmos" e lasca com tudo. Ele cai de pára-quedas em sua vida já com uma lista de desnecessidades só para não te sobrar tempo nem dinheiro nuncajamais pra nadica de nada em sua curta passagem pelo planeta azul.

Se você encontrar esse tal de "Nós Mesmos" por aí, meta a mão na cara dele. Amasse a lata desse #&)*)*&*¨%$#. E pode dizer que fui eu quem mandou.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Ajuruteua/PA - amor e ódio



Quanto mais vou a Ajuruteua mais gosto de lá. E ao mesmo tempo mais me aborreço com a estrutura "turismo-zero" do lugar.


Listas... Dizem que todos gostam de listas, então aqui vão duas. Vou começar pela lista do AMOR:

1- Pra começar: em Ajuruteua você não será espremido pela turba insana. Claro que as praias ficam mais povoadas nas férias e em feriadões, mas nada que se compare ao inferno que é Mosqueiro e Salinas, por exemplo. Em Ajuruteua é infinitamente mais fácil você pegar o carro e afastar-se para um lugar mais calmo do tipo "me esqueçam". Muitos dos cidadãos que vão a praia não estão motorizados, então a muvuca é mais setorizada. O povo é simples. A maior parte dos frequentadores não é de Belém, mas dos interiores próximos. Sendo assim não espere desfile de modas nem de carrão. E quem precisa?


2- Claro que como a maioria dos paraenses eles gostam de brega e do malfadado tecnobrega, mas pelos motivos acima não existe a profusão de carrões vomitando aquela nojeira no seu ouvido a todo volume. Até em julho você tem para onde fugir. Deus é Pai!

3- O banho é ótimo! A praia não é tão plana como em Salinas. Dá pra tomar um banho decente e molhar além do joelho sem precisar caminhar 2 quilômetros mar adentro.

4- São numerosas as casas de madeira próximas à praia. Nessas casas as pessoas ainda tem o direito de ficar o dia todo e a noite toda se balançando em uma rede sem maiores sobressaltos. Ajuruteua ainda guarda aquela coisa gostosa de cidade do interior com roupas no varal, cercas baixas, janelas sem grade, varandas enormes e um monte de gente dormindo a noite toda de rede no pátio SEM GRADES. Lá é muito mais tranquilo.



Diferenças: Em Salinas, ao invés de casas de madeira vemos mansões com gente morrendo de medo dentro. Estas mansões hoje estão sendo vendidas a preço de banana porque ninguém tem mais saco de sair de Belém para ficar enjaulado na praia. Dormir no pátio? Cochilar a tarde toda na rede sem preocupação? Tá doido? Os assaltos estão cada vez mais descarados. Aquilo ali está uma terra de ninguém!


5- O vento não pára. Se Deus aumentar um pouquinho o ventilador, vira tufão.


6- Casas simples na praia, de madeira: você passeia pela beira da praia, vai que vai sem rumo! Aí entra em uma dessas "habitações desabitadas" no momento, pede licença ao fantasma e se esparrama no pátio. Dooooorme então o dia inteirinho se quiser, sem ouvir nada mais a não ser o som do mar... aquele marzão sem fim e o vento delicioso que faz a gente esquecer da vida. Reclamar de quê?



ÓDIO:


1) É longe.


2) De Bragança até a praia, a estrada é um suplício. O asfalto é do tipo que solta todos os parafusos do seu carro e do seu cérebro, se duvidar. Sendo assim não dá pra correr: são 40 minutos de tortura.



3) A recepção: Chegue na praia e encontre um monte de "pousadas". Ótimo, né? Dá pra ir sem planejamento, de útima hora? Dá. Mas o que eles chamam de "pousada", qualquer turista olha, vê aquele amontoado de barracos e não tem dúvida de que chegou em uma favela. Sim meus caros, antes do paraíso (praia) você passa por um favelão de matar de vergonha qualquer cicerone paraense. Do tipo que afugenta os turistas que não estejas preparados psicologicamente. Cara... chocante. Você resolveu levar aquele seu amigo que chegou do Sul para conhecer as belezas do Pará? Prepare o cara e a sua cara porque você VAI passar vergonha. Agora vá para uma daquelas pousadas. É como diz o caboclo: "só te digo vai!" Eu mesma já dei uma checada em algumas. Mermão, a classificação é: abaixo da crítica. E a preço de hotel.


4) O café da manhã em QUALQUER LUGAR é uma pobreza. Nada que se compare às delícias das tapioquinhas e mingaus de Mosqueiro, Salinas etc. Em Ajuruteua os caboclos desconhecem totalmente o significado da palavra "manteiga". Todos os cardápios te oferecem tapioca com manteiga no café da manhã mas ninguém lá sabe o que é isso. Você pergunta se tem, eles afirmam que sim. Você pergunta: "mas é manteiga mesmo ou é margarina?" Daí o silêncio... É margarina, não tem pra onde correr. Molhadinha com coco? Desista. Cuscus? Nem pedi pra não ficar com mais raiva ainda.


5) Comprar gelo: não tem onde. Quer dizer: tem, mas você só encontra em um lugar e o gelo está sempre vendido para outra pessoa. Gelo comprometido.Tem que subornar o vendedor.


Massss...


Vencidos a distância, as trepidações da estrada, o favelão e a ditadura da margarina, o lugar em si é deliciosamente interiorano. A noite todas aquelas favelas (sim, favelas!) se tornam lindíssimas uma vez molhadas de luar, na beira da praia, com suas luzinhas amarelas saídas das janelas. A praia é ampla, enorme, dá pra passear sem grandes sustos e tudo o que parecia feio se tranforma em uma pintura magnífica.



Não dizem que "à noite todos os gatos são pardos?" Pois as palafitas de Ajuruteua na beira da praia, sob o olhar azul semi-cerrado da lua e rodeadas de marolas lentas e mornas adquirem um aspecto único, encantador, que pintor algum rejeitaria e que emocionam a gente. Eu nem sabia pra que lado olhar primeiro. Parecia que nunca tinha visto mar, nem lua, nem luzinhas amarelas ao longe nem jovens ao redor da fogueira nem sentido a areia geladinha ou ouvido o argumento ininterrupto do vento. Tudo novo, magicamente novo.



Sabe, estou a um passo de virar favelada voluntária...

domingo, 13 de setembro de 2009

Anotai, estudiosos!


É com isso que tenho que me conformar. Minha mãe sempre dizia, meus amigos e amigas afirmam categoricamente, o sábio da montanha já cantou a pedra e os gurus chineses repetem em coro: Não dá pra ter tudo na vida.

Não é extamente sobre isso o meu ensaio (e eu já escrevo ensaios?!) de hoje mas não tenho culpa se meu preâmbulo é grande. Tem quem goste realmente de preâmbulos graaaandes. Existem também pessoas que preferem os médios, convencionais. Há os que nem olham para o tamanho do seu preâmbulo, ignorando até se ele é um humilde e insignificante preambulinho encolhido no canto do seu textículo.


Isto posto, voltamos à questão preambular que tratava sobre a lástima de não podermos ter tudo o que queremos. Por exemplo: minha mãe sempre dizia que meu avô fazia todas as suas vontades. Minha mãe foi uma garota mimada mas não tinha tudo, tudo mesmo. Uma coisa ela pedia sempre, implorava ao seu pai mas não havia jeito de ele lhe dar, embora tivesse dinheiro para isso. Não havia chantagem emocional que funcionasse nem lágrimas que bastassem.

Quando mocinha ela queria muito, mas muito muito ter uma bicicleta. Uma simples e prosaica bicicleta, coisa quem nunca foi tão cara, suponho, mas seu pai indeferia o pedido intransigentemente. Motivo? Esse aí da foto.

Não entendeu? Eu explico, tolinho.

Meu avô acreditava que andar de bicicleta era um perigo! Ativava as "partes íntimas" da mulher e isso poderia transformar uma moça recatada e tranquila em uma jovem fogosa e indomável.

Sabe como é: o movimento do... do "coisinha" feminino suavemente (ou não!) sobre o selim (assento) da bicicleta seria inevitável durante as pedaladas e só Deus saberia dizer o efeito disso sobre a personalidade de sua filha. Sim, sua caríssima filha educada em colégio de freiras! Anos e anos de educação rigorosa poderiam ser jogados ralo abaixo considerando que qualquer estímulo, mesmo no dedão do pé, é levado rapidamente para o cérebro por nervos fofoqueiros.

O corpo humano não passa de uma vila de Maricotas... Todo mundo sabe do que se passa mesmo nos cômodos mais reclusos do nosso corpo. Ninguém segura a informação, vou te contar!

Talvez isso explique a superpopulação nos países (e bairros) subdesenvolvidos, que é onde mais utilisam a bicicleta como meio de transporte. Já pensou nisso?

Talvez isso explique a frigidez dessas empresárias que só andam de carro e com uma pasta no colo. O dia inteio sem ninguém ativar o... "coisinha" delas!

É o que sempre digo: esses estudiosos deveriam sair de seus laboratórios assépticos e ter mais contato com o dia-a-dia. No barzinhos, nas bicicletas, nos seminários ("semin-nários"... muito sugestivo!) e atrás dos muros dos cemitérios é onde encontramos as respostas para as grandes questões da nossa sociedade.

Minha contribuição de hoje está dada. Não precisam me agradecer.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Reflexão para hoje


quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Eu queria tanto...


Nos primórdios, quando ainda não havia câmeras digitais...

Por bastante tempo significava um luxo distante para mim. Não dava para comprar e pronto, mas dava pra sonhar. Eram tantas as prioridades que ela foi ficando ali atrás da fila. Depois de bastante tempo (e põe tempo nisso!) finalmente chegou o momento em que pude me animar a pelo menos começar a fazer consulta de preços sem parecer muito pretensiosa.

Fiquei tão feliz ante a expectative de ter a minha tão amada, querida, sonhada e desejada Polaroid (e não me diga que não sabe o que é!) que comecei a espalhar pra todo mundo que eu ia comprar uma. Achei que todo mundo ia morrer de inveja.

Ainda não tinha a grana na mão mas pelas contas daria para comprar a prestação. Ah que legal, que charme! Já tinha visto em tantos filmes os casais eternizarem momentos roubados assim, clique-sem-esperar, um susto, um beijo, um tchau numa Polaroid. A foto saindo segundos depois, revelando-se magicamente diante dos olhos quase infantis dos espectadores. Assim como um pequeno milagre, como se ninguém soubesse que aquilo era perfeitamente possível, que não havia nada de mais, mistério algum.

Adoro essas coisas que a gente sabe que são possíveis, que acontecem todo dia mas nos maravilhamos com elas sempre e sempre. As fotos de Polaroid eram assim, mágicas como fogos de artificios fazendo "surpresa". Só que, ao contrário dos fogos, elas diziam: "agora que vim ao mundo vou ficar com você para sempre!"

Por quê eu não haveria de ter a minha? Pois teria e iria exibi-la orgulhosamente para o mundo, não importasse o preço dela nem do filme.

Quando finalmente meu sonho estava prestes a se concretizar, todos para os quais eu contava da minha intenção franziam a testa.

- Gente, vou comprar... uma Polaroid! Não é o máximo?!!!
- Credo, pra quê você quer uma?
- Ué, pra tirar foto! Um charme! Revela na hora. É divertido, diferente.
- Pelo amor de Deus, qualquer máquina comum revela praticamente na hora hoje em dia!
- "Praticamente" não é "na hora". Não é o mesmo prazer.
- Tudo bem, o dinheiro é seu. Mas até pra comprar vai ser difícil. Faz tempo que não encontro dessas máquinas em loja nenhuma.
- Eu sei que ainda vendem! Acho que já vi por aí.
- Claro que ainda vendem. Mas daqui a pouco é peça de museu.
- Sonhei a vida toda em ter uma Polaroid!
- Dê uma passeada pelas lojas que você muda rapidinho de sonho. Existem coisas muito mais modernas e interessantes. Esse treco não vale a pena. Vai por mim!
- Pois eu vou comprar. O dinheiro é meu! Todo sonho vale a pena. E aposto que todo mundo vai querer ser fotografado por ela. Vai ser chique e divertido.
- Então tá, você que sabe. Depois não diz que eu não avisei.

Não comprei.

Fiquei sabendo recentemente que ainda fabricam dessas lindinhas em algum lugar da galáxia, mas vão parar já-já com isso (até o final de 2009). Só sei dizer que em meu coração ficou um vazio do tamanho de uma linda Polaroid com todo aquele clima dos romances anos 70.

Puxa... Justamente agora que eu tinha dinheiro pra comprar...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Gota d’água - Marcos Quinan



"Seja qual for o caminho
Onde esteja meu valor
Sou água bem pequenina
Nascida de uma flor..."

(Leia o poema completo no blog Abaribó)

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Rastafarismo. Meu blog também é cultura, viu!




Eu pensava (na minha ignorância) que o Rastafarismo fosse um movimento musical, tipo Bossa Nova. Nada disso: ele é uma religião! Embora seja verdade que esta religião se popularizou bastante com o reggae. Ponto pra eles! Imagina se fosse com o tecnobrega ou desgraça semelhante?

A palavra rastáfari significa: Príncipe ("ras", em aramaico) + Tafari (título do imperador "divino" na infância).

E o que pregava esta religião? O retorno dos negros ao continente de seus antepassados. Não sei se algum de fato retornou à Àfrica mas tem um monte de música por aí falando sobre a Mãe África.

Jah (Deus) teria lhes apontado a terra prometida e um tipo de representante, que era o imperador da Etiópia.

O movimento surgiu na Jamaica entre a classe trabalhadora e camponeses negros em meados dos anos 20, iniciado por uma interpretação da profecia bíblica em parte baseada pelo status de Selassiê como o único monarca africano de um país totalmente independente e seus títulos de Rei dos Reis, Senhor dos Senhores e Leão Conquistador da Tribo de Judah, que foram dados pela Igreja Ortodoxa Etíope.

Vamos ver se dá pra entender melhor na explicação de outra fonte:

Hailê Selassiê I, Imperador da Etiópia em 2 de novembro de 1930, seria a encarnação do chamado Jah (Deus) na Terra e o Messias Negro que irá liderar os povos de origem africana a uma terra prometida de emancipação e justiça divina. Porém algumas correntes rastafáris não acreditam nisso literalmente.

Caramba, repete aí: quem foi Hailê Selassiê mesmo?????





Não sei a quantas anda essa crença hoje em dia... Já o uso da maconha como "sacramento" é uma parte que todos temos conhecimento de que vai de vento em pôpa, adquirindo adeptos fervorosos aos milhares.



Ou seja: relacionar um rastafári imediatamente como maconheiro não é preconceito. Chamá-lo reverentemente assim não é xingamento. Seria o equivalente a elevá-lo a condição de "beato" ou "devoto" dentro do catolicismo.



É como já dizia o sábio da montanha: Cada qual com o seu cada qual...



sábado, 5 de setembro de 2009

A curiosa mente infantil


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quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Chão de Giz - Mistério desvendado


Lembram daquela minha postagem a respeito da música Chão de Giz ("Chão de Giz e outros mistérios")? Se não lembram está na hora de reler.

Pois é, uma simpática leitora chamada Amanda deixou um comentário em minha postagem que adorei. Tanto gostei que estou transformando seu comentário em uma nova postagem para que todo mundo entenda finalmente a letra da música. Olhem só o que ela escreveu:

"Olá, tudo bem?
Não sou letrada, mas também tinha curiosidade de entender melhor "Chão de Giz", ela também me emociona, achei em um site a interpretação, achei fantástico... agora gosto muito mais da música...


O Zé teve, em sua juventude, um caso duradouro com uma mulher casada, bem mais velha, da alta sociedade de João Pessoa, na Paraíba. Ambos se conheceram num Carnaval.
Ele se apaixonou perdidamente por esta mulher, só que ela era casada com uma pessoa influente da sociedade, e nunca iria largar toda aquela vida por um "garoto pé rapado" que ela apenas "usava" para transar gostoso. Assim, o caso, que tomava proporções grandes, foi terminado. o Zé ficou arrasado por meses, e chegou a mudar de bairro, pois morava próximo a ela. E, nesse período de sofrimento, compôs a canção. Conhecendo a história, você consegue perceber a explicação para cada frase da música, que passo a transcrever:

"Eu desço dessa solidão, espalho coisas sobre um chão de giz"
Um de seus hábitos, no sofrimento, era espalhar pelo chão todas as coisas que lembravam o caso dos dois. O chão de giz também indica a fugacidade do relacionamento, facilmente apagável (mas não para ele...)

"Há meros devaneios tolos a me torturar"

Devaneios, viagens, a lembrança dela a torturá-lo.

"Fotografias recortadas de jornais de folhas... amiúde"

Outro hábito seu era recortar e admirar TODAS as fotos dela que saiam nos jornais - lembre-se, ela era da alta sociedade, sempre estava nas colunas sociais. Amiúde (repetidas vezes)

"Eu vou te jogar num pano de guardar confetes"

Pano de guardar confetes são aqueles balaios ou sacos típico das costureiras do nordeste, onde elas jogam restos de pano, papel, etc. Aqui, ele diz que vai jogar as fotos dela fora num pano de guardar confetes, para não mais ficar olhando-as.

"Disparo balas de canhão, é inútil pois existe um grão vizir"

Ele tenta ficar com ela de todas as formas, mas é inútil pois ela é casada com o tal figurão rico (o Grão Vizir)

"Há tantas violetas velhas sem um colibri"
Aqui ele pega pesado com ela... há tantas violetas velhas (como ela, bela, mas velha) sem um colibri (jovem pássaro que a admire). Aqui ele tenta novamente convencê-la simbolicamente, destacando a sorte dela - violeta velha - poder ter um colibri, e rejeitá-lo.

" Queria usar quem sabe uma camisa de força ou de Vênus"
Bem, aqui é a clara dualidade do sentimento dele. Ao mesmo tempo em que quer usar uma camisa de força, para manter-se distante dela e não sofrer mais, queria também usar uma camisa de Vênus, para transar com ela.

"Mas não vão gozar de nós apenas um cigarro"

Novamente ele invoca a fugacidade do amor dela por ele, que o queria apenas para "gozar o tempo de um cigarro". Percebe-se o tempo todo que ele sente por ela profundo amor e tesão, enquanto é correspondido apenas com o tesão, com o gozo que dura o tempo de se fumar um cigarro (também representativo como o sexo, pois é hábito se fumar um cigarro após o mesmo).

"Nem vou lhe beijar gastando assim o meu batom"

Para que beijá-la, "gastando o seu batom" (o seu amor), se ela quer apenas o sexo?

"Agora pego um caminhão, na lona vou a nocaute outra vez"

Novamente ele resolve ir embora, após constatar que é inútil tentar. Mas, apaixonado como está, vai novamente "à lona" - expressão que significa ir a nocaute no boxe, mas que também significa a lona do caminhão com o qual ele foi embora - lembre-se que ele teve que se mudar de sua residência para "fugir" desse amor doentio

"Pra sempre fui acorrentado no seu calcanhar" Auto-explicativo, né?! Esse amor que, para sempre, irá acorrentá-lo, amor inesquecível.

"Meus vinte anos de boy, "that's over, baby" , Freud explica"

Ele era bem mais novo que ela. Ele era um boy, ela era uma dama da sociedade. Freud explica um amor desse (complexo de Édipo, talvez?). Em todo caso, "that´s over, baby", ou seja, está tudo acabado.

"Não vou me sujar fumando apenas um cigarro"

Ele não vai se sujar transando apenas mais uma vez com ela, sabendo que nunca passará disso

"Quanto ao pano dos confetes já passou meu carnaval"

Lembrem-se, eles se conheceram num carnaval. Voltando a falar das fotos dela, que ele iria jogar num pano de guardar confetes, ele consolida o fim, dizendo que agora já passou seu carnaval, ou seja, terminou, passou o momento.

"E isso explica porque o sexo é assunto popular"

Aqui ele faz um arremate do que parece ter sido apenas o que restou do amor dele por ela (ou dela por ele): sexo. Por isso o sexo é tão popular, pois só ele é valorizado - uma constatação amarga para ele, nesse caso.
Há quem veja também aqui uma referência do sexo a ela através do termo "popular", que se referiria ao jornal (populares), e ela sempre estava nos jornais, ele sempre a via neles.

"No mais estou indo embora"

Bem, aqui é o fechamento. Após sofrer tanto e depois desabafar, dizendo tudo que pensa a ela na canção, só resta-lhe ir embora.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Escrever pra você

Poucas coisas são mais inúteis na face da terra do que escrever pra você. Quem é você mesmo?

Você é uma pessoa que as vezes vem aqui e não demora muito. Concorda ou discorda com o que lê rapida e frouxamente. Por quê? Porque sim!

Tudo em suma é "porque sim". E hoje estou assim porque sim e não adianta olhar sol nem flor nem bichinho gracioso. E nem adianta escrever textos depressivos ou chocantes. Você continuará aí do outro lado da tela sem entender porque estou assim e sem gastar muito tempo em considerar meu estado. Porque sim.

Talvez você fique pouco mais de trinta segundos por aqui em um silêncio sepulcral e jamais saberei o que você está pensando nesse ínterim.

Lavo lençóis que sujarão de novo. Faço um bolo que você não provará. Tento melhorar o mundo, mas ele não melhora nunca! Nem eu.

Nem te peço desculpas pelo texto. Não faz diferença. Mesmo quando o texto é bom não faz diferença. Isso é tão inútil quanto uma folha a mais ou a menos numa árvore fincada nos confins da Amazônia.

É uma pena. Tudo é uma pena. Não sei o que fazer para ajeitar esse dia que se desmilingue entre meus dedos...

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Delirei

Nada a ver com megalomania, vou logo avisando. Mas navegando por aí deparei-me com essa linda cadeira:


Olhem que gracinha! Por algum motivo achei que tinha tudo a ver comigo. Já me imaginei sentadinha nela, toda de branco, banho tomado, cabelos lavados... ai ai.

Não combina muito com a minha decoração. Mas pensando bem, um contraste aqui e acolá é tudo de chique, vocês não acham? E essa cadeira tira a gravidade de qualquer ambiente. Não no sentido de que as pessoas passam a flutuar (não estou tão doida assim) mas no sentido de que dá um toque divertido.

Vou comprar. Aí você me visita e eu te deixo tirar uma foto nela.

domingo, 27 de setembro de 2009

Férias na Lua


Sem tempo, sem noite, sem dia
Num tipo de fundo de mar
Prateada, mole e fria
Vou subir e me espraiar
Dar um tempo umas semanas
Pois estou cheia e redonda
Só volto quando lua nova
Ou quando o quarto minguar
Não me espere que não volto
Não precisa me aguardar
Estou numa dessas fases
Que não sei. Vou só pensar.

Becejo... tenho tanto sono!
O sono de um quartel inteiro
Nesses dias impossíveis
De cruz-credo e atoleiro

Se eu sair e não me vires,
Se eu sumir estarei lá
Bem sumida e bem guardada
Olhando pra tudo e pra nada.

Não me chames que não volto
Voltarei quando souber
Explicar o sem-sentido
Dos meus versos de mulher.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Melhor que uma jaulinha

Acho que não devemos ficar lamentando o que somos. "Por quê sou assim, por quê sou assada?". O negócio é reconhecer os pontos fracos e ir em busca de soluções.

O fraco indiscutível, digo, o fato indiscutível é que não sou uma má pessoa mas, eventualmente, posso ser confundida com uma pessoa má. Chato, né? Tudo isso porque não tenho aquilo que costumam chamar de "jogo de cintura". Conversando sobre isso com uma pessoa amiga, ela disse que receitaria para mim não remédio, mas um bambolê.

Se tiver algum marciano lendo esse post fica aqui a explicação: "banbolê" é esse brinquedinho aí da foto no formato de um enorme aro. O lance é aguentá-lo na cintura sem deixá-lo cair. Para isso a pessoa tem que rebolar com jeito, graciosamente. Tem que se esforçar, baixar, levantar... É divertido.

Tenho até um bom rebolado (já disseram) e ritmo pra dançar mas no trato com as pessoas quando envolve tensão sou um fiasco. Abro a tampa do meu cérebro, falo tudo na lata, não levo desaforo pra casa. Só que eu sei que ninguém se dá bem agindo assim. Não é assim que as coisas funcionam em sociedade.

As frases, uma fez formuladas dentro de mim, ficam inquietas como crianças no recreio. Pulam então para a minha língua como pirralhos em um escorrega-bunda. Quando estão lá, adquirem logo um sabor de pimenta insuportável: não querem ficar de jeito nenhum. Ou as engulo ou as cuspo fora no formato sonoro. Frases, frases e mais frases para o mundo ouvir!

Raramente engulo uma frase fresquinha, recém saída do forno da minha cabeça quando estou irritada. O prazer que sinto em jogá-las para o mundo, libertá-las do cativeiro escuro é quase sexual. E isso é mal. Claro que me traz problemas, arrependimentos, antipatias... Mas só penso nisso depois do orgasmo. Depois são nove meses de enjôo e chateação.

Isso aqui é um desabafo. Eu estava quase comprando uma jaulinha. Ia me trancafiar lá dentro e engolir a chave mas quando vi essa imagem da moça brincando de bambolê entendi que isso se me apresentava como uma segunda opção viável e muito mais divertida. Vou experimentar e adquirir o tão sonhado "jogo de cintura". Tudo na vida é treino!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Eu devo isso a ela



Essa é a foto mais incrível da minha vida!

Claro que não parece por isso vou contar o lance. Cara, tocante.



Passeio, praia... foto é inevitável. E ali estava eu em uma cena do tipo "mais previsível impossível" querendo fotografar a praia ao fundo e a mim mesma em primeiro plano, claro.



Postei-me fazendo cara de turista e a pose nem ainda estava completa, notem. Ia jogar a viseira longe, lustrar o sorriso, fazer onda, mas notem que a expressão do meu rosto é a de quem não entende porque o pessoal todo me olhava e gesticulava. Bastava que eu olhasse para trás mas só fiz isso depois.




Olhei só depois, como disse, mas me contaram o antes. Ela, a árvore, não estava lá quando resolvi fotografar. Achegou-se a nós posteriormente- acredite! - com a desenvoltura de um polvo do fundo do mar com seus tentáculos. Um lance muito louco!


O movimento das raízes davam a impressão de ondas, de serpentes, de qualquer coisa assim. Foi rápido. Ela "andava" meio de lado como caranguejo, num movimento tão estranho e rápido que o pessoal só não saiu em disparada porque todos nós sabemos que as árvores não fazem mal a ninguém, muito pelo contrário.



Nenhum mal me fez, embora na foto pareça que ela pretendia enlaçar-me. Não. Apenas queria dizer algo, parecia assim meio aflita.



Qualquer história humana ficou banal diante daquilo. Por mais intensos que sejamos nenhum de nós contaria nada com um gesticular tão sentido e apaixonado como aquela linda árvore fazia. De fato dizia algo, mas o quê?



Depois que ela encontrou se lugar atrás de mim e em frente à câmera, acalmou-se. Continuou fazendo mais alguns gestos (que depois entendemos como suplicantes) mas se aquietou para a "filmagem". Pobrezinha! A gente sacou que ela acreditava tratar-se de uma filmagem! Certamente queria deixar registrado algo relevante. Talvez sobre queimadas ou desmatamento - essas coisas do Jornal Nacional. Pelo menos foi o que nos ocorreu.



Eu não conheço a linguagem dos sinais utilizada pelos humanos, imagina a das árvores! Tratava-se mesmo de uma mensagem? Um pedido de socorro? Ou só a "dança dos não famosos" para aparecer pelo menos no You Tube? Não, era algo importante. Por que ela se apressou, postou-se atrás de mim e depois deixou-se "filmar" enquanto gesticulava daquele jeito comovente?



Jamais saberemos. Quem estava comigo levou o maior susto. Eu só olhei pra trás depois da foto(porque elas não fazem barulho enquanto andam.)



Bem, pelo menos estou contando pra vocês e postando o caso em meu blog. Por algum motivo acho que devo isso a ela.


Por via das dúvidas fica aqui alguns alerta que a gente achou que a árvore poderia ter querido dizer. Ou que a gente diria se fosse árvore:


NÃO QUEIMEM AS FLORESTAS!

NÃO CORTEM AS ÁRVORES!

CIGARRO DÁ CÂNCER!

SE FOR BEBER NÃO DIRIJA!

USE CAMISINHA!

NÃO REELEJA O PT!


domingo, 20 de setembro de 2009

A arte de perder


Adoro pessoas decididas. Observo pessoas decididas e me pergunto: como elas conseguem ser assim?
Já interroguei um desses seres instigantes com essa perguntinha: "Como você consegue ser assim? Você não volta a ser atormentado novamente pela outra opção? Ela não retorna ao seu pensamento como uma mosca incômoda o tempo todo? Comigo é assim!" A resposta:

"- Não. Depois que decido acabou-se. Não me permito pensar mais na outra opção."

"- Mas e se você calculou errado e a outra opção era a melhor?"

"-Se era a melhor, ...deu-se. Arco com as consequências do meu erro ou acerto, custe o que custar. Paciência. Não há mais o quê considerar, ficar pensando, remoendo! Chega! Entendeu?"
"Ah, tá" pensei eu, como se tivesse caído a ficha. Claro que não caiu. Fiquei pensando e repensando na possibilidade de adotar, daquele dia em diante, a postura sábia e light do entrevistado. Começou a chatisse: seria aquela a melhor postura diante da vida e de seus desafios ou será que aquela maneira de lidar com os problemas não era a melhor? Eu era mais sábia e ponderada ou era apenas uma barata atrapalhada no meio das mudanças? Ele, pela sua falta de paciência para analisar mais detidamente os permenores dos fatos, estaria regligenciando pontos importantes, portanto seria mais propenso a tomar decisões equivocadas? Ou eu é que me enredaria com um monte de pensamentos tortuosos e desnecessários desembocando, por fim, em uma "decisão indecisa" que jamais resultaria na tão desejada Pax Domini? Sim, porque o fato é que a "mosca" nunca me deixa! Existe um exército de moscas incansáveis atrás de mim a vida toda!
Não, esse não é bem o caminho da sabedoria...
Decidi: o caminho da sabedoria é o caminho que decide, esquece e se porta como se não houvesse mais segunda opção para ser apreciada. Sim, esse é o caminho e ele nada mais é do que A ARTE DO DESAPEGO.

Decidir é se conscientizar de que a opção 1 acabou, não tem mais, morreu, bola pra frente.

A arte de decidir é também - e principalmente - a arte de perder. Quem quer tudo, não tem nada, nem paz. Decidir é abrir mão, é saber que não dá pra oscilar pra sempre, que não somos donos de todos os caminhos, que não podemos estacionar nosso carro em dois lugares ao mesmo tempo. Não podemos ficar indefinidamente no meio da rua sem saber em qual das vagas colocá-lo.

A paz só vem com a perda e essa é a parte mais difícil da lição, pelo menos para mim. Perder nunca soa como uma coisa serena e adulta aos meus ouvidos...

Continuo admirando as pessoas decididas. Acho que hoje estou um pouco mais perto delas porque descobri como conseguem ser como são. Já é um passo, né? (Não é???)

Acho que o segundo passo é visitar meus armários e jogar um monte de cacarecos fora, fazer umas doações de roupas, sapatos e bolsas. Assim, pra efeito de treinamento.

Não ria! Você pensa que é fácil? Isso gera um tremendo sentimento de perda sinsinhô! Tudo na vida é treinamento! O lance já vai criando o chão necessário onde será erguida a catedral simbólica da Mulher Decidida que serei qualquer dia desses, para a serenidade minha e enlevo da posteridade que me contemplará boquiaberta.

É só esperar.

(Obs.: Eu até comecei bem. Como pude terminar dessa forma delirante?)

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Você conhece esse cara?



Você curte cerimônias? Acho que sim e acho que não. Como todo mundo. Não, eu não "como todo mundo"! Não sou assim tão voraz. Estou dizendo "igual a todo mundo"!

Não conheço uma só pessoa que, estando em uma cerimônia, não reclame da inominável chatisse dela. Também não conheço uma só pessoa que, fazendo jus a uma, abra mão dela. Estranho, né? Vingança pelo que a sociedade lhe fez passar?

A verdade é que a pessoa muda radicalmente e passa a querer uma cerimônia do fundo do coração nem que seja para ficar o tempo todo reclamando.

Contradição humana... O ser humano se forma e não se conforma.

Todo mundo tem, porque ele não teria um cerimonial a altura da sua conquista? Sim, tem que ter brega, quer dizer, beca, entrega de diploma, uma mesa enorme ornamentada de autoridades chatas e reitor. Cadê o reitor? Eu quero o reitor! Por quê o reitor não haveria de comparecer na MINHA formatura? Que insulto!

É o-bri-ga-tó-ri-o o convite aveludado aos parentes, roupa nova, correria, calor insuportável, falta de estacionamento, mata-mata de fotógrafos pulando uns por cima dos outros em suas roupas horríveis e máquinas fotográficas de antepenúltima geração, hordas de mães e tias emocionadas, irmãos espinhentos e fotógrafos não profissionais com maquininhas minúsculas. Tem que ter muito atraso e falta de cadeiras. Tem que não se prestar a tenção a nenhum dos vinte discursos intoleráveis que jamais serão lembrados. Tem que se rezar fervorosamente para que aquele momento tão sonhado acabe logo pelo amor de Deus.

O colarinho tem que penicar e a calcinha tem que entrar na bunda, assar e fritar a parte menos vistosa mas mais valiosa do seu corpo. Sim, você merece, f.d.p.

Há contradição maior? Não há mas há muitas contradições semelhantes: casamentos, aniversários, laureamentos diversos, festinhas de despedida, de boas vindas, de vá tomar daquele lugar, de Chá de Bebê, de Panela, de Casa Nova, de Sabe Deus.

Não me queixo! Sou daquelas que também querem, que também ficam tristes-tristinhas quando a coisa não acontece e ficam alegres-alegrinhas quando a coisa finalmente acaba.

Já fiz elaborados discursos em rodas de amigos com relação a isso. Já disse que deveríamos abolir essas convenções sociais que nos amarram e que na verdade gostaríamos de evitar. Somos livres - quem nos obriga? Quem? Quem?! Queeeeem? Subvertamos tudo! Criemos um novo tempo, uma nova sociedade mais livre e sorridente onde só o que faz bem e faz sentido deve ser conservado. Livremo-nos das imposições burguesas às quais temos obedecido como gado e tal e tal e tal!

Todos ao meu redor concordaram e ignoraram com igual veemência. Até hoje não entendo como as duas coisas podem coexistir. A ressaca me ajudou a refletir.

Essa ditadura social opressiva e contraditória não acaba porque "Nós Mesmos" é a resposta. Aliás "Nós Mesmos" é o ser que mais nos enche de problemas, pobremas, poblemas, ploblemas e seus filhotes todos: dívidas, questões desnecessárias, cismas, ciúmes, chateações diversas.

Você poderia ser feliz e livre mas vem o tal do "Nós Mesmos" e lasca com tudo. Ele cai de pára-quedas em sua vida já com uma lista de desnecessidades só para não te sobrar tempo nem dinheiro nuncajamais pra nadica de nada em sua curta passagem pelo planeta azul.

Se você encontrar esse tal de "Nós Mesmos" por aí, meta a mão na cara dele. Amasse a lata desse #&)*)*&*¨%$#. E pode dizer que fui eu quem mandou.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Ajuruteua/PA - amor e ódio



Quanto mais vou a Ajuruteua mais gosto de lá. E ao mesmo tempo mais me aborreço com a estrutura "turismo-zero" do lugar.


Listas... Dizem que todos gostam de listas, então aqui vão duas. Vou começar pela lista do AMOR:

1- Pra começar: em Ajuruteua você não será espremido pela turba insana. Claro que as praias ficam mais povoadas nas férias e em feriadões, mas nada que se compare ao inferno que é Mosqueiro e Salinas, por exemplo. Em Ajuruteua é infinitamente mais fácil você pegar o carro e afastar-se para um lugar mais calmo do tipo "me esqueçam". Muitos dos cidadãos que vão a praia não estão motorizados, então a muvuca é mais setorizada. O povo é simples. A maior parte dos frequentadores não é de Belém, mas dos interiores próximos. Sendo assim não espere desfile de modas nem de carrão. E quem precisa?


2- Claro que como a maioria dos paraenses eles gostam de brega e do malfadado tecnobrega, mas pelos motivos acima não existe a profusão de carrões vomitando aquela nojeira no seu ouvido a todo volume. Até em julho você tem para onde fugir. Deus é Pai!

3- O banho é ótimo! A praia não é tão plana como em Salinas. Dá pra tomar um banho decente e molhar além do joelho sem precisar caminhar 2 quilômetros mar adentro.

4- São numerosas as casas de madeira próximas à praia. Nessas casas as pessoas ainda tem o direito de ficar o dia todo e a noite toda se balançando em uma rede sem maiores sobressaltos. Ajuruteua ainda guarda aquela coisa gostosa de cidade do interior com roupas no varal, cercas baixas, janelas sem grade, varandas enormes e um monte de gente dormindo a noite toda de rede no pátio SEM GRADES. Lá é muito mais tranquilo.



Diferenças: Em Salinas, ao invés de casas de madeira vemos mansões com gente morrendo de medo dentro. Estas mansões hoje estão sendo vendidas a preço de banana porque ninguém tem mais saco de sair de Belém para ficar enjaulado na praia. Dormir no pátio? Cochilar a tarde toda na rede sem preocupação? Tá doido? Os assaltos estão cada vez mais descarados. Aquilo ali está uma terra de ninguém!


5- O vento não pára. Se Deus aumentar um pouquinho o ventilador, vira tufão.


6- Casas simples na praia, de madeira: você passeia pela beira da praia, vai que vai sem rumo! Aí entra em uma dessas "habitações desabitadas" no momento, pede licença ao fantasma e se esparrama no pátio. Dooooorme então o dia inteirinho se quiser, sem ouvir nada mais a não ser o som do mar... aquele marzão sem fim e o vento delicioso que faz a gente esquecer da vida. Reclamar de quê?



ÓDIO:


1) É longe.


2) De Bragança até a praia, a estrada é um suplício. O asfalto é do tipo que solta todos os parafusos do seu carro e do seu cérebro, se duvidar. Sendo assim não dá pra correr: são 40 minutos de tortura.



3) A recepção: Chegue na praia e encontre um monte de "pousadas". Ótimo, né? Dá pra ir sem planejamento, de útima hora? Dá. Mas o que eles chamam de "pousada", qualquer turista olha, vê aquele amontoado de barracos e não tem dúvida de que chegou em uma favela. Sim meus caros, antes do paraíso (praia) você passa por um favelão de matar de vergonha qualquer cicerone paraense. Do tipo que afugenta os turistas que não estejas preparados psicologicamente. Cara... chocante. Você resolveu levar aquele seu amigo que chegou do Sul para conhecer as belezas do Pará? Prepare o cara e a sua cara porque você VAI passar vergonha. Agora vá para uma daquelas pousadas. É como diz o caboclo: "só te digo vai!" Eu mesma já dei uma checada em algumas. Mermão, a classificação é: abaixo da crítica. E a preço de hotel.


4) O café da manhã em QUALQUER LUGAR é uma pobreza. Nada que se compare às delícias das tapioquinhas e mingaus de Mosqueiro, Salinas etc. Em Ajuruteua os caboclos desconhecem totalmente o significado da palavra "manteiga". Todos os cardápios te oferecem tapioca com manteiga no café da manhã mas ninguém lá sabe o que é isso. Você pergunta se tem, eles afirmam que sim. Você pergunta: "mas é manteiga mesmo ou é margarina?" Daí o silêncio... É margarina, não tem pra onde correr. Molhadinha com coco? Desista. Cuscus? Nem pedi pra não ficar com mais raiva ainda.


5) Comprar gelo: não tem onde. Quer dizer: tem, mas você só encontra em um lugar e o gelo está sempre vendido para outra pessoa. Gelo comprometido.Tem que subornar o vendedor.


Massss...


Vencidos a distância, as trepidações da estrada, o favelão e a ditadura da margarina, o lugar em si é deliciosamente interiorano. A noite todas aquelas favelas (sim, favelas!) se tornam lindíssimas uma vez molhadas de luar, na beira da praia, com suas luzinhas amarelas saídas das janelas. A praia é ampla, enorme, dá pra passear sem grandes sustos e tudo o que parecia feio se tranforma em uma pintura magnífica.



Não dizem que "à noite todos os gatos são pardos?" Pois as palafitas de Ajuruteua na beira da praia, sob o olhar azul semi-cerrado da lua e rodeadas de marolas lentas e mornas adquirem um aspecto único, encantador, que pintor algum rejeitaria e que emocionam a gente. Eu nem sabia pra que lado olhar primeiro. Parecia que nunca tinha visto mar, nem lua, nem luzinhas amarelas ao longe nem jovens ao redor da fogueira nem sentido a areia geladinha ou ouvido o argumento ininterrupto do vento. Tudo novo, magicamente novo.



Sabe, estou a um passo de virar favelada voluntária...

domingo, 13 de setembro de 2009

Anotai, estudiosos!


É com isso que tenho que me conformar. Minha mãe sempre dizia, meus amigos e amigas afirmam categoricamente, o sábio da montanha já cantou a pedra e os gurus chineses repetem em coro: Não dá pra ter tudo na vida.

Não é extamente sobre isso o meu ensaio (e eu já escrevo ensaios?!) de hoje mas não tenho culpa se meu preâmbulo é grande. Tem quem goste realmente de preâmbulos graaaandes. Existem também pessoas que preferem os médios, convencionais. Há os que nem olham para o tamanho do seu preâmbulo, ignorando até se ele é um humilde e insignificante preambulinho encolhido no canto do seu textículo.


Isto posto, voltamos à questão preambular que tratava sobre a lástima de não podermos ter tudo o que queremos. Por exemplo: minha mãe sempre dizia que meu avô fazia todas as suas vontades. Minha mãe foi uma garota mimada mas não tinha tudo, tudo mesmo. Uma coisa ela pedia sempre, implorava ao seu pai mas não havia jeito de ele lhe dar, embora tivesse dinheiro para isso. Não havia chantagem emocional que funcionasse nem lágrimas que bastassem.

Quando mocinha ela queria muito, mas muito muito ter uma bicicleta. Uma simples e prosaica bicicleta, coisa quem nunca foi tão cara, suponho, mas seu pai indeferia o pedido intransigentemente. Motivo? Esse aí da foto.

Não entendeu? Eu explico, tolinho.

Meu avô acreditava que andar de bicicleta era um perigo! Ativava as "partes íntimas" da mulher e isso poderia transformar uma moça recatada e tranquila em uma jovem fogosa e indomável.

Sabe como é: o movimento do... do "coisinha" feminino suavemente (ou não!) sobre o selim (assento) da bicicleta seria inevitável durante as pedaladas e só Deus saberia dizer o efeito disso sobre a personalidade de sua filha. Sim, sua caríssima filha educada em colégio de freiras! Anos e anos de educação rigorosa poderiam ser jogados ralo abaixo considerando que qualquer estímulo, mesmo no dedão do pé, é levado rapidamente para o cérebro por nervos fofoqueiros.

O corpo humano não passa de uma vila de Maricotas... Todo mundo sabe do que se passa mesmo nos cômodos mais reclusos do nosso corpo. Ninguém segura a informação, vou te contar!

Talvez isso explique a superpopulação nos países (e bairros) subdesenvolvidos, que é onde mais utilisam a bicicleta como meio de transporte. Já pensou nisso?

Talvez isso explique a frigidez dessas empresárias que só andam de carro e com uma pasta no colo. O dia inteio sem ninguém ativar o... "coisinha" delas!

É o que sempre digo: esses estudiosos deveriam sair de seus laboratórios assépticos e ter mais contato com o dia-a-dia. No barzinhos, nas bicicletas, nos seminários ("semin-nários"... muito sugestivo!) e atrás dos muros dos cemitérios é onde encontramos as respostas para as grandes questões da nossa sociedade.

Minha contribuição de hoje está dada. Não precisam me agradecer.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Reflexão para hoje


quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Eu queria tanto...


Nos primórdios, quando ainda não havia câmeras digitais...

Por bastante tempo significava um luxo distante para mim. Não dava para comprar e pronto, mas dava pra sonhar. Eram tantas as prioridades que ela foi ficando ali atrás da fila. Depois de bastante tempo (e põe tempo nisso!) finalmente chegou o momento em que pude me animar a pelo menos começar a fazer consulta de preços sem parecer muito pretensiosa.

Fiquei tão feliz ante a expectative de ter a minha tão amada, querida, sonhada e desejada Polaroid (e não me diga que não sabe o que é!) que comecei a espalhar pra todo mundo que eu ia comprar uma. Achei que todo mundo ia morrer de inveja.

Ainda não tinha a grana na mão mas pelas contas daria para comprar a prestação. Ah que legal, que charme! Já tinha visto em tantos filmes os casais eternizarem momentos roubados assim, clique-sem-esperar, um susto, um beijo, um tchau numa Polaroid. A foto saindo segundos depois, revelando-se magicamente diante dos olhos quase infantis dos espectadores. Assim como um pequeno milagre, como se ninguém soubesse que aquilo era perfeitamente possível, que não havia nada de mais, mistério algum.

Adoro essas coisas que a gente sabe que são possíveis, que acontecem todo dia mas nos maravilhamos com elas sempre e sempre. As fotos de Polaroid eram assim, mágicas como fogos de artificios fazendo "surpresa". Só que, ao contrário dos fogos, elas diziam: "agora que vim ao mundo vou ficar com você para sempre!"

Por quê eu não haveria de ter a minha? Pois teria e iria exibi-la orgulhosamente para o mundo, não importasse o preço dela nem do filme.

Quando finalmente meu sonho estava prestes a se concretizar, todos para os quais eu contava da minha intenção franziam a testa.

- Gente, vou comprar... uma Polaroid! Não é o máximo?!!!
- Credo, pra quê você quer uma?
- Ué, pra tirar foto! Um charme! Revela na hora. É divertido, diferente.
- Pelo amor de Deus, qualquer máquina comum revela praticamente na hora hoje em dia!
- "Praticamente" não é "na hora". Não é o mesmo prazer.
- Tudo bem, o dinheiro é seu. Mas até pra comprar vai ser difícil. Faz tempo que não encontro dessas máquinas em loja nenhuma.
- Eu sei que ainda vendem! Acho que já vi por aí.
- Claro que ainda vendem. Mas daqui a pouco é peça de museu.
- Sonhei a vida toda em ter uma Polaroid!
- Dê uma passeada pelas lojas que você muda rapidinho de sonho. Existem coisas muito mais modernas e interessantes. Esse treco não vale a pena. Vai por mim!
- Pois eu vou comprar. O dinheiro é meu! Todo sonho vale a pena. E aposto que todo mundo vai querer ser fotografado por ela. Vai ser chique e divertido.
- Então tá, você que sabe. Depois não diz que eu não avisei.

Não comprei.

Fiquei sabendo recentemente que ainda fabricam dessas lindinhas em algum lugar da galáxia, mas vão parar já-já com isso (até o final de 2009). Só sei dizer que em meu coração ficou um vazio do tamanho de uma linda Polaroid com todo aquele clima dos romances anos 70.

Puxa... Justamente agora que eu tinha dinheiro pra comprar...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Gota d’água - Marcos Quinan



"Seja qual for o caminho
Onde esteja meu valor
Sou água bem pequenina
Nascida de uma flor..."

(Leia o poema completo no blog Abaribó)

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Rastafarismo. Meu blog também é cultura, viu!




Eu pensava (na minha ignorância) que o Rastafarismo fosse um movimento musical, tipo Bossa Nova. Nada disso: ele é uma religião! Embora seja verdade que esta religião se popularizou bastante com o reggae. Ponto pra eles! Imagina se fosse com o tecnobrega ou desgraça semelhante?

A palavra rastáfari significa: Príncipe ("ras", em aramaico) + Tafari (título do imperador "divino" na infância).

E o que pregava esta religião? O retorno dos negros ao continente de seus antepassados. Não sei se algum de fato retornou à Àfrica mas tem um monte de música por aí falando sobre a Mãe África.

Jah (Deus) teria lhes apontado a terra prometida e um tipo de representante, que era o imperador da Etiópia.

O movimento surgiu na Jamaica entre a classe trabalhadora e camponeses negros em meados dos anos 20, iniciado por uma interpretação da profecia bíblica em parte baseada pelo status de Selassiê como o único monarca africano de um país totalmente independente e seus títulos de Rei dos Reis, Senhor dos Senhores e Leão Conquistador da Tribo de Judah, que foram dados pela Igreja Ortodoxa Etíope.

Vamos ver se dá pra entender melhor na explicação de outra fonte:

Hailê Selassiê I, Imperador da Etiópia em 2 de novembro de 1930, seria a encarnação do chamado Jah (Deus) na Terra e o Messias Negro que irá liderar os povos de origem africana a uma terra prometida de emancipação e justiça divina. Porém algumas correntes rastafáris não acreditam nisso literalmente.

Caramba, repete aí: quem foi Hailê Selassiê mesmo?????





Não sei a quantas anda essa crença hoje em dia... Já o uso da maconha como "sacramento" é uma parte que todos temos conhecimento de que vai de vento em pôpa, adquirindo adeptos fervorosos aos milhares.



Ou seja: relacionar um rastafári imediatamente como maconheiro não é preconceito. Chamá-lo reverentemente assim não é xingamento. Seria o equivalente a elevá-lo a condição de "beato" ou "devoto" dentro do catolicismo.



É como já dizia o sábio da montanha: Cada qual com o seu cada qual...



sábado, 5 de setembro de 2009

A curiosa mente infantil


CLIQUE PARA VER AMPLIADA

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Chão de Giz - Mistério desvendado


Lembram daquela minha postagem a respeito da música Chão de Giz ("Chão de Giz e outros mistérios")? Se não lembram está na hora de reler.

Pois é, uma simpática leitora chamada Amanda deixou um comentário em minha postagem que adorei. Tanto gostei que estou transformando seu comentário em uma nova postagem para que todo mundo entenda finalmente a letra da música. Olhem só o que ela escreveu:

"Olá, tudo bem?
Não sou letrada, mas também tinha curiosidade de entender melhor "Chão de Giz", ela também me emociona, achei em um site a interpretação, achei fantástico... agora gosto muito mais da música...


O Zé teve, em sua juventude, um caso duradouro com uma mulher casada, bem mais velha, da alta sociedade de João Pessoa, na Paraíba. Ambos se conheceram num Carnaval.
Ele se apaixonou perdidamente por esta mulher, só que ela era casada com uma pessoa influente da sociedade, e nunca iria largar toda aquela vida por um "garoto pé rapado" que ela apenas "usava" para transar gostoso. Assim, o caso, que tomava proporções grandes, foi terminado. o Zé ficou arrasado por meses, e chegou a mudar de bairro, pois morava próximo a ela. E, nesse período de sofrimento, compôs a canção. Conhecendo a história, você consegue perceber a explicação para cada frase da música, que passo a transcrever:

"Eu desço dessa solidão, espalho coisas sobre um chão de giz"
Um de seus hábitos, no sofrimento, era espalhar pelo chão todas as coisas que lembravam o caso dos dois. O chão de giz também indica a fugacidade do relacionamento, facilmente apagável (mas não para ele...)

"Há meros devaneios tolos a me torturar"

Devaneios, viagens, a lembrança dela a torturá-lo.

"Fotografias recortadas de jornais de folhas... amiúde"

Outro hábito seu era recortar e admirar TODAS as fotos dela que saiam nos jornais - lembre-se, ela era da alta sociedade, sempre estava nas colunas sociais. Amiúde (repetidas vezes)

"Eu vou te jogar num pano de guardar confetes"

Pano de guardar confetes são aqueles balaios ou sacos típico das costureiras do nordeste, onde elas jogam restos de pano, papel, etc. Aqui, ele diz que vai jogar as fotos dela fora num pano de guardar confetes, para não mais ficar olhando-as.

"Disparo balas de canhão, é inútil pois existe um grão vizir"

Ele tenta ficar com ela de todas as formas, mas é inútil pois ela é casada com o tal figurão rico (o Grão Vizir)

"Há tantas violetas velhas sem um colibri"
Aqui ele pega pesado com ela... há tantas violetas velhas (como ela, bela, mas velha) sem um colibri (jovem pássaro que a admire). Aqui ele tenta novamente convencê-la simbolicamente, destacando a sorte dela - violeta velha - poder ter um colibri, e rejeitá-lo.

" Queria usar quem sabe uma camisa de força ou de Vênus"
Bem, aqui é a clara dualidade do sentimento dele. Ao mesmo tempo em que quer usar uma camisa de força, para manter-se distante dela e não sofrer mais, queria também usar uma camisa de Vênus, para transar com ela.

"Mas não vão gozar de nós apenas um cigarro"

Novamente ele invoca a fugacidade do amor dela por ele, que o queria apenas para "gozar o tempo de um cigarro". Percebe-se o tempo todo que ele sente por ela profundo amor e tesão, enquanto é correspondido apenas com o tesão, com o gozo que dura o tempo de se fumar um cigarro (também representativo como o sexo, pois é hábito se fumar um cigarro após o mesmo).

"Nem vou lhe beijar gastando assim o meu batom"

Para que beijá-la, "gastando o seu batom" (o seu amor), se ela quer apenas o sexo?

"Agora pego um caminhão, na lona vou a nocaute outra vez"

Novamente ele resolve ir embora, após constatar que é inútil tentar. Mas, apaixonado como está, vai novamente "à lona" - expressão que significa ir a nocaute no boxe, mas que também significa a lona do caminhão com o qual ele foi embora - lembre-se que ele teve que se mudar de sua residência para "fugir" desse amor doentio

"Pra sempre fui acorrentado no seu calcanhar" Auto-explicativo, né?! Esse amor que, para sempre, irá acorrentá-lo, amor inesquecível.

"Meus vinte anos de boy, "that's over, baby" , Freud explica"

Ele era bem mais novo que ela. Ele era um boy, ela era uma dama da sociedade. Freud explica um amor desse (complexo de Édipo, talvez?). Em todo caso, "that´s over, baby", ou seja, está tudo acabado.

"Não vou me sujar fumando apenas um cigarro"

Ele não vai se sujar transando apenas mais uma vez com ela, sabendo que nunca passará disso

"Quanto ao pano dos confetes já passou meu carnaval"

Lembrem-se, eles se conheceram num carnaval. Voltando a falar das fotos dela, que ele iria jogar num pano de guardar confetes, ele consolida o fim, dizendo que agora já passou seu carnaval, ou seja, terminou, passou o momento.

"E isso explica porque o sexo é assunto popular"

Aqui ele faz um arremate do que parece ter sido apenas o que restou do amor dele por ela (ou dela por ele): sexo. Por isso o sexo é tão popular, pois só ele é valorizado - uma constatação amarga para ele, nesse caso.
Há quem veja também aqui uma referência do sexo a ela através do termo "popular", que se referiria ao jornal (populares), e ela sempre estava nos jornais, ele sempre a via neles.

"No mais estou indo embora"

Bem, aqui é o fechamento. Após sofrer tanto e depois desabafar, dizendo tudo que pensa a ela na canção, só resta-lhe ir embora.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Escrever pra você

Poucas coisas são mais inúteis na face da terra do que escrever pra você. Quem é você mesmo?

Você é uma pessoa que as vezes vem aqui e não demora muito. Concorda ou discorda com o que lê rapida e frouxamente. Por quê? Porque sim!

Tudo em suma é "porque sim". E hoje estou assim porque sim e não adianta olhar sol nem flor nem bichinho gracioso. E nem adianta escrever textos depressivos ou chocantes. Você continuará aí do outro lado da tela sem entender porque estou assim e sem gastar muito tempo em considerar meu estado. Porque sim.

Talvez você fique pouco mais de trinta segundos por aqui em um silêncio sepulcral e jamais saberei o que você está pensando nesse ínterim.

Lavo lençóis que sujarão de novo. Faço um bolo que você não provará. Tento melhorar o mundo, mas ele não melhora nunca! Nem eu.

Nem te peço desculpas pelo texto. Não faz diferença. Mesmo quando o texto é bom não faz diferença. Isso é tão inútil quanto uma folha a mais ou a menos numa árvore fincada nos confins da Amazônia.

É uma pena. Tudo é uma pena. Não sei o que fazer para ajeitar esse dia que se desmilingue entre meus dedos...