domingo, 30 de agosto de 2009

Você é Dercy Gonçalves?

Não, não acho que estou atrasada em falar da Dercy só agora.



Não, não vou elogiá-la por ela ter sido pioneira em falar palavrões em público. Não acho bonito falar palavrões ou mostrar na Sapucaí os seios como ela fez ou fazer um monte de coisas malucas que levou a efeito. Não admiro o escracho e não acho que esse seja um modelo de comportamento a ser imitado.



Por outro lado... Quer mesmo saber? Analisada por outro ângulo Dercy foi sim um modelo, uma grande mulher, uma pessoa original, forte, especialíssima e invejável. Posso afirmar sem me contradizer que quem não aprendeu a ser Dercy Gonçalves ainda não aprendeu a viver. E isso não tem nada a ver com palavrões.



Dercy foi uma das pessoas mais instigantes do mundo, para mim. Uma figura que repeli e admirei com toda a sinceridade. Posso aplaudi-la de pé e criticá-la sem ser contraditória. É só explicar que você entende.



Ela se amava de todo o coração. Ela se valorizava. Nunca foi bonita e nunca precisou disso. Fez o que quis, meteu o pé na jaca do jeito que desejou, ignorou solenemente críticas e desafetos. Foi aplaudida e detonada a vida toda. Ignorou as críticas e deliciou-se com os aplausos. Há sabedoria maior do que essa?



Todos somos criticados e aplaudidos. Tem gente que ignora o apoio recebido e passa a vida choramingando as punhaladas que leva. Dercy fez exatamente o contrário. Isso se chama SABER VIVER.



"Cagou e andou" para quem não gostava dela e sempre disse: "Não preciso que ninguém goste de mim; eu me gosto e isso me basta" e todo mundo sabia que não era bravata, mas verdade verdadeira. "Eu falo palavrão mesmo. Não gosta de ouvir? Então vá tomar no..."



Sabe o que acontece com quem se ama? Vive mais e sofre menos. Ela viveu - festivamente - até os cem anos. Ninguém se aproximava dela para choramingar nem puxar assunto chato. O papo era alegria e sacanagem. Se isso é bom ou ruim? Só posso afirmar que essa não é exatamente a minha opção de vida mas era a opção DELA e ELA impôs isso aos outros e não o contrário. Esse é que é o lance! Ela dava as cartas.



Sabe o resultado de quem dá as cartas a respeito da sua própria vida? Sabe o resultado para quem não se deixa manipular pela moral dominante nem pela pressão social difusa e vive do jeito que acha melhor e se junta com os amigos verdadeiros - aqueles que te aceitam como você é e não ficam te criticando nem tentando te modificar? Pois é, sabe o que acontece com esse tipo de gente? Tornam-se pessoas admiradas até a morte, invejadas no melhor sentido do termo. Sabe, o mundo cansa de criticar. Os inimigos por fim admitem que suas vidas faliram e a vida daquela doida, no final das contas, foi mesmo mais divertida.



Sim, a Dercy cujas atitudes no varejo eu não admirava, no atacado eu aplaudia e aplaudo de pé. Porque pessoas como ela, que se amam, se assumem, se impõe perante o mundo, merecem respeito sim senhor.



Não preciso ser escrachada para ser Dercy Gonçalves. A lição que ela nos deixou é muito maior do que isso.

sábado, 29 de agosto de 2009

Viver - faz parte

Uma vida onde não se encontre espaço para fazer o que está sendo simbolizado por essa foto, é uma vida sem sentido.

Curtinha a minha postagem de hoje. Deitar no gramado de um parque em uma manhã ensolarada, com roupas confortáveis, sem hora para chegar, sem compromisso, olhar deslumbrada para tudo é fazer as pazes consigo. Eu preciso. E essa aí sou eu.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

As Bruxas de Eastwick, a Bíblia e eu


Há coisas estranhas no universo.

Tudo bem, não é nada original começar um texto com esse tipo de declaração mas que tal libertar-se de seu espírito crítico pelo menos quando lê o que Eu escrevo?

Certa vez assisti a este filme tolinho: As Bruxas de Eastwick. É tolinho ou não. Em um desses dias que acordei “tipo iluminada” achei que a película poderia não ser assim tão besteirol. Como dependendo da fase da lua eu encontro profundidade até em gilete, então lá vai:

Sinopse do site Adoro Cinema: “Em uma pequena e conservadora cidade da Nova Inglaterra, Alexandra Medford (Cher), Jane Spofford (Susan Sarandon) e Sukie Ridgemont (Michelle Pfeiffer), entediadas com a vida que levam, se reúnem todas as quintas-feiras para tomarem drinques e conversarem sobre vários assuntos. O principal deles é um homem ideal e, sem querer, invocam Daryl Van Horne (Jack Nicholson), um ricaço misterioso e carismático que se muda para a localidade e se envolve com as três, satisfazendo os desejos delas mas criando uma guerra dos sexos com conseqüências inesperadas.”

Segundo Eu: Pra começar, a história era sobre um grupo de amigas com a cabeça cheinha de fantasias. Frequentemente elas se reuniam para bater papo, tomar uns drinks, rir e compartilhar suas idéias. A partir do momento em que esse costume simples se tornou mais freqüente coisas estranhas passaram a acontecer. Elas demoraram muito a perceber que aquele ajuntamento de vontades possuía um poder cósmico. Elas não sabiam que tudo o que desejavam em conjunto acabava por se realizar, quisessem ou não. Era uma coisa sem controle. Custou até conseguirem canalizar aquela força para alguma coisa intencional.

Se bem me lembro a história era essa. Eram bruxas sem saber.

Quando ainda não tinham noção alguma do poder de seus desejos, desejaram inconsequentemente um homem. Queriam que fosse bom de sexo, encharcado de testosterona, que virasse com suas cabeças e exercesse sobre elas o poder de atração capaz de despertar a fúria primal feminina, o não-pensar, aquilo que todas querem e todas morrem de medo. Cê sabe.
Pensaram... riram... saborearam na noite, tomando vinho, aquela fantasia na qual todas estavam de acordo. Tão de acordo que o universo entrou em trabalho de parto. Perigo!

No dia seguinte apareceu na cidade um homem excêntrico, debochado, irritante, deselegante e vulgar. Do tipo impossível de ignorar. Elas o odiaram mas não conseguiram se livrar dele. Repeliram-no e ele ria consciente de que aquilo era um desesperado mecanismo de defesa. Ele dizia que ele era o resultado dos sonhos delas. Elas odiavam ouvir isso. Pra encurtar a história ele possuiu uma por uma em momentos de prazer delirante.

E a Bíblia com isso? Pois é. Ponho-me a pensar se o texto bíblico que citarei em seguida tem a ver com toda essa confusão hollywodiana. Fico a pensar se uma frase bíblica registrada há milênios esconde uma verdade que judeus e cristãos ignoraram e continuam solenemente a ignorar. Fico ainda a pensar se estou dando corda demais para a minha imaginação ou se eu estaria entrando precocemente naquele estado temido e indesejável chamado “senilidade”.

Se é, já foi. Ninguém me deterá.

Será que as pessoas que estudam a Bíblia realmente entendem e conhecem a Bíblia?
Onde quero chegar? Bem: a Bíblia condena a feitiçaria e igualmente condena a cobiça. Nenhuma novidade. O lance curioso fica por conta da frase usada : “... “porque a cobiça é igual ao pecado da feitiçaria e o porfiar é como o culto a demônios.” (ou evocar forças proibidas, ocultas, digamos assim).

O que é cobiçar? Nada mais é do que desejar ardentemente, com força. É querer com as entranhas, com o fígado e rim. Cobiçar é emitir energia, talvez mexer com alguma coisa misteriosa do universo. Está escrito. Atentai para isto, infiéis!

Será que isso quer dizer o que eu estou pensando que isso quer dizer?

Sempre fui uma pessoa de desejos fortes, até exagerados. Tenho mania de querer demais, de desenhar e construir cada detalhe do que quero, atribuir-lhe imagem detalhada, cheiro, sons, cenário completo, emoções ao redor, platéia, clima, tempo, todo um mundo paralelo e completamente detalhado. De fato tenho um mundo virtual sofisticado e ele tem força e sangue. Só falta criar um sistema eficiente de Imposto de Renda hehehe (piadinha infame...).

Meus desejos têm corpo e são fortes. Quando quero algo esse algo passa a existir em algum lugar. Eu dou à luz, entende? E passo o resto da vida tentando me conectar com aquilo que já existe. Nem sei se fantasio ou imagino. Minhas fantasias mais se parecem com tentativas de contato.

Claro que isso é mais uma esquisitice minha. Como pega mal dizer coisas do tipo, arquive esse texto na categoria “Contos”.

Continuando:

Os pensamentos e fantasias tomam forma em minha cabeça a ponto de (penso agora) assemelharem-se a algum tipo de evocação. É sem querer, eu juro! Mas sempre foi assim e todas as minhas células fazem parte desse “ritual de desejar”, que inclui visualizar, formular, trazer à existência, emitir energia, puxar energia etc. Não sei explicar o eticétera (seria um “gato do além?”).

Só sei de uma coisa: simplesmente acontece. Como no filme. E não estou brincando. Não exatamente com a rapidez daquela historinha mas simplesmente fun-ci-o-na. É só uma questão de tempo.
Tenho um certo pudor de contar as coisas que minha mente – não só a mente, mas algum “algo a mais” plantou no universo e acabou fazendo acontecer. Parece meio louco mas é como se eu tivesse poderes.

Caramba, não me internem!

Não funciona com tudo. Não funciona com sorvetes, sapatos, carro novo. Funciona com coisas mais significativas e envolve horas e horas, dias e dias de concentração e desejo (cobiça? Não, essa palavra é muito feia!) formulação e um minucioso esculpir do que eu quero. Funciona do gestar obsessivo, quase mágico, da mente.

É importante não ser intencional. É para ser natural, tipo conexão com o universo. É um tipo de “oração” mas não é um pedido feito a Deus, sacou? É um pensar no sentido de trazer a coisa à existência e querer com o útero, fixar os olhos no vazio – isso é fundamental – fixar os olhos no vazio, esquecer tudo, sair de tudo, de si mesma enquanto se vive de forma astral aquilo que quer. Tipo fazer amor sem esperar recompensa. Se não vira prostituição. Não entendeu? Deixa pra lá. Concentre-se e faça amor com seu próprio desejo várias vezes, muitas vezes. Vá para o mundo da lua. Tão certo como o dia segue-se à noite, a coisa vai acontecer. Cuidado.

(Cara, esse texto está esquisito... Será que vou ter que passar o resto da vida me explicando?)

É uma espécie de poder. Mas não sei se é exatamente isso que a Bíblia condena. Não sei se tem a ver. Se é isso o que ela condena, tem a ver com o filme: nossos desejos podem ser loucos e assustadores quando os tiramos do outro plano e os trazemos para essa vida. Mente é mente. O mundo da mente suporta o caos. Não se deve tentar trazer o caos da mente para cá. Entendeu ou estou falando igual ao Paulo Coelho?

O Criador queria nos livrar de nós mesmos. Tomara que eu não tenha feito nada de errado. Se fiz foi sem querer porque só saquei agora. De qualquer modo aqui por essas paragens só tem pintado uns lances do bem (Eu acho...Hi!...).

Quem sabe o mundo esteja do jeito que está por causa dos “bruxos desejadores” que trouxeram coisas estranhas para cá? Pensemos nisso – mas não muito, porque pode dar merda.

Só sei que sou uma desejante compulsiva. Ainda não consegui controlar minha mente. Lanço meus olhos sobre o Nada Aparente e as coisas simplesmente acontecem! Tem culpa eu?

(Pensando bem... arquive isso aqui na categoria “Comédia” e livre a minha cara.)

domingo, 23 de agosto de 2009

É por essas e por outras



Meu Deeeeeus do céu! Ô raça. Se não tem tempo deveriam plantar bananeira, passar um desenho animado, oferecer uma música aos telespectadores. Agora chamar um convidado e fingir que o estão entrevistando, aí é brabo.

Não aguento mais. É sempre a mesma coisa. Escolhem um tema instigante do interesse dos telespectadores, convidam uma pessoa conhecedora desse tema, anunciam, recebem entre sorrisos, falam da importância do tema eticéteraetal, crivam o entrevistado de pergunta e não o deixam responder a nenhuma. Interrompem TODAS.

Caramba, dá até agonia! Dia desses convidaram uma nutricionista para falar sobre o valor dos grãos em nossa alimentação. Ela mal conseguia explicar o nome daquelas sementes. A pobre mulher pegava uma semente de girassol e quando ia abrir a boca a entrevistadora lhe cortava o barato. Então a entrevistadora perguntava o que era o gergelim. A pobre alma formulava uma resposta mas na metade da frase levava nova tesourada.

É por essas e por outras que não aguento ver televisão. Fico tensa! Eu já estava roendo as unhas! Pior que filme de suspense.

Faustão faz o mesmo: é o show man. Ele pergunta e ele responde, faz tudo sozinho e ai de quem o interromper. O entrevistado é apenas um adereço.

Nem vou falar do Raul Gil, que é um poço de antipatia e mau humor, sem falar em sua feiúra sem par (tá, tá, ele não tem culpa) nem da voz horrível. Mas ele tem culpa sim de só falar gritando. Quer dizer: ele simplesmente não fala, só grita. Como aquele coiso ainda não foi defenestrado da televisão brasileira?

E o Sílvio Santos?

Esses dias ele estava elogiando o "dog" de uma garotinha. Disse que o animal era lindo e tal e tal. Não sabia se era macho ou fêmea então perguntou para a garota: "mas é homem ou mulher?"

Agora eu pergunto: dá pra aguentar?

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Manual da mulher separada

(Um texto de Danuza Leão - revista Claudia on line)

Uma mulher tem muitas vidas e alguns maridos. A primeira separação é sempre muito triste; aliás, todas são. Costumam ser de três tipos: ou porque não deu – e se sofre muito; ou porque ele a largou por outra – e se sofre muito; ou porque você o largou por outro – e aí também se sofre muito.

A lição que recebi na vida foi: seja independente para nunca precisar financeiramente de marido – nem de ninguém – e para poder dizer não a hora que quiser, a quem quiser. Grande lição, e cumprida à risca.

E você? Passou uns dois anos sem saber se devia ou não se separar. Afinal, não tinha razão grave para tomar essa decisão, mas, de uns tempos para cá, o casamento andava sem graça e estava claro que não era feliz. Sabia que tinha que enfrentar a família, os filhos e o próprio, que ia levar o maior susto. Tinha chegado a hora, e no dia em que ele saiu de casa pensou: “Ufa!” A primeira providência que tomou foi mudar o segredo da fechadura: ex-maridos saem de casa, mas voltam e enfiam a chave na porta (para ver as crianças). Agora é uma mulher livre. Ainda vai enfrentar chantagens e baixarias quando chegar o capítulo separação dos bens, que inclui da tesourinha ao DVD, da cartela de Lexotan aos discos, essas coisas. Ele é capaz de querer dividir até o faqueiro e a louça – afinal, vai ter que montar casa e foi você quem quis se separar. Deixe. Deixe levar o que bem entender para evitar a discussão que ele tanto quer. Deixe pensando na delícia que vai ser morar sem nada e comprar tudo novo aos pouquinhos.

A próxima providência é trocar a cama. A nova deve ser menor, mas não tão pequena que não caibam dois, você e o futuro namorado. Quando o amor é novo, a gente gosta de dormir juntinho. Por isso, 1,20 metro de largura é suficiente. Encoste a nova cama na parede, como se fosse um sofá. Quando seu ex vier buscar as crianças para o fim de semana e subir – eles sobem sempre –, vai achar que uma cama menor significa que você encerrou sua vida sexual; mal sabe ele. Eles saem, e você se vê, depois de anos, inteiramente só. E, por mais que ame os filhos, nada melhor do que às vezes passar um fim de semana sem eles.

O que faz uma mulher nessa hora? Uma vodca, claro. Espichada no sofá da sala, você se lembra de tudo pelo que passou para esse momento chegar e poder tomar quantas vodcas quiser, de calcinha e sutiã, ouvindo um CD. Com ele não podia fazer isso, claro.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Sem um braço

Fica aqui meu pequeno e choramingado protesto por terem tirado do ar o queridíssimo e utilíssimo site MP3TUBE. Era ele que me ajudava. Era ele que me salvava. Era ele que complementava vários dos meus posts. Era ainda ele quem dava o tom do momento ao meu blog, mostrando o estado de espírito do momento.

Não sei se foi falta de verba ou falta do quê. Se eu puder ajudar farei o possível pelo seu retorno desde que isso não implique em despesas de minha parte, claro.

Se alguém conhece um outro site que me ofereça os mesmo serviços, dê a dica por favor. Tô assim meio órfã.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O disco voador do Raul Seixas



Eu não me sento no trono de um apartamento com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar. Seria esse o pior dos desperdícios.



Sabe por quê? Porque longe das cercas embandeiradas que separam quintais (e quantas cercas, quantos muros, quantos quintais e imensos pastos meu Deus!) no cume calmo do meu olho que vê assenta a sombra sonora de um disco voador.



... e o disco voador é imenso e desafiador, terrivelmente inquietante, de fazer a gente perder o sono. Ele plaina e pisca em silêncio absoluto ali, bem ali, além das cercas embandeiradas.



Há cercas e varais embandeirados de roupas perfumadas de sabão em pó. Cem vezes, cem vezes lavadas, cem vezes retorcidas e penduradas. Ainda que sacudam ao vendo sob um céu impressionante e que pareçam que dançar rir, tudo o que têm são os ombors umas das outras em amizades coloridas que não são livres. Debatem-se querendo voar e rirem porque é o que lhes resta.



Livre sou eu, não não estou no varal e posso pular cercas e estuprar cerrados e pastos que não me pertencem. Posso tocar nas luzes dos discos voadores, nas roupas. As vezes penso que posso tocar no céu.



Não sou leve nem danço mas não me sento no trono de um apartamento com a boca escancarada esperando nada por amor a Deus.



Sigo com os olhos nas cores que se desdobram pra mim, vindas de discos e árvores e vestidos úmidos e flores. Todas me fitam e desafiam igualmente mas só o disco me instiga para um outro plano.



Existe um outro plano que eu não conheço e que talvez seja muito estranho. Talvez não existam pastos nem varais.



Atiro-me sobre a imensidão da paisagem cheia de pedras e cercas, carrapichos e desníveis matreiros. Deixo para trás as pobres roupas de ombros sofridos.



Não quero dançar presa no varal nem morrer seca e verde no apartamento porque no cume calmo do meu olho que vê há sempre a sombra sonora de um disco voador.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O que não existe




Todos temos nossas contradições. Dizem que as mulheres as têm em maior número. Pode ser, mas talvez nos homens elas sejam mais arraigadas. Tenho pra mim que a pior delas é o desejar ardentemente que a mulher seja bem resolvida antes de fisgada e carente depois.



Claro que os machos gritarão que isso não é verdade, mas é. Já conversei e convivi com vários homens, o suficiente para observar que nada os afasta mais de uma mulher do que carência e insegurança.



Mulher que faz de tudo para fisgá-los, investem tudo para tê-los como maridos, que querem ser tudo na vida deles e mostram-se sôfregas, nossa! Eles fogem delas como o diabo foge da cruz. Eles têm hor-ror daquelas mulheres que deu um beijinho, gruda. Um buquê de flores, não larga mais do pé. Não podem demonstrar um pingo de afeto e ela pensa que é amor eterno. Uma transa caprichada e ela confunde com amor para sempre. Não, eles preferem aquelas que gostam da companhia deles, apreciam seus gestos mas não fazem disso a razão de suas vidas. Não telefonam. Quando eles telefonam elas não se maravilham com isso, apenas mostram-se simpáticas e receptivas. Eles somem? Elas nem "tchum". Reaparecem? Elas andaram tão ocupadas que não tiveram tempo de esquentar a cabeça com isso e nem sonham em fazer cobrança. É nesse momento que eles percebem que se não correrem atrás, vão perder a gata.



O problema é esse. Quando eles decidem ficar com elas e finalmente a conquistam, querem que elas se transformem em coelhinhas dóceis. Ah queridos, isso não existe.



Agora eles querem que aquela mulher inteligente e acostumada a não correr atrás de ninguém viva em função dele, só saia com ele, só vista o que ele gosta, diga para ele sempre com quem ela está falando ao telefone, não tenha amigos que ele não conheça e por aí vai. Fala sério!



O marmanjo que fugia de mulher insegura e carente agora quer uma gueixa que lhe faça as vontades e que lhe ponha como o centro do seu mundo, que lhe veja como um galã, como a coisa mais gostosa e desejável do universo. Não, você não é, meu filho.



Hoje ela é independente e não te enche o saco? Pois fique sabendo de uma coisa: ela continuará sendo assim pelos séculos dos séculos, com ou sem você, com ou sem filhos. Você a esnoba e some? Ela arruma outro. Você não telefona? Ela entede que você não lhe dá o devido valor e simplesmente deleta você da sua lista.



Casou? Juntou os trapos? Não, ela não vai virar florzinha. Vai continuar a ser a mesma mulher segura de si que fez você virar a cabeça. Gosta de você, curte pra caramba mas não se meta a besta porque a fila anda.



Acusam a gente de querer um prícipe encantado. Não existe? Pois os homens também querem o que não existe: uma mulher bem resolvida mas que uma vez estando com eles, o elevem à uma estatura que só uma mulher muito insegura e carente consegue elevar um homem.



Queridinhos, acordem: isso não existe. Escolham o que vocês querem: uma grudenta que cola e cobra ou uma gata inteligente, gostosa e poderosa. Seja o que for, ela vai continuar sendo o que é mesmo depois do depois.



Vai encarar?



sábado, 15 de agosto de 2009

Ouro de tolo - Raul Seixas




Eu devia estar contente
Por que eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros por mes
Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso na vida como artista
Eu devia estar feliz
Por que eu consegui
Comprar um corcel 73

Eu devia estar alegre e satisfeito
Por morar em Ipanema
Depois de ter passado fome por dois anos
Aqui na cidade maravilhosa
Ah ! Eu devia estar sozinho e orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isto uma grande piada
E um tanto quanto perigosa

Eu devia estar contente
Por ter conseguido tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado que eu estou decepcionado
Por que foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto: e dai?
Eu tenho uma porção de coisas grandes pra conquistar
E eu nao posso ficar aí parado.

Eu devia estar feliz
Pelo Senhor ter me concedido o domingo
Pra ir com a família no Jardim zoológico
Dar pipoca aos macacos
Ah ! Mas que sujeito chato sou eu
Que nao acha nada engraçado
Macaco, praia, carro, jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco

É voce olhar no espelho
E se sentir um grandecíssimo idiota
Saber que é humano, ridículo, limitado
E que só usa dez por cento de sua cabeca animal
E você ainda acredita que é um doutor
Padre ou policial
Que está contribuindo com sua parte
Para o nosso belo quadro social

Eu é que não me sento no trono de um apartamento
Com a boca escancarada cheia de dentes
Esperando a morte chegar
Porque longe das cercas embandeiradas que separam quintais
No cume calmo do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora de um disco voador...

Frase do dia

"Um pouco de desprezo economiza bastante ódio." Julles Reward

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Achei! (Ou não?)

Finalmente encontrei ó sofá dos meus sonhos. Algo assim mais próximo do que julgo ser digno de mim, entende?



Olhe que chique! Ele levanta a moral de qualquer pessoa, mesmo tendo passado o dia inteiro em um engarrafamento ou em uma fila de supermercado. É só chegar em casa e deixar-se abandonar sobre ele e tudo se fará novo em folha. Um certo ar imperial vai tomando conta das idéias, uns inconfessáveis sentimentos de grandeza... e o circo está armado! Mas ninguém está vendo, então está valendo!



Claro que algumas adaptações precisam ser feitas em casa para combinar com a peça. Primeiramente é necessário que eu adquira um certo ar blasé. Porque elegancia não combina com deslumbramento, você sabe. Depois do ar - e do espírito irritantemente blasé, vou precisar urgentemente de:



1- Um peignoir de crepe, longo, claro e caro. De preferência a arrastar-se pelo chão.

2 - Não tem graça andar de pegnoir se eu não tiver a pantufinha correta. Ninguém há de discordar, obviamente.

3- Almofadas forradas de cetim para descansar meus pezinhos recém hidratados.

4- Uma educadíssima empregada doméstica que me sirva chazinho em xícara de porcelana acompanhada de biscoitinhos caseiros de castanhas do Pará ou rosquinhas de polvilho.

5- Um espelho enooorme, de cristal. De chão. Com moldura dourada.

6- Cortinas esvoaçantes.

7- Um violinista. Não precisa ser cego.

8 - Rosas frescas em jarras de cristal sobre a mesa.

9- Incenso. Não comprado em supremercado, mas feito sob encomenda para mim, exclusivamente - receita secreta. Entregue em casa todas as semanas em um relicário por um funcionário oriental vestido de branco.

10 - Alguém, em algum lugar, me perguntando se eu quero mais alguma coisa.



Hum... Depois disso tudo, pensando bem... acho que está na hora de trocar esse sofá. Vocês não acham que ele ficou humilde demais para o meu ambiente?

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Não sou curiosa




Ah as maravilhas da vida moderna! São tantas que umas nos dão até medo. Acabei de ler um anúncio que mexeu com minha imaginação. E todos vocês sabem que minha imaginação não precisa de muito incentivo para criar esquisitices. Era uma propaganda "almofada giratória digital" (vixi!) na caixa de mensagens do meu e-mail. Spam, claro.



"Almofada giratória digital"...



Por precaução não abri a mensagem. Poderia ser vírus. Claro! Uma excentricidade dessa simplesmente não existe. É para mexer com a nossa curiosidade. O navegador incauto pergunta-se como pode alguém viver da venda de algo tão inusidado. Depois põe-se a pensar que tipo de gracinhas ou mimos uma "almofada giratória digital" poderia lhe proporcionar. Seria realmente fofa? Inflável? Grande? Pequena? Quadrada ou... insinuantemente cilíndrica? Hmmm...


O ser humano é curioso por natureza. Se não fosse não teríamos chegado até onde chegamos como raça humana: ao caos.


Voltando à vibratória - quer dizer - à almofada: é nesse momento, em que a mente está a fervilhar de perguntas sem respostas e imagens interrogantes, sim, nesse momento em que o mouse vai quase sozinho em seu impulsus clicandis que as coisas acontecem. Se o mouse não for severamente contido, dará no que já sabemos: abre-se a mensagem e pularão em nossa tela janelas e mais janelas desautorizadas que não se fecharão jamais, infernizarão nossas existências até então (quase) pacatas, roubarão nossas senhas do banco e nos renderão noites de angustiosa insônia. Eu jamais cairia nessa!



Sim, poderia ser um malicioso vírus. Tenho quase certeza faltando um tantinho para ser absoluta. É vírus! ... ou não.


E se fosse sacanagem? Gente! Seria a palavra "almofada" um eufemismo mas na verdade a engenhoca é para (fala baixo) ... sentar em cima? O "giratória" não lhe sugere que você apenas não terá trabalho? E o "digital" parece insinuar que tudo é ao gosto do freguês e que nem precisarei - precisaremos - ou melhor: precisarás de manual de instruções. Ora ora...


Não nao nao! Se está escrito almofada é porque é almofada. (Mas que é giratória é!) E para quê girar se não fosse para eu - quer dizer: você sentar em cima?



Claro que não vou tirar a dúvida porque não sou curiosa e NÃO VOU arriscar a saúde do meu lindo notebook por causa de um anúncio suspeito vindo não-sei-de-onde.



Pensando beeeeem, também posso considerar a hipótese de que a coisa não seja tão dramática assim. Obviamente existe a possobilidade de que tudo se trate de brincadeira de alguma amiga espirituosa. Nesse caso o gracejo culminaria com alguma imagem engraçada, uma frase de gozação com a minha cara e só. Nada de vírus apocalíptico porque afinal de contas amigos não fazem essas coisas feias. Quer dizer: fazem, mas é sempre sem querer.


Por outro lado (ficou estranho...) essa almofada amiga pode ser uma simpática indicação de uma pessoa giratória. Quer dizer, essa almofada giratória pode ser indicação de alguma pessoa amiga, apenas isso. O que não deixa de ser estranho também. Por quê me mandariam isso? Por que cargas d'água alguém acharia que eu poderia estar a precisar de uma engenhoca dessas? Como descob - deixa pra lá.


Pra ver o remetente eu teria que abrir o e-mail, ver tudinho... e como vocês sabem já está tudo na minha lixeira. Não tô nem aí porque decididamente não sou uma pessoa curiosa.



Mesmo sem ser curiosa não me furto de pensar na aparência desse invento. Imaginem se eu usaria em minha sala uma coisa dessas! Deve ser brega até a morte, claro. Claro... Mas claaaaro que não foi feita para usar na sala, mas no quarto. Quem compraria uma almofada giratória digital para colocar na sala? Hmmm...



Quando eu for à sua casa posso usar seu computador para lhe mostrar a tal propaganda das almofadas giratórias digitais? Não que me interesse! Decididamente não sou curiosa mas pode ser que você seja.






domingo, 9 de agosto de 2009

Carta à uma amiga - O tiro certo


"Oi amiga!

Eu agora estou bem. Saí de uma gripe muito incômoda. Junto com a gripe vieram uns dias de instenso mal humor. Fazia tempo que eu não me sentia assim mas eu já devia esperar. Sou a autêntica Mulher de Fases.

Continuo dialogando intensamente com meu cérebro. É algo cansativo mas não consigo deixar de fazer.

Na verdade acho que sou uma terceira pessoa no meio de um bate-boca interno e intenso. Elas (as Cristinas) falam, falam, falam... e eu no meio, quase pirando. Alguém tem que botar ordem nesse barraco!

Penso, repenso... Sabe, acho incrível tudo ter chegado onde chegou. Outras vezes acho incrível isso ter acontecido só agora e não antes, muito antes. Acho isso, acho aquilo... Acho que deveria parar de achar e apenas seguir em frente. Na verdade estou seguindo. Escrevi isso há um mês atrás e só estou postando agora (he he he).

Sempre ouvi dizer - e sempre acreditei, exceto agora - que a gente deve pensar muito antes de tomar decisões. Não é bem assim. Hoje, de cabeça virada, noto que pensei tanto, mas tanto! e tudo o que fiz foi atrasar o inevitável. Adiantou? O tanto pensar não me levou a nenhuma revelação especial da vida. Apenas me esgotou emocionalmente e esgotamento não é conclusão.

Isso tudo se parece muito com a prática de tiro. As vezes a gente mira tanto, tanto e acaba errando. É extremamente cansativo mirar e se concentrar para atirar. Quem já fez, sabe. O corpo dói (braços, pernas, costas, mãos...) a mente cansa, a vista embaça. Quando a gente já tem a técnica e já estamos condicionados, o melhor tiro é o instintivo. Os instrutores dizem isso. No tiro rápido quanto mais você mirar, pior. Tem que ser sem pensar. O tiro sai como uma extensão de nós mesmos e o projetil como que sabe onde tem que ir. No fim dá tudo certo. Pensar demais só estraga.

Acho que a vida é mais ou menos assim. As pessoas mais rápidas e "piradas" no final das contas se estressam menos e acabam acertando sem se cansarem tanto nem perderem tanto tempo. As outras são obrigadas a fazer a mesma coisa, só que ficando mais doloridas.

Pra quê passar setecentos e cincoenta e nove anos fazendo equaçõezinhas? Isso é coisa de cérebro doente. Os loucos são mais saudáveis.

Não sei bem onde me encaixo.

Pt. Saudações."

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

"Me adiciona!"


Não é essa intenção, mas essa frase passa assim uma imagem de carência como poucas outras.

"Me liga" fica melhor. Subentende que a pessoa pelo menos acha que o outro acha que vale a pena gastar dinheiro com telefone.


"Vai lá em casa" também é um pedido-convite com auto confiança, de quem sabe (ou pelo menos acha que sabe) que tem amigos e não está no fundo do poço porque falou isso para aluguém de viva voz, geralmete. Geralmente sorrindo, geralmente casualmente como quem tem mil outros lances para cuidar.


"Aparece" ou "vamos combinar algum coisa" também tem um quê de auto suficiência charmosa.


Claro, claro, não é sempre que "me adiciona" faz mal à sua imgem. Depende do programinha ou site de onde saiu o pedido ou a insistência com que é remetido às suas vítimas mas não consigo evitar a imagem de uso-panda-encarcerado-e-sem-visita que me vem à mente quando recebo esses pedidos, que me soam como súplicas.


Esclareço que só soam como súplicas suluçantes quando partem de pessoas com as quais não tenho intimidade. Penso sempre que elas devem estar precisando contabilizar "amigos" e para isso suas vidas naquele momento devem estar semelhantes a um apartamento cheio de vazamento e mobiliado com um único sofá mofado.

Pior mesmo só o "Me adiciona, vai!" Dá vontade de responder: "Faz terapia, vai!" mas não sei como eu seria interpretada. Ou melhor: sei, por isso não digo.
Não digo e também não adiciono. Não por que eu seja algum tipo de espírito de porco. Quem me conhece sabe que sou uma... uma... cidadã. Mas é pelo bem do mala -digo -do cara. Todos pecisamo crescer!
Estou sempre pensando no bem do próximo.


quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Estágios



Por algum motivo gosto de fazer esses testezinhos de revista. Eles agora evoluíram para o computador. Na internet basta fazer clique e no final nem precisamos contar os pontos. Por exemplo, se eu quiser fazer o teste "você é preguiçoso?" posso responder a todas as perguntas e ao final receber já pronta a pontuação mastigadinha: "Você não é preguiçoso! Parabéns!"

Hoje rendi-me ao teste "Você é medíocre?" O site era sobre blogs e para saber se o futuro blogueiro iria construir algo reles, propunha-se a medir o seu nível de mediocridade a partir da criatividade, idéias próprias, apego a tolices, lugares-comuns, abobrinhas e coisa e tal. Como era só ir fazendo clique nos quadradinho resolvi fazer o teste apenas para confirmar o que TODOS NÓS já sabemos à exaustão.

Uma vez confirmado o que TODOS NÓS JÁ SABEMOS À EXAUSTÃO (que eu não sou medíocre) saí satisfeita da página, com o peito tufado e cabeça erguida perante o mundo. O vento soprava cândido sobre meus pensamentos arejando-os... Vento miserável!



Com os pensamentos indevidamente arejados não pude deixar de me deparar com a incômoda desconfiança de que somente uma pessoa de fato medíocre se prestaria para fazer um testezinho de merda em um sitezinho de merda e ainda se sentir contente com essa tal aprovação.



Que pegadinha!

Quequeisso?! Que coisa mais lamentável! Onde nós estamos? Quer dizer que se o teste dissesse que eu sou medíocre eu iria fazer o quê? entrar em parafuso? Beber até cair, pra esquecer? Bater meia noite na casa da minha terapeuta pedindo socorro? Pedir ajuda aos universitários? Alugar meus amigos e torná-los todos meus inimigos, por fim?

Agora que fiz o teste dizendo que não sou medíocre, estou me sentindo a mais medíocre das criaturas. Bonito pra minha cara.


Agora que sou medíocre porque passei no teste da não mediocridade estou pensando seriamente em entrar em parafuso, beber até cair, fazer terapia, e alugar os ouvidos dos amigos - tudo de uma vez.



O primeiro estágio foi o da felicidade. O segundo estágio foi o da depressão.

O terceiro estágio é precisamente esse: repensar tudo de novo, colocar no liquidificador e ver que nada é sério, ora ora!



Pense comigo: na verdade não foi uma armadilha, apenas uma brincadeira que me fez pensar. Pois é, pensei e aqui estou, dividindo com vocês essa experiência transcedental. Anotem. Isso deve ajudar vocês a crescer de alguma forma (nem que seja para os lados...)



Quem pensa, pensa, dá voltas e chega a conclusão que nada vale a pena, que no final tudo foi apenas uma academia para os neurônios que rendeu um pequeno texto, obviamente não tem que se preocupar com ser ou não ser medíocre. Porque não é. Claro! Esse é o quarto e último estágio. Pronto.


Por que terminar afirmando que não sou medíocre? Se não o fosse, estaria preocupada em provar isso a pessoas que nem sei se são ou não são? Se estou tão preocupada - não não estou! (Tá sim...) Não tô! (Tá!)



Ai meu Deus! Acho que esse é o quinto estágio...

domingo, 30 de agosto de 2009

Você é Dercy Gonçalves?

Não, não acho que estou atrasada em falar da Dercy só agora.



Não, não vou elogiá-la por ela ter sido pioneira em falar palavrões em público. Não acho bonito falar palavrões ou mostrar na Sapucaí os seios como ela fez ou fazer um monte de coisas malucas que levou a efeito. Não admiro o escracho e não acho que esse seja um modelo de comportamento a ser imitado.



Por outro lado... Quer mesmo saber? Analisada por outro ângulo Dercy foi sim um modelo, uma grande mulher, uma pessoa original, forte, especialíssima e invejável. Posso afirmar sem me contradizer que quem não aprendeu a ser Dercy Gonçalves ainda não aprendeu a viver. E isso não tem nada a ver com palavrões.



Dercy foi uma das pessoas mais instigantes do mundo, para mim. Uma figura que repeli e admirei com toda a sinceridade. Posso aplaudi-la de pé e criticá-la sem ser contraditória. É só explicar que você entende.



Ela se amava de todo o coração. Ela se valorizava. Nunca foi bonita e nunca precisou disso. Fez o que quis, meteu o pé na jaca do jeito que desejou, ignorou solenemente críticas e desafetos. Foi aplaudida e detonada a vida toda. Ignorou as críticas e deliciou-se com os aplausos. Há sabedoria maior do que essa?



Todos somos criticados e aplaudidos. Tem gente que ignora o apoio recebido e passa a vida choramingando as punhaladas que leva. Dercy fez exatamente o contrário. Isso se chama SABER VIVER.



"Cagou e andou" para quem não gostava dela e sempre disse: "Não preciso que ninguém goste de mim; eu me gosto e isso me basta" e todo mundo sabia que não era bravata, mas verdade verdadeira. "Eu falo palavrão mesmo. Não gosta de ouvir? Então vá tomar no..."



Sabe o que acontece com quem se ama? Vive mais e sofre menos. Ela viveu - festivamente - até os cem anos. Ninguém se aproximava dela para choramingar nem puxar assunto chato. O papo era alegria e sacanagem. Se isso é bom ou ruim? Só posso afirmar que essa não é exatamente a minha opção de vida mas era a opção DELA e ELA impôs isso aos outros e não o contrário. Esse é que é o lance! Ela dava as cartas.



Sabe o resultado de quem dá as cartas a respeito da sua própria vida? Sabe o resultado para quem não se deixa manipular pela moral dominante nem pela pressão social difusa e vive do jeito que acha melhor e se junta com os amigos verdadeiros - aqueles que te aceitam como você é e não ficam te criticando nem tentando te modificar? Pois é, sabe o que acontece com esse tipo de gente? Tornam-se pessoas admiradas até a morte, invejadas no melhor sentido do termo. Sabe, o mundo cansa de criticar. Os inimigos por fim admitem que suas vidas faliram e a vida daquela doida, no final das contas, foi mesmo mais divertida.



Sim, a Dercy cujas atitudes no varejo eu não admirava, no atacado eu aplaudia e aplaudo de pé. Porque pessoas como ela, que se amam, se assumem, se impõe perante o mundo, merecem respeito sim senhor.



Não preciso ser escrachada para ser Dercy Gonçalves. A lição que ela nos deixou é muito maior do que isso.

sábado, 29 de agosto de 2009

Viver - faz parte

Uma vida onde não se encontre espaço para fazer o que está sendo simbolizado por essa foto, é uma vida sem sentido.

Curtinha a minha postagem de hoje. Deitar no gramado de um parque em uma manhã ensolarada, com roupas confortáveis, sem hora para chegar, sem compromisso, olhar deslumbrada para tudo é fazer as pazes consigo. Eu preciso. E essa aí sou eu.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

As Bruxas de Eastwick, a Bíblia e eu


Há coisas estranhas no universo.

Tudo bem, não é nada original começar um texto com esse tipo de declaração mas que tal libertar-se de seu espírito crítico pelo menos quando lê o que Eu escrevo?

Certa vez assisti a este filme tolinho: As Bruxas de Eastwick. É tolinho ou não. Em um desses dias que acordei “tipo iluminada” achei que a película poderia não ser assim tão besteirol. Como dependendo da fase da lua eu encontro profundidade até em gilete, então lá vai:

Sinopse do site Adoro Cinema: “Em uma pequena e conservadora cidade da Nova Inglaterra, Alexandra Medford (Cher), Jane Spofford (Susan Sarandon) e Sukie Ridgemont (Michelle Pfeiffer), entediadas com a vida que levam, se reúnem todas as quintas-feiras para tomarem drinques e conversarem sobre vários assuntos. O principal deles é um homem ideal e, sem querer, invocam Daryl Van Horne (Jack Nicholson), um ricaço misterioso e carismático que se muda para a localidade e se envolve com as três, satisfazendo os desejos delas mas criando uma guerra dos sexos com conseqüências inesperadas.”

Segundo Eu: Pra começar, a história era sobre um grupo de amigas com a cabeça cheinha de fantasias. Frequentemente elas se reuniam para bater papo, tomar uns drinks, rir e compartilhar suas idéias. A partir do momento em que esse costume simples se tornou mais freqüente coisas estranhas passaram a acontecer. Elas demoraram muito a perceber que aquele ajuntamento de vontades possuía um poder cósmico. Elas não sabiam que tudo o que desejavam em conjunto acabava por se realizar, quisessem ou não. Era uma coisa sem controle. Custou até conseguirem canalizar aquela força para alguma coisa intencional.

Se bem me lembro a história era essa. Eram bruxas sem saber.

Quando ainda não tinham noção alguma do poder de seus desejos, desejaram inconsequentemente um homem. Queriam que fosse bom de sexo, encharcado de testosterona, que virasse com suas cabeças e exercesse sobre elas o poder de atração capaz de despertar a fúria primal feminina, o não-pensar, aquilo que todas querem e todas morrem de medo. Cê sabe.
Pensaram... riram... saborearam na noite, tomando vinho, aquela fantasia na qual todas estavam de acordo. Tão de acordo que o universo entrou em trabalho de parto. Perigo!

No dia seguinte apareceu na cidade um homem excêntrico, debochado, irritante, deselegante e vulgar. Do tipo impossível de ignorar. Elas o odiaram mas não conseguiram se livrar dele. Repeliram-no e ele ria consciente de que aquilo era um desesperado mecanismo de defesa. Ele dizia que ele era o resultado dos sonhos delas. Elas odiavam ouvir isso. Pra encurtar a história ele possuiu uma por uma em momentos de prazer delirante.

E a Bíblia com isso? Pois é. Ponho-me a pensar se o texto bíblico que citarei em seguida tem a ver com toda essa confusão hollywodiana. Fico a pensar se uma frase bíblica registrada há milênios esconde uma verdade que judeus e cristãos ignoraram e continuam solenemente a ignorar. Fico ainda a pensar se estou dando corda demais para a minha imaginação ou se eu estaria entrando precocemente naquele estado temido e indesejável chamado “senilidade”.

Se é, já foi. Ninguém me deterá.

Será que as pessoas que estudam a Bíblia realmente entendem e conhecem a Bíblia?
Onde quero chegar? Bem: a Bíblia condena a feitiçaria e igualmente condena a cobiça. Nenhuma novidade. O lance curioso fica por conta da frase usada : “... “porque a cobiça é igual ao pecado da feitiçaria e o porfiar é como o culto a demônios.” (ou evocar forças proibidas, ocultas, digamos assim).

O que é cobiçar? Nada mais é do que desejar ardentemente, com força. É querer com as entranhas, com o fígado e rim. Cobiçar é emitir energia, talvez mexer com alguma coisa misteriosa do universo. Está escrito. Atentai para isto, infiéis!

Será que isso quer dizer o que eu estou pensando que isso quer dizer?

Sempre fui uma pessoa de desejos fortes, até exagerados. Tenho mania de querer demais, de desenhar e construir cada detalhe do que quero, atribuir-lhe imagem detalhada, cheiro, sons, cenário completo, emoções ao redor, platéia, clima, tempo, todo um mundo paralelo e completamente detalhado. De fato tenho um mundo virtual sofisticado e ele tem força e sangue. Só falta criar um sistema eficiente de Imposto de Renda hehehe (piadinha infame...).

Meus desejos têm corpo e são fortes. Quando quero algo esse algo passa a existir em algum lugar. Eu dou à luz, entende? E passo o resto da vida tentando me conectar com aquilo que já existe. Nem sei se fantasio ou imagino. Minhas fantasias mais se parecem com tentativas de contato.

Claro que isso é mais uma esquisitice minha. Como pega mal dizer coisas do tipo, arquive esse texto na categoria “Contos”.

Continuando:

Os pensamentos e fantasias tomam forma em minha cabeça a ponto de (penso agora) assemelharem-se a algum tipo de evocação. É sem querer, eu juro! Mas sempre foi assim e todas as minhas células fazem parte desse “ritual de desejar”, que inclui visualizar, formular, trazer à existência, emitir energia, puxar energia etc. Não sei explicar o eticétera (seria um “gato do além?”).

Só sei de uma coisa: simplesmente acontece. Como no filme. E não estou brincando. Não exatamente com a rapidez daquela historinha mas simplesmente fun-ci-o-na. É só uma questão de tempo.
Tenho um certo pudor de contar as coisas que minha mente – não só a mente, mas algum “algo a mais” plantou no universo e acabou fazendo acontecer. Parece meio louco mas é como se eu tivesse poderes.

Caramba, não me internem!

Não funciona com tudo. Não funciona com sorvetes, sapatos, carro novo. Funciona com coisas mais significativas e envolve horas e horas, dias e dias de concentração e desejo (cobiça? Não, essa palavra é muito feia!) formulação e um minucioso esculpir do que eu quero. Funciona do gestar obsessivo, quase mágico, da mente.

É importante não ser intencional. É para ser natural, tipo conexão com o universo. É um tipo de “oração” mas não é um pedido feito a Deus, sacou? É um pensar no sentido de trazer a coisa à existência e querer com o útero, fixar os olhos no vazio – isso é fundamental – fixar os olhos no vazio, esquecer tudo, sair de tudo, de si mesma enquanto se vive de forma astral aquilo que quer. Tipo fazer amor sem esperar recompensa. Se não vira prostituição. Não entendeu? Deixa pra lá. Concentre-se e faça amor com seu próprio desejo várias vezes, muitas vezes. Vá para o mundo da lua. Tão certo como o dia segue-se à noite, a coisa vai acontecer. Cuidado.

(Cara, esse texto está esquisito... Será que vou ter que passar o resto da vida me explicando?)

É uma espécie de poder. Mas não sei se é exatamente isso que a Bíblia condena. Não sei se tem a ver. Se é isso o que ela condena, tem a ver com o filme: nossos desejos podem ser loucos e assustadores quando os tiramos do outro plano e os trazemos para essa vida. Mente é mente. O mundo da mente suporta o caos. Não se deve tentar trazer o caos da mente para cá. Entendeu ou estou falando igual ao Paulo Coelho?

O Criador queria nos livrar de nós mesmos. Tomara que eu não tenha feito nada de errado. Se fiz foi sem querer porque só saquei agora. De qualquer modo aqui por essas paragens só tem pintado uns lances do bem (Eu acho...Hi!...).

Quem sabe o mundo esteja do jeito que está por causa dos “bruxos desejadores” que trouxeram coisas estranhas para cá? Pensemos nisso – mas não muito, porque pode dar merda.

Só sei que sou uma desejante compulsiva. Ainda não consegui controlar minha mente. Lanço meus olhos sobre o Nada Aparente e as coisas simplesmente acontecem! Tem culpa eu?

(Pensando bem... arquive isso aqui na categoria “Comédia” e livre a minha cara.)

domingo, 23 de agosto de 2009

É por essas e por outras



Meu Deeeeeus do céu! Ô raça. Se não tem tempo deveriam plantar bananeira, passar um desenho animado, oferecer uma música aos telespectadores. Agora chamar um convidado e fingir que o estão entrevistando, aí é brabo.

Não aguento mais. É sempre a mesma coisa. Escolhem um tema instigante do interesse dos telespectadores, convidam uma pessoa conhecedora desse tema, anunciam, recebem entre sorrisos, falam da importância do tema eticéteraetal, crivam o entrevistado de pergunta e não o deixam responder a nenhuma. Interrompem TODAS.

Caramba, dá até agonia! Dia desses convidaram uma nutricionista para falar sobre o valor dos grãos em nossa alimentação. Ela mal conseguia explicar o nome daquelas sementes. A pobre mulher pegava uma semente de girassol e quando ia abrir a boca a entrevistadora lhe cortava o barato. Então a entrevistadora perguntava o que era o gergelim. A pobre alma formulava uma resposta mas na metade da frase levava nova tesourada.

É por essas e por outras que não aguento ver televisão. Fico tensa! Eu já estava roendo as unhas! Pior que filme de suspense.

Faustão faz o mesmo: é o show man. Ele pergunta e ele responde, faz tudo sozinho e ai de quem o interromper. O entrevistado é apenas um adereço.

Nem vou falar do Raul Gil, que é um poço de antipatia e mau humor, sem falar em sua feiúra sem par (tá, tá, ele não tem culpa) nem da voz horrível. Mas ele tem culpa sim de só falar gritando. Quer dizer: ele simplesmente não fala, só grita. Como aquele coiso ainda não foi defenestrado da televisão brasileira?

E o Sílvio Santos?

Esses dias ele estava elogiando o "dog" de uma garotinha. Disse que o animal era lindo e tal e tal. Não sabia se era macho ou fêmea então perguntou para a garota: "mas é homem ou mulher?"

Agora eu pergunto: dá pra aguentar?

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Manual da mulher separada

(Um texto de Danuza Leão - revista Claudia on line)

Uma mulher tem muitas vidas e alguns maridos. A primeira separação é sempre muito triste; aliás, todas são. Costumam ser de três tipos: ou porque não deu – e se sofre muito; ou porque ele a largou por outra – e se sofre muito; ou porque você o largou por outro – e aí também se sofre muito.

A lição que recebi na vida foi: seja independente para nunca precisar financeiramente de marido – nem de ninguém – e para poder dizer não a hora que quiser, a quem quiser. Grande lição, e cumprida à risca.

E você? Passou uns dois anos sem saber se devia ou não se separar. Afinal, não tinha razão grave para tomar essa decisão, mas, de uns tempos para cá, o casamento andava sem graça e estava claro que não era feliz. Sabia que tinha que enfrentar a família, os filhos e o próprio, que ia levar o maior susto. Tinha chegado a hora, e no dia em que ele saiu de casa pensou: “Ufa!” A primeira providência que tomou foi mudar o segredo da fechadura: ex-maridos saem de casa, mas voltam e enfiam a chave na porta (para ver as crianças). Agora é uma mulher livre. Ainda vai enfrentar chantagens e baixarias quando chegar o capítulo separação dos bens, que inclui da tesourinha ao DVD, da cartela de Lexotan aos discos, essas coisas. Ele é capaz de querer dividir até o faqueiro e a louça – afinal, vai ter que montar casa e foi você quem quis se separar. Deixe. Deixe levar o que bem entender para evitar a discussão que ele tanto quer. Deixe pensando na delícia que vai ser morar sem nada e comprar tudo novo aos pouquinhos.

A próxima providência é trocar a cama. A nova deve ser menor, mas não tão pequena que não caibam dois, você e o futuro namorado. Quando o amor é novo, a gente gosta de dormir juntinho. Por isso, 1,20 metro de largura é suficiente. Encoste a nova cama na parede, como se fosse um sofá. Quando seu ex vier buscar as crianças para o fim de semana e subir – eles sobem sempre –, vai achar que uma cama menor significa que você encerrou sua vida sexual; mal sabe ele. Eles saem, e você se vê, depois de anos, inteiramente só. E, por mais que ame os filhos, nada melhor do que às vezes passar um fim de semana sem eles.

O que faz uma mulher nessa hora? Uma vodca, claro. Espichada no sofá da sala, você se lembra de tudo pelo que passou para esse momento chegar e poder tomar quantas vodcas quiser, de calcinha e sutiã, ouvindo um CD. Com ele não podia fazer isso, claro.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Sem um braço

Fica aqui meu pequeno e choramingado protesto por terem tirado do ar o queridíssimo e utilíssimo site MP3TUBE. Era ele que me ajudava. Era ele que me salvava. Era ele que complementava vários dos meus posts. Era ainda ele quem dava o tom do momento ao meu blog, mostrando o estado de espírito do momento.

Não sei se foi falta de verba ou falta do quê. Se eu puder ajudar farei o possível pelo seu retorno desde que isso não implique em despesas de minha parte, claro.

Se alguém conhece um outro site que me ofereça os mesmo serviços, dê a dica por favor. Tô assim meio órfã.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O disco voador do Raul Seixas



Eu não me sento no trono de um apartamento com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar. Seria esse o pior dos desperdícios.



Sabe por quê? Porque longe das cercas embandeiradas que separam quintais (e quantas cercas, quantos muros, quantos quintais e imensos pastos meu Deus!) no cume calmo do meu olho que vê assenta a sombra sonora de um disco voador.



... e o disco voador é imenso e desafiador, terrivelmente inquietante, de fazer a gente perder o sono. Ele plaina e pisca em silêncio absoluto ali, bem ali, além das cercas embandeiradas.



Há cercas e varais embandeirados de roupas perfumadas de sabão em pó. Cem vezes, cem vezes lavadas, cem vezes retorcidas e penduradas. Ainda que sacudam ao vendo sob um céu impressionante e que pareçam que dançar rir, tudo o que têm são os ombors umas das outras em amizades coloridas que não são livres. Debatem-se querendo voar e rirem porque é o que lhes resta.



Livre sou eu, não não estou no varal e posso pular cercas e estuprar cerrados e pastos que não me pertencem. Posso tocar nas luzes dos discos voadores, nas roupas. As vezes penso que posso tocar no céu.



Não sou leve nem danço mas não me sento no trono de um apartamento com a boca escancarada esperando nada por amor a Deus.



Sigo com os olhos nas cores que se desdobram pra mim, vindas de discos e árvores e vestidos úmidos e flores. Todas me fitam e desafiam igualmente mas só o disco me instiga para um outro plano.



Existe um outro plano que eu não conheço e que talvez seja muito estranho. Talvez não existam pastos nem varais.



Atiro-me sobre a imensidão da paisagem cheia de pedras e cercas, carrapichos e desníveis matreiros. Deixo para trás as pobres roupas de ombros sofridos.



Não quero dançar presa no varal nem morrer seca e verde no apartamento porque no cume calmo do meu olho que vê há sempre a sombra sonora de um disco voador.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O que não existe




Todos temos nossas contradições. Dizem que as mulheres as têm em maior número. Pode ser, mas talvez nos homens elas sejam mais arraigadas. Tenho pra mim que a pior delas é o desejar ardentemente que a mulher seja bem resolvida antes de fisgada e carente depois.



Claro que os machos gritarão que isso não é verdade, mas é. Já conversei e convivi com vários homens, o suficiente para observar que nada os afasta mais de uma mulher do que carência e insegurança.



Mulher que faz de tudo para fisgá-los, investem tudo para tê-los como maridos, que querem ser tudo na vida deles e mostram-se sôfregas, nossa! Eles fogem delas como o diabo foge da cruz. Eles têm hor-ror daquelas mulheres que deu um beijinho, gruda. Um buquê de flores, não larga mais do pé. Não podem demonstrar um pingo de afeto e ela pensa que é amor eterno. Uma transa caprichada e ela confunde com amor para sempre. Não, eles preferem aquelas que gostam da companhia deles, apreciam seus gestos mas não fazem disso a razão de suas vidas. Não telefonam. Quando eles telefonam elas não se maravilham com isso, apenas mostram-se simpáticas e receptivas. Eles somem? Elas nem "tchum". Reaparecem? Elas andaram tão ocupadas que não tiveram tempo de esquentar a cabeça com isso e nem sonham em fazer cobrança. É nesse momento que eles percebem que se não correrem atrás, vão perder a gata.



O problema é esse. Quando eles decidem ficar com elas e finalmente a conquistam, querem que elas se transformem em coelhinhas dóceis. Ah queridos, isso não existe.



Agora eles querem que aquela mulher inteligente e acostumada a não correr atrás de ninguém viva em função dele, só saia com ele, só vista o que ele gosta, diga para ele sempre com quem ela está falando ao telefone, não tenha amigos que ele não conheça e por aí vai. Fala sério!



O marmanjo que fugia de mulher insegura e carente agora quer uma gueixa que lhe faça as vontades e que lhe ponha como o centro do seu mundo, que lhe veja como um galã, como a coisa mais gostosa e desejável do universo. Não, você não é, meu filho.



Hoje ela é independente e não te enche o saco? Pois fique sabendo de uma coisa: ela continuará sendo assim pelos séculos dos séculos, com ou sem você, com ou sem filhos. Você a esnoba e some? Ela arruma outro. Você não telefona? Ela entede que você não lhe dá o devido valor e simplesmente deleta você da sua lista.



Casou? Juntou os trapos? Não, ela não vai virar florzinha. Vai continuar a ser a mesma mulher segura de si que fez você virar a cabeça. Gosta de você, curte pra caramba mas não se meta a besta porque a fila anda.



Acusam a gente de querer um prícipe encantado. Não existe? Pois os homens também querem o que não existe: uma mulher bem resolvida mas que uma vez estando com eles, o elevem à uma estatura que só uma mulher muito insegura e carente consegue elevar um homem.



Queridinhos, acordem: isso não existe. Escolham o que vocês querem: uma grudenta que cola e cobra ou uma gata inteligente, gostosa e poderosa. Seja o que for, ela vai continuar sendo o que é mesmo depois do depois.



Vai encarar?



sábado, 15 de agosto de 2009

Ouro de tolo - Raul Seixas




Eu devia estar contente
Por que eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros por mes
Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso na vida como artista
Eu devia estar feliz
Por que eu consegui
Comprar um corcel 73

Eu devia estar alegre e satisfeito
Por morar em Ipanema
Depois de ter passado fome por dois anos
Aqui na cidade maravilhosa
Ah ! Eu devia estar sozinho e orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isto uma grande piada
E um tanto quanto perigosa

Eu devia estar contente
Por ter conseguido tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado que eu estou decepcionado
Por que foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto: e dai?
Eu tenho uma porção de coisas grandes pra conquistar
E eu nao posso ficar aí parado.

Eu devia estar feliz
Pelo Senhor ter me concedido o domingo
Pra ir com a família no Jardim zoológico
Dar pipoca aos macacos
Ah ! Mas que sujeito chato sou eu
Que nao acha nada engraçado
Macaco, praia, carro, jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco

É voce olhar no espelho
E se sentir um grandecíssimo idiota
Saber que é humano, ridículo, limitado
E que só usa dez por cento de sua cabeca animal
E você ainda acredita que é um doutor
Padre ou policial
Que está contribuindo com sua parte
Para o nosso belo quadro social

Eu é que não me sento no trono de um apartamento
Com a boca escancarada cheia de dentes
Esperando a morte chegar
Porque longe das cercas embandeiradas que separam quintais
No cume calmo do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora de um disco voador...

Frase do dia

"Um pouco de desprezo economiza bastante ódio." Julles Reward

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Achei! (Ou não?)

Finalmente encontrei ó sofá dos meus sonhos. Algo assim mais próximo do que julgo ser digno de mim, entende?



Olhe que chique! Ele levanta a moral de qualquer pessoa, mesmo tendo passado o dia inteiro em um engarrafamento ou em uma fila de supermercado. É só chegar em casa e deixar-se abandonar sobre ele e tudo se fará novo em folha. Um certo ar imperial vai tomando conta das idéias, uns inconfessáveis sentimentos de grandeza... e o circo está armado! Mas ninguém está vendo, então está valendo!



Claro que algumas adaptações precisam ser feitas em casa para combinar com a peça. Primeiramente é necessário que eu adquira um certo ar blasé. Porque elegancia não combina com deslumbramento, você sabe. Depois do ar - e do espírito irritantemente blasé, vou precisar urgentemente de:



1- Um peignoir de crepe, longo, claro e caro. De preferência a arrastar-se pelo chão.

2 - Não tem graça andar de pegnoir se eu não tiver a pantufinha correta. Ninguém há de discordar, obviamente.

3- Almofadas forradas de cetim para descansar meus pezinhos recém hidratados.

4- Uma educadíssima empregada doméstica que me sirva chazinho em xícara de porcelana acompanhada de biscoitinhos caseiros de castanhas do Pará ou rosquinhas de polvilho.

5- Um espelho enooorme, de cristal. De chão. Com moldura dourada.

6- Cortinas esvoaçantes.

7- Um violinista. Não precisa ser cego.

8 - Rosas frescas em jarras de cristal sobre a mesa.

9- Incenso. Não comprado em supremercado, mas feito sob encomenda para mim, exclusivamente - receita secreta. Entregue em casa todas as semanas em um relicário por um funcionário oriental vestido de branco.

10 - Alguém, em algum lugar, me perguntando se eu quero mais alguma coisa.



Hum... Depois disso tudo, pensando bem... acho que está na hora de trocar esse sofá. Vocês não acham que ele ficou humilde demais para o meu ambiente?

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Não sou curiosa




Ah as maravilhas da vida moderna! São tantas que umas nos dão até medo. Acabei de ler um anúncio que mexeu com minha imaginação. E todos vocês sabem que minha imaginação não precisa de muito incentivo para criar esquisitices. Era uma propaganda "almofada giratória digital" (vixi!) na caixa de mensagens do meu e-mail. Spam, claro.



"Almofada giratória digital"...



Por precaução não abri a mensagem. Poderia ser vírus. Claro! Uma excentricidade dessa simplesmente não existe. É para mexer com a nossa curiosidade. O navegador incauto pergunta-se como pode alguém viver da venda de algo tão inusidado. Depois põe-se a pensar que tipo de gracinhas ou mimos uma "almofada giratória digital" poderia lhe proporcionar. Seria realmente fofa? Inflável? Grande? Pequena? Quadrada ou... insinuantemente cilíndrica? Hmmm...


O ser humano é curioso por natureza. Se não fosse não teríamos chegado até onde chegamos como raça humana: ao caos.


Voltando à vibratória - quer dizer - à almofada: é nesse momento, em que a mente está a fervilhar de perguntas sem respostas e imagens interrogantes, sim, nesse momento em que o mouse vai quase sozinho em seu impulsus clicandis que as coisas acontecem. Se o mouse não for severamente contido, dará no que já sabemos: abre-se a mensagem e pularão em nossa tela janelas e mais janelas desautorizadas que não se fecharão jamais, infernizarão nossas existências até então (quase) pacatas, roubarão nossas senhas do banco e nos renderão noites de angustiosa insônia. Eu jamais cairia nessa!



Sim, poderia ser um malicioso vírus. Tenho quase certeza faltando um tantinho para ser absoluta. É vírus! ... ou não.


E se fosse sacanagem? Gente! Seria a palavra "almofada" um eufemismo mas na verdade a engenhoca é para (fala baixo) ... sentar em cima? O "giratória" não lhe sugere que você apenas não terá trabalho? E o "digital" parece insinuar que tudo é ao gosto do freguês e que nem precisarei - precisaremos - ou melhor: precisarás de manual de instruções. Ora ora...


Não nao nao! Se está escrito almofada é porque é almofada. (Mas que é giratória é!) E para quê girar se não fosse para eu - quer dizer: você sentar em cima?



Claro que não vou tirar a dúvida porque não sou curiosa e NÃO VOU arriscar a saúde do meu lindo notebook por causa de um anúncio suspeito vindo não-sei-de-onde.



Pensando beeeeem, também posso considerar a hipótese de que a coisa não seja tão dramática assim. Obviamente existe a possobilidade de que tudo se trate de brincadeira de alguma amiga espirituosa. Nesse caso o gracejo culminaria com alguma imagem engraçada, uma frase de gozação com a minha cara e só. Nada de vírus apocalíptico porque afinal de contas amigos não fazem essas coisas feias. Quer dizer: fazem, mas é sempre sem querer.


Por outro lado (ficou estranho...) essa almofada amiga pode ser uma simpática indicação de uma pessoa giratória. Quer dizer, essa almofada giratória pode ser indicação de alguma pessoa amiga, apenas isso. O que não deixa de ser estranho também. Por quê me mandariam isso? Por que cargas d'água alguém acharia que eu poderia estar a precisar de uma engenhoca dessas? Como descob - deixa pra lá.


Pra ver o remetente eu teria que abrir o e-mail, ver tudinho... e como vocês sabem já está tudo na minha lixeira. Não tô nem aí porque decididamente não sou uma pessoa curiosa.



Mesmo sem ser curiosa não me furto de pensar na aparência desse invento. Imaginem se eu usaria em minha sala uma coisa dessas! Deve ser brega até a morte, claro. Claro... Mas claaaaro que não foi feita para usar na sala, mas no quarto. Quem compraria uma almofada giratória digital para colocar na sala? Hmmm...



Quando eu for à sua casa posso usar seu computador para lhe mostrar a tal propaganda das almofadas giratórias digitais? Não que me interesse! Decididamente não sou curiosa mas pode ser que você seja.






domingo, 9 de agosto de 2009

Carta à uma amiga - O tiro certo


"Oi amiga!

Eu agora estou bem. Saí de uma gripe muito incômoda. Junto com a gripe vieram uns dias de instenso mal humor. Fazia tempo que eu não me sentia assim mas eu já devia esperar. Sou a autêntica Mulher de Fases.

Continuo dialogando intensamente com meu cérebro. É algo cansativo mas não consigo deixar de fazer.

Na verdade acho que sou uma terceira pessoa no meio de um bate-boca interno e intenso. Elas (as Cristinas) falam, falam, falam... e eu no meio, quase pirando. Alguém tem que botar ordem nesse barraco!

Penso, repenso... Sabe, acho incrível tudo ter chegado onde chegou. Outras vezes acho incrível isso ter acontecido só agora e não antes, muito antes. Acho isso, acho aquilo... Acho que deveria parar de achar e apenas seguir em frente. Na verdade estou seguindo. Escrevi isso há um mês atrás e só estou postando agora (he he he).

Sempre ouvi dizer - e sempre acreditei, exceto agora - que a gente deve pensar muito antes de tomar decisões. Não é bem assim. Hoje, de cabeça virada, noto que pensei tanto, mas tanto! e tudo o que fiz foi atrasar o inevitável. Adiantou? O tanto pensar não me levou a nenhuma revelação especial da vida. Apenas me esgotou emocionalmente e esgotamento não é conclusão.

Isso tudo se parece muito com a prática de tiro. As vezes a gente mira tanto, tanto e acaba errando. É extremamente cansativo mirar e se concentrar para atirar. Quem já fez, sabe. O corpo dói (braços, pernas, costas, mãos...) a mente cansa, a vista embaça. Quando a gente já tem a técnica e já estamos condicionados, o melhor tiro é o instintivo. Os instrutores dizem isso. No tiro rápido quanto mais você mirar, pior. Tem que ser sem pensar. O tiro sai como uma extensão de nós mesmos e o projetil como que sabe onde tem que ir. No fim dá tudo certo. Pensar demais só estraga.

Acho que a vida é mais ou menos assim. As pessoas mais rápidas e "piradas" no final das contas se estressam menos e acabam acertando sem se cansarem tanto nem perderem tanto tempo. As outras são obrigadas a fazer a mesma coisa, só que ficando mais doloridas.

Pra quê passar setecentos e cincoenta e nove anos fazendo equaçõezinhas? Isso é coisa de cérebro doente. Os loucos são mais saudáveis.

Não sei bem onde me encaixo.

Pt. Saudações."

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

"Me adiciona!"


Não é essa intenção, mas essa frase passa assim uma imagem de carência como poucas outras.

"Me liga" fica melhor. Subentende que a pessoa pelo menos acha que o outro acha que vale a pena gastar dinheiro com telefone.


"Vai lá em casa" também é um pedido-convite com auto confiança, de quem sabe (ou pelo menos acha que sabe) que tem amigos e não está no fundo do poço porque falou isso para aluguém de viva voz, geralmete. Geralmente sorrindo, geralmente casualmente como quem tem mil outros lances para cuidar.


"Aparece" ou "vamos combinar algum coisa" também tem um quê de auto suficiência charmosa.


Claro, claro, não é sempre que "me adiciona" faz mal à sua imgem. Depende do programinha ou site de onde saiu o pedido ou a insistência com que é remetido às suas vítimas mas não consigo evitar a imagem de uso-panda-encarcerado-e-sem-visita que me vem à mente quando recebo esses pedidos, que me soam como súplicas.


Esclareço que só soam como súplicas suluçantes quando partem de pessoas com as quais não tenho intimidade. Penso sempre que elas devem estar precisando contabilizar "amigos" e para isso suas vidas naquele momento devem estar semelhantes a um apartamento cheio de vazamento e mobiliado com um único sofá mofado.

Pior mesmo só o "Me adiciona, vai!" Dá vontade de responder: "Faz terapia, vai!" mas não sei como eu seria interpretada. Ou melhor: sei, por isso não digo.
Não digo e também não adiciono. Não por que eu seja algum tipo de espírito de porco. Quem me conhece sabe que sou uma... uma... cidadã. Mas é pelo bem do mala -digo -do cara. Todos pecisamo crescer!
Estou sempre pensando no bem do próximo.


quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Estágios



Por algum motivo gosto de fazer esses testezinhos de revista. Eles agora evoluíram para o computador. Na internet basta fazer clique e no final nem precisamos contar os pontos. Por exemplo, se eu quiser fazer o teste "você é preguiçoso?" posso responder a todas as perguntas e ao final receber já pronta a pontuação mastigadinha: "Você não é preguiçoso! Parabéns!"

Hoje rendi-me ao teste "Você é medíocre?" O site era sobre blogs e para saber se o futuro blogueiro iria construir algo reles, propunha-se a medir o seu nível de mediocridade a partir da criatividade, idéias próprias, apego a tolices, lugares-comuns, abobrinhas e coisa e tal. Como era só ir fazendo clique nos quadradinho resolvi fazer o teste apenas para confirmar o que TODOS NÓS já sabemos à exaustão.

Uma vez confirmado o que TODOS NÓS JÁ SABEMOS À EXAUSTÃO (que eu não sou medíocre) saí satisfeita da página, com o peito tufado e cabeça erguida perante o mundo. O vento soprava cândido sobre meus pensamentos arejando-os... Vento miserável!



Com os pensamentos indevidamente arejados não pude deixar de me deparar com a incômoda desconfiança de que somente uma pessoa de fato medíocre se prestaria para fazer um testezinho de merda em um sitezinho de merda e ainda se sentir contente com essa tal aprovação.



Que pegadinha!

Quequeisso?! Que coisa mais lamentável! Onde nós estamos? Quer dizer que se o teste dissesse que eu sou medíocre eu iria fazer o quê? entrar em parafuso? Beber até cair, pra esquecer? Bater meia noite na casa da minha terapeuta pedindo socorro? Pedir ajuda aos universitários? Alugar meus amigos e torná-los todos meus inimigos, por fim?

Agora que fiz o teste dizendo que não sou medíocre, estou me sentindo a mais medíocre das criaturas. Bonito pra minha cara.


Agora que sou medíocre porque passei no teste da não mediocridade estou pensando seriamente em entrar em parafuso, beber até cair, fazer terapia, e alugar os ouvidos dos amigos - tudo de uma vez.



O primeiro estágio foi o da felicidade. O segundo estágio foi o da depressão.

O terceiro estágio é precisamente esse: repensar tudo de novo, colocar no liquidificador e ver que nada é sério, ora ora!



Pense comigo: na verdade não foi uma armadilha, apenas uma brincadeira que me fez pensar. Pois é, pensei e aqui estou, dividindo com vocês essa experiência transcedental. Anotem. Isso deve ajudar vocês a crescer de alguma forma (nem que seja para os lados...)



Quem pensa, pensa, dá voltas e chega a conclusão que nada vale a pena, que no final tudo foi apenas uma academia para os neurônios que rendeu um pequeno texto, obviamente não tem que se preocupar com ser ou não ser medíocre. Porque não é. Claro! Esse é o quarto e último estágio. Pronto.


Por que terminar afirmando que não sou medíocre? Se não o fosse, estaria preocupada em provar isso a pessoas que nem sei se são ou não são? Se estou tão preocupada - não não estou! (Tá sim...) Não tô! (Tá!)



Ai meu Deus! Acho que esse é o quinto estágio...