domingo, 29 de novembro de 2009

Gatos e outros bichos

Deus é testemunha: até me esforço para gostar de animais. Isso atesta meu crescimento espiritual - registre-se! Até pouco tempo atrás nem força eu fazia.

Com o advento da Lucrécia tenho procurado ativar em mim uma parte de minha alma que não veio de fábrica - ou veio com defeito.

Os bichos são esquisitos, todos eles. Pra começar não tem rosto, tem cara e sem expressão. Algo como uma máscara. Atribuimos a eles gostos e estados de "espírito" mas eles não nos dão pistas "faciais". Tudo o que dizem é com o corpo, pulando, sacudindo, rosnando, enchendo o saco.

No caso da Lucrécia, felina, mais estranhos ainda me parecem os bichos. Os gatos nos olham como se pretendessem nos hipnotizar. É um olho-no-olho que incomoda, quase uma afronta. Eles nos fitam entre assustados e furiosos, já notaram? Assim ... como quem sabe de algum segredo terrível ou pressente algo. Parece coisa de filme de mistério, de castelo fantasma, eu hein!

Por essas e por outras que os gatos foram tão perseguidos e quase extintos na idade média. Os devotados cristãos, que viam diabo em tudo, achavam que eles (juntamente com 80% da população feminina ) tinham parte com o Diabo. Sério! Os bondosos cristãos, com sua lendária fobia pelo Maligno, ao verem um gato parar e encará-los como nenhum outro bicho faz, detonavam o pobre.

Pois é, já falei pra Lucrécia parar com isso, mas ela não me ouve!

Relevo os olhares da Lucrécia mas o que não relevo é esse lambe-lambe, esse cheiro de bicho, os pelos, os modos irremediavelmente não humanos que me repugnam.

Às vezes a acaricio. Finjo que é um brinquedo de pelúcia mas logo vejo seus movimentos estranhamente ágeis, suas manias, preferências esdrúxulas por ficar nos telhados, seu prazer em beber água de vala, seus nervos à flor da pele.

Os bichos não riem nunca, não importa o que você faça por eles.

O fato é que a não humanidade dos bichos me irrita. E tudo neles que lembra os humanos me irrita ainda mais, pois parece um arremedo grotesco e pretensioso.

Ninguém ocupará o lugar da Lucrécia em minha vida. E isso não é uma frase de amor.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Estrelas


Não ter o que desejar é não ter estrelas
É olhar o céu e nada ver
É a imobilidade no sonho
É dormir em vão

Não ter o que desejar é alcançar estrelas
É uma forma de perde-las
Porque de perto toda estrela é rocha
Toda estrela é quente
Dura e íngreme
Dífícil de conciliar

Tenho estrelas no bolso
E algumas bem guardadas na areia
Salvei outras poucas no céu
Raramente as vejo.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Não piorou?!



Esses dias discuti o tema abaixo com umas pessoas amigas. Repetiam como um gongo que para elas a moralidade no Brasil não decaiu (tem quem acredite nisso...) apenas está mais aparente. Este  "estar mais aparente" é um lance de sinceridade dos bandidos, uma coisa até bacana da parte deles. Antigamente a corja política roubava escondido, agora os ladrões são mais sinceros sabe, o que é até preferível.

Claro que fiquei pasma. E claro que estou sendo irônica. Mas o que disseram não era muito diferente do que estou dizendo. Aqui, apenas 10% é ironia. Sim, há quem ache que descaramento é avanço. Há quem ache que agir sem temor não seja um indicativo de piora - não do caráter do desonesto em questão, mas da sociedade que o abriga. Houve sim um apodrecimento ao redor...

Argumentei assim:

Situação 01:  O cara é do mal: rouba, persegue, barbariza. Só que ele está inserido em um contexto no qual há que temer algum tipo de represália. Sendo assim, toma algumas precauções. Esgueira-se, esconde-se, se o acusam diz que não foi bem assim - mas continua no caminho do mal porque de qualquer modo conta com 90% de amigos no poder. Seu incômodo, a pedra no sapato são esses malditos 10%.

Situação 02: O cara é do mal: rouba, persegue, barbariza. Só que ele agora está no paraíso: não teme represália alguma. Não precisa tomar nenhum tipo de precaução. Não se dá ao trabalho de se esgueirar ou de se esconder. Se o acusam não traz no bolso ensaiada nenhuma desculpa esfarrapada. Não diz nada. Ou diz que não sabe de nada, não viu nada, tá todo mundo doido. Pronto. Continua no caminho do mal porque de qualquer modo conta com 100% de amigos no poder. Seu incômodo... Ei, não há incômodo! A pedra no sapato sumiu! Tá tudo dominado!

As duas situaçoes são idênticas? 
Se estivermos falando de dois países diferentes, você me dirá que ambos estão em igual condição ou um dos dois está um pouco pior?
Se você disser que dá na mesma pare por aqui. Nem dá pra continuar. Acho que você tem um problema sério de percepção das coisas ou não quer dar o braço a torcer.

Cara, é duro falar em português e ter ser entendida em aramaico.
EU NÃO ESTAVA DISCUTINDO A MORALIDADE DO LADRÃO MAS DOS OOOOUTROS!

Claro que fazer escondido ou  fazer no alto da montanha não melhora nem piora ninguém.

O que eu quis dizer e repito: se ele não tem mais do que se esconder é porque a estatura moral DE QUEM O CERCA piorou - e muito. Ou seja: o que eu discutia não era se o bandido ficou pior mas se ele ganhou mais adeptos.   No Brasil, se se escondem menos é porque eles aumentaram em número como ratos. O bandido continua o que sempre foi, só que mais desinibido.

Dizer que as coisas não pioraram só porque o bandido não piorou?  Se ele teve aumentada a sua base de apoio a coisa piorou sim, e muito.

Ah mas é tão chato admitir isso né? Menos doloroso é dizer que está tudo igual.

Pois é...  Ainda tive que ouvir o seguinte: "Ah, eu prefiro que se faça às claras. Acho um grande progresso. Pelo menos assim a gente vê o tamanho do problema."

Caraaaaacaaaaaa!

Quando "às claras" significa apenas que se tirou o pano, eu também prefiro! Mas quando esse "às claras" significa que a máfia tomou conta com sua garantia de tranquilidade, como posso chamar isso de avanço?!



terça-feira, 24 de novembro de 2009

Questões na garrafa



Já ouvi dizer que nenhum escritor escapa de um assunto único. Podem ser cento e cinquenta livros com personagens formigando mas o assunto é recorrente, volta como um pêndulo. Ele só consegue escrever sobre uma única coisa. É uma espécie de condenação.


Não é só ele. Todos temos nossas questões invencíveis. Elas não se vão e pronto.  Eu? Vez por outra venço as minhas "definitivamente". Piso-as, tranponho-as como um Dom Quixote amalucado. No dia seguinte meu espelho ri de mim. 


É, todos as temos ainda que não escrevamos atormentadamente a respeito.  Pelas minhas contas cada ser humano tem em média uns três desses fantasmas. Às vezes é um apenas. Pode tratar-se de uma pergunta daninha brotada na infância... ou uma dor pontiaguda que persiste. A verdade é que nada no mundo livrará você disso. Desista.  Eu mesma já li, interroguei, verifiquei a vida dos outros tanto aberta quanto disfarçadamente;  comparei fatos e atitudes, causa e efeito, leis que se repetiriam, possíveis previsibilidades, lições universais e nada. Nada! Cada vida é como uma impressão digital. O sapato do outro não cabe no meu pé nem no seu. Tudo é único e na prática isso não é liiindo. Na vida real é uma lástima.




Decidi: já que tenho que sofrer, fico pelo menos com o charme dos meus pequenos mistérios. Ou com a ilusão de que esses pequenos mistérios têm algum charme. Ou da ilusão mais apatetada ainda: a de que existem mistérios em questões que na verdade são comuns à humanidade (desde sempre!) e que já foram repisadas por filósofos que não li.  Pobreza intelectual...


Pois deixem-me com minhas  folhas guardadas em livros, meus recortes de papel inexplicáveis, meu retirar-me para meditar em discrição romântica. Sempre achei que essas reservas nos brindam com certa altivez "de personagem". Melhor do que desnudar-me gratuitamente para pessoas  ralas que sequer descobriram que têm questões existenciais.


Repensar e repisar...  Dizem que é isso o que o verdadeiro artista faz. Já pensei muito a respeito. Ele faz ou não faz? Faz. Aberta e veladamente. Abre o suficiente para sua arte ganhe as gerações mas fecha-se também porque não quer ser obvio.Ou não consegue ser. Ou não o traduziram direito.  Piadinha.


A maioria dos leitores ficará plainando na superfície e talvez - isso mesmo - talvez só o próprio escritor/pensador mergulhe solitário mil vezes em seus assuntos dolorosos e inconclusos, em suas perguntas que vão e vem e que uma vez respondidas seriam tão doce descanso! Mas não. Elas são cálculos que não fecham, costuras que cedem, feridas que abrem em flor, cremes que desandam, lages que racham, céus que desvestem do azul e reassumem teimosamente o luto. Pêndulos. Então os escritores morrem - e nós também! - sem nunca chegarem a lugar algum depois de tanto falatório e "escrivinhação". Sem respostas.



Também lanço aos mar minhas garrafas e meus semi-textos.  "Semi" porque nunca digo tudo. A dor mais funda fica agarrada às fundações de meus aposentos. Elas temem a luz do dia porque tudo é assustador aí fora.  A pergunta mais reveladora, o olhar prerscrutador, o fio da meada que lançaria luz à maior inseguraça, ao medo mais nítido, à fragilidade mais patética, às carnes de gelatina nuas na geada...  isso não exponho. Você não sabe de mim, só minha mãe que já se foi.



Pois sim, também lanço minhas garrafas ao mar. Dentro delas coloco folhas manuscritas com meus mais caros pesares, vexames não esquecidos, dores flamejantes, perguntas inúteis mas como doem! Lanço-a não para que volte mas para que o mar leve-a de mim, lave-as de mim. Quero despedir-me do que nem para livros ou canções servirá. Nem mesmo para mistérios sedutores.


Sento-me na areia esperançosa de perder de vista o que não me dá descanso. Verei então, apenas e para sempre, horizonte infindo. Nisso empenho minha oração. Terei o olhar perdido e a mente dos idosos, a vaguear onde queira. Feliz indolência...



É inútil. Aos primeiros raios da manhã nasce um estranho astro:  é a minha garrafa,  iluminada pelos primeiros raios do sol. Parece uma estrela do dia. Ressurge para a minha vida como um prisma. Vem a mim com tanta precisão como se eu a tivesse invocado. Volta grávida de dores, com as mesmas questões que ditarão novamenet os caminhos da minha vida.


Pois é isso e assim é. As interrogações, hesitações, frases inconclusas e o que ainda não conseguimos resolver são a foice que nos abre o caminho do dia seguinte. E o dia seguinte é tudo de que precisamos para continuar.

domingo, 22 de novembro de 2009

Carta de um policial a um bandido





"Senhor Bandido,

Esse termo de senhor que estou usando é para evitar que macule sua imagem ao lhe chamar de bandido, marginal, delinquente ou outro atributo que possa ferir sua dignidade, conforme orientações de entidades de defesa dos Direitos Humanos.

Durante vinte e quatro anos anos de atividade policial, tenho acompanhado suas conquistas (?) quanto a preservação de seus direitos, pois os cidadãos e especialmente nós policiais estamos atrelados às suas vitórias, ou seja, quanto mais direito você adquire, maior é nossa obrigação de lhe dar segurança e de lhe encaminhar para um julgamento justo, apesar de muitas vezes você não dar esse direito as suas vítimas. Todavia, não cabe a mim contrariar a lei, pois ensinaram-me que o Direito Penal é a ciência que protege o criminoso, assim como o Direito do Trabalho protege o trabalhador, e assim por diante.

Questiono que hoje em dia você tem mais atenção do que muitos cidadãos e policiais. Antigamente você se escondia quando avistava um carro da polícia; hoje, você atira, porque sabe que numa troca de tiros o policial sempre será irresponsável em revidar. Não existe bala perdida, pois a mesma sempre é encontrada na arma de um policial ou pelo menos sua arma é a primeira a ser suspeita.

Sei que você é um pobre coitado. Quando encarcerado, reclama que não possuímos dependência digna para você se ressocializar. Porém, quero que saiba que construímos mais penitenciárias do que escolas ou espaço social, ou seja, gastamos mais dinheiro para você voltar ao seio da sociedade de forma digna do que com a segurança pública para que a sociedade possa viver com dignidade.

Quando você mantém um refém, são tantas suas exigências que deixam qualquer grevista envergonhado. Presença de advogados, imprensa, colete à prova de balas, parentes, até juízes e promotores você consegue que saiam de seus gabinetes para protegê-los. Mas se isso é seu direito, vamos respeitá-lo.

Enfim, espero que seus direitos de marginal não se ampliem, pois nossa obrigação também aumentará. Precisamos nos proteger. Ter nossos direitos, não de lhe matar, mas sim de viver sem medo de ser um policial.

Dois colegas de vocês morreram, assim como dois de nossos policiais sucumbiram devido ao excesso de proteção aos seus direitos. Rogo para que o inquérito policial instaurado, o qual certamente será acompanhado por um membro do Ministério Público e outro da Ordem dos Advogados do Brasil, não seja encerrado com a conclusão de que houve execução, ou melhor, violação aos Direitos Humanos, afinal, vocês morreram em pleno exercício de seus direitos."



Autor: Wilson Ronaldo Monteiro
Delegado da Polícia Civil do Pará
30 Jun 2009 04:44 PM PDT




sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Objetos que eu odeio


1) Aquelas maquininhas de secar as mãos que colocam em shoppings e locais públicos para fazerem de conta que estão sendo ecológicos e atenciosos com a população. Por quê odeio? Primeiro porque não secam. Segundo porque não secam. Terceiro porque não secam. Fazem um barunho nojento, sopram ar quente por uns três míseros segundos e dane-se. Aí você escolhe: fica igual a uma idiota abanando as mãos na frente da máquina para convencê-la a soprar de novo enquanto atrás de você se forma uma fila de fêmeas de mãos pingantes ou vai-se embora secando as mãos na roupa. Aquelas porcarias só servem para gastar energia elétrica.

2) Frascos recarregáveis de maionese e catchup em balcões de lanchonetes. É a coisa mais pegajosa e nojenta do mundo. É o banheiro, motel e maternidade de todas as moscas que não possuem plano de saúde.

3) Aquelas tiras de borracha que amarram nosso braço quando fazemos exame de sangue. Além de beliscar nossa pele ainda puxam os pelinhos do braço.

4) Cesto de papel higiênico pequeno com um sacão plástico enorme dentro, já ocupando 80% do cesto. Você joga o papel usado e tem que empurrar a porcaria com a mão.

5) Pia de banheiro miseravelmente pequena, dessas que você lava a mão e acaba lavando também os pés.

6) Roupas com etiquetas que pinicam.

7) Pirulito vagabundo, que corta a língua.

8) Perfume de carro com cheirinho de frutas ou de bebê. Ô coisinha mais brega!

9) Aliás, qualquer ser vivente com mais de um ano de idade com cheiro de bebê é ridículo. Véia então, deveria ser metralhada.

10) Absorventes que grudam na calcinha e não querem mais sair nem por decreto.

11) "Bico de pato"; aquele objeto ridículo, incômodo e humilhante que os ginecologistas usam para sacanear com a gente.

12) Jornal. Sujam nossos dedos e emporcalham toda a nossa roupa. As folhas são enormes; você não consegue virar as páginas a não ser com os braços bem abertos como se fosse o Cristo Redentor. Eu não sou o Cristo Redentor! E no final da leitura o jornal está todo arreganhado. Irritante. O que custa vender aquela merda grampeada ou pelo menos com as páginas menores? Não, não ia virar revista, mané!

13) Toalha de plástico para forrar a mesa. Grudam no braço e por algum motivo misterioso atraem mais moscas do que cachorro atropelado.

14) Falso sabonete líquido. Cara, tá com pena de gastar dinheiro com sabonete líquido? Então não põe nada na pia, tá? Não preciso. Mas colocar 100 ml de detergente vagabundo diluído em 3 litros de água é palhaçada!

15) Pratos descartáveis "irmanados". Daqueles que jamais se separam. São 1.000 pratos mas você olha, pega, apalpa e jura que só tem 1.

16) Agora é a sua vez: .............

Nos comentários você pode acrescentar mais coisas.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

O novo Orkut


Eu nem sou tão ligada em Orkut mas até que estava curiosa. Fui convidada e dei uma checada. A grande novidade é: não tem novidade.

Gente, alguém aí me explique que conversa é essa de "novo Orkut"? Não vi nada que justificasse o frisson. Que desapontamento! Uma corzinha aqui, uma arrumaçãozinha imperceptível lá... Pensei que estaria completamente reformatado com uma cara absolutamente nova, dessas que a gente não tem nem vontade de sair da frente ou morre de raiva tentando entender como é. Tipo novo Word.

Novo Word gera curiosidade e corresponde à expectativa; vem sim com várias novas ferramentas, a cara passa por um liftig total. Mudam um monte de coisas de uma gaveta pra outra, trocam as prateleiras...  Chato para uns, instigante para outros, mas se dizem que é novo a gente entende por quê. Mas esse novo Orkut, de novo não tem P.N.

Tá, tudo bem, vou checar de novo pra ver se acho tem alguma coisa nova que não notei, talvez no cantinho da página. Mas até lá, deixo aqui o meu protesto.

domingo, 15 de novembro de 2009

Sem palavras...


Homenagem


É sobre meu aniversário. Ainda... mas juro que chega.
Recebi uma linda homenagem de uma amiga - a Claudinha - e quero me gabar compartilhar com vocês.
Ela me deu os parabéns pelo meu aniversário através de um comentário em uma das minhas postagens aqui no blog. Também me telefonou. Como se não bastasse escreveu uma linda postagem a meu respeito em seu blog. Entrem AQUI e chequem. Que meigo!

Valeu, amiga!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Treze de novembro


Pois é, hoje é o meu aniversário. Você deve estar pensando "o que será que eu poderia comprar para a Cristina? O que ela gostaria de ganhar de presente?"

Caso você seja muito distraído e ainda não tenha observado aí na barra de cima do meu blog, acorde! Existe uma LISTA DE DESEJOS pronta para ser clicada. Uma vez tendo feito isso você encontrará uma singela lista de sugestões de presentes para o caso de pensar que sou materialista e que um simples sorriso ou telefonema seu não seria suficiente para me fazer feliz. Ou para o caso de você querer extrapolar e me fazer sobeja, transbordante e supimpamente feliz.

Este texto foi escrito com antecedência de semanas e programado para se auto-publicar hoje. Quando foi escrito eu programava não programar nada para este dia. Se eu mudar de idéia e te convidar para alguma coisa VÁ, ou poderei me sentir rejeitada. Se estiver sem dinheiro não tem problema. Um verdadeiro amigo vai com a mão abanando e a cara cheia de coragem. Só os bons amigos vão assim mesmo, a despeito de tudo e não estão nem aí. Se eu não te convidar para nada... sei lá.

Por quê estou escrevendo isso tudo? Não tem muito sentido mas como é o MEU dia ninguém me criticará, certamente.

Feliz aniversário para mim!

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

12 de novembro

Já que amanhã é o meu aniversário, CLIQUE AQUI e vejam uma charge legal, pra começar.


Sabe, olhando essa imagem aí eu lembrei de uma coisa engraçada. Quando era pequena, embora adorasse meus aniversários eu simplesmente ODIAVA quando cantavam os parabéns. Ficava realmente irada, de mau humor, fazia o maior papelão. Minha mãe acabava passando vergonha todas as vezes. Quando cantavam eu ficava tão contrariada mas tão contrariada que me enfiava debaixo da mesa (sério!) e ficava lá até terminarem a odiosa cantoria. Quando acabava eu retornava para soprar as velinhas.

No fundo ninguém gosta do tal Parabéns pra Você. O pessoal canta de maldade mesmo, pra se vingarem pelo gasto com o presente. Não é não?

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O mundo vai acabar - de novo!


Se todas as pessoas que marcaram uma data para o fim do mundo se dessem as mãos... Não, elas não se dariam as mãos porque nunca estiveram de acordo quanto à data exata. Mas se se enfileirassem, várias voltas em redor dom mundo seriam dadas.

Bem, agora a onda é 2012. Gente, os Maias (que nãos estão mais aqui para explicar essa história) disseram que o mundo se acabará nessa data. Como prova disso eles nem se deram ao trabalho de continuar a publicar seus calendários que tanto faziam sucesso entre os borracheiros da época, com aquelas gostosas na na capa. O calendário maia termina em 2012 e depois disso ... nada. Nem um peitinho para 2013.

Estou doida para ver o filme que nos assombrará. O trailer é ótimo. Ainda não vi efeitos especiais de tanta qualidade. Ao ser lançado estarei no cinema rente que nem pão quente. Isso se Deus quiser e o mundo não tiver acabado. Colocarei o celular no silencioso, comerei nervosamente minhas pipocas, arregalarei meus olhos delineados, levarei sustos na hora certa e ao fim retornarei para casa para dormir impressionada e feliz.

Gosto do tema "Fim do Mundo". Faz parte das minhas fantasias prediletas imaginar o extermínio final das baratas, dos Sem Terra, do PT, dos terroristas, do tecno-brega, da poluição sonora nas praias e da celulite. A solução final. Ah o fim do mundo... E o fim - finalmente o fim! dos flanelinhas e do licenciamento anual de veículos. Quer coisa melhor?

Quem não gosta nada disso é a NASA. Não me refiro à minha vizinha Nazaré. Se bem que acho que ela também não gosta de pensar no fim do mundo porque ela é muito religiosa e como sabemos os religiosos morrem de medo de Jesus Cristo pois podem ser pegos de calças curtas por ele:
"- Hahããããã!!!!! Pecando, hein?" 

A NASA que me refiro aqui é a Agência Espacial Norte Americana. Li esses dias que ela está "revoltada" (ui!)  com o filme "2012, dirigido por Roland Emmerich, com estreia prevista para o próximo final de semana, relata o fim da humanidade no solstício do inverno boreal de 2012, exatamente no dia 21 de dezembro, após uma série de catástrofes naturais."

Conheço Nasa faladeira, Nasa fofoqueira, Nasa invejosa... mas essa NASA aqui passou dos limites. Está afirmando, jurando e assegurando que essa mania de fim de mundo é descabida, que não tem nada disso e que o mundo não vai se acabar em 1012 coisa nenhuma. Pronto. Agora eu pergunto: como eles sabem?

Na minha opinião afirmar isso é tão ridículo quanto afirmar que o mundo vai acabar. Ninguém tem dados nem pra lá nem pra cá. Certos estão os cineastas: vamos fazer  filmes e nos divertir!

Quem sabe alguma coisa sobre o dia de amanhã?  Vai que dá uma merda e explode um monte de bomba ao mesmo tempo. O que não falta no mundo são malucos poderosos com bombas nas mãos. Outra hipótese: vai que esses cientistas, mancomunados com os governos (eles são "assim" com os homens) não nos contaram nada para não criar pânico, mas na verdade o espaço está a maior zona e tem um monte de astros viajando em nossa direção e vão colidir com a Terra sim. Sei lá! Vocês confiam neles? Eu não. Vocês confiam no que uma agência americana diria oficialmente para o resto do mundo? Tá doido? E se o nome dessa agência é NASA? Menos ainda. Soa em meus ouvidos como "DONA MARICOTA".

"Se esta possibilidade de colisão fosse real, os astrônomos teriam detectado este objeto "ao menos durante a última década, e agora seria visível a olho nu. Obviamente, não existe. Nenhum cientista sério do mundo conhece alguma ameaça para 2012", insiste a Nasa. e eu completo: nenhum cientista iria querer perder seu lugar nem as verbas de pesquisa. Não é melhor ficar calado, como nos filmes?  

"A vida imita a arte."

"A agência destacou que as colisões catastróficas da Terra com corpos celestes são muito raras, e que a última ocorreu há 65 milhões de anos".  Sei lá... Vai ver que já está na hora de acontecer outra. Por via das dúvidas eu vou... vou o quê mesmo? Vou comprar um saco de pipocas e me preparar para assistir o filme. Você tem sugestão melhor?

Obs.: A propósito: aí acima está a imagem do calendário maia que explica o beabá do final do mundo. Coloquei aí para você não ir na onda dos outros e conferir a profecia com seus próprios olhos.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Crianças em caixas

Esses dias fui atraída por sons infantis. Olhei pela janela aqui do trabalho e vi crianças de uma escolinha no horário de recreio. Sabe, achei triste.

Olha só o momento de lazer: amontoar-se em um espaço pouco diferente de uma enorme caixa de cimento fervente à qual a proprietária chamaria de "área de recreio".

Pelo amor de Deus, os moleques deveriam ganhar adicional de insalubridade por brincar ali. Calor infernal, árvore nenhuma, cimento no chão tipo "ralador", uns bonecos desbotados pintados na muro... Tadinhos! Não dava nem para ensaiar uma corrida! e todo mundo sabe que criança normal adora correr! Depois não querem que sejam obesos.

Sinto sede só de lembrar dos pobrezinhos fritando...

Caramba, onde está o espaço verde? Que confinamento era aquele? É direito da criança brincar na terra e da terra fazer bolo com bandeirinha no alto, rodear as árvores, olhar flor de perto, descobrir os segredos das formigas, plantar pelo menos um pé de cebolinha e ter a satisfação de ficar com as uninhas sujas. Voltar pra casa com os bolsos cheios de pedras, fazer de conta que folhas são dinheiro e tudo o mais. Meu Deus, como colocam aqueles inocentes num quintal queeente sem sombra e ainda chamam aquilo de "recreio"? Para mim tava mais com cara de castigo. Devem ter se comportado muito mal durante a aula.

Quando criança eu adorava deitar no chão e ver o laborioso trabalho das formigas. Gostava de cismar com uma e segui-la com os olhos tentando não confundi-la com nenhuma outra. Depois de alguns poucos minutos a sensação era de intimidade e aquela pequenina se tornava especial. eu a conhecia porque sabia de onde ela vinha, quantas vezes caiu a folha, quantas vezes ela parou, quantas "conversou" com outra formiga... eu sabia da história dela! Não dá pra fazer isso no cimento escaldante.

E ao voltar para casa estas crianças terão televisão, computador e uma empregada.

Esse mundo está meio esquisito...

sábado, 7 de novembro de 2009

Sem Você - de Riva Moutinho


Não tenho fotos... São apenas as lembranças
De um tempo, de uma decisão.
Seus olhos em meu espelho... Uma recordação.
Foram tantos sonhos que ainda não consegui dormir.

Tantas palavras amassadas pelo tempo
E um hiato sem nenhuma pretensão
Baú de ilusões quando a vida segue sempre
O destino é o caminho de quem ainda não escolheu.

Te vi sonhando e nem pude te acordar
Nos encontramos no desejo de não conseguir pensar
E de não ter medo do medo
Que nos limita e nos impede de lutar

Seu cheiro grudou de alguma forma no meu corpo.
Um feitiço sem antídoto.
Dizem que o tempo sara tudo
Mas não tenho tanto tempo para me ver livre de você.

Cante aqui nossa canção.
Sou eu no vento, sem nenhuma direção
O amor conta mentiras que a gente fantasia
E conta verdades que a gente custa a acreditar.

E então as rosas se abriram.
A primavera já chegou.
Parece até abril, mas estamos em setembro
O sol está lá, na janela do seu quarto.

E lembre-se que há sempre um lugar
Onde toda mágica faz sentido,
Mesmo não havendo sentido algum.

Copiado do blog Infinito de Mim, de Riva Moutinho - clique AQUI 

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Vinde a mim os antipáticos



Digam o que disserem dos antipáticos mas ninguém sobrevive sem eles. Eu mesma tenho uma especial atração por pessoas que os outros não vão muito com a cara. Geralmente são verdadeiros diamantes escondidos.

Muitos (não todos!!!) dos simpaticíssimos que conheci não passavam de um poço de falsidade com seu risinho fácil e enganoso.

Se você não tem um amigo antipático ou grosseirão, providencie urgentemente. Acredite: você precisa.

Os motivos são vários, uns já bem conhecidos: alguém tem que ter coragem de dizer na lata que sua roupa está ridícula, que seu namorado é viado mesmo, que você está falando alto demais, que o motivo de não te convidarem para sair é porque você quando bebe solta demais a franga, que esse cara que está saindo com você está dando em cima da fulana, que beltrana não é sua amiga, que desse jeito você não vai ser promovida nunca, que seu relatório está uma merda. É chato mas suas amigas fofas jamais terão coragem.

Antes de continuar quero deixar bem claro que casca-grossa ou antipático não tem nada a ver com chato ou cara de pau, que são apenas pessoas inconvenientes e mau educadas. Delas quero distância.

Continuando: Claro que você leu meu texto Saia Justa, não é? Pois é o caso típico e faltou dizer que para se sair daquela saia justa hipotética mencionada, outra solução era justamente entregar o caso para um amigo (ou amiga) não muito "fofinho", ou seja: um antipático.
Você vai fazer uma festa e tem uma horda de gente se convidando, querendo um vácuo? Você não sabe mais o que fazer? "Me convida! Me convida! Me convida!" E agora, quem poderá me ajudar?
Queridos e queridas, ninguém melhor para fazer o "trabalho sujo" (alguém tem que fazer o trabalho sujo!) do que o seu super amigo antipático! Aquele que não está nem aí para a opinião dos outros, aquele que corta caminho, que é prático, se dá, dá, se não dá, dane-se. Você simplesmente diz para os pentelh - digo, amigo - que você está tão, mas tããaaao atarefado que incumbiu outra pessoa de ficar com a lista de convidados:
"- Oh, ando tão estressado com os preparativos que tive que "terceirizar". Pedi então ajuda aos amigos. A lista de convidados por exemplo está a cargo do meu grande amigo Fulano. Fale com ele! Ele te consegue um convite coooom certeza!"

E saia de mansinho, rindo. Claro que o seu amigo troglodita, se estiver num dia bom, vai dizer no mínimo que "Não dá. Acabaram-se os convites." Se for pedida explicação: "Não vai dar para arrumar um convite para você porque a festa é só para as 200 pessoas mais chegadas. Desculpaê." Depois dessa, quem insiste?

Sempre tem quem insista mas seja lá quem for, vai se arrepender.
Alguém quer dinheiro emprestado e você não tem coragem de negar? Fale com seu super amigo antipático. "Emprestei exatamente essa quantia a ele - que coincidência! - e ele ficou de me pagar amanhã! Vou ligar para ele nem me pagar e repassar a quantia direto para você tá, bom? vou avisar a ele e daí vocês acertam. Pode ligar para ele direto, com minha autorização!"

Hehehehe Adivinha o que vai acontecer????? Minha mente é diabólica!!!!

Isso serve para tudo: empréstimo de sapatos, livros... Use a criatividade. Quem não tem um amigo ou amiga antipática está perdido, sozinho no mundo, completamente desamparado e pronto para ser sugado por vampiros por todos os lados e por todas as veias.

Sabe, já me disseram que não sou nenhum poço de simpatia. Estou pensando em "alugar-me a mim mesma" como "amiga antipática". Podem usar meu nome. Cobro pelos meus serviços preços bem em conta. Mas fiquem sabendo: não faço caridade. Vou cobrar mesmo, já que sou antipática. Tenho que fazer jus à fama. Não posso ficar sem moral.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Nouvelle Vague


Pouca coisa pode ser mais divertida do que esse assunto.

Tá vendo? Já te fiz rir. Se você é um intelectual (ou pseudo, tanto faz) estará a pensar que não sei nada a respeito e que por este motivo devo estar achando que Nouvelle Vague seria algum tipo de chanchada ou algo que o valha. Sou um zero à esquerda, não é?

Bem, você acertou em parte. Não que eu ache que se trate de um estilo ou movimento ou expressão cultural cômico ou circense. Nesse ponto você errou feio. Você só acertou quando pensou que não sei definir o termo. Não sei mesmo. Você também não sabe.

A parte cômica da história fica por conta do seguinte: junte em uma mesa de bar ou em um debate cultural algumas pessoas que sabem ou pensam que sabem do que se trata "Nouvelle Vague". Coloque-se na moita mais próxima e divirta-se a valer! É bem melhor do que ouvir o Maluf dando explicações, porque pelo menos você não morre de raiva; fica só com o filé da história.

Cara, é tanto falatório, tanta pose, tanto nome em francês, e lero-lero e no final ninguém diz nada! Seu Zé da taberna se estiver ouvindo vai ficar na mesma - e eu também. É o tipo de assunto que uma vez puxado não vai a lugar algum, não esclarece. Só serve para... para quê mesmo? Pra beber e fumar, é isso!

A verdade é que já dei umas checadas aqui e acolá mas até hoje juro que não encontrei um filho de Deus que me explicasse com clareza (sem enrolação nem empolação nem rodeios ou pigarros) o que é (ou foi) afinal de contas esse "coiso"; se precisa aquecer antes de comer, se combina com bolsa vermelha ou se oferece risco às grávidas.

Tá, tá, tô brincando. Deixa eu arriscar: Foi um estilo cinematográfico... para diretores que não tinham muito dinheiro... que queriam ser diferentes dos americanos... e por fim ficaram tão diferentes mas tão diferentes que pouca gente conseguiu apreciar mesmo as traquinagens deles ... as historias eram meio esquisitas... todo mundo fumava e dava pra todo mundo... as falas eram em intelectualês... tudo com cara de francês... só sabíamos quando o filme terminava quando apareciam as letrinhas no fim... e todo mundo morria de vergonha de dizer que não gostou do filme... tipo atestado de burrice... feio também era dizer que nunca assistiu nenhum Nouvelle Vague... pior ainda não saber pronunciar... eu assisti todos e amei todos, juro por Deus!... passa lá em casa que eu pronuncio pra você.

É ISSO?

Bossa Nova era mais fácil de sacar...

Só para não dizerem que estou sendo injusta quando afirmo que os caras enrolam, fazem pose de que sabem e tal mas a verdade é que NINGUÉM NUNCA DIZ MEEEEESMO o que é NOUVELLE VAGUE, saca aí dois exemplos:

"O que é a Nouvelle Vague? Um movimento? Um grupo? Uma tendência? Truffaut dizia que a única coisa em comum entre eles era a busca pelo sucesso de bilheteria e a preferência pelos fliperamas do Champs Elyseés, Chabrol brincava que se existia uma “nova onda” era preciso saber nadar... Quem são os pais, os filhos, os bastardos, os abortos? Quem aceita, quem despreza? Quem fez, o quê? Todas essas perguntas o ciclo “Desbravando a Nouvelle Vague”, de setembro à novembro, irá explorar. Não há o tempo ideal para o panorama completo. Haverá o visto e o não visto, os clássicos e os raros. Fica o dito e o não dito. Alguma coisa há de se salvar..."

Olha o que diz a Wikipédia:
Nouvelle vague foi um movimento artístico do cinema francês que se insere no movimento contestatário próprio dos anos sessenta. No entanto, a expressão foi lançada por Françoise Giroud, em 1958, na revista L’Express ao fazer referência a novos cineastas franceses. Sem grande apoio financeiro, os primeiros filmes conotados com esta expressão eram caracterizados pela juventude dos seus autores, unidos por uma vontade comum de transgredir as regras normalmente aceites para o cinema mais comercial."
Movimento artístico + pouco dinheiro +gente jovem + transgressão? Hmmm...

Resumo: P.N.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Os 7 lugares mais violentos de Belém

(Copiado descaradamente do blog "Oásis da Inutilidade" - CLIQUE AQUI para conhecer)


"Instigado pelo atual espírito dos meus amiguinhos @Andersonjor (www.begadogonzo.blogspot.com) e @Tainaaires (www.dialetica.org/necessaire) de fazer listas de quaisquer coisas, resolvi também fazer a minha, um pouco mais séria. Lamento a ausência de alguns locais perigosos, como o resto inteiro da cidade. A intenção é apenas citar ruas e partes de bairros mais emblemáticos, onde crimes são regra e a paz, exceção.

Este post serve como uma espécie de orientação para o visitante desavisado que está muito afim de ser roubado em Belém. É verdade que, neste caso, ele provavelmente vai conseguir ser vítima andando em qualquer lugar. Garanto, contudo, que indo para os pontos especificados a seguir, a possibilidade de êxito é certa. Em caso de não sair completamente satisfeito, devolvemos seu dinheiro.

Em cada ponto, não me refiro apenas à rua citada; ela é apenas quem carrega a fama maior. A violência se espalha por toda a adjacência, come o conjunto, comunidade e às vezes, o bairro inteiro de maneira uniforme.

Meu objetivo aqui também não é criticar - nem elogiar - o trabalho da polícia. Sei que ela está presente em todos os pontos a ser citados, mas também sei que está longe de ser suficiente.

1) Passagem São Benedito - Barreiro

Não adianta: onde há canal, há bandido. Ao redor do Canal do Galo, há criminosos de todas as espécies - das castas mais baixas, claro - e se bobear, até debaixo da água.

Por via das circunstâncias, coube à Passagem São Benedito, que nem é assim tão perto do canal, levar toda a carga semântica da palavra "crime" carregada pelos bairros da Sacramenta, Barreiro e até uma ponta do Telégrafo. Particularmente, prefiro ficar com dor de cabeça a ter que comprar remédio na farmácia Big Ben lá de perto. Ô lugarzinho infeliz pra um comerciante...

2) Quintino Bocaiúva - Jurunas

Calma. Pode andar tranquilo - na verdade, nem tanto assim - pelo Colégio Moderno, pelo Armazém Santo Antônio e pelo Banco Bar (onde era o Escritório, né?). O lugar que me refiro é mais pro lado da Cidade Velha. Lembra daquele PM Box que a população destruiu? Poisé, lá mesmo.

À primeira vista, parece uma típica comunidade pobre belenense, com casas de madeira em cima de um canal. Porém, trata-se de uma das áreas de crime mais tradicionais da cidade. É diferente. O tráfico de drogas é muito mais arraigado, a hierarquia parece mais estabelecida, tem muita gente assaltando para comprar maconha e cocaína e muito nego morrendo por não conseguir pagar pelo que consome, num eterno ciclo.

Sabe quando o crocodilo rival do Pica-pau está com tanta fome que olha pra ele não como um passarinho normal, mas sim como um frango assado? Então. Os viciados de lá te olham como uma peteca gigante de maconha ou uma pasta de cocaína ambulante.

3) Buraco Fundo - Icoaraci

De todos os locais desse post, esse aqui é o único que eu nunca fui, só passei na frente. Colocaram tanto medo em mim que realmente não tive coragem de "descer". Juraram para mim que polícia não entra lá. Sou otimista, prefiro não acreditar.

O Buraco Fundo de Icoaraci - sim, há Buracos Fundos em outros bairros - é basicamente uma grande invasão. E você sabe que, assim como canais, invasões são atrativos de bandidos. Famílias de bem em um lugar desses vivem deslocadas e com medo.

Lá é um dos grandes locais de fornecimento de bandidos para Icoaraci e até Outeiro. Embora a concorrência seja grande e o mercado já saturado, a produção permanece de vento em popa.

O perfil já é um pouco diferente do pessoal da Quintino; há a galera drogada que rouba para satisfazer o vício, mas é grande a quantidade de pobres, miseráveis e desempregados que não conseguem emprego ou não tentam, e precisam sobreviver.

4) Rua da Piçarreira - Benguí

A bandidagem no Benguí também é antiga. Tanto que já nem cabem todos os ladrões por lá. Por isso, a turma foi se espalhando pelas adjacências, entre as quais o bairro da Cabanagem, não tão famoso mas também perigosíssimo.

A rua da Piçarreira é o tipo de lugar em que a vergonha é não ter envolvimento em delitos. Conheci um cara que morava lá, um perueiro amigo de um amigo meu. Confirmou muitas das informações assustadoras que a Polícia Militar tinha me passado sobre o bairro. É terra de ninguém.

A fama da rua começou por motivo ocasional. É escura, soturna e dá para um muro. Então, ladrões simplesmente roubam na rua Yamada, que liga o Benguí ao Tapanã, fogem pela rua da Piçarreira e pulam o muro. Daí, pra achar o cara na mata que tem no outro lado...

5) Tucunduba - Guamá

Há um século, deveria ser uma paisagem lindíssima. Um riacho que vem do rio Guamá cortando a mata virgem. Hoje, de virgem, nem as alunas da UFPA. O riacho virou canal e a vegetação deu lugar a três tipos de trabalhadores: feirantes, bandidos e feirantes-bandidos, para complementar a renda.

O crime ao redor do Tucunduba é mais uma prova de como bandido adora canal. Às vezesm acho que, se Belém não tivesse canais, a criminalidade diminuiria 70%. Já se não tivesse invasão, teríamos que importar ladrão do Rio de Janeido.

E não adianta muito a Seccional do Guamá ser também às margens do Tucunduba, com funcionamento 24 horas por dia. Até de carro é possível ser assaltado por lá; basta dar uma passadinha.

Quando a galera enjoa de roubar lá por perto do Riacho Doce, vai para a avenida Perimetral durante a madrugada, coloca troncos de madeira na pista e espera um otário passar. No último caso desses que fiquei sabendo, uma criança de 12 anos morreu baleada. Ela voltava de uma vigília evangélica com a família.

Estudantes da UFPA e pacientes do Hospital Bettina Ferro, da Universidade, são as vítimas preferidas. Uma vez, um bandido adolescente resolver assaltar, sem saber, a tia de uma Policial Militar da área. Se deu mal. Em um dia comum de ronda, a cabo com no máximo 1,50m me contou com naturalidade seu abuso de autoridade.

"Descobri quem era, fui na casa dele e não estava. Falei para a mãe dele que, se no dia seguinte, às 17 horas, a bolsa da minha tia não estivesse devolvida, ele iria se dar mal. No outro dia, devolvi a bolsa para minha tia", conta a policial, que aparentava ter uns 50 anos.

6) Passagem da Ligação - Terra Firme

Dada a proximidade com o Guamá, a Terra Firme guarda semelhanças com o bairro vizinho. Contudo, a força da violência no bairro mais populoso de Belém fez por merecer um espacinho carinhoso só para ele aqui no blog. Até porque, sem dúvidas, é o bairro mais perigoso de Belém.

E não só isso. É a maior fábrica de ladrões e trombadinhas do país. A logística local ajuda que meninos comecem a roubar até aos 15; depois disso ele já entra tarde na profissão. Por lá, há aluguel de armas. Quase todos os homicídios são por acerto de contas; ou o bandido não repartiu o fruto do roubo com o dono da arma, ou tem dívidas por consumo de drogas.

Noventa por cento da população é formada por bandidos pé-de-chinelo; o resto é crente.

Passagem da Ligação é sinônimo de crime. Depois que várias equipes foram assaltadas, agredidas e humilhadas, o pessoal dos jornais O Liberal e Amazônia só entra por lá com escolta policial e rezando o terço, depois de um banho de cheiro, de comer meio alho com sal e esfregando a cruz de Cristo. Ainda assim, há o procedimento padrão prévio de esconder os objetos mais valiosos e de deixar algum trocado no bolso, para não fazer o bandido voltar de mãos abanando para casa, coitado.

No Carnaval 2008, fui fazer matéria sobre DOIS blocos carnavalescos na Passagem da Ligação. Achei estranho, curioso. Boa pauta, já que a rua só é conhecida pelo lado ruim - não que samba de enredo seja assim tão bom. Poucas semanas antes, um rapaz tinha sido assassinado na passagem, quando uma gangue saiu atirando na doida, de revolta porque um dos comparsas tinha sido morto pelo grupo rival.

Passei com os PMs para pegar escolta e o capitão estranhou mais que eu. "O quê? Carnaval na Passagem da Ligação? Só se for o 'Bloco Me Rouba'", disse, para a gargalhada geral. Na hora de sair, ainda tive que esperar chegar o resto da equipe, porque "só dois não resolvia", contou um deles.

7) BÔNUS RED HOT SUPER MOTHERFUCKER SPOT: Conjunto Almir Gabriel (Che Guevara) - Marituba

Morar no centro de Belém é caro. Cada vez há menos espaço pra todo mundo. O destino dos menos afortunados é ir para áreas distantes. E parece que a bandidagem toda se combinou para cair no conjunto Che Guevara. O fato é tão relevante que também vale uma citação aqui, embora Marituba não seja Belém. O bandido que não consegue morar no Che Guevara se contenta em ficar no bairro de Decouville, que segue mais ou menos o mesmo rumo, mas não tem o mesmo status.

Em uma matéria ordinária, conheci um PM afastado que era o verdadeiro justiceiro da comunidade. Torturava e matava ladrões do conjunto e era tido como herói pela população. Ah, seu afastamento da corporação foi para que respondesse por Processo Administrativo Disciplinar por causa de umas denúncias infundadas de que ele era rigoroso demais com os delinquentes da área. Intriga da oposição.

O conjunto Che Guevara é apenas uma mostra de como o crescimento da cidade fez a violência se espalhar pela Região Metropolitana de Belém. O mesmo pode ser visto em muitos bairros de Ananindeua, como Icuí-guajará, Águas Lindas e Paar. Nesse último, quem é assaltado de noite não registra ocorrência na seccional por saber que, se fizer isso, vai ser roubado de novo no caminho de ida e, provavelmente, na volta também. É sério."

Filipe Faraon

domingo, 29 de novembro de 2009

Gatos e outros bichos

Deus é testemunha: até me esforço para gostar de animais. Isso atesta meu crescimento espiritual - registre-se! Até pouco tempo atrás nem força eu fazia.

Com o advento da Lucrécia tenho procurado ativar em mim uma parte de minha alma que não veio de fábrica - ou veio com defeito.

Os bichos são esquisitos, todos eles. Pra começar não tem rosto, tem cara e sem expressão. Algo como uma máscara. Atribuimos a eles gostos e estados de "espírito" mas eles não nos dão pistas "faciais". Tudo o que dizem é com o corpo, pulando, sacudindo, rosnando, enchendo o saco.

No caso da Lucrécia, felina, mais estranhos ainda me parecem os bichos. Os gatos nos olham como se pretendessem nos hipnotizar. É um olho-no-olho que incomoda, quase uma afronta. Eles nos fitam entre assustados e furiosos, já notaram? Assim ... como quem sabe de algum segredo terrível ou pressente algo. Parece coisa de filme de mistério, de castelo fantasma, eu hein!

Por essas e por outras que os gatos foram tão perseguidos e quase extintos na idade média. Os devotados cristãos, que viam diabo em tudo, achavam que eles (juntamente com 80% da população feminina ) tinham parte com o Diabo. Sério! Os bondosos cristãos, com sua lendária fobia pelo Maligno, ao verem um gato parar e encará-los como nenhum outro bicho faz, detonavam o pobre.

Pois é, já falei pra Lucrécia parar com isso, mas ela não me ouve!

Relevo os olhares da Lucrécia mas o que não relevo é esse lambe-lambe, esse cheiro de bicho, os pelos, os modos irremediavelmente não humanos que me repugnam.

Às vezes a acaricio. Finjo que é um brinquedo de pelúcia mas logo vejo seus movimentos estranhamente ágeis, suas manias, preferências esdrúxulas por ficar nos telhados, seu prazer em beber água de vala, seus nervos à flor da pele.

Os bichos não riem nunca, não importa o que você faça por eles.

O fato é que a não humanidade dos bichos me irrita. E tudo neles que lembra os humanos me irrita ainda mais, pois parece um arremedo grotesco e pretensioso.

Ninguém ocupará o lugar da Lucrécia em minha vida. E isso não é uma frase de amor.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Estrelas


Não ter o que desejar é não ter estrelas
É olhar o céu e nada ver
É a imobilidade no sonho
É dormir em vão

Não ter o que desejar é alcançar estrelas
É uma forma de perde-las
Porque de perto toda estrela é rocha
Toda estrela é quente
Dura e íngreme
Dífícil de conciliar

Tenho estrelas no bolso
E algumas bem guardadas na areia
Salvei outras poucas no céu
Raramente as vejo.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Não piorou?!



Esses dias discuti o tema abaixo com umas pessoas amigas. Repetiam como um gongo que para elas a moralidade no Brasil não decaiu (tem quem acredite nisso...) apenas está mais aparente. Este  "estar mais aparente" é um lance de sinceridade dos bandidos, uma coisa até bacana da parte deles. Antigamente a corja política roubava escondido, agora os ladrões são mais sinceros sabe, o que é até preferível.

Claro que fiquei pasma. E claro que estou sendo irônica. Mas o que disseram não era muito diferente do que estou dizendo. Aqui, apenas 10% é ironia. Sim, há quem ache que descaramento é avanço. Há quem ache que agir sem temor não seja um indicativo de piora - não do caráter do desonesto em questão, mas da sociedade que o abriga. Houve sim um apodrecimento ao redor...

Argumentei assim:

Situação 01:  O cara é do mal: rouba, persegue, barbariza. Só que ele está inserido em um contexto no qual há que temer algum tipo de represália. Sendo assim, toma algumas precauções. Esgueira-se, esconde-se, se o acusam diz que não foi bem assim - mas continua no caminho do mal porque de qualquer modo conta com 90% de amigos no poder. Seu incômodo, a pedra no sapato são esses malditos 10%.

Situação 02: O cara é do mal: rouba, persegue, barbariza. Só que ele agora está no paraíso: não teme represália alguma. Não precisa tomar nenhum tipo de precaução. Não se dá ao trabalho de se esgueirar ou de se esconder. Se o acusam não traz no bolso ensaiada nenhuma desculpa esfarrapada. Não diz nada. Ou diz que não sabe de nada, não viu nada, tá todo mundo doido. Pronto. Continua no caminho do mal porque de qualquer modo conta com 100% de amigos no poder. Seu incômodo... Ei, não há incômodo! A pedra no sapato sumiu! Tá tudo dominado!

As duas situaçoes são idênticas? 
Se estivermos falando de dois países diferentes, você me dirá que ambos estão em igual condição ou um dos dois está um pouco pior?
Se você disser que dá na mesma pare por aqui. Nem dá pra continuar. Acho que você tem um problema sério de percepção das coisas ou não quer dar o braço a torcer.

Cara, é duro falar em português e ter ser entendida em aramaico.
EU NÃO ESTAVA DISCUTINDO A MORALIDADE DO LADRÃO MAS DOS OOOOUTROS!

Claro que fazer escondido ou  fazer no alto da montanha não melhora nem piora ninguém.

O que eu quis dizer e repito: se ele não tem mais do que se esconder é porque a estatura moral DE QUEM O CERCA piorou - e muito. Ou seja: o que eu discutia não era se o bandido ficou pior mas se ele ganhou mais adeptos.   No Brasil, se se escondem menos é porque eles aumentaram em número como ratos. O bandido continua o que sempre foi, só que mais desinibido.

Dizer que as coisas não pioraram só porque o bandido não piorou?  Se ele teve aumentada a sua base de apoio a coisa piorou sim, e muito.

Ah mas é tão chato admitir isso né? Menos doloroso é dizer que está tudo igual.

Pois é...  Ainda tive que ouvir o seguinte: "Ah, eu prefiro que se faça às claras. Acho um grande progresso. Pelo menos assim a gente vê o tamanho do problema."

Caraaaaacaaaaaa!

Quando "às claras" significa apenas que se tirou o pano, eu também prefiro! Mas quando esse "às claras" significa que a máfia tomou conta com sua garantia de tranquilidade, como posso chamar isso de avanço?!



terça-feira, 24 de novembro de 2009

Questões na garrafa



Já ouvi dizer que nenhum escritor escapa de um assunto único. Podem ser cento e cinquenta livros com personagens formigando mas o assunto é recorrente, volta como um pêndulo. Ele só consegue escrever sobre uma única coisa. É uma espécie de condenação.


Não é só ele. Todos temos nossas questões invencíveis. Elas não se vão e pronto.  Eu? Vez por outra venço as minhas "definitivamente". Piso-as, tranponho-as como um Dom Quixote amalucado. No dia seguinte meu espelho ri de mim. 


É, todos as temos ainda que não escrevamos atormentadamente a respeito.  Pelas minhas contas cada ser humano tem em média uns três desses fantasmas. Às vezes é um apenas. Pode tratar-se de uma pergunta daninha brotada na infância... ou uma dor pontiaguda que persiste. A verdade é que nada no mundo livrará você disso. Desista.  Eu mesma já li, interroguei, verifiquei a vida dos outros tanto aberta quanto disfarçadamente;  comparei fatos e atitudes, causa e efeito, leis que se repetiriam, possíveis previsibilidades, lições universais e nada. Nada! Cada vida é como uma impressão digital. O sapato do outro não cabe no meu pé nem no seu. Tudo é único e na prática isso não é liiindo. Na vida real é uma lástima.




Decidi: já que tenho que sofrer, fico pelo menos com o charme dos meus pequenos mistérios. Ou com a ilusão de que esses pequenos mistérios têm algum charme. Ou da ilusão mais apatetada ainda: a de que existem mistérios em questões que na verdade são comuns à humanidade (desde sempre!) e que já foram repisadas por filósofos que não li.  Pobreza intelectual...


Pois deixem-me com minhas  folhas guardadas em livros, meus recortes de papel inexplicáveis, meu retirar-me para meditar em discrição romântica. Sempre achei que essas reservas nos brindam com certa altivez "de personagem". Melhor do que desnudar-me gratuitamente para pessoas  ralas que sequer descobriram que têm questões existenciais.


Repensar e repisar...  Dizem que é isso o que o verdadeiro artista faz. Já pensei muito a respeito. Ele faz ou não faz? Faz. Aberta e veladamente. Abre o suficiente para sua arte ganhe as gerações mas fecha-se também porque não quer ser obvio.Ou não consegue ser. Ou não o traduziram direito.  Piadinha.


A maioria dos leitores ficará plainando na superfície e talvez - isso mesmo - talvez só o próprio escritor/pensador mergulhe solitário mil vezes em seus assuntos dolorosos e inconclusos, em suas perguntas que vão e vem e que uma vez respondidas seriam tão doce descanso! Mas não. Elas são cálculos que não fecham, costuras que cedem, feridas que abrem em flor, cremes que desandam, lages que racham, céus que desvestem do azul e reassumem teimosamente o luto. Pêndulos. Então os escritores morrem - e nós também! - sem nunca chegarem a lugar algum depois de tanto falatório e "escrivinhação". Sem respostas.



Também lanço aos mar minhas garrafas e meus semi-textos.  "Semi" porque nunca digo tudo. A dor mais funda fica agarrada às fundações de meus aposentos. Elas temem a luz do dia porque tudo é assustador aí fora.  A pergunta mais reveladora, o olhar prerscrutador, o fio da meada que lançaria luz à maior inseguraça, ao medo mais nítido, à fragilidade mais patética, às carnes de gelatina nuas na geada...  isso não exponho. Você não sabe de mim, só minha mãe que já se foi.



Pois sim, também lanço minhas garrafas ao mar. Dentro delas coloco folhas manuscritas com meus mais caros pesares, vexames não esquecidos, dores flamejantes, perguntas inúteis mas como doem! Lanço-a não para que volte mas para que o mar leve-a de mim, lave-as de mim. Quero despedir-me do que nem para livros ou canções servirá. Nem mesmo para mistérios sedutores.


Sento-me na areia esperançosa de perder de vista o que não me dá descanso. Verei então, apenas e para sempre, horizonte infindo. Nisso empenho minha oração. Terei o olhar perdido e a mente dos idosos, a vaguear onde queira. Feliz indolência...



É inútil. Aos primeiros raios da manhã nasce um estranho astro:  é a minha garrafa,  iluminada pelos primeiros raios do sol. Parece uma estrela do dia. Ressurge para a minha vida como um prisma. Vem a mim com tanta precisão como se eu a tivesse invocado. Volta grávida de dores, com as mesmas questões que ditarão novamenet os caminhos da minha vida.


Pois é isso e assim é. As interrogações, hesitações, frases inconclusas e o que ainda não conseguimos resolver são a foice que nos abre o caminho do dia seguinte. E o dia seguinte é tudo de que precisamos para continuar.

domingo, 22 de novembro de 2009

Carta de um policial a um bandido





"Senhor Bandido,

Esse termo de senhor que estou usando é para evitar que macule sua imagem ao lhe chamar de bandido, marginal, delinquente ou outro atributo que possa ferir sua dignidade, conforme orientações de entidades de defesa dos Direitos Humanos.

Durante vinte e quatro anos anos de atividade policial, tenho acompanhado suas conquistas (?) quanto a preservação de seus direitos, pois os cidadãos e especialmente nós policiais estamos atrelados às suas vitórias, ou seja, quanto mais direito você adquire, maior é nossa obrigação de lhe dar segurança e de lhe encaminhar para um julgamento justo, apesar de muitas vezes você não dar esse direito as suas vítimas. Todavia, não cabe a mim contrariar a lei, pois ensinaram-me que o Direito Penal é a ciência que protege o criminoso, assim como o Direito do Trabalho protege o trabalhador, e assim por diante.

Questiono que hoje em dia você tem mais atenção do que muitos cidadãos e policiais. Antigamente você se escondia quando avistava um carro da polícia; hoje, você atira, porque sabe que numa troca de tiros o policial sempre será irresponsável em revidar. Não existe bala perdida, pois a mesma sempre é encontrada na arma de um policial ou pelo menos sua arma é a primeira a ser suspeita.

Sei que você é um pobre coitado. Quando encarcerado, reclama que não possuímos dependência digna para você se ressocializar. Porém, quero que saiba que construímos mais penitenciárias do que escolas ou espaço social, ou seja, gastamos mais dinheiro para você voltar ao seio da sociedade de forma digna do que com a segurança pública para que a sociedade possa viver com dignidade.

Quando você mantém um refém, são tantas suas exigências que deixam qualquer grevista envergonhado. Presença de advogados, imprensa, colete à prova de balas, parentes, até juízes e promotores você consegue que saiam de seus gabinetes para protegê-los. Mas se isso é seu direito, vamos respeitá-lo.

Enfim, espero que seus direitos de marginal não se ampliem, pois nossa obrigação também aumentará. Precisamos nos proteger. Ter nossos direitos, não de lhe matar, mas sim de viver sem medo de ser um policial.

Dois colegas de vocês morreram, assim como dois de nossos policiais sucumbiram devido ao excesso de proteção aos seus direitos. Rogo para que o inquérito policial instaurado, o qual certamente será acompanhado por um membro do Ministério Público e outro da Ordem dos Advogados do Brasil, não seja encerrado com a conclusão de que houve execução, ou melhor, violação aos Direitos Humanos, afinal, vocês morreram em pleno exercício de seus direitos."



Autor: Wilson Ronaldo Monteiro
Delegado da Polícia Civil do Pará
30 Jun 2009 04:44 PM PDT




sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Objetos que eu odeio


1) Aquelas maquininhas de secar as mãos que colocam em shoppings e locais públicos para fazerem de conta que estão sendo ecológicos e atenciosos com a população. Por quê odeio? Primeiro porque não secam. Segundo porque não secam. Terceiro porque não secam. Fazem um barunho nojento, sopram ar quente por uns três míseros segundos e dane-se. Aí você escolhe: fica igual a uma idiota abanando as mãos na frente da máquina para convencê-la a soprar de novo enquanto atrás de você se forma uma fila de fêmeas de mãos pingantes ou vai-se embora secando as mãos na roupa. Aquelas porcarias só servem para gastar energia elétrica.

2) Frascos recarregáveis de maionese e catchup em balcões de lanchonetes. É a coisa mais pegajosa e nojenta do mundo. É o banheiro, motel e maternidade de todas as moscas que não possuem plano de saúde.

3) Aquelas tiras de borracha que amarram nosso braço quando fazemos exame de sangue. Além de beliscar nossa pele ainda puxam os pelinhos do braço.

4) Cesto de papel higiênico pequeno com um sacão plástico enorme dentro, já ocupando 80% do cesto. Você joga o papel usado e tem que empurrar a porcaria com a mão.

5) Pia de banheiro miseravelmente pequena, dessas que você lava a mão e acaba lavando também os pés.

6) Roupas com etiquetas que pinicam.

7) Pirulito vagabundo, que corta a língua.

8) Perfume de carro com cheirinho de frutas ou de bebê. Ô coisinha mais brega!

9) Aliás, qualquer ser vivente com mais de um ano de idade com cheiro de bebê é ridículo. Véia então, deveria ser metralhada.

10) Absorventes que grudam na calcinha e não querem mais sair nem por decreto.

11) "Bico de pato"; aquele objeto ridículo, incômodo e humilhante que os ginecologistas usam para sacanear com a gente.

12) Jornal. Sujam nossos dedos e emporcalham toda a nossa roupa. As folhas são enormes; você não consegue virar as páginas a não ser com os braços bem abertos como se fosse o Cristo Redentor. Eu não sou o Cristo Redentor! E no final da leitura o jornal está todo arreganhado. Irritante. O que custa vender aquela merda grampeada ou pelo menos com as páginas menores? Não, não ia virar revista, mané!

13) Toalha de plástico para forrar a mesa. Grudam no braço e por algum motivo misterioso atraem mais moscas do que cachorro atropelado.

14) Falso sabonete líquido. Cara, tá com pena de gastar dinheiro com sabonete líquido? Então não põe nada na pia, tá? Não preciso. Mas colocar 100 ml de detergente vagabundo diluído em 3 litros de água é palhaçada!

15) Pratos descartáveis "irmanados". Daqueles que jamais se separam. São 1.000 pratos mas você olha, pega, apalpa e jura que só tem 1.

16) Agora é a sua vez: .............

Nos comentários você pode acrescentar mais coisas.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

O novo Orkut


Eu nem sou tão ligada em Orkut mas até que estava curiosa. Fui convidada e dei uma checada. A grande novidade é: não tem novidade.

Gente, alguém aí me explique que conversa é essa de "novo Orkut"? Não vi nada que justificasse o frisson. Que desapontamento! Uma corzinha aqui, uma arrumaçãozinha imperceptível lá... Pensei que estaria completamente reformatado com uma cara absolutamente nova, dessas que a gente não tem nem vontade de sair da frente ou morre de raiva tentando entender como é. Tipo novo Word.

Novo Word gera curiosidade e corresponde à expectativa; vem sim com várias novas ferramentas, a cara passa por um liftig total. Mudam um monte de coisas de uma gaveta pra outra, trocam as prateleiras...  Chato para uns, instigante para outros, mas se dizem que é novo a gente entende por quê. Mas esse novo Orkut, de novo não tem P.N.

Tá, tudo bem, vou checar de novo pra ver se acho tem alguma coisa nova que não notei, talvez no cantinho da página. Mas até lá, deixo aqui o meu protesto.

domingo, 15 de novembro de 2009

Sem palavras...


Homenagem


É sobre meu aniversário. Ainda... mas juro que chega.
Recebi uma linda homenagem de uma amiga - a Claudinha - e quero me gabar compartilhar com vocês.
Ela me deu os parabéns pelo meu aniversário através de um comentário em uma das minhas postagens aqui no blog. Também me telefonou. Como se não bastasse escreveu uma linda postagem a meu respeito em seu blog. Entrem AQUI e chequem. Que meigo!

Valeu, amiga!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Treze de novembro


Pois é, hoje é o meu aniversário. Você deve estar pensando "o que será que eu poderia comprar para a Cristina? O que ela gostaria de ganhar de presente?"

Caso você seja muito distraído e ainda não tenha observado aí na barra de cima do meu blog, acorde! Existe uma LISTA DE DESEJOS pronta para ser clicada. Uma vez tendo feito isso você encontrará uma singela lista de sugestões de presentes para o caso de pensar que sou materialista e que um simples sorriso ou telefonema seu não seria suficiente para me fazer feliz. Ou para o caso de você querer extrapolar e me fazer sobeja, transbordante e supimpamente feliz.

Este texto foi escrito com antecedência de semanas e programado para se auto-publicar hoje. Quando foi escrito eu programava não programar nada para este dia. Se eu mudar de idéia e te convidar para alguma coisa VÁ, ou poderei me sentir rejeitada. Se estiver sem dinheiro não tem problema. Um verdadeiro amigo vai com a mão abanando e a cara cheia de coragem. Só os bons amigos vão assim mesmo, a despeito de tudo e não estão nem aí. Se eu não te convidar para nada... sei lá.

Por quê estou escrevendo isso tudo? Não tem muito sentido mas como é o MEU dia ninguém me criticará, certamente.

Feliz aniversário para mim!

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

12 de novembro

Já que amanhã é o meu aniversário, CLIQUE AQUI e vejam uma charge legal, pra começar.


Sabe, olhando essa imagem aí eu lembrei de uma coisa engraçada. Quando era pequena, embora adorasse meus aniversários eu simplesmente ODIAVA quando cantavam os parabéns. Ficava realmente irada, de mau humor, fazia o maior papelão. Minha mãe acabava passando vergonha todas as vezes. Quando cantavam eu ficava tão contrariada mas tão contrariada que me enfiava debaixo da mesa (sério!) e ficava lá até terminarem a odiosa cantoria. Quando acabava eu retornava para soprar as velinhas.

No fundo ninguém gosta do tal Parabéns pra Você. O pessoal canta de maldade mesmo, pra se vingarem pelo gasto com o presente. Não é não?

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O mundo vai acabar - de novo!


Se todas as pessoas que marcaram uma data para o fim do mundo se dessem as mãos... Não, elas não se dariam as mãos porque nunca estiveram de acordo quanto à data exata. Mas se se enfileirassem, várias voltas em redor dom mundo seriam dadas.

Bem, agora a onda é 2012. Gente, os Maias (que nãos estão mais aqui para explicar essa história) disseram que o mundo se acabará nessa data. Como prova disso eles nem se deram ao trabalho de continuar a publicar seus calendários que tanto faziam sucesso entre os borracheiros da época, com aquelas gostosas na na capa. O calendário maia termina em 2012 e depois disso ... nada. Nem um peitinho para 2013.

Estou doida para ver o filme que nos assombrará. O trailer é ótimo. Ainda não vi efeitos especiais de tanta qualidade. Ao ser lançado estarei no cinema rente que nem pão quente. Isso se Deus quiser e o mundo não tiver acabado. Colocarei o celular no silencioso, comerei nervosamente minhas pipocas, arregalarei meus olhos delineados, levarei sustos na hora certa e ao fim retornarei para casa para dormir impressionada e feliz.

Gosto do tema "Fim do Mundo". Faz parte das minhas fantasias prediletas imaginar o extermínio final das baratas, dos Sem Terra, do PT, dos terroristas, do tecno-brega, da poluição sonora nas praias e da celulite. A solução final. Ah o fim do mundo... E o fim - finalmente o fim! dos flanelinhas e do licenciamento anual de veículos. Quer coisa melhor?

Quem não gosta nada disso é a NASA. Não me refiro à minha vizinha Nazaré. Se bem que acho que ela também não gosta de pensar no fim do mundo porque ela é muito religiosa e como sabemos os religiosos morrem de medo de Jesus Cristo pois podem ser pegos de calças curtas por ele:
"- Hahããããã!!!!! Pecando, hein?" 

A NASA que me refiro aqui é a Agência Espacial Norte Americana. Li esses dias que ela está "revoltada" (ui!)  com o filme "2012, dirigido por Roland Emmerich, com estreia prevista para o próximo final de semana, relata o fim da humanidade no solstício do inverno boreal de 2012, exatamente no dia 21 de dezembro, após uma série de catástrofes naturais."

Conheço Nasa faladeira, Nasa fofoqueira, Nasa invejosa... mas essa NASA aqui passou dos limites. Está afirmando, jurando e assegurando que essa mania de fim de mundo é descabida, que não tem nada disso e que o mundo não vai se acabar em 1012 coisa nenhuma. Pronto. Agora eu pergunto: como eles sabem?

Na minha opinião afirmar isso é tão ridículo quanto afirmar que o mundo vai acabar. Ninguém tem dados nem pra lá nem pra cá. Certos estão os cineastas: vamos fazer  filmes e nos divertir!

Quem sabe alguma coisa sobre o dia de amanhã?  Vai que dá uma merda e explode um monte de bomba ao mesmo tempo. O que não falta no mundo são malucos poderosos com bombas nas mãos. Outra hipótese: vai que esses cientistas, mancomunados com os governos (eles são "assim" com os homens) não nos contaram nada para não criar pânico, mas na verdade o espaço está a maior zona e tem um monte de astros viajando em nossa direção e vão colidir com a Terra sim. Sei lá! Vocês confiam neles? Eu não. Vocês confiam no que uma agência americana diria oficialmente para o resto do mundo? Tá doido? E se o nome dessa agência é NASA? Menos ainda. Soa em meus ouvidos como "DONA MARICOTA".

"Se esta possibilidade de colisão fosse real, os astrônomos teriam detectado este objeto "ao menos durante a última década, e agora seria visível a olho nu. Obviamente, não existe. Nenhum cientista sério do mundo conhece alguma ameaça para 2012", insiste a Nasa. e eu completo: nenhum cientista iria querer perder seu lugar nem as verbas de pesquisa. Não é melhor ficar calado, como nos filmes?  

"A vida imita a arte."

"A agência destacou que as colisões catastróficas da Terra com corpos celestes são muito raras, e que a última ocorreu há 65 milhões de anos".  Sei lá... Vai ver que já está na hora de acontecer outra. Por via das dúvidas eu vou... vou o quê mesmo? Vou comprar um saco de pipocas e me preparar para assistir o filme. Você tem sugestão melhor?

Obs.: A propósito: aí acima está a imagem do calendário maia que explica o beabá do final do mundo. Coloquei aí para você não ir na onda dos outros e conferir a profecia com seus próprios olhos.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Crianças em caixas

Esses dias fui atraída por sons infantis. Olhei pela janela aqui do trabalho e vi crianças de uma escolinha no horário de recreio. Sabe, achei triste.

Olha só o momento de lazer: amontoar-se em um espaço pouco diferente de uma enorme caixa de cimento fervente à qual a proprietária chamaria de "área de recreio".

Pelo amor de Deus, os moleques deveriam ganhar adicional de insalubridade por brincar ali. Calor infernal, árvore nenhuma, cimento no chão tipo "ralador", uns bonecos desbotados pintados na muro... Tadinhos! Não dava nem para ensaiar uma corrida! e todo mundo sabe que criança normal adora correr! Depois não querem que sejam obesos.

Sinto sede só de lembrar dos pobrezinhos fritando...

Caramba, onde está o espaço verde? Que confinamento era aquele? É direito da criança brincar na terra e da terra fazer bolo com bandeirinha no alto, rodear as árvores, olhar flor de perto, descobrir os segredos das formigas, plantar pelo menos um pé de cebolinha e ter a satisfação de ficar com as uninhas sujas. Voltar pra casa com os bolsos cheios de pedras, fazer de conta que folhas são dinheiro e tudo o mais. Meu Deus, como colocam aqueles inocentes num quintal queeente sem sombra e ainda chamam aquilo de "recreio"? Para mim tava mais com cara de castigo. Devem ter se comportado muito mal durante a aula.

Quando criança eu adorava deitar no chão e ver o laborioso trabalho das formigas. Gostava de cismar com uma e segui-la com os olhos tentando não confundi-la com nenhuma outra. Depois de alguns poucos minutos a sensação era de intimidade e aquela pequenina se tornava especial. eu a conhecia porque sabia de onde ela vinha, quantas vezes caiu a folha, quantas vezes ela parou, quantas "conversou" com outra formiga... eu sabia da história dela! Não dá pra fazer isso no cimento escaldante.

E ao voltar para casa estas crianças terão televisão, computador e uma empregada.

Esse mundo está meio esquisito...

sábado, 7 de novembro de 2009

Sem Você - de Riva Moutinho


Não tenho fotos... São apenas as lembranças
De um tempo, de uma decisão.
Seus olhos em meu espelho... Uma recordação.
Foram tantos sonhos que ainda não consegui dormir.

Tantas palavras amassadas pelo tempo
E um hiato sem nenhuma pretensão
Baú de ilusões quando a vida segue sempre
O destino é o caminho de quem ainda não escolheu.

Te vi sonhando e nem pude te acordar
Nos encontramos no desejo de não conseguir pensar
E de não ter medo do medo
Que nos limita e nos impede de lutar

Seu cheiro grudou de alguma forma no meu corpo.
Um feitiço sem antídoto.
Dizem que o tempo sara tudo
Mas não tenho tanto tempo para me ver livre de você.

Cante aqui nossa canção.
Sou eu no vento, sem nenhuma direção
O amor conta mentiras que a gente fantasia
E conta verdades que a gente custa a acreditar.

E então as rosas se abriram.
A primavera já chegou.
Parece até abril, mas estamos em setembro
O sol está lá, na janela do seu quarto.

E lembre-se que há sempre um lugar
Onde toda mágica faz sentido,
Mesmo não havendo sentido algum.

Copiado do blog Infinito de Mim, de Riva Moutinho - clique AQUI 

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Vinde a mim os antipáticos



Digam o que disserem dos antipáticos mas ninguém sobrevive sem eles. Eu mesma tenho uma especial atração por pessoas que os outros não vão muito com a cara. Geralmente são verdadeiros diamantes escondidos.

Muitos (não todos!!!) dos simpaticíssimos que conheci não passavam de um poço de falsidade com seu risinho fácil e enganoso.

Se você não tem um amigo antipático ou grosseirão, providencie urgentemente. Acredite: você precisa.

Os motivos são vários, uns já bem conhecidos: alguém tem que ter coragem de dizer na lata que sua roupa está ridícula, que seu namorado é viado mesmo, que você está falando alto demais, que o motivo de não te convidarem para sair é porque você quando bebe solta demais a franga, que esse cara que está saindo com você está dando em cima da fulana, que beltrana não é sua amiga, que desse jeito você não vai ser promovida nunca, que seu relatório está uma merda. É chato mas suas amigas fofas jamais terão coragem.

Antes de continuar quero deixar bem claro que casca-grossa ou antipático não tem nada a ver com chato ou cara de pau, que são apenas pessoas inconvenientes e mau educadas. Delas quero distância.

Continuando: Claro que você leu meu texto Saia Justa, não é? Pois é o caso típico e faltou dizer que para se sair daquela saia justa hipotética mencionada, outra solução era justamente entregar o caso para um amigo (ou amiga) não muito "fofinho", ou seja: um antipático.
Você vai fazer uma festa e tem uma horda de gente se convidando, querendo um vácuo? Você não sabe mais o que fazer? "Me convida! Me convida! Me convida!" E agora, quem poderá me ajudar?
Queridos e queridas, ninguém melhor para fazer o "trabalho sujo" (alguém tem que fazer o trabalho sujo!) do que o seu super amigo antipático! Aquele que não está nem aí para a opinião dos outros, aquele que corta caminho, que é prático, se dá, dá, se não dá, dane-se. Você simplesmente diz para os pentelh - digo, amigo - que você está tão, mas tããaaao atarefado que incumbiu outra pessoa de ficar com a lista de convidados:
"- Oh, ando tão estressado com os preparativos que tive que "terceirizar". Pedi então ajuda aos amigos. A lista de convidados por exemplo está a cargo do meu grande amigo Fulano. Fale com ele! Ele te consegue um convite coooom certeza!"

E saia de mansinho, rindo. Claro que o seu amigo troglodita, se estiver num dia bom, vai dizer no mínimo que "Não dá. Acabaram-se os convites." Se for pedida explicação: "Não vai dar para arrumar um convite para você porque a festa é só para as 200 pessoas mais chegadas. Desculpaê." Depois dessa, quem insiste?

Sempre tem quem insista mas seja lá quem for, vai se arrepender.
Alguém quer dinheiro emprestado e você não tem coragem de negar? Fale com seu super amigo antipático. "Emprestei exatamente essa quantia a ele - que coincidência! - e ele ficou de me pagar amanhã! Vou ligar para ele nem me pagar e repassar a quantia direto para você tá, bom? vou avisar a ele e daí vocês acertam. Pode ligar para ele direto, com minha autorização!"

Hehehehe Adivinha o que vai acontecer????? Minha mente é diabólica!!!!

Isso serve para tudo: empréstimo de sapatos, livros... Use a criatividade. Quem não tem um amigo ou amiga antipática está perdido, sozinho no mundo, completamente desamparado e pronto para ser sugado por vampiros por todos os lados e por todas as veias.

Sabe, já me disseram que não sou nenhum poço de simpatia. Estou pensando em "alugar-me a mim mesma" como "amiga antipática". Podem usar meu nome. Cobro pelos meus serviços preços bem em conta. Mas fiquem sabendo: não faço caridade. Vou cobrar mesmo, já que sou antipática. Tenho que fazer jus à fama. Não posso ficar sem moral.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Nouvelle Vague


Pouca coisa pode ser mais divertida do que esse assunto.

Tá vendo? Já te fiz rir. Se você é um intelectual (ou pseudo, tanto faz) estará a pensar que não sei nada a respeito e que por este motivo devo estar achando que Nouvelle Vague seria algum tipo de chanchada ou algo que o valha. Sou um zero à esquerda, não é?

Bem, você acertou em parte. Não que eu ache que se trate de um estilo ou movimento ou expressão cultural cômico ou circense. Nesse ponto você errou feio. Você só acertou quando pensou que não sei definir o termo. Não sei mesmo. Você também não sabe.

A parte cômica da história fica por conta do seguinte: junte em uma mesa de bar ou em um debate cultural algumas pessoas que sabem ou pensam que sabem do que se trata "Nouvelle Vague". Coloque-se na moita mais próxima e divirta-se a valer! É bem melhor do que ouvir o Maluf dando explicações, porque pelo menos você não morre de raiva; fica só com o filé da história.

Cara, é tanto falatório, tanta pose, tanto nome em francês, e lero-lero e no final ninguém diz nada! Seu Zé da taberna se estiver ouvindo vai ficar na mesma - e eu também. É o tipo de assunto que uma vez puxado não vai a lugar algum, não esclarece. Só serve para... para quê mesmo? Pra beber e fumar, é isso!

A verdade é que já dei umas checadas aqui e acolá mas até hoje juro que não encontrei um filho de Deus que me explicasse com clareza (sem enrolação nem empolação nem rodeios ou pigarros) o que é (ou foi) afinal de contas esse "coiso"; se precisa aquecer antes de comer, se combina com bolsa vermelha ou se oferece risco às grávidas.

Tá, tá, tô brincando. Deixa eu arriscar: Foi um estilo cinematográfico... para diretores que não tinham muito dinheiro... que queriam ser diferentes dos americanos... e por fim ficaram tão diferentes mas tão diferentes que pouca gente conseguiu apreciar mesmo as traquinagens deles ... as historias eram meio esquisitas... todo mundo fumava e dava pra todo mundo... as falas eram em intelectualês... tudo com cara de francês... só sabíamos quando o filme terminava quando apareciam as letrinhas no fim... e todo mundo morria de vergonha de dizer que não gostou do filme... tipo atestado de burrice... feio também era dizer que nunca assistiu nenhum Nouvelle Vague... pior ainda não saber pronunciar... eu assisti todos e amei todos, juro por Deus!... passa lá em casa que eu pronuncio pra você.

É ISSO?

Bossa Nova era mais fácil de sacar...

Só para não dizerem que estou sendo injusta quando afirmo que os caras enrolam, fazem pose de que sabem e tal mas a verdade é que NINGUÉM NUNCA DIZ MEEEEESMO o que é NOUVELLE VAGUE, saca aí dois exemplos:

"O que é a Nouvelle Vague? Um movimento? Um grupo? Uma tendência? Truffaut dizia que a única coisa em comum entre eles era a busca pelo sucesso de bilheteria e a preferência pelos fliperamas do Champs Elyseés, Chabrol brincava que se existia uma “nova onda” era preciso saber nadar... Quem são os pais, os filhos, os bastardos, os abortos? Quem aceita, quem despreza? Quem fez, o quê? Todas essas perguntas o ciclo “Desbravando a Nouvelle Vague”, de setembro à novembro, irá explorar. Não há o tempo ideal para o panorama completo. Haverá o visto e o não visto, os clássicos e os raros. Fica o dito e o não dito. Alguma coisa há de se salvar..."

Olha o que diz a Wikipédia:
Nouvelle vague foi um movimento artístico do cinema francês que se insere no movimento contestatário próprio dos anos sessenta. No entanto, a expressão foi lançada por Françoise Giroud, em 1958, na revista L’Express ao fazer referência a novos cineastas franceses. Sem grande apoio financeiro, os primeiros filmes conotados com esta expressão eram caracterizados pela juventude dos seus autores, unidos por uma vontade comum de transgredir as regras normalmente aceites para o cinema mais comercial."
Movimento artístico + pouco dinheiro +gente jovem + transgressão? Hmmm...

Resumo: P.N.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Os 7 lugares mais violentos de Belém

(Copiado descaradamente do blog "Oásis da Inutilidade" - CLIQUE AQUI para conhecer)


"Instigado pelo atual espírito dos meus amiguinhos @Andersonjor (www.begadogonzo.blogspot.com) e @Tainaaires (www.dialetica.org/necessaire) de fazer listas de quaisquer coisas, resolvi também fazer a minha, um pouco mais séria. Lamento a ausência de alguns locais perigosos, como o resto inteiro da cidade. A intenção é apenas citar ruas e partes de bairros mais emblemáticos, onde crimes são regra e a paz, exceção.

Este post serve como uma espécie de orientação para o visitante desavisado que está muito afim de ser roubado em Belém. É verdade que, neste caso, ele provavelmente vai conseguir ser vítima andando em qualquer lugar. Garanto, contudo, que indo para os pontos especificados a seguir, a possibilidade de êxito é certa. Em caso de não sair completamente satisfeito, devolvemos seu dinheiro.

Em cada ponto, não me refiro apenas à rua citada; ela é apenas quem carrega a fama maior. A violência se espalha por toda a adjacência, come o conjunto, comunidade e às vezes, o bairro inteiro de maneira uniforme.

Meu objetivo aqui também não é criticar - nem elogiar - o trabalho da polícia. Sei que ela está presente em todos os pontos a ser citados, mas também sei que está longe de ser suficiente.

1) Passagem São Benedito - Barreiro

Não adianta: onde há canal, há bandido. Ao redor do Canal do Galo, há criminosos de todas as espécies - das castas mais baixas, claro - e se bobear, até debaixo da água.

Por via das circunstâncias, coube à Passagem São Benedito, que nem é assim tão perto do canal, levar toda a carga semântica da palavra "crime" carregada pelos bairros da Sacramenta, Barreiro e até uma ponta do Telégrafo. Particularmente, prefiro ficar com dor de cabeça a ter que comprar remédio na farmácia Big Ben lá de perto. Ô lugarzinho infeliz pra um comerciante...

2) Quintino Bocaiúva - Jurunas

Calma. Pode andar tranquilo - na verdade, nem tanto assim - pelo Colégio Moderno, pelo Armazém Santo Antônio e pelo Banco Bar (onde era o Escritório, né?). O lugar que me refiro é mais pro lado da Cidade Velha. Lembra daquele PM Box que a população destruiu? Poisé, lá mesmo.

À primeira vista, parece uma típica comunidade pobre belenense, com casas de madeira em cima de um canal. Porém, trata-se de uma das áreas de crime mais tradicionais da cidade. É diferente. O tráfico de drogas é muito mais arraigado, a hierarquia parece mais estabelecida, tem muita gente assaltando para comprar maconha e cocaína e muito nego morrendo por não conseguir pagar pelo que consome, num eterno ciclo.

Sabe quando o crocodilo rival do Pica-pau está com tanta fome que olha pra ele não como um passarinho normal, mas sim como um frango assado? Então. Os viciados de lá te olham como uma peteca gigante de maconha ou uma pasta de cocaína ambulante.

3) Buraco Fundo - Icoaraci

De todos os locais desse post, esse aqui é o único que eu nunca fui, só passei na frente. Colocaram tanto medo em mim que realmente não tive coragem de "descer". Juraram para mim que polícia não entra lá. Sou otimista, prefiro não acreditar.

O Buraco Fundo de Icoaraci - sim, há Buracos Fundos em outros bairros - é basicamente uma grande invasão. E você sabe que, assim como canais, invasões são atrativos de bandidos. Famílias de bem em um lugar desses vivem deslocadas e com medo.

Lá é um dos grandes locais de fornecimento de bandidos para Icoaraci e até Outeiro. Embora a concorrência seja grande e o mercado já saturado, a produção permanece de vento em popa.

O perfil já é um pouco diferente do pessoal da Quintino; há a galera drogada que rouba para satisfazer o vício, mas é grande a quantidade de pobres, miseráveis e desempregados que não conseguem emprego ou não tentam, e precisam sobreviver.

4) Rua da Piçarreira - Benguí

A bandidagem no Benguí também é antiga. Tanto que já nem cabem todos os ladrões por lá. Por isso, a turma foi se espalhando pelas adjacências, entre as quais o bairro da Cabanagem, não tão famoso mas também perigosíssimo.

A rua da Piçarreira é o tipo de lugar em que a vergonha é não ter envolvimento em delitos. Conheci um cara que morava lá, um perueiro amigo de um amigo meu. Confirmou muitas das informações assustadoras que a Polícia Militar tinha me passado sobre o bairro. É terra de ninguém.

A fama da rua começou por motivo ocasional. É escura, soturna e dá para um muro. Então, ladrões simplesmente roubam na rua Yamada, que liga o Benguí ao Tapanã, fogem pela rua da Piçarreira e pulam o muro. Daí, pra achar o cara na mata que tem no outro lado...

5) Tucunduba - Guamá

Há um século, deveria ser uma paisagem lindíssima. Um riacho que vem do rio Guamá cortando a mata virgem. Hoje, de virgem, nem as alunas da UFPA. O riacho virou canal e a vegetação deu lugar a três tipos de trabalhadores: feirantes, bandidos e feirantes-bandidos, para complementar a renda.

O crime ao redor do Tucunduba é mais uma prova de como bandido adora canal. Às vezesm acho que, se Belém não tivesse canais, a criminalidade diminuiria 70%. Já se não tivesse invasão, teríamos que importar ladrão do Rio de Janeido.

E não adianta muito a Seccional do Guamá ser também às margens do Tucunduba, com funcionamento 24 horas por dia. Até de carro é possível ser assaltado por lá; basta dar uma passadinha.

Quando a galera enjoa de roubar lá por perto do Riacho Doce, vai para a avenida Perimetral durante a madrugada, coloca troncos de madeira na pista e espera um otário passar. No último caso desses que fiquei sabendo, uma criança de 12 anos morreu baleada. Ela voltava de uma vigília evangélica com a família.

Estudantes da UFPA e pacientes do Hospital Bettina Ferro, da Universidade, são as vítimas preferidas. Uma vez, um bandido adolescente resolver assaltar, sem saber, a tia de uma Policial Militar da área. Se deu mal. Em um dia comum de ronda, a cabo com no máximo 1,50m me contou com naturalidade seu abuso de autoridade.

"Descobri quem era, fui na casa dele e não estava. Falei para a mãe dele que, se no dia seguinte, às 17 horas, a bolsa da minha tia não estivesse devolvida, ele iria se dar mal. No outro dia, devolvi a bolsa para minha tia", conta a policial, que aparentava ter uns 50 anos.

6) Passagem da Ligação - Terra Firme

Dada a proximidade com o Guamá, a Terra Firme guarda semelhanças com o bairro vizinho. Contudo, a força da violência no bairro mais populoso de Belém fez por merecer um espacinho carinhoso só para ele aqui no blog. Até porque, sem dúvidas, é o bairro mais perigoso de Belém.

E não só isso. É a maior fábrica de ladrões e trombadinhas do país. A logística local ajuda que meninos comecem a roubar até aos 15; depois disso ele já entra tarde na profissão. Por lá, há aluguel de armas. Quase todos os homicídios são por acerto de contas; ou o bandido não repartiu o fruto do roubo com o dono da arma, ou tem dívidas por consumo de drogas.

Noventa por cento da população é formada por bandidos pé-de-chinelo; o resto é crente.

Passagem da Ligação é sinônimo de crime. Depois que várias equipes foram assaltadas, agredidas e humilhadas, o pessoal dos jornais O Liberal e Amazônia só entra por lá com escolta policial e rezando o terço, depois de um banho de cheiro, de comer meio alho com sal e esfregando a cruz de Cristo. Ainda assim, há o procedimento padrão prévio de esconder os objetos mais valiosos e de deixar algum trocado no bolso, para não fazer o bandido voltar de mãos abanando para casa, coitado.

No Carnaval 2008, fui fazer matéria sobre DOIS blocos carnavalescos na Passagem da Ligação. Achei estranho, curioso. Boa pauta, já que a rua só é conhecida pelo lado ruim - não que samba de enredo seja assim tão bom. Poucas semanas antes, um rapaz tinha sido assassinado na passagem, quando uma gangue saiu atirando na doida, de revolta porque um dos comparsas tinha sido morto pelo grupo rival.

Passei com os PMs para pegar escolta e o capitão estranhou mais que eu. "O quê? Carnaval na Passagem da Ligação? Só se for o 'Bloco Me Rouba'", disse, para a gargalhada geral. Na hora de sair, ainda tive que esperar chegar o resto da equipe, porque "só dois não resolvia", contou um deles.

7) BÔNUS RED HOT SUPER MOTHERFUCKER SPOT: Conjunto Almir Gabriel (Che Guevara) - Marituba

Morar no centro de Belém é caro. Cada vez há menos espaço pra todo mundo. O destino dos menos afortunados é ir para áreas distantes. E parece que a bandidagem toda se combinou para cair no conjunto Che Guevara. O fato é tão relevante que também vale uma citação aqui, embora Marituba não seja Belém. O bandido que não consegue morar no Che Guevara se contenta em ficar no bairro de Decouville, que segue mais ou menos o mesmo rumo, mas não tem o mesmo status.

Em uma matéria ordinária, conheci um PM afastado que era o verdadeiro justiceiro da comunidade. Torturava e matava ladrões do conjunto e era tido como herói pela população. Ah, seu afastamento da corporação foi para que respondesse por Processo Administrativo Disciplinar por causa de umas denúncias infundadas de que ele era rigoroso demais com os delinquentes da área. Intriga da oposição.

O conjunto Che Guevara é apenas uma mostra de como o crescimento da cidade fez a violência se espalhar pela Região Metropolitana de Belém. O mesmo pode ser visto em muitos bairros de Ananindeua, como Icuí-guajará, Águas Lindas e Paar. Nesse último, quem é assaltado de noite não registra ocorrência na seccional por saber que, se fizer isso, vai ser roubado de novo no caminho de ida e, provavelmente, na volta também. É sério."

Filipe Faraon