quarta-feira, 27 de maio de 2009

Duas mulheres



É mais ou menos como duas mulheres lindas em mesas opostas.

Sabem-se perfeitas mas nenhuma tem certeza de que seria a preferida em caso de uma escolha. Olham-se, comparam-se, invejam-se, tem curiosidades mútuas mas nunca se aproximam. Quase se amam, mas se repelem.

Qual perfume ela usa? Ama? É feliz? Seria mais amada do que eu? Seu corpo é mais firme? Todas estas luzes, estes brilhos todos, são verdades que vem de dentro? Sorri deveras? Meu Deus, quanta delicadeza, quanta riqueza de detalhes, como é sedutora em suas múltiplas artes!

Quão mais atraentes seriam essas luzes do que a naturalidade das minhas águas que jorram sem maquiagem, selvagemente? Minhas margens verdes e frias, meu barulho, meu cicio, o que seria mais desejável e envolvente?

Eu represento a paz que todos procuram mas ela, a glamourosa, é a segurança, a vaidade que os homens inseguros tanto precisam ostentar. Todos a querem durante a semana. Todos lutam pelo seu brilho. Poderiam talvez matar por ela, por sua loirice refulgente. Mas minha paz...

Minha paz é ardentemente desejada noites e noites em sonhos confusos e inconfessáveis. Porque eu sou o que de mais primordial os homens precisam. Sou a mãe, a mulher nua que os quer sem terno e sem carro. Sou o desejo na terra, na água e no mato, sou tudo, o transe natural e sem insegurança, a aceitaçao completa, a plenitude. Sou tudo o que jamais deixariam de querer se não houvesse a civilização. Por isso voltam para mim como quem volta para si mesmo desesperadamente.

Alguns dias... Finais de semana... alguns preciosos dias e não mais. É impossível que seja mais. Então o brilho os cativa de novo.

E a outra ...

Olha a exuberância daquela que precisa de tão pouco para enlouquecer os homens. Daquela que com um simples canto os arranca de seus braços dourados com uma facilidade desconcertante. E eles vão hipnotizados, seguindo uma cantiga que ela mesma nem escuta. Impossível competir! Como ela linda, meu Deus! Como é tão linda com tão pouco?

Por fim, em poucos dias, saciada os devolve todos! Joga-os de volta para mim fazendo tão pouco caso... como se não me custasse tanto essas companhias.

Duas mulheres lindas em mesas opostas...

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quarta-feira, 27 de maio de 2009

Duas mulheres



É mais ou menos como duas mulheres lindas em mesas opostas.

Sabem-se perfeitas mas nenhuma tem certeza de que seria a preferida em caso de uma escolha. Olham-se, comparam-se, invejam-se, tem curiosidades mútuas mas nunca se aproximam. Quase se amam, mas se repelem.

Qual perfume ela usa? Ama? É feliz? Seria mais amada do que eu? Seu corpo é mais firme? Todas estas luzes, estes brilhos todos, são verdades que vem de dentro? Sorri deveras? Meu Deus, quanta delicadeza, quanta riqueza de detalhes, como é sedutora em suas múltiplas artes!

Quão mais atraentes seriam essas luzes do que a naturalidade das minhas águas que jorram sem maquiagem, selvagemente? Minhas margens verdes e frias, meu barulho, meu cicio, o que seria mais desejável e envolvente?

Eu represento a paz que todos procuram mas ela, a glamourosa, é a segurança, a vaidade que os homens inseguros tanto precisam ostentar. Todos a querem durante a semana. Todos lutam pelo seu brilho. Poderiam talvez matar por ela, por sua loirice refulgente. Mas minha paz...

Minha paz é ardentemente desejada noites e noites em sonhos confusos e inconfessáveis. Porque eu sou o que de mais primordial os homens precisam. Sou a mãe, a mulher nua que os quer sem terno e sem carro. Sou o desejo na terra, na água e no mato, sou tudo, o transe natural e sem insegurança, a aceitaçao completa, a plenitude. Sou tudo o que jamais deixariam de querer se não houvesse a civilização. Por isso voltam para mim como quem volta para si mesmo desesperadamente.

Alguns dias... Finais de semana... alguns preciosos dias e não mais. É impossível que seja mais. Então o brilho os cativa de novo.

E a outra ...

Olha a exuberância daquela que precisa de tão pouco para enlouquecer os homens. Daquela que com um simples canto os arranca de seus braços dourados com uma facilidade desconcertante. E eles vão hipnotizados, seguindo uma cantiga que ela mesma nem escuta. Impossível competir! Como ela linda, meu Deus! Como é tão linda com tão pouco?

Por fim, em poucos dias, saciada os devolve todos! Joga-os de volta para mim fazendo tão pouco caso... como se não me custasse tanto essas companhias.

Duas mulheres lindas em mesas opostas...

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