terça-feira, 19 de maio de 2009

Marinheiros


Por quê me olham? Surpresos? Surpresos comigo e não com o mar, lindo e imenso? O mar que brilha, que vai e vem, que cálido adotaria vocês como desajeitados peixes, curiosas criaturas. Vocês reconhecem de onde vieram? Entendem a semelhança do pequeno mar escuro no qual foram gestados e afagados?
Reconhecem a semelhança dos poemas cochichados por águas semelhantes?
Por que me olham assim? Não posso explicar o que o mar diz. Vocês entenderão um dia, quando à essas horas mais os planos, mas as saudades adormecerão dolentes com o sol.
Há algo de útero na mornidão desse mar e talvez instintivamente vocês reconheçam entre ele e eu alguma semelhança antiga, algum aconchego de tempos idos. Esse mar talvez nem seja grande demais pra vocês. O meu jaz agora pequeno e seco. Mas já foi o mundo!
Já fui todo o mundo que vocês, marinheiros, conheceram por nove meses. Eu era a deusa da vida e da morte. Não sou mais. Sou só lembrança instintiva, ainda morna ... e além das pedras.

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terça-feira, 19 de maio de 2009

Marinheiros


Por quê me olham? Surpresos? Surpresos comigo e não com o mar, lindo e imenso? O mar que brilha, que vai e vem, que cálido adotaria vocês como desajeitados peixes, curiosas criaturas. Vocês reconhecem de onde vieram? Entendem a semelhança do pequeno mar escuro no qual foram gestados e afagados?
Reconhecem a semelhança dos poemas cochichados por águas semelhantes?
Por que me olham assim? Não posso explicar o que o mar diz. Vocês entenderão um dia, quando à essas horas mais os planos, mas as saudades adormecerão dolentes com o sol.
Há algo de útero na mornidão desse mar e talvez instintivamente vocês reconheçam entre ele e eu alguma semelhança antiga, algum aconchego de tempos idos. Esse mar talvez nem seja grande demais pra vocês. O meu jaz agora pequeno e seco. Mas já foi o mundo!
Já fui todo o mundo que vocês, marinheiros, conheceram por nove meses. Eu era a deusa da vida e da morte. Não sou mais. Sou só lembrança instintiva, ainda morna ... e além das pedras.

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