domingo, 17 de maio de 2009

A mesma vida, com mais tempo



A vida nem precisava ser mais longa. Bastava que se passasse em câmera lenta quando precisássemos. Ou que pudéssemos dar um "pause" vez por outra.

Há coisas que deveríamos poder ver e viver com mais vagar. Imagine você poder pausar uma cena dessa e olhar longamente as bailarinas assim mesmo, como na foto. Não paradas como bonecas de cera - mais que isso!

Quero o trajeto da luz e a confusão de cores que isso ocasiona. Quero flagrar fachos se realinhando para não perder a cor e buscando rapidamente a saia da moça, suas costas brancas, as flores do cabelo. Quero perceber ainda os cheiros correndo no mesmo colar de movimento, as frações de pensamentos, os rostos em expressões suspensas e esvoaçadas. Quero também ver como é possível, nisso tudo, a juventude movimentar-se tão eficientemente em sentido contrário.
Não deveríamos perder esses momentos mas eles duram frações de segundos para nós. São espetáculos eternamente perdidos. Aqui, congelado em foto, não parece um momento mas um riso, uma zombaria, um esnobar da nossa cegueira.

Só vemos a vida quadro-a-quadro. É pouco. Quero os rastros, as pausas, os suspiros pairando, lapsos de pensamentos iluminados por fios de luzes que se julgavam invisíveis.

Quero andar no meio das bailarinas pelo tempo que eu quiser sem que minha vida aumente ou diminua.

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domingo, 17 de maio de 2009

A mesma vida, com mais tempo



A vida nem precisava ser mais longa. Bastava que se passasse em câmera lenta quando precisássemos. Ou que pudéssemos dar um "pause" vez por outra.

Há coisas que deveríamos poder ver e viver com mais vagar. Imagine você poder pausar uma cena dessa e olhar longamente as bailarinas assim mesmo, como na foto. Não paradas como bonecas de cera - mais que isso!

Quero o trajeto da luz e a confusão de cores que isso ocasiona. Quero flagrar fachos se realinhando para não perder a cor e buscando rapidamente a saia da moça, suas costas brancas, as flores do cabelo. Quero perceber ainda os cheiros correndo no mesmo colar de movimento, as frações de pensamentos, os rostos em expressões suspensas e esvoaçadas. Quero também ver como é possível, nisso tudo, a juventude movimentar-se tão eficientemente em sentido contrário.
Não deveríamos perder esses momentos mas eles duram frações de segundos para nós. São espetáculos eternamente perdidos. Aqui, congelado em foto, não parece um momento mas um riso, uma zombaria, um esnobar da nossa cegueira.

Só vemos a vida quadro-a-quadro. É pouco. Quero os rastros, as pausas, os suspiros pairando, lapsos de pensamentos iluminados por fios de luzes que se julgavam invisíveis.

Quero andar no meio das bailarinas pelo tempo que eu quiser sem que minha vida aumente ou diminua.

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