
Insight: se você não tem, problema seu.
Antes de ontem estive mal. Hoje, pelo contrário, me deu novamente um daqueles trecos bonitos. Atacou-me um "êxtase de beleza" ( ou algo assim).
Você tem disso?!
Hoje fui aproveitar o sábado no clube. Na ida já senti alteração. O primeiro sinal de quando vai me dar essa coisa é que noto tudo muito mais colorido do que de costume. Por exemplo: a água piscina estava especialmente límpida e fresca. Parecia cristal líquido. E o sol? O sol... o que dizer do sol a não ser que é quente, doura tudo e esse monte de coisas manjadas? Bem, mas ele tinha algo a mais hoje - não me pergunte o quê.
A tarde estava linda, mas de uma lindeza dolorosa, dessas lindezas de doer, sabe como? Vai dando até um aperto no peito.
Havia cores demais, um absurdo, quase um desperdício. Lá pelo meio da tarde, quando eu voltava para casa, respirando fundo, senti-me tão saudável e bronzeada, tão leve e maravilhosa como se eu tivesse acabado de sair de um casulo direto para a vida.
Antes de ontem eu estava horrivelmente deprimida; hoje foi me subindo essa overdose de "felicidade encantada" vinda sei lá de onde. É esquisito mas é bom, então deixa.
Liguei o som do carro e me deslumbrei "novamente pela primeira vez" com o violão encantado de Toquinho executando a Bachianinha, do Paulinho Nogueira. Cara! Aí não aguentei: chorei. Chorei aos cântaros, de soluçar, de pingar, molhar o rosto todo.
Não, eu não estava triste.
Não, eu não estava especialmente alegre.
Chorei assim de beleza, sabe como? De êxtase, porque o sol arrefeceu e tudo estava sem brilho mas nítido, nítido mesmo, com as cores lavadas pela chuva recente. E estava fresco e tocava a Bachianinha e os carros iam todos irmanados na mesma direção como se todos - o mundo todo! - ouvisse uma única e doce música. A mim me parecia que dar-se-iam as mãos se pudessem, se as tivessem. A cidade descansava do sol, lambia-se da chuva, preparava-se para o amor do final da tarde e eu seguia meu rumo encantada e cheia de vida, molhada, trazendo ainda restos de sol nos seios como cacos de ouro. Então ri e chorei, misturei tudo, sozinha e enlouquecida.
...e durante meu percurso fui saudada, lindamente saudada!
Um saco plástico órfão, repentino e travesso inflou-se à minha frente. Encheu o peito, subiu até a altura do meu pára-brisas, o suficiente para que eu o visse. Olhou-me brevemente, fez uma estrela como fazem os artistas de rua. Pairou... sorriu e ... não sei. Assim, como que do nada. Só lembro que era verde claro e muito ágil.
Que breve, que meigo, que gentil!
Pois é, aconteceu.
Eu tb tenho disso. É uma sensibilidde extremada, que na minha opinião vem da nossa própria necessidade em querer sair do estado de tristeza. Então olhamos o mundo de forma mais apurada e a sua beleza singela, que cotidianamente não enxergamos, nos salta aos olhos. Não tem como não ficar emocionada. Que bom que temos disso.
ResponderExcluirTeu baseado faz um efeito, eim!?
ResponderExcluir