segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Crianças em caixas

Esses dias fui atraída por sons infantis. Olhei pela janela aqui do trabalho e vi crianças de uma escolinha no horário de recreio. Sabe, achei triste.

Olha só o momento de lazer: amontoar-se em um espaço pouco diferente de uma enorme caixa de cimento fervente à qual a proprietária chamaria de "área de recreio".

Pelo amor de Deus, os moleques deveriam ganhar adicional de insalubridade por brincar ali. Calor infernal, árvore nenhuma, cimento no chão tipo "ralador", uns bonecos desbotados pintados na muro... Tadinhos! Não dava nem para ensaiar uma corrida! e todo mundo sabe que criança normal adora correr! Depois não querem que sejam obesos.

Sinto sede só de lembrar dos pobrezinhos fritando...

Caramba, onde está o espaço verde? Que confinamento era aquele? É direito da criança brincar na terra e da terra fazer bolo com bandeirinha no alto, rodear as árvores, olhar flor de perto, descobrir os segredos das formigas, plantar pelo menos um pé de cebolinha e ter a satisfação de ficar com as uninhas sujas. Voltar pra casa com os bolsos cheios de pedras, fazer de conta que folhas são dinheiro e tudo o mais. Meu Deus, como colocam aqueles inocentes num quintal queeente sem sombra e ainda chamam aquilo de "recreio"? Para mim tava mais com cara de castigo. Devem ter se comportado muito mal durante a aula.

Quando criança eu adorava deitar no chão e ver o laborioso trabalho das formigas. Gostava de cismar com uma e segui-la com os olhos tentando não confundi-la com nenhuma outra. Depois de alguns poucos minutos a sensação era de intimidade e aquela pequenina se tornava especial. eu a conhecia porque sabia de onde ela vinha, quantas vezes caiu a folha, quantas vezes ela parou, quantas "conversou" com outra formiga... eu sabia da história dela! Não dá pra fazer isso no cimento escaldante.

E ao voltar para casa estas crianças terão televisão, computador e uma empregada.

Esse mundo está meio esquisito...

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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Crianças em caixas

Esses dias fui atraída por sons infantis. Olhei pela janela aqui do trabalho e vi crianças de uma escolinha no horário de recreio. Sabe, achei triste.

Olha só o momento de lazer: amontoar-se em um espaço pouco diferente de uma enorme caixa de cimento fervente à qual a proprietária chamaria de "área de recreio".

Pelo amor de Deus, os moleques deveriam ganhar adicional de insalubridade por brincar ali. Calor infernal, árvore nenhuma, cimento no chão tipo "ralador", uns bonecos desbotados pintados na muro... Tadinhos! Não dava nem para ensaiar uma corrida! e todo mundo sabe que criança normal adora correr! Depois não querem que sejam obesos.

Sinto sede só de lembrar dos pobrezinhos fritando...

Caramba, onde está o espaço verde? Que confinamento era aquele? É direito da criança brincar na terra e da terra fazer bolo com bandeirinha no alto, rodear as árvores, olhar flor de perto, descobrir os segredos das formigas, plantar pelo menos um pé de cebolinha e ter a satisfação de ficar com as uninhas sujas. Voltar pra casa com os bolsos cheios de pedras, fazer de conta que folhas são dinheiro e tudo o mais. Meu Deus, como colocam aqueles inocentes num quintal queeente sem sombra e ainda chamam aquilo de "recreio"? Para mim tava mais com cara de castigo. Devem ter se comportado muito mal durante a aula.

Quando criança eu adorava deitar no chão e ver o laborioso trabalho das formigas. Gostava de cismar com uma e segui-la com os olhos tentando não confundi-la com nenhuma outra. Depois de alguns poucos minutos a sensação era de intimidade e aquela pequenina se tornava especial. eu a conhecia porque sabia de onde ela vinha, quantas vezes caiu a folha, quantas vezes ela parou, quantas "conversou" com outra formiga... eu sabia da história dela! Não dá pra fazer isso no cimento escaldante.

E ao voltar para casa estas crianças terão televisão, computador e uma empregada.

Esse mundo está meio esquisito...

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