quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Não piorou?!
Esses dias discuti o tema abaixo com umas pessoas amigas. Repetiam como um gongo que para elas a moralidade no Brasil não decaiu (tem quem acredite nisso...) apenas está mais aparente. Este "estar mais aparente" é um lance de sinceridade dos bandidos, uma coisa até bacana da parte deles. Antigamente a corja política roubava escondido, agora os ladrões são mais sinceros sabe, o que é até preferível.
Claro que fiquei pasma. E claro que estou sendo irônica. Mas o que disseram não era muito diferente do que estou dizendo. Aqui, apenas 10% é ironia. Sim, há quem ache que descaramento é avanço. Há quem ache que agir sem temor não seja um indicativo de piora - não do caráter do desonesto em questão, mas da sociedade que o abriga. Houve sim um apodrecimento ao redor...
Argumentei assim:
Situação 01: O cara é do mal: rouba, persegue, barbariza. Só que ele está inserido em um contexto no qual há que temer algum tipo de represália. Sendo assim, toma algumas precauções. Esgueira-se, esconde-se, se o acusam diz que não foi bem assim - mas continua no caminho do mal porque de qualquer modo conta com 90% de amigos no poder. Seu incômodo, a pedra no sapato são esses malditos 10%.
Situação 02: O cara é do mal: rouba, persegue, barbariza. Só que ele agora está no paraíso: não teme represália alguma. Não precisa tomar nenhum tipo de precaução. Não se dá ao trabalho de se esgueirar ou de se esconder. Se o acusam não traz no bolso ensaiada nenhuma desculpa esfarrapada. Não diz nada. Ou diz que não sabe de nada, não viu nada, tá todo mundo doido. Pronto. Continua no caminho do mal porque de qualquer modo conta com 100% de amigos no poder. Seu incômodo... Ei, não há incômodo! A pedra no sapato sumiu! Tá tudo dominado!
As duas situaçoes são idênticas?
Se estivermos falando de dois países diferentes, você me dirá que ambos estão em igual condição ou um dos dois está um pouco pior?
Se você disser que dá na mesma pare por aqui. Nem dá pra continuar. Acho que você tem um problema sério de percepção das coisas ou não quer dar o braço a torcer.
Cara, é duro falar em português e ter ser entendida em aramaico.
EU NÃO ESTAVA DISCUTINDO A MORALIDADE DO LADRÃO MAS DOS OOOOUTROS!
Claro que fazer escondido ou fazer no alto da montanha não melhora nem piora ninguém.
O que eu quis dizer e repito: se ele não tem mais do que se esconder é porque a estatura moral DE QUEM O CERCA piorou - e muito. Ou seja: o que eu discutia não era se o bandido ficou pior mas se ele ganhou mais adeptos. No Brasil, se se escondem menos é porque eles aumentaram em número como ratos. O bandido continua o que sempre foi, só que mais desinibido.
Dizer que as coisas não pioraram só porque o bandido não piorou? Se ele teve aumentada a sua base de apoio a coisa piorou sim, e muito.
Ah mas é tão chato admitir isso né? Menos doloroso é dizer que está tudo igual.
Pois é... Ainda tive que ouvir o seguinte: "Ah, eu prefiro que se faça às claras. Acho um grande progresso. Pelo menos assim a gente vê o tamanho do problema."
Caraaaaacaaaaaa!
Quando "às claras" significa apenas que se tirou o pano, eu também prefiro! Mas quando esse "às claras" significa que a máfia tomou conta com sua garantia de tranquilidade, como posso chamar isso de avanço?!
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quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Não piorou?!
Esses dias discuti o tema abaixo com umas pessoas amigas. Repetiam como um gongo que para elas a moralidade no Brasil não decaiu (tem quem acredite nisso...) apenas está mais aparente. Este "estar mais aparente" é um lance de sinceridade dos bandidos, uma coisa até bacana da parte deles. Antigamente a corja política roubava escondido, agora os ladrões são mais sinceros sabe, o que é até preferível.
Claro que fiquei pasma. E claro que estou sendo irônica. Mas o que disseram não era muito diferente do que estou dizendo. Aqui, apenas 10% é ironia. Sim, há quem ache que descaramento é avanço. Há quem ache que agir sem temor não seja um indicativo de piora - não do caráter do desonesto em questão, mas da sociedade que o abriga. Houve sim um apodrecimento ao redor...
Argumentei assim:
Situação 01: O cara é do mal: rouba, persegue, barbariza. Só que ele está inserido em um contexto no qual há que temer algum tipo de represália. Sendo assim, toma algumas precauções. Esgueira-se, esconde-se, se o acusam diz que não foi bem assim - mas continua no caminho do mal porque de qualquer modo conta com 90% de amigos no poder. Seu incômodo, a pedra no sapato são esses malditos 10%.
Situação 02: O cara é do mal: rouba, persegue, barbariza. Só que ele agora está no paraíso: não teme represália alguma. Não precisa tomar nenhum tipo de precaução. Não se dá ao trabalho de se esgueirar ou de se esconder. Se o acusam não traz no bolso ensaiada nenhuma desculpa esfarrapada. Não diz nada. Ou diz que não sabe de nada, não viu nada, tá todo mundo doido. Pronto. Continua no caminho do mal porque de qualquer modo conta com 100% de amigos no poder. Seu incômodo... Ei, não há incômodo! A pedra no sapato sumiu! Tá tudo dominado!
As duas situaçoes são idênticas?
Se estivermos falando de dois países diferentes, você me dirá que ambos estão em igual condição ou um dos dois está um pouco pior?
Se você disser que dá na mesma pare por aqui. Nem dá pra continuar. Acho que você tem um problema sério de percepção das coisas ou não quer dar o braço a torcer.
Cara, é duro falar em português e ter ser entendida em aramaico.
EU NÃO ESTAVA DISCUTINDO A MORALIDADE DO LADRÃO MAS DOS OOOOUTROS!
Claro que fazer escondido ou fazer no alto da montanha não melhora nem piora ninguém.
O que eu quis dizer e repito: se ele não tem mais do que se esconder é porque a estatura moral DE QUEM O CERCA piorou - e muito. Ou seja: o que eu discutia não era se o bandido ficou pior mas se ele ganhou mais adeptos. No Brasil, se se escondem menos é porque eles aumentaram em número como ratos. O bandido continua o que sempre foi, só que mais desinibido.
Dizer que as coisas não pioraram só porque o bandido não piorou? Se ele teve aumentada a sua base de apoio a coisa piorou sim, e muito.
Ah mas é tão chato admitir isso né? Menos doloroso é dizer que está tudo igual.
Pois é... Ainda tive que ouvir o seguinte: "Ah, eu prefiro que se faça às claras. Acho um grande progresso. Pelo menos assim a gente vê o tamanho do problema."
Caraaaaacaaaaaa!
Quando "às claras" significa apenas que se tirou o pano, eu também prefiro! Mas quando esse "às claras" significa que a máfia tomou conta com sua garantia de tranquilidade, como posso chamar isso de avanço?!
2 comentários:
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Gostei do post e espero não estar criando polêmica inútil, mas acho que faltou incluir no post a questão da implicância partidária de ambas as partes. Mesmo porque fez parte do contexto da discussão. :)
ResponderExcluirP.S. De ambas as partes é horrível, mas foi assim mesmo,rs. Aproveitando o ensejo, também trocaria implicância por discordância. Pode ser?
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