quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Enchente em Marabá? Não tenho pena.
Todo mundo sabe que vai ter, é infalível. Todo mundo sabe onde vai ter e em qual época do ano. Todo mundo que corre o risco de perder tudo continua na zona de perigo e perde tudo tranquilamente. Faz cara de triste na televisão mas no ano seguinte está lá de novo, prontos pra outra.
Devo ser muito malvada porque não consigo ter pena. Os carinhas tiveram no mínimo um ano para sair de lá. Não saíram porque não quiseram. Se quiseram e não conseguiram em um ano, saiba: a maioria daquele pessoal está na na área alagável há muito mais de 5 anos. Alguns estão lá há trinta ou a vida toda. Não é possível que não tenham conseguido um barraco em lugar seco em tantos anos. Qualquer barraco seco é melhor do que perder tudo lá. Todo mundo sabe que a Nova Marabá foi construída como opção, para as pessoas irem se mudando aos poucos até, por fim, deixarem de vez a área alagável. Pena? Eu?
Esses dias li uma reportagem interessante: "Tragédia de verão anunciada: a farra das enchentes e a indústria do estado de emergência." Não quero ser injusta mas... será que o texto de Sérgio Ricardo de Lima tem a ver?
O "malvadinho" diz, entre outras coisas, que deixar de tomar providências obvias para se prevenir contra tragédias anunciadas só pode se dever a "irresponsabilidade social, chegando-se até à faixa dos interesses escusos."
Referindo-se ainda às enchentes no Rio, Sérgio diz que "É sabido que, em situações de calamidade pública, o poder publico é autorizado a contratar serviços sem qualquer licitação, para enfrentar a emergência. E, nos limites abissais da sordidez humana, sempre haverá alguém querendo se aproveitar de situações de sofrimento coletivo, para usufruir vantagens e lucros fáceis. A contratação emergencial de obras e compras através da dispensa de licitação, como temos visto a cada tragédia anual, embute risco palpável de mau uso de recursos públicos e malversação de verbas, além de excessiva pulverização na aplicação dos recursos em medidas e obras de pouca eficácia e reduzido retorno social e ambiental. A solução para isto é o controle social a ser exercido por conselhos municipais e comitês de bacias para fiscalização eficaz do uso destes recursos..."
Por isso que eu acho uma palhaçada as reportagens sobre as enchentes em Marabá, todas com aquela impostação de desgraça, de "tadinhos", de "nossa, como aconteceu isso?"
Ninguém cobra uma solução? Ninguém busca uma solução nem para si mesmo? Então fiquem pra lá com isso. Parem de noticiar as enchentes de Marabá. Os meios de comunicação podem ser muito mais bem utilizados do que isso. As lentes de filmagem podem se voltar para causas legítimas, para as pessoas que querem realmente mudar.
Sobre este texto e todos os demais digo: reservo-me o direito de mudar de idéia, tá?
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Enchente em Marabá? Não tenho pena.
Todo mundo sabe que vai ter, é infalível. Todo mundo sabe onde vai ter e em qual época do ano. Todo mundo que corre o risco de perder tudo continua na zona de perigo e perde tudo tranquilamente. Faz cara de triste na televisão mas no ano seguinte está lá de novo, prontos pra outra.
Devo ser muito malvada porque não consigo ter pena. Os carinhas tiveram no mínimo um ano para sair de lá. Não saíram porque não quiseram. Se quiseram e não conseguiram em um ano, saiba: a maioria daquele pessoal está na na área alagável há muito mais de 5 anos. Alguns estão lá há trinta ou a vida toda. Não é possível que não tenham conseguido um barraco em lugar seco em tantos anos. Qualquer barraco seco é melhor do que perder tudo lá. Todo mundo sabe que a Nova Marabá foi construída como opção, para as pessoas irem se mudando aos poucos até, por fim, deixarem de vez a área alagável. Pena? Eu?
Esses dias li uma reportagem interessante: "Tragédia de verão anunciada: a farra das enchentes e a indústria do estado de emergência." Não quero ser injusta mas... será que o texto de Sérgio Ricardo de Lima tem a ver?
O "malvadinho" diz, entre outras coisas, que deixar de tomar providências obvias para se prevenir contra tragédias anunciadas só pode se dever a "irresponsabilidade social, chegando-se até à faixa dos interesses escusos."
Referindo-se ainda às enchentes no Rio, Sérgio diz que "É sabido que, em situações de calamidade pública, o poder publico é autorizado a contratar serviços sem qualquer licitação, para enfrentar a emergência. E, nos limites abissais da sordidez humana, sempre haverá alguém querendo se aproveitar de situações de sofrimento coletivo, para usufruir vantagens e lucros fáceis. A contratação emergencial de obras e compras através da dispensa de licitação, como temos visto a cada tragédia anual, embute risco palpável de mau uso de recursos públicos e malversação de verbas, além de excessiva pulverização na aplicação dos recursos em medidas e obras de pouca eficácia e reduzido retorno social e ambiental. A solução para isto é o controle social a ser exercido por conselhos municipais e comitês de bacias para fiscalização eficaz do uso destes recursos..."
Por isso que eu acho uma palhaçada as reportagens sobre as enchentes em Marabá, todas com aquela impostação de desgraça, de "tadinhos", de "nossa, como aconteceu isso?"
Ninguém cobra uma solução? Ninguém busca uma solução nem para si mesmo? Então fiquem pra lá com isso. Parem de noticiar as enchentes de Marabá. Os meios de comunicação podem ser muito mais bem utilizados do que isso. As lentes de filmagem podem se voltar para causas legítimas, para as pessoas que querem realmente mudar.
Sobre este texto e todos os demais digo: reservo-me o direito de mudar de idéia, tá?
5 comentários:
Vc deveria conhecer mais sobre a problemática das enchentes em Marabá. O problema não ter pena ou nao! Está muito além disso o debate que deve ser feito em torno das cheias. Mas a forma que vc escreveu o texto desqualifica os moradores, se engana com a realidade e com a cultura d eum povo.
ResponderExcluirPrezado Ribamar,
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Obrigada por sua visita ao meu blog e sua participação.
Quanto ao mais, o fato de as pessoas saberem, COM CERTEZA ABSOLUTA que todo ano tem enchente e continuarem lá as torna responsáveis - não pelas chuvas - mas por suas próprias vidas. A forma como eu disse é apenas uma forma de dizer; não altera a realidade. O que é, é, independente da forma de dizer. Já morei em Marabá e sei que é assim. Os próprios moradores, que residem em outros bairros, dizem que muitas oportunidades já foram dadas para aquelas pessoas saíres de lá mas como é área comercial ELAS NÃO QUEREM. Preferem ser removidas todo ano mas depois voltarem aos seus comércios. Não falei NENHUMA mentira.
Eu disse que eles não saem de lá mesmo sabendo o que acontecerá a enchente. Isso os desqualifica? Quem diz isso é você. Quanto a mim, só expus os fatos.
Posso dizer, com base em estudos e pesquisas, que em determinada cidade há pocos empreendedores. Alguém pode se indignar e dizer que isso desqualifica os moradores... O juízo de valor fica por conta de cada um. E mais: não ataquei a "cultura de um povo". Não falei nada contra o carimbó, o tecno-brega, as tapiocas, o tacacá das cinco horas, as gírias, o´"égua". Falei de água, de comércio, de indústria da enchente. Se isso é cultura está na hora de deixar de ser.
Quanto ao debate... Não sei que grande debate pode ser feito em torno das cheias. Existe uma indústria das cheias assim como sempre existiu a da seca. Debate? Não estamos mais em tempo de debater, mas de cobrar vergonha na cara.
Quanto à "problemática das enchentes em Marabá", gostaria até de conhecer mais... Para você dizer isso é sinal de que existem fatos que neutralizam tudo o que eu disse. Estou até curiosa.
Um abraço!
CristinaCristina
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As enchentes em Marabá vão sempre acontecer, a cidade teve inicio no percurso do rio. E historicamente as pessoas convivem com isso, (tendo que sair e voltar) por que naturalmente as águas passarão.
o debate que digo que temque ser feito é em relação a forma de conviver com as enchentes, emque o poder público nunca está preparado para abrigar as familias. Acredito e concordo com vc com relação a industria das enchentes que há nesse período e principlamebnte alimentada em ano eleitoral, isso é uma prática comum na cidade. Mas existe uma mobilização para qeu opopder público possa encarar a "problemática" com mais humanismo. Neste sentido já foram constituída associções e outras formas de discussão para sensibilizar o poder público.
Quanto a cultura, o povo (desabrigados) não vão aceitar outro local para morar, já aprenderam a conviver com essas dificuldades. No entanto, é preciso de espaços dignos para os momentos mais dificeis.
Um abraço..
E vamos ao bom debate...Ribamar,
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Se as pessoas já aprenderam a conviver com isso, tudo bem! Na verdade isso é ótimo mesmo! Nesse caso NÃO HÁ CATÁSTROFE A SER SOCORRIDA.
Cada um deveria então ter seu esquema para sair do local das enchentes, passar uns dias fora (casa de parentes, hotel, uma casinha simples comprada com o próprio dinheiro, um acampamento tipo cooperativa... etc) já que escolheu assim. De fato tudo não se passa de um movimento de ir e vir que não pega ninguém desprevenido. Acho que pode vir ser uma característica interessante da cidade, uma espécie de romaria que, com uma programação correta, poderia até mesmo incentivar o turismo. Na verdade poderia passar a ser bem legal.
Fica aqui minha sugestão.
Mas não vamos tratar isso como tragédia porque NÃO É.
Não acho que o poder público (ou seja: nós) tenha obrigação de construir algo como, digamos, um "hotel" para todo ano o pessoal se hospedar enquanto a enchente passa. Aí todo o ano o pessoal vai para lá, às custas dos cofres públicos, passa uns dias e depois voltam alegremente?
Você não acha que a decisão de ficar ou não ficar cabe a cada um, assim como as despesas por essa decisão?
Um abraço.
Vc deveria conhecer mais sobre a problemática das enchentes em Marabá. O problema não ter pena ou nao! Está muito além disso o debate que deve ser feito em torno das cheias. Mas a forma que vc escreveu o texto desqualifica os moradores, se engana com a realidade e com a cultura d eum povo.
ResponderExcluirPrezado Ribamar,
ResponderExcluirObrigada por sua visita ao meu blog e sua participação.
Quanto ao mais, o fato de as pessoas saberem, COM CERTEZA ABSOLUTA que todo ano tem enchente e continuarem lá as torna responsáveis - não pelas chuvas - mas por suas próprias vidas. A forma como eu disse é apenas uma forma de dizer; não altera a realidade. O que é, é, independente da forma de dizer. Já morei em Marabá e sei que é assim. Os próprios moradores, que residem em outros bairros, dizem que muitas oportunidades já foram dadas para aquelas pessoas saíres de lá mas como é área comercial ELAS NÃO QUEREM. Preferem ser removidas todo ano mas depois voltarem aos seus comércios. Não falei NENHUMA mentira.
Eu disse que eles não saem de lá mesmo sabendo o que acontecerá a enchente. Isso os desqualifica? Quem diz isso é você. Quanto a mim, só expus os fatos.
Posso dizer, com base em estudos e pesquisas, que em determinada cidade há pocos empreendedores. Alguém pode se indignar e dizer que isso desqualifica os moradores... O juízo de valor fica por conta de cada um. E mais: não ataquei a "cultura de um povo". Não falei nada contra o carimbó, o tecno-brega, as tapiocas, o tacacá das cinco horas, as gírias, o´"égua". Falei de água, de comércio, de indústria da enchente. Se isso é cultura está na hora de deixar de ser.
Quanto ao debate... Não sei que grande debate pode ser feito em torno das cheias. Existe uma indústria das cheias assim como sempre existiu a da seca. Debate? Não estamos mais em tempo de debater, mas de cobrar vergonha na cara.
Quanto à "problemática das enchentes em Marabá", gostaria até de conhecer mais... Para você dizer isso é sinal de que existem fatos que neutralizam tudo o que eu disse. Estou até curiosa.
Um abraço!
Cristina
Cristina
ResponderExcluirAs enchentes em Marabá vão sempre acontecer, a cidade teve inicio no percurso do rio. E historicamente as pessoas convivem com isso, (tendo que sair e voltar) por que naturalmente as águas passarão.
o debate que digo que temque ser feito é em relação a forma de conviver com as enchentes, emque o poder público nunca está preparado para abrigar as familias. Acredito e concordo com vc com relação a industria das enchentes que há nesse período e principlamebnte alimentada em ano eleitoral, isso é uma prática comum na cidade. Mas existe uma mobilização para qeu opopder público possa encarar a "problemática" com mais humanismo. Neste sentido já foram constituída associções e outras formas de discussão para sensibilizar o poder público.
Quanto a cultura, o povo (desabrigados) não vão aceitar outro local para morar, já aprenderam a conviver com essas dificuldades. No entanto, é preciso de espaços dignos para os momentos mais dificeis.
Um abraço..
E vamos ao bom debate...
Ribamar,
ResponderExcluirSe as pessoas já aprenderam a conviver com isso, tudo bem! Na verdade isso é ótimo mesmo! Nesse caso NÃO HÁ CATÁSTROFE A SER SOCORRIDA.
Cada um deveria então ter seu esquema para sair do local das enchentes, passar uns dias fora (casa de parentes, hotel, uma casinha simples comprada com o próprio dinheiro, um acampamento tipo cooperativa... etc) já que escolheu assim. De fato tudo não se passa de um movimento de ir e vir que não pega ninguém desprevenido. Acho que pode vir ser uma característica interessante da cidade, uma espécie de romaria que, com uma programação correta, poderia até mesmo incentivar o turismo. Na verdade poderia passar a ser bem legal.
Fica aqui minha sugestão.
Mas não vamos tratar isso como tragédia porque NÃO É.
Não acho que o poder público (ou seja: nós) tenha obrigação de construir algo como, digamos, um "hotel" para todo ano o pessoal se hospedar enquanto a enchente passa. Aí todo o ano o pessoal vai para lá, às custas dos cofres públicos, passa uns dias e depois voltam alegremente?
Você não acha que a decisão de ficar ou não ficar cabe a cada um, assim como as despesas por essa decisão?
Um abraço.
eu concordo com a cristina, pois esse vai e vem é escolha de cada um, todos sabem que todo ano tem cheia,o que nao pode é o dinheiro público ser usado desta maneira.
ResponderExcluirAté parece que tem gente que adora essas cheias.