sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Você conhece esse cara?



Você curte cerimônias? Acho que sim e acho que não. Como todo mundo. Não, eu não "como todo mundo"! Não sou assim tão voraz. Estou dizendo "igual a todo mundo"!

Não conheço uma só pessoa que, estando em uma cerimônia, não reclame da inominável chatisse dela. Também não conheço uma só pessoa que, fazendo jus a uma, abra mão dela. Estranho, né? Vingança pelo que a sociedade lhe fez passar?

A verdade é que a pessoa muda radicalmente e passa a querer uma cerimônia do fundo do coração nem que seja para ficar o tempo todo reclamando.

Contradição humana... O ser humano se forma e não se conforma.

Todo mundo tem, porque ele não teria um cerimonial a altura da sua conquista? Sim, tem que ter brega, quer dizer, beca, entrega de diploma, uma mesa enorme ornamentada de autoridades chatas e reitor. Cadê o reitor? Eu quero o reitor! Por quê o reitor não haveria de comparecer na MINHA formatura? Que insulto!

É o-bri-ga-tó-ri-o o convite aveludado aos parentes, roupa nova, correria, calor insuportável, falta de estacionamento, mata-mata de fotógrafos pulando uns por cima dos outros em suas roupas horríveis e máquinas fotográficas de antepenúltima geração, hordas de mães e tias emocionadas, irmãos espinhentos e fotógrafos não profissionais com maquininhas minúsculas. Tem que ter muito atraso e falta de cadeiras. Tem que não se prestar a tenção a nenhum dos vinte discursos intoleráveis que jamais serão lembrados. Tem que se rezar fervorosamente para que aquele momento tão sonhado acabe logo pelo amor de Deus.

O colarinho tem que penicar e a calcinha tem que entrar na bunda, assar e fritar a parte menos vistosa mas mais valiosa do seu corpo. Sim, você merece, f.d.p.

Há contradição maior? Não há mas há muitas contradições semelhantes: casamentos, aniversários, laureamentos diversos, festinhas de despedida, de boas vindas, de vá tomar daquele lugar, de Chá de Bebê, de Panela, de Casa Nova, de Sabe Deus.

Não me queixo! Sou daquelas que também querem, que também ficam tristes-tristinhas quando a coisa não acontece e ficam alegres-alegrinhas quando a coisa finalmente acaba.

Já fiz elaborados discursos em rodas de amigos com relação a isso. Já disse que deveríamos abolir essas convenções sociais que nos amarram e que na verdade gostaríamos de evitar. Somos livres - quem nos obriga? Quem? Quem?! Queeeeem? Subvertamos tudo! Criemos um novo tempo, uma nova sociedade mais livre e sorridente onde só o que faz bem e faz sentido deve ser conservado. Livremo-nos das imposições burguesas às quais temos obedecido como gado e tal e tal e tal!

Todos ao meu redor concordaram e ignoraram com igual veemência. Até hoje não entendo como as duas coisas podem coexistir. A ressaca me ajudou a refletir.

Essa ditadura social opressiva e contraditória não acaba porque "Nós Mesmos" é a resposta. Aliás "Nós Mesmos" é o ser que mais nos enche de problemas, pobremas, poblemas, ploblemas e seus filhotes todos: dívidas, questões desnecessárias, cismas, ciúmes, chateações diversas.

Você poderia ser feliz e livre mas vem o tal do "Nós Mesmos" e lasca com tudo. Ele cai de pára-quedas em sua vida já com uma lista de desnecessidades só para não te sobrar tempo nem dinheiro nuncajamais pra nadica de nada em sua curta passagem pelo planeta azul.

Se você encontrar esse tal de "Nós Mesmos" por aí, meta a mão na cara dele. Amasse a lata desse #&)*)*&*¨%$#. E pode dizer que fui eu quem mandou.

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sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Você conhece esse cara?



Você curte cerimônias? Acho que sim e acho que não. Como todo mundo. Não, eu não "como todo mundo"! Não sou assim tão voraz. Estou dizendo "igual a todo mundo"!

Não conheço uma só pessoa que, estando em uma cerimônia, não reclame da inominável chatisse dela. Também não conheço uma só pessoa que, fazendo jus a uma, abra mão dela. Estranho, né? Vingança pelo que a sociedade lhe fez passar?

A verdade é que a pessoa muda radicalmente e passa a querer uma cerimônia do fundo do coração nem que seja para ficar o tempo todo reclamando.

Contradição humana... O ser humano se forma e não se conforma.

Todo mundo tem, porque ele não teria um cerimonial a altura da sua conquista? Sim, tem que ter brega, quer dizer, beca, entrega de diploma, uma mesa enorme ornamentada de autoridades chatas e reitor. Cadê o reitor? Eu quero o reitor! Por quê o reitor não haveria de comparecer na MINHA formatura? Que insulto!

É o-bri-ga-tó-ri-o o convite aveludado aos parentes, roupa nova, correria, calor insuportável, falta de estacionamento, mata-mata de fotógrafos pulando uns por cima dos outros em suas roupas horríveis e máquinas fotográficas de antepenúltima geração, hordas de mães e tias emocionadas, irmãos espinhentos e fotógrafos não profissionais com maquininhas minúsculas. Tem que ter muito atraso e falta de cadeiras. Tem que não se prestar a tenção a nenhum dos vinte discursos intoleráveis que jamais serão lembrados. Tem que se rezar fervorosamente para que aquele momento tão sonhado acabe logo pelo amor de Deus.

O colarinho tem que penicar e a calcinha tem que entrar na bunda, assar e fritar a parte menos vistosa mas mais valiosa do seu corpo. Sim, você merece, f.d.p.

Há contradição maior? Não há mas há muitas contradições semelhantes: casamentos, aniversários, laureamentos diversos, festinhas de despedida, de boas vindas, de vá tomar daquele lugar, de Chá de Bebê, de Panela, de Casa Nova, de Sabe Deus.

Não me queixo! Sou daquelas que também querem, que também ficam tristes-tristinhas quando a coisa não acontece e ficam alegres-alegrinhas quando a coisa finalmente acaba.

Já fiz elaborados discursos em rodas de amigos com relação a isso. Já disse que deveríamos abolir essas convenções sociais que nos amarram e que na verdade gostaríamos de evitar. Somos livres - quem nos obriga? Quem? Quem?! Queeeeem? Subvertamos tudo! Criemos um novo tempo, uma nova sociedade mais livre e sorridente onde só o que faz bem e faz sentido deve ser conservado. Livremo-nos das imposições burguesas às quais temos obedecido como gado e tal e tal e tal!

Todos ao meu redor concordaram e ignoraram com igual veemência. Até hoje não entendo como as duas coisas podem coexistir. A ressaca me ajudou a refletir.

Essa ditadura social opressiva e contraditória não acaba porque "Nós Mesmos" é a resposta. Aliás "Nós Mesmos" é o ser que mais nos enche de problemas, pobremas, poblemas, ploblemas e seus filhotes todos: dívidas, questões desnecessárias, cismas, ciúmes, chateações diversas.

Você poderia ser feliz e livre mas vem o tal do "Nós Mesmos" e lasca com tudo. Ele cai de pára-quedas em sua vida já com uma lista de desnecessidades só para não te sobrar tempo nem dinheiro nuncajamais pra nadica de nada em sua curta passagem pelo planeta azul.

Se você encontrar esse tal de "Nós Mesmos" por aí, meta a mão na cara dele. Amasse a lata desse #&)*)*&*¨%$#. E pode dizer que fui eu quem mandou.

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