terça-feira, 6 de julho de 2010

Sonhar é um perigo

Antigamente eu pensava que sonhar não pagava imposto - mas paga. Não em dinheiro.

Estive fazendo um balanço da minha vida. Não sei se por sorte ou urucubaca, mas as coisas que sonho geralmente acontecem.

Digo que não sei se isso é bom ou mal pelo seguinte: muitos sonhos, uma vez realizados, mostraram-se  "pesados"... ou chochos... ou inadequados.  Não valiam a pena ou não cabiam em mim, no meu temperamento, no meu perfil. Ouro de tolos. Por outro lado posso afirmar que as melhores coisas da minha vida não foram sonhadas.

Conclusão: não sei sonhar. Muita incompetência, né?

Desconfio de que você também seja um incompetente, juntamente com o resto da humanidade. Acho que todos nós somos meio tolos e só aprendemos a sonhar quando ficamos mais velhos. Talvez por isso Deus encha a nossa juventude de trabalhos e afazeres mil: para não termos tempo de ficar sonhando merda e depois sairmos nos queixando. Enquanto estamos ocupados pra caramba com aquele curso de latim que jamais nos servirá ou com aquela pesquisa que ninguém vai dar a mínima, o Bom Deus  vai cuidado dos lances fundamentais da nossa novela.  Aí, quando nos tornamos menos ocupados, também seremos menos tendentes a fazermos mal a nós mesmos.

Sonhar é um perigo. (Eu sei, eu sei que já escrevi sobre isso anteriormente!)

Alguém já orou, muito sabiamente, assim: "Senhor, livrai-nos da realização dos nossos sonhos!" 

Como eu ia dizendo, as coisas melhores da minha vida escaparam ao meu laboratório mental. Não foram sonhadas; simplesmente aconteceram. Por exemplo: filhos. Quando menina eu nunca pensei muito em ter filhos. Nem me passava pela cabeça, para ser sincera. Eu só queria mesmo o príncipe encantado (ora vejam!). No entanto os filhos "me sobrevieram" e concluo que jamais eu conseguiria sonhar tão bem sonhado uma coisa dessas.

Já sonhei em desenvolver certas atividades que, hoje vejo, não eram para mim de jeito nenhum. Como vocês podem ver, tenho tanta sorte que nem todos os meus sonhos se realizaram. Se Deus, na época, tivesse dado bola para o que eu queria, hoje eu estaria frita.

Os sonhos são, frequentemente, como roupas que vemos nos outros e juramos que vão ficar lindas em nós. Frequentemente não ficam.

Por outro lado, coisas que eu "esqueci de sonhar" mostraram-se uma fonte de prazeres. Tipo: o curso de Direito.

Saber dessa grande verdade revelada pela Sábia da Montanha (eu!) pode ser muito útil em uma área fundamental da nossa vida: o amor. Acho que um dos segredos para encontrarmos alguém especialmente confeccionado para nós é nos fingirmos de mortos.  Sério.  Por quê correr o risco de sonhar com a pessoa errada?

Pense que debaixo daquele corpão pode morar um tremendo mané.  O "tipo ideal"  pode não ter nada a ver com você e até mesmo se tornar numa verdadeira mala sem alça ao longo da sua vida. Da mesma forma, aquele outro ser que nunca despertou seus olhares lúbricos pode ser exatamente o elo perdido entre você e a sua felicidade.

Eu sei, eu sei que esse texto vai na contramão daquela frazezinha comum e amarelada: "Nunca desista dos seus sonhos!" ou da outra: "Um homem é do tamanho do seu sonho." Pode até ser, mas pense: se você for mesmo um grande homem... seu sonho pode ser pesado pra caramba. Vai encarar?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

terça-feira, 6 de julho de 2010

Sonhar é um perigo

Antigamente eu pensava que sonhar não pagava imposto - mas paga. Não em dinheiro.

Estive fazendo um balanço da minha vida. Não sei se por sorte ou urucubaca, mas as coisas que sonho geralmente acontecem.

Digo que não sei se isso é bom ou mal pelo seguinte: muitos sonhos, uma vez realizados, mostraram-se  "pesados"... ou chochos... ou inadequados.  Não valiam a pena ou não cabiam em mim, no meu temperamento, no meu perfil. Ouro de tolos. Por outro lado posso afirmar que as melhores coisas da minha vida não foram sonhadas.

Conclusão: não sei sonhar. Muita incompetência, né?

Desconfio de que você também seja um incompetente, juntamente com o resto da humanidade. Acho que todos nós somos meio tolos e só aprendemos a sonhar quando ficamos mais velhos. Talvez por isso Deus encha a nossa juventude de trabalhos e afazeres mil: para não termos tempo de ficar sonhando merda e depois sairmos nos queixando. Enquanto estamos ocupados pra caramba com aquele curso de latim que jamais nos servirá ou com aquela pesquisa que ninguém vai dar a mínima, o Bom Deus  vai cuidado dos lances fundamentais da nossa novela.  Aí, quando nos tornamos menos ocupados, também seremos menos tendentes a fazermos mal a nós mesmos.

Sonhar é um perigo. (Eu sei, eu sei que já escrevi sobre isso anteriormente!)

Alguém já orou, muito sabiamente, assim: "Senhor, livrai-nos da realização dos nossos sonhos!" 

Como eu ia dizendo, as coisas melhores da minha vida escaparam ao meu laboratório mental. Não foram sonhadas; simplesmente aconteceram. Por exemplo: filhos. Quando menina eu nunca pensei muito em ter filhos. Nem me passava pela cabeça, para ser sincera. Eu só queria mesmo o príncipe encantado (ora vejam!). No entanto os filhos "me sobrevieram" e concluo que jamais eu conseguiria sonhar tão bem sonhado uma coisa dessas.

Já sonhei em desenvolver certas atividades que, hoje vejo, não eram para mim de jeito nenhum. Como vocês podem ver, tenho tanta sorte que nem todos os meus sonhos se realizaram. Se Deus, na época, tivesse dado bola para o que eu queria, hoje eu estaria frita.

Os sonhos são, frequentemente, como roupas que vemos nos outros e juramos que vão ficar lindas em nós. Frequentemente não ficam.

Por outro lado, coisas que eu "esqueci de sonhar" mostraram-se uma fonte de prazeres. Tipo: o curso de Direito.

Saber dessa grande verdade revelada pela Sábia da Montanha (eu!) pode ser muito útil em uma área fundamental da nossa vida: o amor. Acho que um dos segredos para encontrarmos alguém especialmente confeccionado para nós é nos fingirmos de mortos.  Sério.  Por quê correr o risco de sonhar com a pessoa errada?

Pense que debaixo daquele corpão pode morar um tremendo mané.  O "tipo ideal"  pode não ter nada a ver com você e até mesmo se tornar numa verdadeira mala sem alça ao longo da sua vida. Da mesma forma, aquele outro ser que nunca despertou seus olhares lúbricos pode ser exatamente o elo perdido entre você e a sua felicidade.

Eu sei, eu sei que esse texto vai na contramão daquela frazezinha comum e amarelada: "Nunca desista dos seus sonhos!" ou da outra: "Um homem é do tamanho do seu sonho." Pode até ser, mas pense: se você for mesmo um grande homem... seu sonho pode ser pesado pra caramba. Vai encarar?

Nenhum comentário:

Postar um comentário