segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Adeus, dia!

É noite e estou cansada. Tentei ver um filme e cochilei.

Sim, estou com sono mas ainda assim, não sei por quê, reluto em me despedir do meu dia.  Hoje eu não queria dizer "adeus" para esse conjunto de 24 horas e um monte de minutinhos enfeitados de segundos.

Esse dia está me parecendo tão ímpar, tão misterioso naquilo que me oculta! Alguma coisa eu não soube, alguém não veio, algum segredo aconteceu, uma cena eu perdi, uma boa sorte me sorriu pelas costas.

Há dias em que a gente nem percebe o seu fim e até torce por ele, mas há outros em que isso incomoda. Hoje é como um filme que a gente sabe que está acabando mas sente que está faltando aquele fecho, aquela última e decisiva cena, então fica esperando...

Hoje o meu dia está parecendo um filme francês, desses com final bobo onde todo mundo pergunta "e aí?"

Parece que faltou uma coisa... ou que ela ainda vai acontecer mas só se eu souber esperar. Se dormir perco a cereja do bolo. Estou com sono e com pena de abandonar assim todas as pérolas, todo o fecho dessa pequena história de 24 partes e ficar com um bolo sem cereja.

Vão-se as minhas pérolas. Vão-se as chances. Morro hoje, amanhã ressuscito.

Talvez, quem sabe, só o que faltava era eu escrever esse texto.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Auto estima

Desde que tive a infeliz idéia de "dar uma ajeitada" em meu cabelo e entrei em um maldito salão há uns três anos atrás, perdi de vez os meus cachinhos.  Hoje o meu cabelo está acabando com a minha auto estima. De lá pra cá nunca mais fui a mesma.  Agora, em um lance de desespero, peço a opinião do leitor. Aqui abaixo vão algumas opções para um novo penteado. Eu confio em vocês.







sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Cuidado com os ursinhos

Aqui vai mais um texto da série SUGESTÕES DO LEITOR. Você manda um assunto e eu dou minha opinião. Ou simplesmente escrevo algo a respeito. Vamos lá:

"Vc podia escrever também sobre parceiros que eram extremamente perfeitos, dedicados, apaixonados e trocam a mulher por outra??"


Depois dizem que mulher é que é traiçoeira. Geralmente é mesmo. O homem costuma ser grosseiramente infiel mas há também os sutis, aqueles graduados e pós-graduados na arte de iludir.

O problema é: o homem-ursinho, dedicado e perfeito, costuma ser confundido com homem apaixonado. Mas vou logo avisando: não tem muito a ver.

Alguns homens são uns brutamontes e só mostram dedicação e companheirismo enquanto estão muito apaixonados. Depois, despeça-se. Esses aí são fáceis de detectar. O problema são os outros.

"Os outros" estão naquela categoria de homens que são gentis, nunca aumentam o tom de voz, são atenciosos e educados. Encantadoramente educados. Traiçoeiramente educados. Claro que isso é uma virtude mas pode nos induzir a erro.

Educação hoje em dia é algo tão raro mas tão raro que a mulher começa a acreditar que toda aquela delicadeza é amor. Nem sempre é. Existe um tipo de homem que vai te tratar bem até mesmo quando estiver enfiando uma faca nas suas costas, pegando sua melhor amiga ou apenas ensaiando uma despedida estratégica. Ele é um mimo até se você estiver criando barba e bigode.


Por quê?  Resposta: ele é educado. Simples, né? Seu Romeu aprendeu a ser gentil, gostou dos dividendos que isso rende e vai levando, afinal é o "nome da firma" que está em jogo. Pensa que vaidade é só lipo, academia e loja cara? Pois saiba que há formas mais sutis de vaidade e essa é uma delas. A mãe dele fez o que poucas fazem hoje em dia: ensinou boas maneiras ao filho. Quando ele ficou marmanjo e descobriu que assim ele pega mais mulher, aí resolveu incorporar de vez a figura do gentleman. Educação abre portas e abre outras coisas mais. VOCÊ é uma prova disso.

Esse tipo de homem não consegue demonstrar com gestos grosseios ou com indiferença que não está mais na sua. Vai demonstrar quando você descobrir o enorme par de chifres com o qual ele lhe brindou. Você não notou porque a gente só gosta de olhar o lado doce das coisas mas se prestasse um pouquinho mais de atenção veria que ele era igualmente maravilhoso com a tia doente, com o jornaleiro, com o chefe, a sobrinha, a vizinha chata, o amigo inoportuno e por aí vai. Só que você, sonhadora, jurava que era alvo exclusivo. Não se odeie. Nós mulheres sempre caimos nessa mesma casca de banana.

Pois é.

"Vc podia escrever também sobre parceiros que eram extremamente perfeitos, dedicados, apaixonados e trocam a mulher por outra??" Resposta resumida: porque provavelmente eles eram perfeitos e dedicados mas não apaixonados. Talvez fossem no começo mas deixaram de ser em um momento fatídico que você não percebeu.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Aniversário do blog


Exatamente hoje, 24 de fevereiro, o BLOG DA CRISTINA está fazendo quatro anos de existência.  Posso não ter melhorado o mundo mas certamente não o piorei em nada.Sou adepta daquele ditado: "Muito faz quem não atrapalha."

Desejo a mim mesma um novo ano cheio de inspiração e participação dos leitores. E a você, nobre leitor, desejos que meus textos proporcionem momentos desconstraídos, gostosos e reflexões úteis.

Agora... bola pra frente!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Maysa, a ditadura do riso e a terapia do choro

Só agora estou assistindo a mini-série Maysa porque não aguento assistir TV. Comprei o box. E chorei.

Há, na vida, um chorar gostoso. É quando nos deixamos levar pela emoção, uma emoção qualquer, sem receio de sermos observados. Não é o chorar de tristeza nem de desespero ou solidão. É a comoção consciente, permitida e saudável. É abandonar a alma, como um barquinho, em uma correnteza conhecida e sem riscos.

Todo mundo tem que chorar vez por outra, se não a alma resseca. Porque no dia-a-dia costumamos colocar nossa sensibilidade de lado para não desesperar. Como por exemplo o médico, que não pode se deixar levar pela tristeza cada vez que  que vê uma desgraça.  Sim, médico, o policial, o advogado, o psicólogo, o assistente social, o professor, todos precisam chorar. Precisam de uma música, um livro, um box de filme, uma cena qualquer.

Nesses dias ralos que antecedem  o fim do mundo (é isso mesmo que eu disse)  estamos vivendo a ditadura do riso. No desespero do nosso presente, decidimos que rir é imperioso porque rir seria despistar a dor. Mas é mentira. Rir não despista, apenas muda a dor de compartimento. E por falta de "escoar" ela acumula e acaba doendo escondido.  Sabe aquele tédio, aquela inquietação, aquela angustiazinha sem motivo? Pois é.

Antigamente os filmes dramáticos eram mais bem aceitos. Hoje eles ainda existem, mas há uma pressão enorme para se enxertar na história cenas engraçadas. Por pior que seja o drama sempre vemos  um personagem bobo, tonto, maluquinho ou malucão. Pode reparar. Isso é para que a tristeza não nos sobrevenha em estado bruto.  Aí perdemos a glória do choro.

As pessoas dramáticas ou sensíveis sempre serão consideradas dramáticas demais e sensíveis demais. No meio da desgraça somos impelidos, pelos atuais costumes, a contar algo que desvie os nossos olhos das lágrimas. Estamos ficando todos muito gaiatos. Não refletimos mais. Quando qualquer pensamento mais profundo vem, logo aparece uma piadinha para despistá-lo e nos tornar mais e mais cínicos com a vida.

Não vi gaiatice na minissérie Maysa. A dor é dor, o drama é drama. Chorei no escuro e estou muito bem, obrigada.

Todos temos dentro do peito um acúmulo de lágrimas. Deus as colocou lá e elas têm muita utilidade. Assim como não se pode tomar cerveja sem urinar, não se pode viver nesse mundo sem chorar de vez em quando. Chorar é preciso. Sofrer não é preciso. Você pode escoar suas lágrimas acumuladas olhando um quadro, ouvindo uma poesia, assistindo uma peça teatral. Mas cara, liberte suas lágrimas se não você fica engasgado.  Se você anda inquieto, sufocado, com uma certa agonia ou necessidade incessante de "fazer alguma coisa legal", talvez você apenas precise entrar em si mesmo e... chorar.

Não, a minissérie Maysa não é a melhor que já assistir. Ela não foi uma heroína nem nada parecido.  Ela está mais para um exemplo do que não se deve fazer mas não há problema. Chorar faz bem, principalmente quando você consegue sentir a dor dos desajustados, dos errados, dos que não acertam. Quando consegue é sinal de que ainda resta humanidade e compaixão em você. Ainda há uma centelha de Deus - ufa!

No aconchego do meu quarto tendo as luzes apagadas, sentindo dela a música e a dor de não conseguir ser melhor do que é, a dor de procurar alguma coisa indefinida e fugidia, de pôr tudo a perder, de querer abraçar o mundo mas ver o mundo escorrendo entre os dedos... chorei com Maysa.  E a música...  os olhos intensos... as dores... o abandono...  a beleza se esvaindo... os vexames... o mal causado...  Aliviei meu reservatório de lágrimas e hidratei um pouco a minha humanidade.

Você precisa chorar. Vai te fazer bem. Depois me diga. Eu não conto pra ninguém.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Todo Sentimento - Chico Buarque

Preciso não dormir
Até se consumar
O tempo da gente
Preciso conduzir
Um tempo de te amar
Te amando devagar e urgentemente.
Pretendo descobrir
No último momento
Um tempo que refaz o que desfez
Que recolhe todo sentimento
E bota no corpo uma outra vez.
Prometo te querer
Até o amor cair
Doente, doente...
Prefiro, então, partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente.
Depois de te perder
Te encontro com certeza
Talvez num tempo da delicadeza
Onde não diremos nada -
Nada aconteceu!
Apenas seguirei, como encantado,
Ao lado teu.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Homem come plástico

Não aguento mais homens dizerem que gostam da mulher ao natural, que não aguentam mais a beleza artificial, e tal e tal. Gente, que mentira deslavada! Olha essa que eu li no Twitter um dia desses escrita por uma macho:

"Sei lá, pra mim poucas coisas são mais imbecis que essa super valorização de uma beleza comprada e falsa, fabricada pras câmeras.".


Aposto que ele tem um monte de Play boy em casa.  Aposto também que ele namora com uma garota que lembre pelo menos um pouquinho a "beleza comprada e falsa, fabricada para as câmeras".  

Ah, me poupem! Quem acredita nisso?  Esses que "adoram o natural" são os primeiros a ficarem doidos quando dão de cara com uma mulher assim, do jeitinho que eles "odeiam". Eles odeiam tanto que querem logo levar para a cama aquela cintura lipada, aquela bunda siliconada, cabelo modificado e rostinho retocado.


E ainda tem mulher que acredita...  Entre a foto do "antes" e a do "depois", em 100% das vezes eles preferem o "depois" e se benzem cruz-credo olhando para o "antes".   

Homem é assim: se eles enxergam um sanduíche bonito, eles comem e nem querem saber se é de plástico. Homem come plástico e bebe tinta sem nem fazer cara feia. O paladar deles está nos olhos, não na boca!  O tato também está nos olhos. E o olfato e tudo o mais. Só a mentira está na língua mesmo.


Você ainda acredita nos protestos masculinos por naturalidade?  Ah bobinha!

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Adeus, dia!

É noite e estou cansada. Tentei ver um filme e cochilei.

Sim, estou com sono mas ainda assim, não sei por quê, reluto em me despedir do meu dia.  Hoje eu não queria dizer "adeus" para esse conjunto de 24 horas e um monte de minutinhos enfeitados de segundos.

Esse dia está me parecendo tão ímpar, tão misterioso naquilo que me oculta! Alguma coisa eu não soube, alguém não veio, algum segredo aconteceu, uma cena eu perdi, uma boa sorte me sorriu pelas costas.

Há dias em que a gente nem percebe o seu fim e até torce por ele, mas há outros em que isso incomoda. Hoje é como um filme que a gente sabe que está acabando mas sente que está faltando aquele fecho, aquela última e decisiva cena, então fica esperando...

Hoje o meu dia está parecendo um filme francês, desses com final bobo onde todo mundo pergunta "e aí?"

Parece que faltou uma coisa... ou que ela ainda vai acontecer mas só se eu souber esperar. Se dormir perco a cereja do bolo. Estou com sono e com pena de abandonar assim todas as pérolas, todo o fecho dessa pequena história de 24 partes e ficar com um bolo sem cereja.

Vão-se as minhas pérolas. Vão-se as chances. Morro hoje, amanhã ressuscito.

Talvez, quem sabe, só o que faltava era eu escrever esse texto.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Auto estima

Desde que tive a infeliz idéia de "dar uma ajeitada" em meu cabelo e entrei em um maldito salão há uns três anos atrás, perdi de vez os meus cachinhos.  Hoje o meu cabelo está acabando com a minha auto estima. De lá pra cá nunca mais fui a mesma.  Agora, em um lance de desespero, peço a opinião do leitor. Aqui abaixo vão algumas opções para um novo penteado. Eu confio em vocês.







sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Cuidado com os ursinhos

Aqui vai mais um texto da série SUGESTÕES DO LEITOR. Você manda um assunto e eu dou minha opinião. Ou simplesmente escrevo algo a respeito. Vamos lá:

"Vc podia escrever também sobre parceiros que eram extremamente perfeitos, dedicados, apaixonados e trocam a mulher por outra??"


Depois dizem que mulher é que é traiçoeira. Geralmente é mesmo. O homem costuma ser grosseiramente infiel mas há também os sutis, aqueles graduados e pós-graduados na arte de iludir.

O problema é: o homem-ursinho, dedicado e perfeito, costuma ser confundido com homem apaixonado. Mas vou logo avisando: não tem muito a ver.

Alguns homens são uns brutamontes e só mostram dedicação e companheirismo enquanto estão muito apaixonados. Depois, despeça-se. Esses aí são fáceis de detectar. O problema são os outros.

"Os outros" estão naquela categoria de homens que são gentis, nunca aumentam o tom de voz, são atenciosos e educados. Encantadoramente educados. Traiçoeiramente educados. Claro que isso é uma virtude mas pode nos induzir a erro.

Educação hoje em dia é algo tão raro mas tão raro que a mulher começa a acreditar que toda aquela delicadeza é amor. Nem sempre é. Existe um tipo de homem que vai te tratar bem até mesmo quando estiver enfiando uma faca nas suas costas, pegando sua melhor amiga ou apenas ensaiando uma despedida estratégica. Ele é um mimo até se você estiver criando barba e bigode.


Por quê?  Resposta: ele é educado. Simples, né? Seu Romeu aprendeu a ser gentil, gostou dos dividendos que isso rende e vai levando, afinal é o "nome da firma" que está em jogo. Pensa que vaidade é só lipo, academia e loja cara? Pois saiba que há formas mais sutis de vaidade e essa é uma delas. A mãe dele fez o que poucas fazem hoje em dia: ensinou boas maneiras ao filho. Quando ele ficou marmanjo e descobriu que assim ele pega mais mulher, aí resolveu incorporar de vez a figura do gentleman. Educação abre portas e abre outras coisas mais. VOCÊ é uma prova disso.

Esse tipo de homem não consegue demonstrar com gestos grosseios ou com indiferença que não está mais na sua. Vai demonstrar quando você descobrir o enorme par de chifres com o qual ele lhe brindou. Você não notou porque a gente só gosta de olhar o lado doce das coisas mas se prestasse um pouquinho mais de atenção veria que ele era igualmente maravilhoso com a tia doente, com o jornaleiro, com o chefe, a sobrinha, a vizinha chata, o amigo inoportuno e por aí vai. Só que você, sonhadora, jurava que era alvo exclusivo. Não se odeie. Nós mulheres sempre caimos nessa mesma casca de banana.

Pois é.

"Vc podia escrever também sobre parceiros que eram extremamente perfeitos, dedicados, apaixonados e trocam a mulher por outra??" Resposta resumida: porque provavelmente eles eram perfeitos e dedicados mas não apaixonados. Talvez fossem no começo mas deixaram de ser em um momento fatídico que você não percebeu.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Aniversário do blog


Exatamente hoje, 24 de fevereiro, o BLOG DA CRISTINA está fazendo quatro anos de existência.  Posso não ter melhorado o mundo mas certamente não o piorei em nada.Sou adepta daquele ditado: "Muito faz quem não atrapalha."

Desejo a mim mesma um novo ano cheio de inspiração e participação dos leitores. E a você, nobre leitor, desejos que meus textos proporcionem momentos desconstraídos, gostosos e reflexões úteis.

Agora... bola pra frente!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Maysa, a ditadura do riso e a terapia do choro

Só agora estou assistindo a mini-série Maysa porque não aguento assistir TV. Comprei o box. E chorei.

Há, na vida, um chorar gostoso. É quando nos deixamos levar pela emoção, uma emoção qualquer, sem receio de sermos observados. Não é o chorar de tristeza nem de desespero ou solidão. É a comoção consciente, permitida e saudável. É abandonar a alma, como um barquinho, em uma correnteza conhecida e sem riscos.

Todo mundo tem que chorar vez por outra, se não a alma resseca. Porque no dia-a-dia costumamos colocar nossa sensibilidade de lado para não desesperar. Como por exemplo o médico, que não pode se deixar levar pela tristeza cada vez que  que vê uma desgraça.  Sim, médico, o policial, o advogado, o psicólogo, o assistente social, o professor, todos precisam chorar. Precisam de uma música, um livro, um box de filme, uma cena qualquer.

Nesses dias ralos que antecedem  o fim do mundo (é isso mesmo que eu disse)  estamos vivendo a ditadura do riso. No desespero do nosso presente, decidimos que rir é imperioso porque rir seria despistar a dor. Mas é mentira. Rir não despista, apenas muda a dor de compartimento. E por falta de "escoar" ela acumula e acaba doendo escondido.  Sabe aquele tédio, aquela inquietação, aquela angustiazinha sem motivo? Pois é.

Antigamente os filmes dramáticos eram mais bem aceitos. Hoje eles ainda existem, mas há uma pressão enorme para se enxertar na história cenas engraçadas. Por pior que seja o drama sempre vemos  um personagem bobo, tonto, maluquinho ou malucão. Pode reparar. Isso é para que a tristeza não nos sobrevenha em estado bruto.  Aí perdemos a glória do choro.

As pessoas dramáticas ou sensíveis sempre serão consideradas dramáticas demais e sensíveis demais. No meio da desgraça somos impelidos, pelos atuais costumes, a contar algo que desvie os nossos olhos das lágrimas. Estamos ficando todos muito gaiatos. Não refletimos mais. Quando qualquer pensamento mais profundo vem, logo aparece uma piadinha para despistá-lo e nos tornar mais e mais cínicos com a vida.

Não vi gaiatice na minissérie Maysa. A dor é dor, o drama é drama. Chorei no escuro e estou muito bem, obrigada.

Todos temos dentro do peito um acúmulo de lágrimas. Deus as colocou lá e elas têm muita utilidade. Assim como não se pode tomar cerveja sem urinar, não se pode viver nesse mundo sem chorar de vez em quando. Chorar é preciso. Sofrer não é preciso. Você pode escoar suas lágrimas acumuladas olhando um quadro, ouvindo uma poesia, assistindo uma peça teatral. Mas cara, liberte suas lágrimas se não você fica engasgado.  Se você anda inquieto, sufocado, com uma certa agonia ou necessidade incessante de "fazer alguma coisa legal", talvez você apenas precise entrar em si mesmo e... chorar.

Não, a minissérie Maysa não é a melhor que já assistir. Ela não foi uma heroína nem nada parecido.  Ela está mais para um exemplo do que não se deve fazer mas não há problema. Chorar faz bem, principalmente quando você consegue sentir a dor dos desajustados, dos errados, dos que não acertam. Quando consegue é sinal de que ainda resta humanidade e compaixão em você. Ainda há uma centelha de Deus - ufa!

No aconchego do meu quarto tendo as luzes apagadas, sentindo dela a música e a dor de não conseguir ser melhor do que é, a dor de procurar alguma coisa indefinida e fugidia, de pôr tudo a perder, de querer abraçar o mundo mas ver o mundo escorrendo entre os dedos... chorei com Maysa.  E a música...  os olhos intensos... as dores... o abandono...  a beleza se esvaindo... os vexames... o mal causado...  Aliviei meu reservatório de lágrimas e hidratei um pouco a minha humanidade.

Você precisa chorar. Vai te fazer bem. Depois me diga. Eu não conto pra ninguém.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Todo Sentimento - Chico Buarque

Preciso não dormir
Até se consumar
O tempo da gente
Preciso conduzir
Um tempo de te amar
Te amando devagar e urgentemente.
Pretendo descobrir
No último momento
Um tempo que refaz o que desfez
Que recolhe todo sentimento
E bota no corpo uma outra vez.
Prometo te querer
Até o amor cair
Doente, doente...
Prefiro, então, partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente.
Depois de te perder
Te encontro com certeza
Talvez num tempo da delicadeza
Onde não diremos nada -
Nada aconteceu!
Apenas seguirei, como encantado,
Ao lado teu.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Homem come plástico

Não aguento mais homens dizerem que gostam da mulher ao natural, que não aguentam mais a beleza artificial, e tal e tal. Gente, que mentira deslavada! Olha essa que eu li no Twitter um dia desses escrita por uma macho:

"Sei lá, pra mim poucas coisas são mais imbecis que essa super valorização de uma beleza comprada e falsa, fabricada pras câmeras.".


Aposto que ele tem um monte de Play boy em casa.  Aposto também que ele namora com uma garota que lembre pelo menos um pouquinho a "beleza comprada e falsa, fabricada para as câmeras".  

Ah, me poupem! Quem acredita nisso?  Esses que "adoram o natural" são os primeiros a ficarem doidos quando dão de cara com uma mulher assim, do jeitinho que eles "odeiam". Eles odeiam tanto que querem logo levar para a cama aquela cintura lipada, aquela bunda siliconada, cabelo modificado e rostinho retocado.


E ainda tem mulher que acredita...  Entre a foto do "antes" e a do "depois", em 100% das vezes eles preferem o "depois" e se benzem cruz-credo olhando para o "antes".   

Homem é assim: se eles enxergam um sanduíche bonito, eles comem e nem querem saber se é de plástico. Homem come plástico e bebe tinta sem nem fazer cara feia. O paladar deles está nos olhos, não na boca!  O tato também está nos olhos. E o olfato e tudo o mais. Só a mentira está na língua mesmo.


Você ainda acredita nos protestos masculinos por naturalidade?  Ah bobinha!