sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Reflexão para hoje


quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Eu queria tanto...


Nos primórdios, quando ainda não havia câmeras digitais...

Por bastante tempo significava um luxo distante para mim. Não dava para comprar e pronto, mas dava pra sonhar. Eram tantas as prioridades que ela foi ficando ali atrás da fila. Depois de bastante tempo (e põe tempo nisso!) finalmente chegou o momento em que pude me animar a pelo menos começar a fazer consulta de preços sem parecer muito pretensiosa.

Fiquei tão feliz ante a expectative de ter a minha tão amada, querida, sonhada e desejada Polaroid (e não me diga que não sabe o que é!) que comecei a espalhar pra todo mundo que eu ia comprar uma. Achei que todo mundo ia morrer de inveja.

Ainda não tinha a grana na mão mas pelas contas daria para comprar a prestação. Ah que legal, que charme! Já tinha visto em tantos filmes os casais eternizarem momentos roubados assim, clique-sem-esperar, um susto, um beijo, um tchau numa Polaroid. A foto saindo segundos depois, revelando-se magicamente diante dos olhos quase infantis dos espectadores. Assim como um pequeno milagre, como se ninguém soubesse que aquilo era perfeitamente possível, que não havia nada de mais, mistério algum.

Adoro essas coisas que a gente sabe que são possíveis, que acontecem todo dia mas nos maravilhamos com elas sempre e sempre. As fotos de Polaroid eram assim, mágicas como fogos de artificios fazendo "surpresa". Só que, ao contrário dos fogos, elas diziam: "agora que vim ao mundo vou ficar com você para sempre!"

Por quê eu não haveria de ter a minha? Pois teria e iria exibi-la orgulhosamente para o mundo, não importasse o preço dela nem do filme.

Quando finalmente meu sonho estava prestes a se concretizar, todos para os quais eu contava da minha intenção franziam a testa.

- Gente, vou comprar... uma Polaroid! Não é o máximo?!!!
- Credo, pra quê você quer uma?
- Ué, pra tirar foto! Um charme! Revela na hora. É divertido, diferente.
- Pelo amor de Deus, qualquer máquina comum revela praticamente na hora hoje em dia!
- "Praticamente" não é "na hora". Não é o mesmo prazer.
- Tudo bem, o dinheiro é seu. Mas até pra comprar vai ser difícil. Faz tempo que não encontro dessas máquinas em loja nenhuma.
- Eu sei que ainda vendem! Acho que já vi por aí.
- Claro que ainda vendem. Mas daqui a pouco é peça de museu.
- Sonhei a vida toda em ter uma Polaroid!
- Dê uma passeada pelas lojas que você muda rapidinho de sonho. Existem coisas muito mais modernas e interessantes. Esse treco não vale a pena. Vai por mim!
- Pois eu vou comprar. O dinheiro é meu! Todo sonho vale a pena. E aposto que todo mundo vai querer ser fotografado por ela. Vai ser chique e divertido.
- Então tá, você que sabe. Depois não diz que eu não avisei.

Não comprei.

Fiquei sabendo recentemente que ainda fabricam dessas lindinhas em algum lugar da galáxia, mas vão parar já-já com isso (até o final de 2009). Só sei dizer que em meu coração ficou um vazio do tamanho de uma linda Polaroid com todo aquele clima dos romances anos 70.

Puxa... Justamente agora que eu tinha dinheiro pra comprar...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Gota d’água - Marcos Quinan



"Seja qual for o caminho
Onde esteja meu valor
Sou água bem pequenina
Nascida de uma flor..."

(Leia o poema completo no blog Abaribó)

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Rastafarismo. Meu blog também é cultura, viu!




Eu pensava (na minha ignorância) que o Rastafarismo fosse um movimento musical, tipo Bossa Nova. Nada disso: ele é uma religião! Embora seja verdade que esta religião se popularizou bastante com o reggae. Ponto pra eles! Imagina se fosse com o tecnobrega ou desgraça semelhante?

A palavra rastáfari significa: Príncipe ("ras", em aramaico) + Tafari (título do imperador "divino" na infância).

E o que pregava esta religião? O retorno dos negros ao continente de seus antepassados. Não sei se algum de fato retornou à Àfrica mas tem um monte de música por aí falando sobre a Mãe África.

Jah (Deus) teria lhes apontado a terra prometida e um tipo de representante, que era o imperador da Etiópia.

O movimento surgiu na Jamaica entre a classe trabalhadora e camponeses negros em meados dos anos 20, iniciado por uma interpretação da profecia bíblica em parte baseada pelo status de Selassiê como o único monarca africano de um país totalmente independente e seus títulos de Rei dos Reis, Senhor dos Senhores e Leão Conquistador da Tribo de Judah, que foram dados pela Igreja Ortodoxa Etíope.

Vamos ver se dá pra entender melhor na explicação de outra fonte:

Hailê Selassiê I, Imperador da Etiópia em 2 de novembro de 1930, seria a encarnação do chamado Jah (Deus) na Terra e o Messias Negro que irá liderar os povos de origem africana a uma terra prometida de emancipação e justiça divina. Porém algumas correntes rastafáris não acreditam nisso literalmente.

Caramba, repete aí: quem foi Hailê Selassiê mesmo?????





Não sei a quantas anda essa crença hoje em dia... Já o uso da maconha como "sacramento" é uma parte que todos temos conhecimento de que vai de vento em pôpa, adquirindo adeptos fervorosos aos milhares.



Ou seja: relacionar um rastafári imediatamente como maconheiro não é preconceito. Chamá-lo reverentemente assim não é xingamento. Seria o equivalente a elevá-lo a condição de "beato" ou "devoto" dentro do catolicismo.



É como já dizia o sábio da montanha: Cada qual com o seu cada qual...



sábado, 5 de setembro de 2009

A curiosa mente infantil


CLIQUE PARA VER AMPLIADA

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Chão de Giz - Mistério desvendado


Lembram daquela minha postagem a respeito da música Chão de Giz ("Chão de Giz e outros mistérios")? Se não lembram está na hora de reler.

Pois é, uma simpática leitora chamada Amanda deixou um comentário em minha postagem que adorei. Tanto gostei que estou transformando seu comentário em uma nova postagem para que todo mundo entenda finalmente a letra da música. Olhem só o que ela escreveu:

"Olá, tudo bem?
Não sou letrada, mas também tinha curiosidade de entender melhor "Chão de Giz", ela também me emociona, achei em um site a interpretação, achei fantástico... agora gosto muito mais da música...


O Zé teve, em sua juventude, um caso duradouro com uma mulher casada, bem mais velha, da alta sociedade de João Pessoa, na Paraíba. Ambos se conheceram num Carnaval.
Ele se apaixonou perdidamente por esta mulher, só que ela era casada com uma pessoa influente da sociedade, e nunca iria largar toda aquela vida por um "garoto pé rapado" que ela apenas "usava" para transar gostoso. Assim, o caso, que tomava proporções grandes, foi terminado. o Zé ficou arrasado por meses, e chegou a mudar de bairro, pois morava próximo a ela. E, nesse período de sofrimento, compôs a canção. Conhecendo a história, você consegue perceber a explicação para cada frase da música, que passo a transcrever:

"Eu desço dessa solidão, espalho coisas sobre um chão de giz"
Um de seus hábitos, no sofrimento, era espalhar pelo chão todas as coisas que lembravam o caso dos dois. O chão de giz também indica a fugacidade do relacionamento, facilmente apagável (mas não para ele...)

"Há meros devaneios tolos a me torturar"

Devaneios, viagens, a lembrança dela a torturá-lo.

"Fotografias recortadas de jornais de folhas... amiúde"

Outro hábito seu era recortar e admirar TODAS as fotos dela que saiam nos jornais - lembre-se, ela era da alta sociedade, sempre estava nas colunas sociais. Amiúde (repetidas vezes)

"Eu vou te jogar num pano de guardar confetes"

Pano de guardar confetes são aqueles balaios ou sacos típico das costureiras do nordeste, onde elas jogam restos de pano, papel, etc. Aqui, ele diz que vai jogar as fotos dela fora num pano de guardar confetes, para não mais ficar olhando-as.

"Disparo balas de canhão, é inútil pois existe um grão vizir"

Ele tenta ficar com ela de todas as formas, mas é inútil pois ela é casada com o tal figurão rico (o Grão Vizir)

"Há tantas violetas velhas sem um colibri"
Aqui ele pega pesado com ela... há tantas violetas velhas (como ela, bela, mas velha) sem um colibri (jovem pássaro que a admire). Aqui ele tenta novamente convencê-la simbolicamente, destacando a sorte dela - violeta velha - poder ter um colibri, e rejeitá-lo.

" Queria usar quem sabe uma camisa de força ou de Vênus"
Bem, aqui é a clara dualidade do sentimento dele. Ao mesmo tempo em que quer usar uma camisa de força, para manter-se distante dela e não sofrer mais, queria também usar uma camisa de Vênus, para transar com ela.

"Mas não vão gozar de nós apenas um cigarro"

Novamente ele invoca a fugacidade do amor dela por ele, que o queria apenas para "gozar o tempo de um cigarro". Percebe-se o tempo todo que ele sente por ela profundo amor e tesão, enquanto é correspondido apenas com o tesão, com o gozo que dura o tempo de se fumar um cigarro (também representativo como o sexo, pois é hábito se fumar um cigarro após o mesmo).

"Nem vou lhe beijar gastando assim o meu batom"

Para que beijá-la, "gastando o seu batom" (o seu amor), se ela quer apenas o sexo?

"Agora pego um caminhão, na lona vou a nocaute outra vez"

Novamente ele resolve ir embora, após constatar que é inútil tentar. Mas, apaixonado como está, vai novamente "à lona" - expressão que significa ir a nocaute no boxe, mas que também significa a lona do caminhão com o qual ele foi embora - lembre-se que ele teve que se mudar de sua residência para "fugir" desse amor doentio

"Pra sempre fui acorrentado no seu calcanhar" Auto-explicativo, né?! Esse amor que, para sempre, irá acorrentá-lo, amor inesquecível.

"Meus vinte anos de boy, "that's over, baby" , Freud explica"

Ele era bem mais novo que ela. Ele era um boy, ela era uma dama da sociedade. Freud explica um amor desse (complexo de Édipo, talvez?). Em todo caso, "that´s over, baby", ou seja, está tudo acabado.

"Não vou me sujar fumando apenas um cigarro"

Ele não vai se sujar transando apenas mais uma vez com ela, sabendo que nunca passará disso

"Quanto ao pano dos confetes já passou meu carnaval"

Lembrem-se, eles se conheceram num carnaval. Voltando a falar das fotos dela, que ele iria jogar num pano de guardar confetes, ele consolida o fim, dizendo que agora já passou seu carnaval, ou seja, terminou, passou o momento.

"E isso explica porque o sexo é assunto popular"

Aqui ele faz um arremate do que parece ter sido apenas o que restou do amor dele por ela (ou dela por ele): sexo. Por isso o sexo é tão popular, pois só ele é valorizado - uma constatação amarga para ele, nesse caso.
Há quem veja também aqui uma referência do sexo a ela através do termo "popular", que se referiria ao jornal (populares), e ela sempre estava nos jornais, ele sempre a via neles.

"No mais estou indo embora"

Bem, aqui é o fechamento. Após sofrer tanto e depois desabafar, dizendo tudo que pensa a ela na canção, só resta-lhe ir embora.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Escrever pra você

Poucas coisas são mais inúteis na face da terra do que escrever pra você. Quem é você mesmo?

Você é uma pessoa que as vezes vem aqui e não demora muito. Concorda ou discorda com o que lê rapida e frouxamente. Por quê? Porque sim!

Tudo em suma é "porque sim". E hoje estou assim porque sim e não adianta olhar sol nem flor nem bichinho gracioso. E nem adianta escrever textos depressivos ou chocantes. Você continuará aí do outro lado da tela sem entender porque estou assim e sem gastar muito tempo em considerar meu estado. Porque sim.

Talvez você fique pouco mais de trinta segundos por aqui em um silêncio sepulcral e jamais saberei o que você está pensando nesse ínterim.

Lavo lençóis que sujarão de novo. Faço um bolo que você não provará. Tento melhorar o mundo, mas ele não melhora nunca! Nem eu.

Nem te peço desculpas pelo texto. Não faz diferença. Mesmo quando o texto é bom não faz diferença. Isso é tão inútil quanto uma folha a mais ou a menos numa árvore fincada nos confins da Amazônia.

É uma pena. Tudo é uma pena. Não sei o que fazer para ajeitar esse dia que se desmilingue entre meus dedos...

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Reflexão para hoje


quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Eu queria tanto...


Nos primórdios, quando ainda não havia câmeras digitais...

Por bastante tempo significava um luxo distante para mim. Não dava para comprar e pronto, mas dava pra sonhar. Eram tantas as prioridades que ela foi ficando ali atrás da fila. Depois de bastante tempo (e põe tempo nisso!) finalmente chegou o momento em que pude me animar a pelo menos começar a fazer consulta de preços sem parecer muito pretensiosa.

Fiquei tão feliz ante a expectative de ter a minha tão amada, querida, sonhada e desejada Polaroid (e não me diga que não sabe o que é!) que comecei a espalhar pra todo mundo que eu ia comprar uma. Achei que todo mundo ia morrer de inveja.

Ainda não tinha a grana na mão mas pelas contas daria para comprar a prestação. Ah que legal, que charme! Já tinha visto em tantos filmes os casais eternizarem momentos roubados assim, clique-sem-esperar, um susto, um beijo, um tchau numa Polaroid. A foto saindo segundos depois, revelando-se magicamente diante dos olhos quase infantis dos espectadores. Assim como um pequeno milagre, como se ninguém soubesse que aquilo era perfeitamente possível, que não havia nada de mais, mistério algum.

Adoro essas coisas que a gente sabe que são possíveis, que acontecem todo dia mas nos maravilhamos com elas sempre e sempre. As fotos de Polaroid eram assim, mágicas como fogos de artificios fazendo "surpresa". Só que, ao contrário dos fogos, elas diziam: "agora que vim ao mundo vou ficar com você para sempre!"

Por quê eu não haveria de ter a minha? Pois teria e iria exibi-la orgulhosamente para o mundo, não importasse o preço dela nem do filme.

Quando finalmente meu sonho estava prestes a se concretizar, todos para os quais eu contava da minha intenção franziam a testa.

- Gente, vou comprar... uma Polaroid! Não é o máximo?!!!
- Credo, pra quê você quer uma?
- Ué, pra tirar foto! Um charme! Revela na hora. É divertido, diferente.
- Pelo amor de Deus, qualquer máquina comum revela praticamente na hora hoje em dia!
- "Praticamente" não é "na hora". Não é o mesmo prazer.
- Tudo bem, o dinheiro é seu. Mas até pra comprar vai ser difícil. Faz tempo que não encontro dessas máquinas em loja nenhuma.
- Eu sei que ainda vendem! Acho que já vi por aí.
- Claro que ainda vendem. Mas daqui a pouco é peça de museu.
- Sonhei a vida toda em ter uma Polaroid!
- Dê uma passeada pelas lojas que você muda rapidinho de sonho. Existem coisas muito mais modernas e interessantes. Esse treco não vale a pena. Vai por mim!
- Pois eu vou comprar. O dinheiro é meu! Todo sonho vale a pena. E aposto que todo mundo vai querer ser fotografado por ela. Vai ser chique e divertido.
- Então tá, você que sabe. Depois não diz que eu não avisei.

Não comprei.

Fiquei sabendo recentemente que ainda fabricam dessas lindinhas em algum lugar da galáxia, mas vão parar já-já com isso (até o final de 2009). Só sei dizer que em meu coração ficou um vazio do tamanho de uma linda Polaroid com todo aquele clima dos romances anos 70.

Puxa... Justamente agora que eu tinha dinheiro pra comprar...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Gota d’água - Marcos Quinan



"Seja qual for o caminho
Onde esteja meu valor
Sou água bem pequenina
Nascida de uma flor..."

(Leia o poema completo no blog Abaribó)

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Rastafarismo. Meu blog também é cultura, viu!




Eu pensava (na minha ignorância) que o Rastafarismo fosse um movimento musical, tipo Bossa Nova. Nada disso: ele é uma religião! Embora seja verdade que esta religião se popularizou bastante com o reggae. Ponto pra eles! Imagina se fosse com o tecnobrega ou desgraça semelhante?

A palavra rastáfari significa: Príncipe ("ras", em aramaico) + Tafari (título do imperador "divino" na infância).

E o que pregava esta religião? O retorno dos negros ao continente de seus antepassados. Não sei se algum de fato retornou à Àfrica mas tem um monte de música por aí falando sobre a Mãe África.

Jah (Deus) teria lhes apontado a terra prometida e um tipo de representante, que era o imperador da Etiópia.

O movimento surgiu na Jamaica entre a classe trabalhadora e camponeses negros em meados dos anos 20, iniciado por uma interpretação da profecia bíblica em parte baseada pelo status de Selassiê como o único monarca africano de um país totalmente independente e seus títulos de Rei dos Reis, Senhor dos Senhores e Leão Conquistador da Tribo de Judah, que foram dados pela Igreja Ortodoxa Etíope.

Vamos ver se dá pra entender melhor na explicação de outra fonte:

Hailê Selassiê I, Imperador da Etiópia em 2 de novembro de 1930, seria a encarnação do chamado Jah (Deus) na Terra e o Messias Negro que irá liderar os povos de origem africana a uma terra prometida de emancipação e justiça divina. Porém algumas correntes rastafáris não acreditam nisso literalmente.

Caramba, repete aí: quem foi Hailê Selassiê mesmo?????





Não sei a quantas anda essa crença hoje em dia... Já o uso da maconha como "sacramento" é uma parte que todos temos conhecimento de que vai de vento em pôpa, adquirindo adeptos fervorosos aos milhares.



Ou seja: relacionar um rastafári imediatamente como maconheiro não é preconceito. Chamá-lo reverentemente assim não é xingamento. Seria o equivalente a elevá-lo a condição de "beato" ou "devoto" dentro do catolicismo.



É como já dizia o sábio da montanha: Cada qual com o seu cada qual...



sábado, 5 de setembro de 2009

A curiosa mente infantil


CLIQUE PARA VER AMPLIADA

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Chão de Giz - Mistério desvendado


Lembram daquela minha postagem a respeito da música Chão de Giz ("Chão de Giz e outros mistérios")? Se não lembram está na hora de reler.

Pois é, uma simpática leitora chamada Amanda deixou um comentário em minha postagem que adorei. Tanto gostei que estou transformando seu comentário em uma nova postagem para que todo mundo entenda finalmente a letra da música. Olhem só o que ela escreveu:

"Olá, tudo bem?
Não sou letrada, mas também tinha curiosidade de entender melhor "Chão de Giz", ela também me emociona, achei em um site a interpretação, achei fantástico... agora gosto muito mais da música...


O Zé teve, em sua juventude, um caso duradouro com uma mulher casada, bem mais velha, da alta sociedade de João Pessoa, na Paraíba. Ambos se conheceram num Carnaval.
Ele se apaixonou perdidamente por esta mulher, só que ela era casada com uma pessoa influente da sociedade, e nunca iria largar toda aquela vida por um "garoto pé rapado" que ela apenas "usava" para transar gostoso. Assim, o caso, que tomava proporções grandes, foi terminado. o Zé ficou arrasado por meses, e chegou a mudar de bairro, pois morava próximo a ela. E, nesse período de sofrimento, compôs a canção. Conhecendo a história, você consegue perceber a explicação para cada frase da música, que passo a transcrever:

"Eu desço dessa solidão, espalho coisas sobre um chão de giz"
Um de seus hábitos, no sofrimento, era espalhar pelo chão todas as coisas que lembravam o caso dos dois. O chão de giz também indica a fugacidade do relacionamento, facilmente apagável (mas não para ele...)

"Há meros devaneios tolos a me torturar"

Devaneios, viagens, a lembrança dela a torturá-lo.

"Fotografias recortadas de jornais de folhas... amiúde"

Outro hábito seu era recortar e admirar TODAS as fotos dela que saiam nos jornais - lembre-se, ela era da alta sociedade, sempre estava nas colunas sociais. Amiúde (repetidas vezes)

"Eu vou te jogar num pano de guardar confetes"

Pano de guardar confetes são aqueles balaios ou sacos típico das costureiras do nordeste, onde elas jogam restos de pano, papel, etc. Aqui, ele diz que vai jogar as fotos dela fora num pano de guardar confetes, para não mais ficar olhando-as.

"Disparo balas de canhão, é inútil pois existe um grão vizir"

Ele tenta ficar com ela de todas as formas, mas é inútil pois ela é casada com o tal figurão rico (o Grão Vizir)

"Há tantas violetas velhas sem um colibri"
Aqui ele pega pesado com ela... há tantas violetas velhas (como ela, bela, mas velha) sem um colibri (jovem pássaro que a admire). Aqui ele tenta novamente convencê-la simbolicamente, destacando a sorte dela - violeta velha - poder ter um colibri, e rejeitá-lo.

" Queria usar quem sabe uma camisa de força ou de Vênus"
Bem, aqui é a clara dualidade do sentimento dele. Ao mesmo tempo em que quer usar uma camisa de força, para manter-se distante dela e não sofrer mais, queria também usar uma camisa de Vênus, para transar com ela.

"Mas não vão gozar de nós apenas um cigarro"

Novamente ele invoca a fugacidade do amor dela por ele, que o queria apenas para "gozar o tempo de um cigarro". Percebe-se o tempo todo que ele sente por ela profundo amor e tesão, enquanto é correspondido apenas com o tesão, com o gozo que dura o tempo de se fumar um cigarro (também representativo como o sexo, pois é hábito se fumar um cigarro após o mesmo).

"Nem vou lhe beijar gastando assim o meu batom"

Para que beijá-la, "gastando o seu batom" (o seu amor), se ela quer apenas o sexo?

"Agora pego um caminhão, na lona vou a nocaute outra vez"

Novamente ele resolve ir embora, após constatar que é inútil tentar. Mas, apaixonado como está, vai novamente "à lona" - expressão que significa ir a nocaute no boxe, mas que também significa a lona do caminhão com o qual ele foi embora - lembre-se que ele teve que se mudar de sua residência para "fugir" desse amor doentio

"Pra sempre fui acorrentado no seu calcanhar" Auto-explicativo, né?! Esse amor que, para sempre, irá acorrentá-lo, amor inesquecível.

"Meus vinte anos de boy, "that's over, baby" , Freud explica"

Ele era bem mais novo que ela. Ele era um boy, ela era uma dama da sociedade. Freud explica um amor desse (complexo de Édipo, talvez?). Em todo caso, "that´s over, baby", ou seja, está tudo acabado.

"Não vou me sujar fumando apenas um cigarro"

Ele não vai se sujar transando apenas mais uma vez com ela, sabendo que nunca passará disso

"Quanto ao pano dos confetes já passou meu carnaval"

Lembrem-se, eles se conheceram num carnaval. Voltando a falar das fotos dela, que ele iria jogar num pano de guardar confetes, ele consolida o fim, dizendo que agora já passou seu carnaval, ou seja, terminou, passou o momento.

"E isso explica porque o sexo é assunto popular"

Aqui ele faz um arremate do que parece ter sido apenas o que restou do amor dele por ela (ou dela por ele): sexo. Por isso o sexo é tão popular, pois só ele é valorizado - uma constatação amarga para ele, nesse caso.
Há quem veja também aqui uma referência do sexo a ela através do termo "popular", que se referiria ao jornal (populares), e ela sempre estava nos jornais, ele sempre a via neles.

"No mais estou indo embora"

Bem, aqui é o fechamento. Após sofrer tanto e depois desabafar, dizendo tudo que pensa a ela na canção, só resta-lhe ir embora.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Escrever pra você

Poucas coisas são mais inúteis na face da terra do que escrever pra você. Quem é você mesmo?

Você é uma pessoa que as vezes vem aqui e não demora muito. Concorda ou discorda com o que lê rapida e frouxamente. Por quê? Porque sim!

Tudo em suma é "porque sim". E hoje estou assim porque sim e não adianta olhar sol nem flor nem bichinho gracioso. E nem adianta escrever textos depressivos ou chocantes. Você continuará aí do outro lado da tela sem entender porque estou assim e sem gastar muito tempo em considerar meu estado. Porque sim.

Talvez você fique pouco mais de trinta segundos por aqui em um silêncio sepulcral e jamais saberei o que você está pensando nesse ínterim.

Lavo lençóis que sujarão de novo. Faço um bolo que você não provará. Tento melhorar o mundo, mas ele não melhora nunca! Nem eu.

Nem te peço desculpas pelo texto. Não faz diferença. Mesmo quando o texto é bom não faz diferença. Isso é tão inútil quanto uma folha a mais ou a menos numa árvore fincada nos confins da Amazônia.

É uma pena. Tudo é uma pena. Não sei o que fazer para ajeitar esse dia que se desmilingue entre meus dedos...