Por exemplo: acho que o termo "discriminação" costuma ser totalmente mal empregado. Discriminar é apenas ressaltar, evidenciar, mostrar a diferença. Só. O que há de errado nisso? Minhas professoras do passado sempre passavam exercícios dizendo"Discrimine as frase correta." Ou "discrimine o sujeito da oração". Nunca achei que eu estava fazendo algo errado rsrsrs.
Quando você vai a uma loja de peixes e pede para o seu filho escolher só os alaranjados, está pedindo: "discrimine os alaranjados e coloque-os no saquinho."
Qual o problema de discriminar os mais pobres? Nenhum. Se você quer distribuir cestas básicas, terá que discriminá-los, destacá-los dos demais, para que só eles recebam o benefício.
Se você vai redigir o edital de um concurso público, você precisará deixar claro que os candidatos que não pussuírem tais diplomas serão rejeitados logo de cara.
Se você vai ao supermercado, precisa discriminar sua marca preferida.
Quem discrimina não rejeita, no sentido de algo ser superior ou inferior a outro. Discriminar é destacar. Quer dizer: era destacar. Parece que a coisa está mudando a despeito da minha discordância.
Discriminar não tem um sentido necessariamente negativo. Claro que pode ser usado com uma conotação má, como temos feito, mas isso não faz sentido porque o português é rico e temos uma palavra muito mais expressiva para definir o que seria o "sentido mau" de discriminar: é REJEITAR.
Rejeitar já diz tudo. Discriminar pode ter o sentido de escolher e elejer. Rejeitar é rejeitar mesmo, é descartar, jogar fora. Admita: para ser usado em questões de preconceito, REJEITAR é um termo muito mais claro e expressivo do que DISCRIMINAR.
Uma pessoa não pode ser REJEITADA por causa de sua cor, de sua religião ou situação financeira ou só porque é feio. É isso o que as pessoas querem dizer. Não pode REJEITAR.
Quer dizer... pode sim. Pode e deve!
Porque ninguém pode ser rejeitado? Você rejeita uma babá se descobrir que ela é alcoólatra. Você rejeita um estudante de artes plásticas para ser seu estagiário em seu escritório de advocacia. O Estado rejeita um monte de gente todos os anos em seus concursos públicos. O atleta que não alcança a marca mínima não pode participar das olimpíadas - é rejeitado. Eu rejeitaria uma pessoa analfabeta para trabalhar como secretária em meu escritório. Uma pessoa completamente mal vestida não pode representar uma boa empresa. Etc, etc.
REJEIÇÃO e DISCRIMINAÇÃO fazem parte da vida. A questão é saber quais as exceções, ou seja: em quais ocasiões é inaceitável rejeitar uma pessoa.

Quem é réu primário é visto de uma forma e o reincidente, de outra. Quem matou com intenção é visto de forma diferente de quem matou sem intenção. Um fracote que dê um soco em alguém é analisado de forma diferente de um boxeador que desfira um único e humilde soco em alguém.
Se todos fôssemos iguais não haveria necessidade de julgamento: motivos, intenções e dolo seriam iguais para todos e igualmente considerados. Bastaria um computador com um bom programa para substituir os Juízes.
(Que ótima idéia!)
Para haver o mínimo de ordem em nossa sociedade, discriminar é preciso. Rejeitar também. Aliás, por falta de discriminação é que os políticos bandidos estão misturados aos honestos. Se houvesse discriminação não seria muito melhor?
DISCRIMINAÇÃO JÁ!
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