terça-feira, 22 de junho de 2010

O pesadelo de todo pai - da série "Implicando com Paulo Coelho"

Pensei que ele já tinha conseguido se superar, mas não. Agora, com o texto "Da Rebeldia", tenho a nítida impressão de que ele chegou ao auge do desmiolamento. Claro que estou enganada. É só aguardar.

Dessa vez Mestre Paulinho exalta a rebeldia. Sejamos justos: ele não está na contramão da nossa sociedade. Todos os dias vejo nossa sociedade, equivocadamente, exaltar defeitos como se fossem qualidades. Vou anotar para escrever sobre isso depois. 

Mas voltando: claro que os grandes conquistadores e revolucionários, de um modo geral, eram mesmo rebeldes - rebeldes contra a maldade e a opressão. Alguns eram rebeldes apenas contra a maldade e opressão DOS OUTROS, mas deixemos isso de lado por enquanto.  Mas Paulo Coelho nos conta aqui sobre um pai que deu uma ordem expressa para o filho e o pestinha ignorou solenemente, na lata do véio. Era uma ordem que tinha relação direta com o direito do pai sobre sua própria imagem. Não era algo do tipo "não quero que você namore com essa mocréia".

Filhos que desobedecem pais existem aos montes.  Esbarramos com essas droguinhas todos os dias, inclusive quando olhamos o espelho. Nada do outro mundo. No texto em questão, incomum mesmo foi a reação do pai.

Os pais ficam tristes quando os filhos os desobedecem. Ou irritados. Choram ou gritam; dão castigo, chinelada ou pelo menos um sermão de meia hora só para não passar em branco. Mas elogiar o elemento, acho que aí já é demais.

Olha a pérola que o tal pai desrespeitado soltou:  "Parabéns. Você fez exatamente o que eu proibi, e isto mostra o seu valor. Espero que você mantenha sempre esta mesma firmeza com os outros”.

Vá se catar! Que merda de conselho é esse? "Parabéns por fazer exatamente o contrário... isto mostrou o seu valor" ?  
 
Há maneiras  inteligentes de ensinar um filho a lutar pelos seus direitos mas essa não é uma delas. Não me interessa o que ele "quis dizer"; interessa o que de fato disse.  Quem não sabe dizer e fica só no "eu queria dizer" é um incompetente que deveria mais era ficar calado.
 
É por isso que esse país vai mal...
 
"Não te quero acessando esse site, meu filho";
"Não marque encontros com desconhecidos que você tenha "conhecido" na internet! É perigoso, minha filha!"
"Não dê conversa para estranhos. Não confie nem aceite nada de quem não conhece;"
"Larga essa caixa de fósforos, menino!"
"Meu filho, não te quero na companhia desses marginais. Não te criei para isso!"
" Cocaína? nem pensar. Pelo amor de Deus filque longe desse lixo!"
"É proibido queimar índios".
" Meu rapaz, nem pense em transar com essa garotinha. Ela só tem 12 anos!"
"Não buzine perto de hospitais ou escolas;" 
"Não bata nos seus pais".
"Não esmurre o Paulo Coelho."
"Não estacione na garagem do vizinho".
"Aviãozinho de traficante? Tá doido, moleque? Pare já com isso!"
 
Ah que lindo se TODOS fizessem "heroicamente" o contrário do que dizem os pais... Que paraíso se todas as nossas regras sociais fossem completamente ignoradas! Que grande sociedade teríamos! Não é, Paulo Coelho?

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terça-feira, 22 de junho de 2010

O pesadelo de todo pai - da série "Implicando com Paulo Coelho"

Pensei que ele já tinha conseguido se superar, mas não. Agora, com o texto "Da Rebeldia", tenho a nítida impressão de que ele chegou ao auge do desmiolamento. Claro que estou enganada. É só aguardar.

Dessa vez Mestre Paulinho exalta a rebeldia. Sejamos justos: ele não está na contramão da nossa sociedade. Todos os dias vejo nossa sociedade, equivocadamente, exaltar defeitos como se fossem qualidades. Vou anotar para escrever sobre isso depois. 

Mas voltando: claro que os grandes conquistadores e revolucionários, de um modo geral, eram mesmo rebeldes - rebeldes contra a maldade e a opressão. Alguns eram rebeldes apenas contra a maldade e opressão DOS OUTROS, mas deixemos isso de lado por enquanto.  Mas Paulo Coelho nos conta aqui sobre um pai que deu uma ordem expressa para o filho e o pestinha ignorou solenemente, na lata do véio. Era uma ordem que tinha relação direta com o direito do pai sobre sua própria imagem. Não era algo do tipo "não quero que você namore com essa mocréia".

Filhos que desobedecem pais existem aos montes.  Esbarramos com essas droguinhas todos os dias, inclusive quando olhamos o espelho. Nada do outro mundo. No texto em questão, incomum mesmo foi a reação do pai.

Os pais ficam tristes quando os filhos os desobedecem. Ou irritados. Choram ou gritam; dão castigo, chinelada ou pelo menos um sermão de meia hora só para não passar em branco. Mas elogiar o elemento, acho que aí já é demais.

Olha a pérola que o tal pai desrespeitado soltou:  "Parabéns. Você fez exatamente o que eu proibi, e isto mostra o seu valor. Espero que você mantenha sempre esta mesma firmeza com os outros”.

Vá se catar! Que merda de conselho é esse? "Parabéns por fazer exatamente o contrário... isto mostrou o seu valor" ?  
 
Há maneiras  inteligentes de ensinar um filho a lutar pelos seus direitos mas essa não é uma delas. Não me interessa o que ele "quis dizer"; interessa o que de fato disse.  Quem não sabe dizer e fica só no "eu queria dizer" é um incompetente que deveria mais era ficar calado.
 
É por isso que esse país vai mal...
 
"Não te quero acessando esse site, meu filho";
"Não marque encontros com desconhecidos que você tenha "conhecido" na internet! É perigoso, minha filha!"
"Não dê conversa para estranhos. Não confie nem aceite nada de quem não conhece;"
"Larga essa caixa de fósforos, menino!"
"Meu filho, não te quero na companhia desses marginais. Não te criei para isso!"
" Cocaína? nem pensar. Pelo amor de Deus filque longe desse lixo!"
"É proibido queimar índios".
" Meu rapaz, nem pense em transar com essa garotinha. Ela só tem 12 anos!"
"Não buzine perto de hospitais ou escolas;" 
"Não bata nos seus pais".
"Não esmurre o Paulo Coelho."
"Não estacione na garagem do vizinho".
"Aviãozinho de traficante? Tá doido, moleque? Pare já com isso!"
 
Ah que lindo se TODOS fizessem "heroicamente" o contrário do que dizem os pais... Que paraíso se todas as nossas regras sociais fossem completamente ignoradas! Que grande sociedade teríamos! Não é, Paulo Coelho?

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