segunda-feira, 29 de março de 2010
Fundo Reino
Nota introdutória: quem sou eu? Nada mais que uma reles mulher do povo, uma expectadora com o grau de inteligência quase menos que mediano; uma pessoa que não sabe discorrer com erudição sobre teatro e que não é digna nem de desatar as correias das sandálias de Walter Freitas. Só posso falar, muito encabuladamente, das minhas simples e rasteiras impressões.
Devidamente humilhada passo a contar-lhes as minhas impressões:
Li que o espetáculo é o " resultado do Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz etc e tal." Noooossa!
Sabe o que isso quer dizer? Que Walter Freitas é uma pessoa especialmente inteligente, culto, talentoso e inspirado e que este trabalho dele só pode ser acessível às pessoas igualmente acima da média. No final das contas concluo, desolada, que estou muito aquém de tudo aquilo. Sabe, não alcancei a magnitude da apresentação. Saí de lá enfadada.
Noves fora, é isso.
Mas o texto era ruim? Não!!! Pelo contrário: brilhante. Isso mesmo. As falas rimavam de forma criativa e graciosa, uma coisa muito interessante, principalmente quando a gente conseguia entender o que os atores falavam, porque não havia palco. A história foi encenada numa "arena", com o público ao redor. Sendo assim, de vez em quando os artistas ficavam de costas para a gente.
Os atores eram ruins? Não! Eram bons mesmo. Vai aqui uma menção mais que especial à moça magrinha que interpretava a filha de Antero. Acho que o nome é Wellingta Macêdo; e também à Pauli Banhos, que interpretou a Viúva Zulmira. Só pude concluir que eles não tiveram culpa, pois apenas fizeram - e bem - o que mandaram eles fazerem.
E o que mandaram eles fazerem?
Os artistas, devidamente enfeiados pela produção, fizeram a sua parte nessa esquisitice visual: faziam caretas, muitas caretas.
Não havia cortina nem entra e sai de personagens. Eles permaneciam o tempo inteiro no palco, mesmo se não estivessem todos atuando. Nesse ínterim penso que poderiam se retirar para retornar depois, poderiam sentar na platéia ou dormir. O que não consigo entender é por que eles todos ficavam o tempo INTEIRINHO fazendo caretas para nós e uns para os outros. Saco! Pensei: "qual seria o significado profundo dessas macaquices?" Sei lá. Era assim: Se havia uma dupla atuando, os outros matavam o tempo se contorcendo, circulando pela "arena" tortos, capengas, com cara de inimputáveis. Um desfile de horrores, contrangedor e sem graça. Em alguns momentos imaginei que eu estava em um hospital psiquiátrico. Sério! Sem falar nos gestos ao ar, na maioria das vezes sem sentido algum. Agitavam os braços, catavam borboletas imaginárias, desfiavam cortinas inexistentes e sei lá mais o quê. Só sei que não queria dizer nada. E se queria dizer, ficou só na boa intenção. Faltou clareza o tempo todo.
Há mais outros detalhes desagradáveis, mas vou ficar só por aqui.
Fico imaginando se peças como essa não respondem à indagação de alguns artistas amargurados: "por quê será que o povo não prestigia nosso teatro?" Bem, eu sou povo e estou cantando a pedra procês. Não dá!
Já assisti peças nas quais as pessoas falavam umas com as outras, havia começo meio e fim, diálogos esclarecedores ou um narrador caridoso, gestos com razão de ser, choro ou riso dentro do contexto. Ah como era bom...
De qualquer forma sempre achei que os artistas queriam se fazer entender. Parece que eu estava errada... Nesse episódio tive a impressão de que não era para eu estar lá e que aquilo era destinado apenas aos "iniciados". Era coisa de artista pra artista, pro pessoal da tribo, entendeu?
Questionei com uma amiga: "Mas aquelas macaquices todas eram mesmo úteis para a história? Por que aquilo? Que saco! Por que não encenam uma história às claras, para a gente acompanhar e curtir?" Ela respondeu algo como: "se fosse pra ser como na vida real, com gestos e expressões mais naturais e claras, não seria teatro, mas cinema."
Ah tá, então teatro é careta e enigma? Vivendo e aprendendo...
Detalhe: as pessoas que estavam comigo também eram burras: acharam cha-to.
segunda-feira, 29 de março de 2010
Fundo Reino
Nota introdutória: quem sou eu? Nada mais que uma reles mulher do povo, uma expectadora com o grau de inteligência quase menos que mediano; uma pessoa que não sabe discorrer com erudição sobre teatro e que não é digna nem de desatar as correias das sandálias de Walter Freitas. Só posso falar, muito encabuladamente, das minhas simples e rasteiras impressões.
Devidamente humilhada passo a contar-lhes as minhas impressões:
Li que o espetáculo é o " resultado do Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz etc e tal." Noooossa!
Sabe o que isso quer dizer? Que Walter Freitas é uma pessoa especialmente inteligente, culto, talentoso e inspirado e que este trabalho dele só pode ser acessível às pessoas igualmente acima da média. No final das contas concluo, desolada, que estou muito aquém de tudo aquilo. Sabe, não alcancei a magnitude da apresentação. Saí de lá enfadada.
Noves fora, é isso.
Mas o texto era ruim? Não!!! Pelo contrário: brilhante. Isso mesmo. As falas rimavam de forma criativa e graciosa, uma coisa muito interessante, principalmente quando a gente conseguia entender o que os atores falavam, porque não havia palco. A história foi encenada numa "arena", com o público ao redor. Sendo assim, de vez em quando os artistas ficavam de costas para a gente.
Os atores eram ruins? Não! Eram bons mesmo. Vai aqui uma menção mais que especial à moça magrinha que interpretava a filha de Antero. Acho que o nome é Wellingta Macêdo; e também à Pauli Banhos, que interpretou a Viúva Zulmira. Só pude concluir que eles não tiveram culpa, pois apenas fizeram - e bem - o que mandaram eles fazerem.
E o que mandaram eles fazerem?
Os artistas, devidamente enfeiados pela produção, fizeram a sua parte nessa esquisitice visual: faziam caretas, muitas caretas.
Não havia cortina nem entra e sai de personagens. Eles permaneciam o tempo inteiro no palco, mesmo se não estivessem todos atuando. Nesse ínterim penso que poderiam se retirar para retornar depois, poderiam sentar na platéia ou dormir. O que não consigo entender é por que eles todos ficavam o tempo INTEIRINHO fazendo caretas para nós e uns para os outros. Saco! Pensei: "qual seria o significado profundo dessas macaquices?" Sei lá. Era assim: Se havia uma dupla atuando, os outros matavam o tempo se contorcendo, circulando pela "arena" tortos, capengas, com cara de inimputáveis. Um desfile de horrores, contrangedor e sem graça. Em alguns momentos imaginei que eu estava em um hospital psiquiátrico. Sério! Sem falar nos gestos ao ar, na maioria das vezes sem sentido algum. Agitavam os braços, catavam borboletas imaginárias, desfiavam cortinas inexistentes e sei lá mais o quê. Só sei que não queria dizer nada. E se queria dizer, ficou só na boa intenção. Faltou clareza o tempo todo.
Há mais outros detalhes desagradáveis, mas vou ficar só por aqui.
Fico imaginando se peças como essa não respondem à indagação de alguns artistas amargurados: "por quê será que o povo não prestigia nosso teatro?" Bem, eu sou povo e estou cantando a pedra procês. Não dá!
Já assisti peças nas quais as pessoas falavam umas com as outras, havia começo meio e fim, diálogos esclarecedores ou um narrador caridoso, gestos com razão de ser, choro ou riso dentro do contexto. Ah como era bom...
De qualquer forma sempre achei que os artistas queriam se fazer entender. Parece que eu estava errada... Nesse episódio tive a impressão de que não era para eu estar lá e que aquilo era destinado apenas aos "iniciados". Era coisa de artista pra artista, pro pessoal da tribo, entendeu?
Questionei com uma amiga: "Mas aquelas macaquices todas eram mesmo úteis para a história? Por que aquilo? Que saco! Por que não encenam uma história às claras, para a gente acompanhar e curtir?" Ela respondeu algo como: "se fosse pra ser como na vida real, com gestos e expressões mais naturais e claras, não seria teatro, mas cinema."
Ah tá, então teatro é careta e enigma? Vivendo e aprendendo...
Detalhe: as pessoas que estavam comigo também eram burras: acharam cha-to.
2 comentários:
Eu também achei chato, mas não exatamente porque não parecia real, já assisti espetáculos bastante lúdicos, desafiando a lógica da realidade mesmo, que foram muito interessantes. De resto, concordo com a análise da blogueira, que por sinal considero muito interessante... uma última observação: a "amiga" não se referiu ao cinema, já que este não precisa necessariamente obdecer o critério de pareceer real, mas às telenovelas que por sinal, em sua maioria, são de gosto bastante duvidoso.
ResponderExcluirCristina minha centenária, obrigado por sua visita em meu blog.
ResponderExcluir
Não gosto muito de post grande, mas li o seu com muito gosto, pois gostei do seu estilo descontraído de escrever, até dei risada de sua analise da peça.
Gostei mais ainda de ver que você é como eu que não se esforça para entender estas coisas, muitas vezes assisto historias complicadas que se eu não entender eu não ligo, pois presumo que o maldito do autor escreveu para não ser entendido mesmo rsrsrs.
Eu também achei chato, mas não exatamente porque não parecia real, já assisti espetáculos bastante lúdicos, desafiando a lógica da realidade mesmo, que foram muito interessantes. De resto, concordo com a análise da blogueira, que por sinal considero muito interessante... uma última observação: a "amiga" não se referiu ao cinema, já que este não precisa necessariamente obdecer o critério de pareceer real, mas às telenovelas que por sinal, em sua maioria, são de gosto bastante duvidoso.
ResponderExcluirCristina minha centenária, obrigado por sua visita em meu blog.
ResponderExcluirNão gosto muito de post grande, mas li o seu com muito gosto, pois gostei do seu estilo descontraído de escrever, até dei risada de sua analise da peça.
Gostei mais ainda de ver que você é como eu que não se esforça para entender estas coisas, muitas vezes assisto historias complicadas que se eu não entender eu não ligo, pois presumo que o maldito do autor escreveu para não ser entendido mesmo rsrsrs.