Tem gente que paga.
Eu paguei. Confesso para purgar.
Sabe, camarote é uma coisa legal. Conforto, ambiente selecionado, tudo nos conformes. Pra quem tem disposição de sobra (eu não tenho de sobra, só tenho para o gasto e olha lá) é a maneira menos maluca de se divertir com os amigos no carnaval. Mas tem que gostar de "axé" - e eu não gosto.
Sempre gostei de samba mas nunca fui carnavalesca. E não gosto dos "axés" da vida. Mas fui, acredita? Mas te juro: não volto nem amarrada.
Como eu disse, camarote é uma beleza mas nunca pensei que chegar lá seria uma experiência tão desgraçada. E por um tempo acalentei a doce ilusão de que na saída a coisa seria diferente. Não era. Dá muito medo. Sabe o que é medo?
É uma visão do inferno. O Cão Chupando Manga estava lá. Você desce do taxi longe do seu destino e para chegar tem que enfrentar numa multidão pa-vo-ro-sa. Um monte de bêbado fedorento, um pisa-pisa terrível, gente amassando gente (no bom e no mal sentido) e toma-te bandido. A impressão é de que foram ao presídio, emaconharam todo mundo e abriram as portas. E "nóis" figurando como caça.
Vi uns quatro homens "sanduicharem" uma mulher e depenarem a pobre, como urubus na carniça. Eram negros, jovens, altos e péssimos. Vi-me também, eu mesma, no meio de um monte de bandidões, cercada. Pensei: "já era eu". Isso mesmo, pensei assim, sem concordância. Felizmente apareceram uns anjos PM's, exorcizaram o pedaço e saí incólume. Tanto é que estou aqui contando a história. Mas levaram o meu celular.
Claro que pensei: "- O quê que eu estou fazendo aqui no meio dessa desgraça? Tô doida?" Estava. Mas estou curada, viu?
Pré-conceito é um conceito precipitado. Dane-se o politicamente correto: se estou em um lugar e me aparece novamente uma turba de negões, vou gelar e me enfiar no primeiro bueiro que encontrar. Só saio no dia seguinte. Ora, foi uma turma dessa que me aterrorizou naquela noite fatídica e se não fosse a polícia, levariam até minha roupa. Não era uma galera de loiros ou de índios. Os negros obviamente nao são melhores nem piores do que os brancos ou os índios mas como reprogramar o meu subconsciente? Agora danou-se. Até eu ser assaltada novamente por um grupo de esquimós, vai ser difícil sentir diferente com relação a esses nobres patrícios baianos. E não me critique porque você não é assim tão diferente não.
A parte sentível da coisa: no fundo acaba sendo comovente ver aquela multidão tentando desesperadamente se divertir, sentir alguma coisa bonita, envolvente, alegre. E aquele monte de mulheres pedindo pelo amor de Deus: "- Me achem gostosa! Please! Eu sou desejável, não sou?" E os homens: "- Diga que sou um bom caçador, pelo Santo Cristo! Sou muito macho, né? Dá uma força aê!"
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Não, obrigado. Tô fora!
ResponderExcluirEm 2011 vem pro Rio comigo e te mostro o que é um verdadeiro bloco de rua, daquele mesmo de antigamente, com fantasia improvisada e com muita criança e bom-humor típico da época. Quem foi comigo este ano para curtir o carnaval não se arrependeu.
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