sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Mudança


Não sei se aguento mais tanta mudança.

Há tempos que não consigo mais passar um Natal igual ao outro mas há tantos Natais queridos que eu desejava repetir! Como um filme que reprisamos, reprisamos, reprisamos...

É curioso mas tive bis de muitos aniversários; eles costumam ser parecidos uns com os outros. São todos irmãos; só que eu não me importaria se alterassem o enredo. O Natal é o contrário: queremos o nosso presépio com os mesmo personagens; queremos nos alegrar com as mesmas velhas alegrias.

Há algo de errado porque não está sendo assim. Mudanças... 

Em um ano fulano nasceu. No outro, beltrano morreu. Às vezes há convidados; noutras, só família. Há os queridos que vão embora mas há os que chegam alegremente como se fosse pra ficar. Não ficam.  Há as várias versões de mim mesma: eu mais magra, eu mais gorda, mais alegre, melancólica, feliz ou cheia de saudades. Mais presentes, menos presentes.

Sinto saudade de vários Natais que eu não sabia que estava por perder. Eu não sabia que eram únicos!

Cada Natal é uma estrela com diferentes brilhos. Umas são cheias e ofuscantes mas outras são pequenas e opacas.

A previsibilidade, costumamos desprezar em nosso dia-a-dia.  No Natal é o contrário: ela é a coisa que mais queremos. Pelo menos comigo é assim. Não quero Natais novos! Quero sempre o mesmo, com as mesmas doces alegrias: a mesma estrela, as mesmas músicas, as mesmas pessoas queridas com seus velhos abraços, seus sorrisos conhecidos e meigas manias. E quero a sensação de que será assim pelos séculos dos séculos.  Desejo a mais absoluta repetição: as mesmas piadas, as rabanadas, presentes previsíveis e até aquele nó na garganta. É tão bom acreditar que não perdi nada e que Deus me deu tudo de novo!

Nada de novidades. Se quiserem podem até me dar o mesmo presente do ano passado.  E não quero olhar para nós  mesmos e imaginar o que não mais virá a ser.

Esse seria o meu pedido, só que é tarde demais. A coisa já está acontecendo. Há um ralo cósmico que engole tudo. Há um vento autoritário que muda as coisas de lugar. Há forças que fazem acontecer e desacontecer. Somos expectadores perplexos de nossa própria história. 

As vezes considero isso e desejo ir antes que tudo se vá. Quero entregar antes que me tomem.

Há um filme que eu queria ver de novo: a Vovó Alba cercada de netinhos e um mundo de papéis de presentes espalhados no chão.

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sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Mudança


Não sei se aguento mais tanta mudança.

Há tempos que não consigo mais passar um Natal igual ao outro mas há tantos Natais queridos que eu desejava repetir! Como um filme que reprisamos, reprisamos, reprisamos...

É curioso mas tive bis de muitos aniversários; eles costumam ser parecidos uns com os outros. São todos irmãos; só que eu não me importaria se alterassem o enredo. O Natal é o contrário: queremos o nosso presépio com os mesmo personagens; queremos nos alegrar com as mesmas velhas alegrias.

Há algo de errado porque não está sendo assim. Mudanças... 

Em um ano fulano nasceu. No outro, beltrano morreu. Às vezes há convidados; noutras, só família. Há os queridos que vão embora mas há os que chegam alegremente como se fosse pra ficar. Não ficam.  Há as várias versões de mim mesma: eu mais magra, eu mais gorda, mais alegre, melancólica, feliz ou cheia de saudades. Mais presentes, menos presentes.

Sinto saudade de vários Natais que eu não sabia que estava por perder. Eu não sabia que eram únicos!

Cada Natal é uma estrela com diferentes brilhos. Umas são cheias e ofuscantes mas outras são pequenas e opacas.

A previsibilidade, costumamos desprezar em nosso dia-a-dia.  No Natal é o contrário: ela é a coisa que mais queremos. Pelo menos comigo é assim. Não quero Natais novos! Quero sempre o mesmo, com as mesmas doces alegrias: a mesma estrela, as mesmas músicas, as mesmas pessoas queridas com seus velhos abraços, seus sorrisos conhecidos e meigas manias. E quero a sensação de que será assim pelos séculos dos séculos.  Desejo a mais absoluta repetição: as mesmas piadas, as rabanadas, presentes previsíveis e até aquele nó na garganta. É tão bom acreditar que não perdi nada e que Deus me deu tudo de novo!

Nada de novidades. Se quiserem podem até me dar o mesmo presente do ano passado.  E não quero olhar para nós  mesmos e imaginar o que não mais virá a ser.

Esse seria o meu pedido, só que é tarde demais. A coisa já está acontecendo. Há um ralo cósmico que engole tudo. Há um vento autoritário que muda as coisas de lugar. Há forças que fazem acontecer e desacontecer. Somos expectadores perplexos de nossa própria história. 

As vezes considero isso e desejo ir antes que tudo se vá. Quero entregar antes que me tomem.

Há um filme que eu queria ver de novo: a Vovó Alba cercada de netinhos e um mundo de papéis de presentes espalhados no chão.

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