
O que há de tão bonito
Que ela olha ou vê passar?
Uma fada ou um anjo?
Uma nuvem a formar
Formas, frases, bons sinais?
Setas brancas, magistrais?
Algum pássaro cantou
Ou contou, do além rio,
Que a chuva já chegou
No adeus do longo estio?
O que será que a faz
Sorrir ou acreditar
Que de agora em diante
A semente vai brotar
Mais suave e cintilante
E sua estrela vai brilhar?
Bons agouros lhe mostraram
Ou um anjo apareceu?
Ou ainda não contaram
Do que já desvaneceu?
Ela espera e sorri
Tão tranquila e contente,
Que o céu azul lhe entra
Nas retinas e nos dentes
Me parece tão bonita
Quanto ri com essa fé
Que eu nunca chegarei
Pra contar que assim não é
Talvez não venha a charrete
Nem passeio em Paquetá
Nem janela bem vermelha
Ou barquinhos devagar
Mas ela faz orações
E dorme com tanta fé
Que jamais a acordarei
Pra dizer que assim não é.
Que não aprontaram o vestido
Que a bordadeira morreu
E que o último flautista
Também ele esmoreceu
Mas ela planeja a festa
E os convites estão de pé!
Jamais olharei em seus olhos
Pra explicar que assim não é.
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