
Outro ponto fraco:
Toda a santa vez que assisto A Noviça Rebelde eu choro. Assim, de pingar mesmo. Nem drama é. Mas acho que esse fenômeno tem uma explicação.
"The Sound of Music" (o verdadeiro nome) foi o primeiro filme que assisti no cinema e também o único com meu pai. Não muito tempo depois ele morreu. Acabou virando a trilha sonora do meu amor por ele.
Meu pai, que falava inglês, se apaixonou pela trilha sonora do filme e pela poesia que havia nas músicas. Comprou então o "disco" (vinil) que tocava na "vitrola" dia e noite. Nós ouvíamos o tempo inteiro sem enjoar. Adorávamos.
Sabe o lance da família feliz propaganda de margarina? Pois era assim.
Pra mim tudo é comovente no filme, a começar da abertura: belíssima. A fotografia é de tirar o fôlego. Quando você já está babando aparece a Julie Andrews na sua melhor forma, viçosa como uma flor do campo cantando ... Tão cheia de vida, tão deslumbrada com aquela exuberância toda ao seu redor , ofegante, os olhos brilhantes e um sorriso lindo como se tivesse descoberto o mundo naquela hora. Ela consegue passar isso para gente. Já começo a lagrimar aí.
Não sei separar o que é de fato belo e o que está enviesado em minhas lembranças familiares. Isso é um novelo que não me interessa desenrolar. Só sei que tenho o CD e o DVD. Vez por outra coloco aqui em casa escondido de todo mundo e me debulho em lábrimas sozinha, só pra não perder o jeito.
Sabe, meu sonho de menina era casar como casou Maria. Queria um vestido igualzinho ao dela. Queria que a música de entrada no meu casamento fosse a mesma. Desejei ardentemente isso. Com o tempo descobri que sou tendente a desejar algumas coisas nestes termos: ardentemente. Não é bom, mas é 100% Cristina.
Bem, sonhos são sonhos... Foi tudo tão diferente! O vestido era até emprestado. Mas eu estava realmente feliz.
Talvez tenha sido a partir da cena da entrada de Maria na igreja que eu tenha me apaixonado por órgãos de tubos. Sempre me emociono quando ouço um instrumento desse ao vivo. Eles tem um som poderoso, grandiloquente. Parece que entra na alma da gente, aí vamos ficando transparentes como a música e com a mesma capacidade de nos elevarmos acima do chão. Sei lá, algo assim. Sou piradinha mesmo. E é como se só existisse música, nuvens e anjinhos barrocos no mundo.
Nunca saberei ao certo se este filme é tudo isso que eu estou falando ou se isso é apenas o subproduto de uns neurônios do passado, perdidos no tempo e no espaço, desorientados coitados! que meio zonzos vieram se refugiar na gaveta errada da memória.
Pode ser que o que percebo do filme esteja só em minha cabeça, impregnada pelas impressões antigas de uma infância musical e tranquila, com irmãos, pai e mãe e cheiro de sopa vindo da cozinha.
Eu até queria que você assistisse só pra me dizer onde termina o filme e começa a Cristina.
Veja aqui mais detalhes e fotos. Vale a pena.
Eita,Cris! Esse teu post além de lindo é emocionante... o mais incrível é a capacidade que tens de mexer com o leitor,parabéns mesmo!!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirAHH,esqueci de assinar ,sou eu, Nahone,sua leitora assídua. =]
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