
Ana Carolina - É isso aí
Ê, Seu Jorge!
Ô homem...
Não deixa ela encostar em você assim não
Tá com o olhar muito perdido,
Muito distante
Não deixe não, moço
Vem aqui, toca pra mim.
Ê, seu Jorge...
Por que essa voz tão macia?
Por que esse veludo na garganta
Esse jeito de olhar
Como se já soubesse o motivo
De eu vir me achegando?
O que você sabe de mim?
Deixa eu mostrar
Minhas coisas bonitas
Tenho tecido uns poemas
Pra você musicar
Umas frases faceiras
Meio assim, pra poemar
No cantinho da sala
Fale aí qualquer coisa
Coma uma lasca de pudim
Deixe a vasilha virada
E que venham as formigas
Fazerem festa
No que sobrou do seu descuido
Tudo vai virar música
Pode tirar os sapatos
Moço bonito
Depois vão chegar uns amigos
Mas olhe, não deixe ninguém
Mas ninguém mesmo
Deitar de novo em seu ombro
Porque aí tem um aconchego
Uma coisa de ficar...
Assim, é perigoso
Alguém pode levar uma coisa
Que talvez, quem sabe?
Você viesse dar a mim.
Você daria
Eu guardaria no seio
Porque eu não roubo nada, Seu Jorge
Encoste seu violão vivente
Em minhas pernas mansamente
Que os dois conversem de mornidão
De coisas sem nome
E lhe distraiam
Enquanto toco de leve
Na ponta do seu dedo
Enquanto cheiro a música que sai de você
Seus olhos são mudos como planetas
Mas cheios do que dizer
Não importa
Você é todo palavras
E mel.
Cristina Faraon

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