
Ainda trocando correspondências com minha instigante amiga, hoje ela me disse que não sente a mesma necessidade que eu, de se expor. Acha meio estranho ter um blog e falar tanto de si mesma. Não me criticou mas disse que seu temperamento não lhe permite agir da mesma forma.
Um amor de pessoa! Somos tão diferentes e mesmo assim nos damos tão bem. Mistério.
Pra fechar com chave de ouro ela ainda me disse que não acredita existirem pessoas realmente interessadas em pararem suas atividades só para saberem o que ela pensa ou deixa de pensar, como vai a sua vida ou o seu humor. Quem quer saber? disse ela.
Pois é uma questão... Respondi que:
"Sobre nossas diferenças, tenho a esclarecer o seguinte:
1- Esse lance de se expor, nem eu entendo. Na verdade a impressão é de que estou me expondo para um teatro cheio de Cristinas. Milhões de Cristinas me olhando pacientemente e interpretando. É isso. Estou me expondo para mim mesma e tentando me entender. Poderia fazer isso em um caderno em casa mas aí eu perderia aquela sensação de olhar externo que nos ajuda a pensar melhor. Repito: A SENSAÇÃO DE OLHAR EXTERNO NOS AJUDA A NOS ENXERGARMOS MELHOR. É para isso que serve a tal exposição. Fictícia ou não, só Deus sabe.
2- E a tal exposição em um blog, na verdade é falsa. É "uma meia dúzia de três ou quatro" que o visitam (mentira, é mais. Mas isso é retórica). Ou seja: um punhado de Cristinas muito úteis do ponto de vista psicológico. Tenho um publico e não tenho. Quando quero pensar que tenho, tenho milhões. Quando quero recolhimento é só imaginar que ninguém lê droga nenhuma. Conveniente, né?
3- Sobre o interesse das pessoas em mim (em nós): sim, ele INEXISTE. Realmente ninguém quer saber nada a meu respeito a não ser que isso represente entretenimento.
Por entretenimento entenda-se: Se eu começar a escrever coisas escandalosas, fazer confissões, dizer que desejo fulano ou beltrano, começar a dizer tudo o que penso de minhas amigas, dar opinião sobre a vida e o casamento de cada uma delas, sobre a criação de seus filhos, tratar meus amigos como personagens, ridicularizar o modo como se vestem (já deu vontade de fazer tudo isso! rsrsrsr) ... Se eu falar de minha intimidade, de sexo, de fantasias, das posições que eu prefiro para transar, de coisas inconfessáveis, haverá curiosos; o assunto passará de boca em boca. Aí eu acho que várias pessoas conhecidas passarão a se interessar pelo que eu escrevo. O interesse nascerá do nada.
Lembro da história de uma prostituta que se tornou "escritora" porque tinha um blog onde jogava no ventilador todas as suas atividades. Ficou famosa e "chique".
Se por outro lado eu insistir em expressar meus sentimentos através de coisas simples do dia a dia como música, poesia, crônicas, fotos, sonhos, compartilhando dores e alegrias... admito que isso interessa a bem pouca gente. Mas tá bom.
Em suma: escrevo, porque isso é do MEU interesse, não do interesse da humanidade. Tolo é quem, não sendo cientista, escreve com outra motivação.
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