sábado, 31 de janeiro de 2009

Chão de Giz e outros mistérios


Vou confessar por mim e por um monte de gente: sim, eu me emociono com Chão de Giz. É uma das músicas mais lindas que conheço. As vezes quando ouço dá aquele aperto no peito, aquela concordância da alma e a vontade de chorar. Fico toda lânguida por dentro e suscetível a novas enxurradas de sentimento.
A música é iluminada mas tem trechos absolutamente ... obscuros. É isso. Entendo algumas coisas mas outras parecem não ter pé nem cabeça. Pronto, confessei. Você não está sozinho no mundo.

Que raios o Zé Ramalho quis dizer com "Eu vou te jogar num pano de guardar confetes"? Eu nem sabia que existia um pano especial pra guardar confetes. E o que há de tão desagradável nisso? Será que equivale a dizer que "eu vou te botar na geladeira até o próximo carnaval?" Não sei... Só sei que a resposta é igualmente estranha:

"Quanto ao pano dos confetes, já passou meu carnaval. E isso explica porque o sexo é assunto popular." Acho que isso só explica uma coisa: estão terminando o romance porque ninguém estava se entendendo mesmo!
O carinha também previne logo a outra pessoa dizendo que "Eu não vou gozar de nós apenas um cigarro..." Cumequié?

Bem, não presto atenção nesses trechos mas sim nos outros, cheios de sentimento: "...Agora pego um caminhão na lona; vou a nocaute outra vez... Há tantas violetas velhas sem um colibri..."
Não deixa de ser um mistério a gente amar o que não entende e se emocionar com o que não consegue explicar.

Certa vez vi uma pintura. Era uma mulher negra, envelhecida, feia e de aspecto cansado. O que isso tem de bonito? Pois achei lindo e tocante. Não sei teorizar.

Já ouvi músicas em inglês que achei liiiindas. Perderiam muito se traduzidas para o português, para o italiano, francês ou qualquer outro idioma. E não entendo nada de inglês. Dá pra entender? Não.


Adoro essas esquisitices humanas. Adoro pensar que somos misteriosos e insondáveis e que jamais nos desvendarão completamente. Seremos sempre instigantes, um poço sem fundo, um mundo eternamente explorável.

Muita pretensão de minha parte? Sim, dá licença? Posso levar um tiro daqui prali ou cair, bater a cabeça e morrer. Tenho todo o direito de querer me sentir um pouco mais importante do que um protozoário.

Ah: Se você é mais letrado do que eu entende todinha a letra de Chão de Giz por favor poste aqui um comentário esclarecedor. Aí eu me animo e te peço ajuda pra um monte de troço estranho (e bonito) do Djavan.

2 comentários:

  1. De fato, é uma letra muito linda. é uma das poucas músicas brasileiras que eu tiro o chapéu (existem outras poucas, mas essa é a #1).
    Quanto a definição de muitas coisas dessa letra eu não consegui ainda entender. Mas existe uma parte em particular que chamou a atenção do meu raciocínio:
    "Agora pego
    Um caminhão na lona
    Vou a nocaute outra vez
    Prá sempre fui acorrentado
    No seu calcanhar
    Meus vinte anos de "boy"
    That's over, baby!
    Freud explica..."
    O caminhão me lembra estrada, e estrada me lembra da liberdade. Eu vejo, que ele foi tentar ser livre, e acabou "quebrando a cara", de novo. E ele reflete, que não tem como ele ser livre, acorrentado ao calcanhar da pessoa na qual ele se refere. Os 20 anos dele já não existem mais ("that's over", é o que ele fala..). E parece que ele associa muito o amor à loucura. Freud é um psicanalista, o eu-lírico quer dizer que Freud seria suposto a explicar essas coisas. E também, outro trecho que isso é muito vivo é em
    "Queria usar quem sabe
    Uma camisa de força
    Ou de vênus"
    Vênus, é uma referência à mulher (carece de fontes).
    Essa música reflete muito para corações apaixonados que se desacreditaram, ao meu ver.
    Pode ser outra coisa, músicas como essa têm um conteúdo muito rico de significados, então eu posso estar apenas apontando um dos vários significados dela.

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  2. Olá, tudo bem?
    Não sou letrada, mas também tinha curiosidade de entender melhor "Chão de Giz", ela também me emociona, achei em um site a interpretação, achei fantástico... agora gosto muito mais da música...

    O Zé teve, em sua juventude, um caso duradouro com uma mulher casada, bem mais velha, da alta sociedade de João Pessoa, na Paraíba. Ambos se conheceram num Carnaval.
    Ele se apaixonou perdidamente por esta mulher, só que ela era casada com uma pessoa influente da sociedade, e nunca iria largar toda aquela vida por um "garoto pé rapado" que ela apenas "usava" para transar gostoso.

    Assim, o caso, que tomava proporções grandes, foi terminado. o Zé ficou arrasado por meses, e chegou a mudar de bairro, pois morava próximo a ela. E, nesse período de sofrimento, compôs a canção. Conhecendo a história, você consegue perceber a explicação para cada frase da música, que passo a transcrever:

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sábado, 31 de janeiro de 2009

Chão de Giz e outros mistérios


Vou confessar por mim e por um monte de gente: sim, eu me emociono com Chão de Giz. É uma das músicas mais lindas que conheço. As vezes quando ouço dá aquele aperto no peito, aquela concordância da alma e a vontade de chorar. Fico toda lânguida por dentro e suscetível a novas enxurradas de sentimento.
A música é iluminada mas tem trechos absolutamente ... obscuros. É isso. Entendo algumas coisas mas outras parecem não ter pé nem cabeça. Pronto, confessei. Você não está sozinho no mundo.

Que raios o Zé Ramalho quis dizer com "Eu vou te jogar num pano de guardar confetes"? Eu nem sabia que existia um pano especial pra guardar confetes. E o que há de tão desagradável nisso? Será que equivale a dizer que "eu vou te botar na geladeira até o próximo carnaval?" Não sei... Só sei que a resposta é igualmente estranha:

"Quanto ao pano dos confetes, já passou meu carnaval. E isso explica porque o sexo é assunto popular." Acho que isso só explica uma coisa: estão terminando o romance porque ninguém estava se entendendo mesmo!
O carinha também previne logo a outra pessoa dizendo que "Eu não vou gozar de nós apenas um cigarro..." Cumequié?

Bem, não presto atenção nesses trechos mas sim nos outros, cheios de sentimento: "...Agora pego um caminhão na lona; vou a nocaute outra vez... Há tantas violetas velhas sem um colibri..."
Não deixa de ser um mistério a gente amar o que não entende e se emocionar com o que não consegue explicar.

Certa vez vi uma pintura. Era uma mulher negra, envelhecida, feia e de aspecto cansado. O que isso tem de bonito? Pois achei lindo e tocante. Não sei teorizar.

Já ouvi músicas em inglês que achei liiiindas. Perderiam muito se traduzidas para o português, para o italiano, francês ou qualquer outro idioma. E não entendo nada de inglês. Dá pra entender? Não.


Adoro essas esquisitices humanas. Adoro pensar que somos misteriosos e insondáveis e que jamais nos desvendarão completamente. Seremos sempre instigantes, um poço sem fundo, um mundo eternamente explorável.

Muita pretensão de minha parte? Sim, dá licença? Posso levar um tiro daqui prali ou cair, bater a cabeça e morrer. Tenho todo o direito de querer me sentir um pouco mais importante do que um protozoário.

Ah: Se você é mais letrado do que eu entende todinha a letra de Chão de Giz por favor poste aqui um comentário esclarecedor. Aí eu me animo e te peço ajuda pra um monte de troço estranho (e bonito) do Djavan.

2 comentários:

  1. De fato, é uma letra muito linda. é uma das poucas músicas brasileiras que eu tiro o chapéu (existem outras poucas, mas essa é a #1).
    Quanto a definição de muitas coisas dessa letra eu não consegui ainda entender. Mas existe uma parte em particular que chamou a atenção do meu raciocínio:
    "Agora pego
    Um caminhão na lona
    Vou a nocaute outra vez
    Prá sempre fui acorrentado
    No seu calcanhar
    Meus vinte anos de "boy"
    That's over, baby!
    Freud explica..."
    O caminhão me lembra estrada, e estrada me lembra da liberdade. Eu vejo, que ele foi tentar ser livre, e acabou "quebrando a cara", de novo. E ele reflete, que não tem como ele ser livre, acorrentado ao calcanhar da pessoa na qual ele se refere. Os 20 anos dele já não existem mais ("that's over", é o que ele fala..). E parece que ele associa muito o amor à loucura. Freud é um psicanalista, o eu-lírico quer dizer que Freud seria suposto a explicar essas coisas. E também, outro trecho que isso é muito vivo é em
    "Queria usar quem sabe
    Uma camisa de força
    Ou de vênus"
    Vênus, é uma referência à mulher (carece de fontes).
    Essa música reflete muito para corações apaixonados que se desacreditaram, ao meu ver.
    Pode ser outra coisa, músicas como essa têm um conteúdo muito rico de significados, então eu posso estar apenas apontando um dos vários significados dela.

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  2. Olá, tudo bem?
    Não sou letrada, mas também tinha curiosidade de entender melhor "Chão de Giz", ela também me emociona, achei em um site a interpretação, achei fantástico... agora gosto muito mais da música...

    O Zé teve, em sua juventude, um caso duradouro com uma mulher casada, bem mais velha, da alta sociedade de João Pessoa, na Paraíba. Ambos se conheceram num Carnaval.
    Ele se apaixonou perdidamente por esta mulher, só que ela era casada com uma pessoa influente da sociedade, e nunca iria largar toda aquela vida por um "garoto pé rapado" que ela apenas "usava" para transar gostoso.

    Assim, o caso, que tomava proporções grandes, foi terminado. o Zé ficou arrasado por meses, e chegou a mudar de bairro, pois morava próximo a ela. E, nesse período de sofrimento, compôs a canção. Conhecendo a história, você consegue perceber a explicação para cada frase da música, que passo a transcrever:

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