sábado, 26 de maio de 2007

As despetaladas

Conhece essa atriz? Repare com cuidado.
Este rosto pelo menos lhe parece familiar?

Trata-se de uma atriz famozézima. Uma ex-gostosa. Você assistiu novelas e filmes estrelados por ela. Você a invejava. Ela era linda, roliça. Tinha coxas grossas que configurava crime serem escondidas em calças compridas. Ela era obrigada por questões morais a usar mini saia. Era rosada e seu sorriso mostrava saúde, vitalidade e muito gás a ser gasto com amor, amor, amor. Era uma garota completamente abraçável, apalpável, apertável e fungável. O problema é que ficou famosa demais e o que se seguiu a isso foi a pressão para jogar as carnes fora. Pois é, a iludida aí trocou a beleza real pela beleza virtual, que só convence em fotos, com muita maquiagem e, de preferência, embrulhada em alta costura.

Eu, hein!

Diversas vezes me surpreendi ao rever atrizes ex-gostosas. Mulheres lindas que viraram esqueleto, envelheceram uns 8 anos, trocaram coxas por cambitos e hoje ainda conseguem sorrir confiantes. Estranho, estranho mesmo! Quando vejo essas mulheres sempre exclamo "-Por que será que ela fez isso consigo mesma? Que lástima! Ela era tão linda!"

Lembra como antigamente a Fernanda Torres era um amor em sua beleza roliça e branca? Um anjo barroco! Ela não era gorda, apenas tinha carne. Que mal havia nisso?

Outra que se detonou e envelheceu uns 10 anos rapidinho foi a Cássia Kiss. Era tão bonita! Mas emagreceu impiedosamente. Dá até agonia de olhar.

Quer mais um exemplo de mulher que estava incomodada com a própria beleza? A Débora Secco. Virou palito. Um palito bem produzido, claro. Mas palito.

Sobre a Giselle... não sei se algum dia já teve bunda, coxas e cintura. Acho que nasceu assim mesmo: rosto e cabelo. Tudo bem, não tem culpa. Mostrou-se até inteligente por ter conseguido tirar proveito da própria carência.

Agora me digam: o que esse povo da moda tem contra as coxas? Principalmente aquele par que transborda em quadris redondos, dançantes e apetitosos? Vai dizer que é feio?

Vou pedir uma coisa: nunca mais elogie uma mulher bonita. Cale-se. Finja que não viu. Elogio hoje em dia funciona como maldição: no mês seguinte a sua deusa pode ter sido transformada em escombro de ossos sorridentes. E o pior: a culpa vai ser sua!

Sendo assim, manifesto aqui meu sincero pesar por todas as antigas flores que se livraram das pétalas e hoje sobrevivem como caules.




segunda-feira, 14 de maio de 2007

Eles ou eu?


Pensei que eu já tivesse conseguido dirgerir isso com uma indiferença maldita e confortável.

A gente vê tanta miséria que acaba cansando de pensar nela. Ou se acostuma a pensar que é um fato da vida e ponto final. Bem, nem sei dizer como encaro as fotos e filmagens sobre a miséria.

O detalhe é que ao vivo é diferente.
Pensei que eu já estivesse acostumada, mas não. Na televisão ou em fotos a mente da gente acaba classificando tudo aquilo junto com as imagens dos filmes dramáticos que já vimos; guerras, romances impossíveis, fim do mundo, história de assassinos, catástrofes, incêndios etc. Para defender nossa saúde mental temos um dispositivo interno que arquiva as informações horrorosas e chocantes na mesma prateleira dos filmes. Acho que é assim que funciona.

Tá na hora de mudar essa arrumação. A miséria humana tem que ter uma prateleira só para ela, bem de frente, ao alcance dos olhos.

Hoje a noite vi uma cena comum para os outros. Para mim, que vivo em uma bolha-classe-média não é comum. É uma coisa do outro mundo - mesmo!

Quando fui pegar meu carro para voltar para casa vi umas pessoas no meio de um monte de lixo catando algo para comer. Eles reviravam o lixo como se fossem cães! Meu Deus! Tudo fedia! Como alguém poderia comer alguma coisa daquele monte?

Na televisão não choca. A gente está acostumado. Mas ao vivo e à cores é um soco no estômago. Dói o coração, dói a alma e a consciência.

Aquilo é indigno de um ser humano! É degradante. Não consigo esquecer.

Como será que aquelas pessoas se sentem? Ou elas não tem tempo para essas filosofadas? Filosofar não enche barriga, né?

Elas poderiam me olhar pelo menos com ódio, mas não. Passei perto sem chamar a mínima atenção. Nada! Não despertei o menor interesse naquelas pessoas. Para eles o lixo tinha mais a lhes oferecer do que eu. Havia mais esperança no lixo do que na minha pessoa. O silêncio deles foi contundente.

E o que estou fazendo aqui? Será que escrever no blog pode ajuda-los? Claro que não. Não ajuda nem a mim mesma, que saí de lá me sentindo uma assassina.

Seres humanos como eu, catando lixo como cães!

Agora olhe em meus olhos e crave em meu peito a pergunta fatal: "E aí, Cristina? O que você fez por eles? Conte o resto da história."
Resposta: não fiz nada. Na verdade temi que me assaltassem ou agredissem. Sabe-se lá o que passa na cabeça daquelas pessoas estranhas!

Tendo em vista tudo o que foi dito, quem se desumanizou dentro desse contexto: eles ou eu?
Cristina Faraon

sábado, 12 de maio de 2007

Com motivo




Tenho bons motivos para postar estas fotos.
Sei que elas estão famosas na internet. Você já deve te-las recebido mais de uma vez em seu e-mail, enviadas sob o título de "Um Minuto Antes da Surra."

Essas fotos não estão aqui apenas por serem engraçadas. A intenção não é fazer rir; é fazer lembrar... Elas estão aqui para nos trazer à memória aquela coisa deliciosa que nunca mais vivemos, nunca voltaremos a provar e que até esquecemos de que um dia existiu.

Falo da alegria pura e despreocupada de fazer travessura. Falo da euforia de criar e se divertir com a própria criação. Falo de ser dono do mundo e poder mudar a utilidade dos objetos sem nem cogitar se isso seria ou não permitido.

Pois é. Essa capacidade é uma das coisas que perdemos inapelavelmente quando ficamos adultos. Não que tenhamos deixado de fazer travessuras. As vezes até fazemos. Mas faça um teste: apronte uma "traquinagem" caprichada e corra para o espelho. Se você flagrar em seus olhos um brilho pelo menos parecido com o dessas crianças eu entrego os pontos dizendo que estou errada.

Olhe bem para elas. Não vem à lembrança o quanto era gostosa essa coisa de simplesmente não conseguirmos pensar no resultado de nossas ações?

Amigo, você perdeu isso. Meus sinceros pêsames. Você pode até fazer m... e sentir certo contentamento momentâneo mas ele logo cede lugar a uma espera torturante: o"resultado".

Mesmo sem o fantasma do resultado, as travessuras adultas não produzem esse mesmo estado de graça que percebemos nessas crianças.

Olhe só o menino da tinta branca como parece feliz! A alegria que ele sentiu produzindo e depois contemplando sua obra de arte é uma coisa maravilhosa que nós adultos simplesmente não temos mais.

Com toda a sinceridade: a foto do menino sujo de tinta me comove mesmo. Dá até um aperto no coração, uma saudade doída, uma imensa ternura por ele.

Que vontade de abraçar o menininho! Que vontade de rir com ele e esquecer o preço de cada coisa que ele estragou!

Confesso: eu queria sentir isso de novo. Sem prever o resultado, sem culpa e sem medo da chinelada.

Já não basta perdermos com o tempo a pele de pêssego, tínhamos que perder isso também? Não me parece justo...










sexta-feira, 11 de maio de 2007

Proponha


"...Que os braços sentem
E os olhos vêem
Que os lábios sejam
Dois rios inteiros
Sem direção..." Skank

Hoje apaixone-se.
Ou invente uma paixão. Dê seu jeito.
Nada será falso. Será um delicioso quase-verdade. E afinal de contas o que é verdade nessa nossa vida?

O amor é inventável tanto quanto a história é reinterpretável. Será verdade se você quiser que seja. Se publicar em livros didáticos melhor ainda. De qualquer forma valerá pela fantasia e pelo momento mágico (mágica também é inventável!) com direito a tudo. Eu disse tudo.

Proponha isso a alguém. É bem possível que esse alguém também esteja carente de uma paixão avassaladora (e quem não está?) e tope a brincadeira. Já pensou que esse alguém também possa estar vivendo em preto-e-branco?

Monte um esquema e faça de conta que está morrendo de amores por aquela pessoa pela qual você não morre de amores. Espante os receios garantindo que à meia noite o encantamento acaba e que por isso o risco de sofrimento é mínimo. Taí uma mentira necessária.

Brinque disso mas não se assuste se de repente uma luz fora do script acender-se nesse palco.

Você vai gostar. Monte essa peça teatral só porque é bom e tem a ver com os sonhos de todos os mortais. Mate de inveja os acomodados e diga sim à pirataria.

Creia: uma encenação dessa poderá até atrair bons fluidos! Desperte a curiosidade do Amor. Quem sabe ele se aproxime de vocês só para observar. Quem sabe ele goste, encante-se e deixe-se estar. Essa é a hora: sequestre o Amor!

A idéia de sequestro lhe parece um tanto violenta? Tudo bem, fique com o plano B: finja que não notou a presença do Amor observando por trás do palco, embevecido. Capriche na encenação e espere que ele se comova. Sabe, esse tipo de esforço é mesmo tocante. E quem sabe uma vez comovido o Amor até se esqueça de ir embora.

Cristina Faraon

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Vai acontecer

Um dia você vai acordar e se levantar depressa demais, refeito demais.

Pela primeira vez vai conseguir ouvir todos os sons do mundo, tudo ao mesmo tempo, numa sinfonia alucinante.

Não há mais “barulhos”, mas sons que, estranhamente, convivem com o silêncio. Eles não são mais contrários. É como que se beijassem apaixonadamente. Fizeram as pazes!

O silêncio será quase palpável e cheio de significado. Você distinguirá perfeitamente as duas coisas e isso não lhe parecerá estranho. Aliás, aos poucos tudo vai se “desestranhando” diante de seus olhos, como um enorme novelo que se desembaraça.

Todas as perguntas que lhe inquietavam estarão respondidas de uma só vez. O entendimento total entrou em você como bola de fogo e as questões simplesmente desintegraram-se. Todas.

Tudo é agora tão obvio! Quais eram mesmo as suas angústias? Não importa, não importa mais. O certo é que a verdade está estampada, brilhante como o sol, despida de qualquer dubiedade. Tudo faz sentido.

Que dia é hoje?

Você entende com clareza porque e para quê nasceu, o motivo das guerras, das dores, das alegrias voláteis , galáxias... o escuro, o frio, o sol, a água, a morte, a saudade, o amor, a dor, o ódio, o êxtase, bondade, maldade...

Todas as coisas são apenas os braços sinuosos do mesmo rio - A Verdade.

Claro, claro... não poderia ser de outra forma! A noite segue-se ao dia e o dia à noite e tudo canta em seu próprio ritmo que, no entanto, juntando-se aos demais, forma um “tudo” do qual você é parte integrante e bela.

Agora você nota os bilhões de tons de cores dançando à sua frente. Cores novas e indescritíveis! Nuances deslumbrantes que jamais havia notado - e ainda assim o mundo continua o mesmo. O mesmíssimo mundo onde você nasceu. Tudo parece familiar e novo ao mesmo tempo. Todos os contrários coexistem de maneira inimaginável até pouco tempo atrás.

Como você não reparou nisso antes? É claro que o mar fala. Ele canta em tons graves - agora é possível ouvir. Tudo tem som.

Há som nas pedras e no orvalho, no arrastar sedoso das nuvens, no apodrecimento da fruta no chão, na ovulação das mulheres, no momento do enamoramento, na formação dos cristais, na dança dos vermes, nas decomposições, nas carnes mortas despregando dos ossos, na pétala que se desabraça da flor.

Algumas coisas falam, outras gritam e várias outras cantam. O fato é que tudo é som, luz e vibração. É possível ver e até contar todas as formas de vida que cabem em uma gota de água. Basta aproximar os olhos e tudo fica nítido, perfeitamente visível. É ´só aproximar os olhos e fixa-los em qualquer ponto, que toda a constituição do que você estiver olhando se descortina como um livro que se abre ao vento.

Por algum motivo essa beleza toda não oprime seu coração, não se transforma em nó na garganta, em pele arrepiada, tremor ou lágrima. Pela primeira vez você conheceu a beleza em estado bruto e mesmo assim não é possível perceber em si mesmo manifestação física alguma.

A princípio tudo isso é muito instigante. Impossível dizer quanto tempo você passa discernindo todas as combinações que compõe o universo ou deslumbrando-se diante de todas as formas de vida.

Tudo é forma de vida.

Aos poucos... uma sensação nova: uma saciedade jamais experimentada até então: saciedade de vida e de conhecimento. Tudo foi visto, rebuscado, percebido, analisado, entendido, decifrado. Um vento cálido passa ... através de você. E você entende o que ele diz, o que sem pressa lhe propõe.

Você é chamado a algo mais. Uma inquietação semelhante a uma nova curiosidade lhe impele a seguir adiante. Você ainda não sabe onde fica o "adiante" mas não há pressa - só pendor.

Então, saciado, você novamente olha em volta. Por algum motivo percebe e sente e sabe e vê que não faz mais parte. Precisa seguir. É inevitável seguir. Há um tipo diferente de magnetismo doce e irresistível. Você vibra pelo que, de alguma forma, sabe que vai acontecer. Sabe que é bom e está além, muito além.

Aos poucos você é tomado pela convicção de que o mundo todo se repete ... repete... repete... e assim será para sempre.

Alguma coisa mudou?

Você está destoando; não faz mais parte dessas coisas! Você precisa mesmo ir, quer muito, a ponto de começar a se inquietar.

De fato você se levantou rápido demais, leve demais...

Cristina Faraon

terça-feira, 8 de maio de 2007

Theodora e Victoria



Doce, doce Theodora! Moreninha tão faceira
Que não se contém em seu mundo e invade nossa praça
Mas o faz tão lindamente e de forma tão certeira
Que tudo é seu num segundo e seu encanto não passa.

Seus olhos são estrelinhas com tanta vida contida
Que quisera fosse minha – filha ou melhor amiga.
Tem a beleza do cisne e a agitação da formiga.

Outro encanto é a Victória, bem princesa em seu jeito
De rio manso de águas claras morando em calmo leito
E deixa tantos sorrisos que ficam pra sempre no peito.

Lindo rio é a Victória de águas claras e puras
De sombras morenas nas margens e folhinhas na cintura
Beleza bem natural, tu serás sempre feliz
Por ter aura de pureza e meiguice até a raiz.

Desse jeito elas são hoje, mas não será sempre assim
Vão crescer, ficar mais belas e talvez esquecer de mim.
Então eu fiz esses versos pensando muito em vocês
Quem me dera, com as duas, me juntar e formar três!

Cristina Faraon
(Para duas menininhas lindas que conheci)

domingo, 6 de maio de 2007

Sereia


Estranha mistura! Mundos desiguais
Balanço macio de curta marola
Você foi pescado na beira do cais


Esquece os receios que eu tenho os meios
De tornar real o que vens a sonhar
E o mais que quiseres terás em meus seios
Conhece os segredos do fundo do mar


Conhece o segredo da tua sereia
Na malha que prende mas vai te embalar
E deita com ela, é clara a areia
Gentil purpurina no corpo a arfar


Veredas ocultas... estreito canal...
Esqueça, não busques de novo tua nau
Conhece os segredos do fundo do mar
Conhece o segredo da tua sereia
E fecha teus olhos quando ela cantar


Ah, as cores brilhantes de escamas fininhas
E os outros detalhes da tua formosa
Ah, rende-te às ondas de suas anquinhas
E agora sem medo, e agora sem culpa
Já nem te perguntas se é perigosa?


Tão bom ritual em molhada garupa
Quem manda ou obedece não dá pra saber
Em algas e ais te mantém geniosa
A deusa do mar com grilhão de mulher
Sê presa bem mansa e depois de me amar
Cativo descansa que vou te acolher
Na concha de escamas no fundo do mar
Oculto, onde o tempo tu vais esquecer.

Cristina Faraon

sábado, 5 de maio de 2007

Peraê!


Não dá pra continuar calada.
Se existe uma coisa que me tira do sério é quando acontece uma desgraça social (por exemplo: aquele menino que foi arrastado pelas ruas ... lembra?) e vem um "iluminado" dizer que a culpa é minha.
Isso mesmo! Tem sempre um infeliz rondando pra dizer que "somos todos culpados". Se "somos todos" quer dizer que estou incluída. Isso é um desaforo! Ouvir esse tipo de afirmativa é como levar um tapa.
Sempre trabalhei, criei meus filhos, não uso nem vendo drogas, não coloco armas nas mãos dos bandidos, não assalto ninguém nem ando arrastando crianças pelas ruas, procuro ajudar meu próximo... E ainda assim quando não estou trancada em casa ando sempre com medo, sobressaltada. Principalmente a noite. Tenho medo de parar o carro no semáforo, medo de quem me olha, medo de quem finge que não me olha, medo do cara da moto, do carro com película, medo de parar na padaria, na farmácia, pânico se um pneu do carro fura... E já fui assaltada, inclusive pelo Governo.
Não estou escrevendo isso pra dizer que sou boazinha ou me candidatar em algum processo de canonização. Quero apenas proclamar que não sou a vilã da história, mas uma de suas inúmeras VÍTIMAS. Como milhões de brasileiros honestos que trabalham e não tem direito de, no calor, dormir de janela aberta. Nem com grade a gente tem coragem de deixar a janela aberta a noite. Trabalhamos o ano todo mas não podemos ter a singela alegria de ver nossos filhos andando de bicicleta na praça porque vem um mal elemento e rouba. Somos todos reféns!
TODOS OS ANOS damos MESES do nosso trabalho ao Governo para que ele faça algo a respeito. Não são dez reais, são meses de trabalho!!!! Não sou Madre Tereza de Calcutá, mas vir me jogar na cara que "a culpa é nossa" dá ódio. Quem tem culpa no cartório que crie vergonha e mude suas atitudes.

Recapitulando:
1- Eu não disse que "não tô nem aí"!
2- Não prego o egoísmo;
3- Em momento algum eu disse "dane-se";
CLAAAAAARO que eu sei que é politicamente incorreto dizer o que eu disse. Mas digo porque posso. Além do mais não sou candidata a nenhum cargo público, então não preciso fazer média com ninguém nem posar de "intelectual-consciente-engajada".
Acho que a parte de cada um de nós é exercer generosidade e honestidade que já tá bom.
Pra ficar ótimo basta amar e dar a vida. Vai nessa?
Não preciso me sentir miseravelmente culpada por "isso aí" para desejar fazer algo. Meu motor não é esse.
A frase "engajada-chique" que anuncia que "somos todos culpados" não nos leva a nada. Nada!Jogar assim no genérico não resolve. Vira divagação infrutífera e no final... pizza!
QUANDO A CULPA É DE TODOS, A CULPA É DE NINGUÉM. Prefiro a objetividade ou nada. Generalidade vazia não me atrai.Quero fazer parte da solução. AJUDAR POR CULPA não me parece saudável e nem mesmo louvável.
Pense nesse exemplo:
Uma mulher sem instrução se juntou com um marginal, "deu pra ele" (desculpaê!) e pariu 6 filhos sem ter condições financeiras mínimas para isso. Como consequência não alimentou corretamente nenhum deles nem os educou. Etc. Isso é lamentável, é horrível. Quero poder ajuda-la de alguma forma, quero que ela e seus filhos tenham chance de levar uma vida melhor. Claro! Você também quer isso! Mas que fique claro uma coisa: eu não contribui para a triste história dessa mulher nem dessas crianças. Não a levei a tomar um monte de decisoes erradas e se dado mal no fim. Lamento, ajudo, mas NÃO TENHO CULPA NISSO.
Essa mulher hipotética precisa entender não apenas que foi vítima de uma realidade cruel mas que também fez merda.

Sentimentalismo vazio cega a gente para a realidade. Por isso que nossa sociedade nunca tira o pé da lama. Porque só dizem que "somos todos culpados" mas ninguém fala que o bandido também pode ter tido opção? Será que TODOS, ABSOLUTAMENTE TODOS fazem o que fazem porque não tem outro horizonte? Não há maldade nessas pessoas? Será que todo mundo que rouba o faz apenas pra comprar comida? AI QUE ROMÂNTICO!!!! Ninguém rouba pra comprar drogas não?
Será que os viciados de hoje não tinham conhecimento de que usar drogas fosse algo ilegal e que elas podem transformar em um inferno a vida do usuário e de quem convive com ele? Estou falando alguma novidade aqui?
Será que engolir, fumar, cheirar e picar não foi uma escolha livre e consciente de pelo menos 98% das pessoas envolvidas com drogas? PORQUE NIGUEM DIZ ISSO, MEU DEUS DO CÉU?
Aí vem aquela turma que desvia a discussão acusando a "sociedade" de egoismo, capitalismo, babaquismo... PÔ, e ninguém diz que o pobrezinho do bandido também tem sua parcela de culpa e maldade? Ninguem diz que alguns desejariam uma chance de levar uma vida decente mas que outros não querem p... nenhuma?
Só há maldade nos capitalistas que investem e trabalham? Filhos da mãe são aqueles que arriscam suas economias em um novo empreendimento? Monstros são os que gostam de conforto? CONFORTO: AI QUE PALAVRÃO! Ainda bem que raríssimas pessoas apreciam isso.
Você é culpado? Então não fale mais comigo porque não sou amiga de bandidos.
Cristina Faraon

terça-feira, 1 de maio de 2007

O Que Eu Também Não Entendo


Se você é solteiro, não adianta explicar.
Se você é casado, nem precisa.
Jota Quest
Composição: Fernanda Mello e Rogério Flausino

O Que Eu Também Não Entendo

Essa não é mais uma carta de amor
São pensamentos soltos traduzidos em palavras
Pra que você possa entender
O que eu também não entendo

Amar não é ter que ter sempre certeza
É aceitar que ninguém é perfeito pra ninguém
É poder ser você mesmo e não precisar fingir
É tentar esquecer e não conseguir fugir, fugir

Já pensei em te largar
Já olhei tantas vezes pro lado
Mas quando penso em alguém
É por você que fecho os olhos
Sei que nunca fui perfeito mas com você eu posso ser
Até eu mesmo que você vai entender

Posso brincar de descobrir desenho em nuvens
Posso contar meus pesadelos
E até minhas coisas fúteis
Posso tirar a tua roupa
Posso fazer o que eu quiser
Posso perder o juízo
Mas com você eu tô tranquilo, tranquilo

Agora o que vamos fazer, eu também não sei
Afinal, será que amar é mesmo tudo?
Se isso não é amor, o que mais pode ser?
Estou aprendendo também

Já pensei em te largar, já olhei tantas vezes pro lado
Mas quando penso em alguém é por você que fecho os olhos
Sei que nunca fui perfeito
Mas com você eu posso ser até eu mesmo
Que você vai entender

Posso brincar de descobrir desenho em nuvens
Posso contar meus pesadelos
E até minhas coisas fúteis
Posso tirar a tua roupa
Posso fazer o que eu quiser
Posso perder o juízo
Mas com você eu tô tranquilo, tranquilo

Agora o que vamos fazer? Eu também não sei
Afinal, será que amar é mesmo tudo?
Se isso não é amor, o que mais pode ser?
Estou aprendendo também.

sábado, 26 de maio de 2007

As despetaladas

Conhece essa atriz? Repare com cuidado.
Este rosto pelo menos lhe parece familiar?

Trata-se de uma atriz famozézima. Uma ex-gostosa. Você assistiu novelas e filmes estrelados por ela. Você a invejava. Ela era linda, roliça. Tinha coxas grossas que configurava crime serem escondidas em calças compridas. Ela era obrigada por questões morais a usar mini saia. Era rosada e seu sorriso mostrava saúde, vitalidade e muito gás a ser gasto com amor, amor, amor. Era uma garota completamente abraçável, apalpável, apertável e fungável. O problema é que ficou famosa demais e o que se seguiu a isso foi a pressão para jogar as carnes fora. Pois é, a iludida aí trocou a beleza real pela beleza virtual, que só convence em fotos, com muita maquiagem e, de preferência, embrulhada em alta costura.

Eu, hein!

Diversas vezes me surpreendi ao rever atrizes ex-gostosas. Mulheres lindas que viraram esqueleto, envelheceram uns 8 anos, trocaram coxas por cambitos e hoje ainda conseguem sorrir confiantes. Estranho, estranho mesmo! Quando vejo essas mulheres sempre exclamo "-Por que será que ela fez isso consigo mesma? Que lástima! Ela era tão linda!"

Lembra como antigamente a Fernanda Torres era um amor em sua beleza roliça e branca? Um anjo barroco! Ela não era gorda, apenas tinha carne. Que mal havia nisso?

Outra que se detonou e envelheceu uns 10 anos rapidinho foi a Cássia Kiss. Era tão bonita! Mas emagreceu impiedosamente. Dá até agonia de olhar.

Quer mais um exemplo de mulher que estava incomodada com a própria beleza? A Débora Secco. Virou palito. Um palito bem produzido, claro. Mas palito.

Sobre a Giselle... não sei se algum dia já teve bunda, coxas e cintura. Acho que nasceu assim mesmo: rosto e cabelo. Tudo bem, não tem culpa. Mostrou-se até inteligente por ter conseguido tirar proveito da própria carência.

Agora me digam: o que esse povo da moda tem contra as coxas? Principalmente aquele par que transborda em quadris redondos, dançantes e apetitosos? Vai dizer que é feio?

Vou pedir uma coisa: nunca mais elogie uma mulher bonita. Cale-se. Finja que não viu. Elogio hoje em dia funciona como maldição: no mês seguinte a sua deusa pode ter sido transformada em escombro de ossos sorridentes. E o pior: a culpa vai ser sua!

Sendo assim, manifesto aqui meu sincero pesar por todas as antigas flores que se livraram das pétalas e hoje sobrevivem como caules.




segunda-feira, 14 de maio de 2007

Eles ou eu?


Pensei que eu já tivesse conseguido dirgerir isso com uma indiferença maldita e confortável.

A gente vê tanta miséria que acaba cansando de pensar nela. Ou se acostuma a pensar que é um fato da vida e ponto final. Bem, nem sei dizer como encaro as fotos e filmagens sobre a miséria.

O detalhe é que ao vivo é diferente.
Pensei que eu já estivesse acostumada, mas não. Na televisão ou em fotos a mente da gente acaba classificando tudo aquilo junto com as imagens dos filmes dramáticos que já vimos; guerras, romances impossíveis, fim do mundo, história de assassinos, catástrofes, incêndios etc. Para defender nossa saúde mental temos um dispositivo interno que arquiva as informações horrorosas e chocantes na mesma prateleira dos filmes. Acho que é assim que funciona.

Tá na hora de mudar essa arrumação. A miséria humana tem que ter uma prateleira só para ela, bem de frente, ao alcance dos olhos.

Hoje a noite vi uma cena comum para os outros. Para mim, que vivo em uma bolha-classe-média não é comum. É uma coisa do outro mundo - mesmo!

Quando fui pegar meu carro para voltar para casa vi umas pessoas no meio de um monte de lixo catando algo para comer. Eles reviravam o lixo como se fossem cães! Meu Deus! Tudo fedia! Como alguém poderia comer alguma coisa daquele monte?

Na televisão não choca. A gente está acostumado. Mas ao vivo e à cores é um soco no estômago. Dói o coração, dói a alma e a consciência.

Aquilo é indigno de um ser humano! É degradante. Não consigo esquecer.

Como será que aquelas pessoas se sentem? Ou elas não tem tempo para essas filosofadas? Filosofar não enche barriga, né?

Elas poderiam me olhar pelo menos com ódio, mas não. Passei perto sem chamar a mínima atenção. Nada! Não despertei o menor interesse naquelas pessoas. Para eles o lixo tinha mais a lhes oferecer do que eu. Havia mais esperança no lixo do que na minha pessoa. O silêncio deles foi contundente.

E o que estou fazendo aqui? Será que escrever no blog pode ajuda-los? Claro que não. Não ajuda nem a mim mesma, que saí de lá me sentindo uma assassina.

Seres humanos como eu, catando lixo como cães!

Agora olhe em meus olhos e crave em meu peito a pergunta fatal: "E aí, Cristina? O que você fez por eles? Conte o resto da história."
Resposta: não fiz nada. Na verdade temi que me assaltassem ou agredissem. Sabe-se lá o que passa na cabeça daquelas pessoas estranhas!

Tendo em vista tudo o que foi dito, quem se desumanizou dentro desse contexto: eles ou eu?
Cristina Faraon

sábado, 12 de maio de 2007

Com motivo




Tenho bons motivos para postar estas fotos.
Sei que elas estão famosas na internet. Você já deve te-las recebido mais de uma vez em seu e-mail, enviadas sob o título de "Um Minuto Antes da Surra."

Essas fotos não estão aqui apenas por serem engraçadas. A intenção não é fazer rir; é fazer lembrar... Elas estão aqui para nos trazer à memória aquela coisa deliciosa que nunca mais vivemos, nunca voltaremos a provar e que até esquecemos de que um dia existiu.

Falo da alegria pura e despreocupada de fazer travessura. Falo da euforia de criar e se divertir com a própria criação. Falo de ser dono do mundo e poder mudar a utilidade dos objetos sem nem cogitar se isso seria ou não permitido.

Pois é. Essa capacidade é uma das coisas que perdemos inapelavelmente quando ficamos adultos. Não que tenhamos deixado de fazer travessuras. As vezes até fazemos. Mas faça um teste: apronte uma "traquinagem" caprichada e corra para o espelho. Se você flagrar em seus olhos um brilho pelo menos parecido com o dessas crianças eu entrego os pontos dizendo que estou errada.

Olhe bem para elas. Não vem à lembrança o quanto era gostosa essa coisa de simplesmente não conseguirmos pensar no resultado de nossas ações?

Amigo, você perdeu isso. Meus sinceros pêsames. Você pode até fazer m... e sentir certo contentamento momentâneo mas ele logo cede lugar a uma espera torturante: o"resultado".

Mesmo sem o fantasma do resultado, as travessuras adultas não produzem esse mesmo estado de graça que percebemos nessas crianças.

Olhe só o menino da tinta branca como parece feliz! A alegria que ele sentiu produzindo e depois contemplando sua obra de arte é uma coisa maravilhosa que nós adultos simplesmente não temos mais.

Com toda a sinceridade: a foto do menino sujo de tinta me comove mesmo. Dá até um aperto no coração, uma saudade doída, uma imensa ternura por ele.

Que vontade de abraçar o menininho! Que vontade de rir com ele e esquecer o preço de cada coisa que ele estragou!

Confesso: eu queria sentir isso de novo. Sem prever o resultado, sem culpa e sem medo da chinelada.

Já não basta perdermos com o tempo a pele de pêssego, tínhamos que perder isso também? Não me parece justo...










sexta-feira, 11 de maio de 2007

Proponha


"...Que os braços sentem
E os olhos vêem
Que os lábios sejam
Dois rios inteiros
Sem direção..." Skank

Hoje apaixone-se.
Ou invente uma paixão. Dê seu jeito.
Nada será falso. Será um delicioso quase-verdade. E afinal de contas o que é verdade nessa nossa vida?

O amor é inventável tanto quanto a história é reinterpretável. Será verdade se você quiser que seja. Se publicar em livros didáticos melhor ainda. De qualquer forma valerá pela fantasia e pelo momento mágico (mágica também é inventável!) com direito a tudo. Eu disse tudo.

Proponha isso a alguém. É bem possível que esse alguém também esteja carente de uma paixão avassaladora (e quem não está?) e tope a brincadeira. Já pensou que esse alguém também possa estar vivendo em preto-e-branco?

Monte um esquema e faça de conta que está morrendo de amores por aquela pessoa pela qual você não morre de amores. Espante os receios garantindo que à meia noite o encantamento acaba e que por isso o risco de sofrimento é mínimo. Taí uma mentira necessária.

Brinque disso mas não se assuste se de repente uma luz fora do script acender-se nesse palco.

Você vai gostar. Monte essa peça teatral só porque é bom e tem a ver com os sonhos de todos os mortais. Mate de inveja os acomodados e diga sim à pirataria.

Creia: uma encenação dessa poderá até atrair bons fluidos! Desperte a curiosidade do Amor. Quem sabe ele se aproxime de vocês só para observar. Quem sabe ele goste, encante-se e deixe-se estar. Essa é a hora: sequestre o Amor!

A idéia de sequestro lhe parece um tanto violenta? Tudo bem, fique com o plano B: finja que não notou a presença do Amor observando por trás do palco, embevecido. Capriche na encenação e espere que ele se comova. Sabe, esse tipo de esforço é mesmo tocante. E quem sabe uma vez comovido o Amor até se esqueça de ir embora.

Cristina Faraon

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Vai acontecer

Um dia você vai acordar e se levantar depressa demais, refeito demais.

Pela primeira vez vai conseguir ouvir todos os sons do mundo, tudo ao mesmo tempo, numa sinfonia alucinante.

Não há mais “barulhos”, mas sons que, estranhamente, convivem com o silêncio. Eles não são mais contrários. É como que se beijassem apaixonadamente. Fizeram as pazes!

O silêncio será quase palpável e cheio de significado. Você distinguirá perfeitamente as duas coisas e isso não lhe parecerá estranho. Aliás, aos poucos tudo vai se “desestranhando” diante de seus olhos, como um enorme novelo que se desembaraça.

Todas as perguntas que lhe inquietavam estarão respondidas de uma só vez. O entendimento total entrou em você como bola de fogo e as questões simplesmente desintegraram-se. Todas.

Tudo é agora tão obvio! Quais eram mesmo as suas angústias? Não importa, não importa mais. O certo é que a verdade está estampada, brilhante como o sol, despida de qualquer dubiedade. Tudo faz sentido.

Que dia é hoje?

Você entende com clareza porque e para quê nasceu, o motivo das guerras, das dores, das alegrias voláteis , galáxias... o escuro, o frio, o sol, a água, a morte, a saudade, o amor, a dor, o ódio, o êxtase, bondade, maldade...

Todas as coisas são apenas os braços sinuosos do mesmo rio - A Verdade.

Claro, claro... não poderia ser de outra forma! A noite segue-se ao dia e o dia à noite e tudo canta em seu próprio ritmo que, no entanto, juntando-se aos demais, forma um “tudo” do qual você é parte integrante e bela.

Agora você nota os bilhões de tons de cores dançando à sua frente. Cores novas e indescritíveis! Nuances deslumbrantes que jamais havia notado - e ainda assim o mundo continua o mesmo. O mesmíssimo mundo onde você nasceu. Tudo parece familiar e novo ao mesmo tempo. Todos os contrários coexistem de maneira inimaginável até pouco tempo atrás.

Como você não reparou nisso antes? É claro que o mar fala. Ele canta em tons graves - agora é possível ouvir. Tudo tem som.

Há som nas pedras e no orvalho, no arrastar sedoso das nuvens, no apodrecimento da fruta no chão, na ovulação das mulheres, no momento do enamoramento, na formação dos cristais, na dança dos vermes, nas decomposições, nas carnes mortas despregando dos ossos, na pétala que se desabraça da flor.

Algumas coisas falam, outras gritam e várias outras cantam. O fato é que tudo é som, luz e vibração. É possível ver e até contar todas as formas de vida que cabem em uma gota de água. Basta aproximar os olhos e tudo fica nítido, perfeitamente visível. É ´só aproximar os olhos e fixa-los em qualquer ponto, que toda a constituição do que você estiver olhando se descortina como um livro que se abre ao vento.

Por algum motivo essa beleza toda não oprime seu coração, não se transforma em nó na garganta, em pele arrepiada, tremor ou lágrima. Pela primeira vez você conheceu a beleza em estado bruto e mesmo assim não é possível perceber em si mesmo manifestação física alguma.

A princípio tudo isso é muito instigante. Impossível dizer quanto tempo você passa discernindo todas as combinações que compõe o universo ou deslumbrando-se diante de todas as formas de vida.

Tudo é forma de vida.

Aos poucos... uma sensação nova: uma saciedade jamais experimentada até então: saciedade de vida e de conhecimento. Tudo foi visto, rebuscado, percebido, analisado, entendido, decifrado. Um vento cálido passa ... através de você. E você entende o que ele diz, o que sem pressa lhe propõe.

Você é chamado a algo mais. Uma inquietação semelhante a uma nova curiosidade lhe impele a seguir adiante. Você ainda não sabe onde fica o "adiante" mas não há pressa - só pendor.

Então, saciado, você novamente olha em volta. Por algum motivo percebe e sente e sabe e vê que não faz mais parte. Precisa seguir. É inevitável seguir. Há um tipo diferente de magnetismo doce e irresistível. Você vibra pelo que, de alguma forma, sabe que vai acontecer. Sabe que é bom e está além, muito além.

Aos poucos você é tomado pela convicção de que o mundo todo se repete ... repete... repete... e assim será para sempre.

Alguma coisa mudou?

Você está destoando; não faz mais parte dessas coisas! Você precisa mesmo ir, quer muito, a ponto de começar a se inquietar.

De fato você se levantou rápido demais, leve demais...

Cristina Faraon

terça-feira, 8 de maio de 2007

Theodora e Victoria



Doce, doce Theodora! Moreninha tão faceira
Que não se contém em seu mundo e invade nossa praça
Mas o faz tão lindamente e de forma tão certeira
Que tudo é seu num segundo e seu encanto não passa.

Seus olhos são estrelinhas com tanta vida contida
Que quisera fosse minha – filha ou melhor amiga.
Tem a beleza do cisne e a agitação da formiga.

Outro encanto é a Victória, bem princesa em seu jeito
De rio manso de águas claras morando em calmo leito
E deixa tantos sorrisos que ficam pra sempre no peito.

Lindo rio é a Victória de águas claras e puras
De sombras morenas nas margens e folhinhas na cintura
Beleza bem natural, tu serás sempre feliz
Por ter aura de pureza e meiguice até a raiz.

Desse jeito elas são hoje, mas não será sempre assim
Vão crescer, ficar mais belas e talvez esquecer de mim.
Então eu fiz esses versos pensando muito em vocês
Quem me dera, com as duas, me juntar e formar três!

Cristina Faraon
(Para duas menininhas lindas que conheci)

domingo, 6 de maio de 2007

Sereia


Estranha mistura! Mundos desiguais
Balanço macio de curta marola
Você foi pescado na beira do cais


Esquece os receios que eu tenho os meios
De tornar real o que vens a sonhar
E o mais que quiseres terás em meus seios
Conhece os segredos do fundo do mar


Conhece o segredo da tua sereia
Na malha que prende mas vai te embalar
E deita com ela, é clara a areia
Gentil purpurina no corpo a arfar


Veredas ocultas... estreito canal...
Esqueça, não busques de novo tua nau
Conhece os segredos do fundo do mar
Conhece o segredo da tua sereia
E fecha teus olhos quando ela cantar


Ah, as cores brilhantes de escamas fininhas
E os outros detalhes da tua formosa
Ah, rende-te às ondas de suas anquinhas
E agora sem medo, e agora sem culpa
Já nem te perguntas se é perigosa?


Tão bom ritual em molhada garupa
Quem manda ou obedece não dá pra saber
Em algas e ais te mantém geniosa
A deusa do mar com grilhão de mulher
Sê presa bem mansa e depois de me amar
Cativo descansa que vou te acolher
Na concha de escamas no fundo do mar
Oculto, onde o tempo tu vais esquecer.

Cristina Faraon

sábado, 5 de maio de 2007

Peraê!


Não dá pra continuar calada.
Se existe uma coisa que me tira do sério é quando acontece uma desgraça social (por exemplo: aquele menino que foi arrastado pelas ruas ... lembra?) e vem um "iluminado" dizer que a culpa é minha.
Isso mesmo! Tem sempre um infeliz rondando pra dizer que "somos todos culpados". Se "somos todos" quer dizer que estou incluída. Isso é um desaforo! Ouvir esse tipo de afirmativa é como levar um tapa.
Sempre trabalhei, criei meus filhos, não uso nem vendo drogas, não coloco armas nas mãos dos bandidos, não assalto ninguém nem ando arrastando crianças pelas ruas, procuro ajudar meu próximo... E ainda assim quando não estou trancada em casa ando sempre com medo, sobressaltada. Principalmente a noite. Tenho medo de parar o carro no semáforo, medo de quem me olha, medo de quem finge que não me olha, medo do cara da moto, do carro com película, medo de parar na padaria, na farmácia, pânico se um pneu do carro fura... E já fui assaltada, inclusive pelo Governo.
Não estou escrevendo isso pra dizer que sou boazinha ou me candidatar em algum processo de canonização. Quero apenas proclamar que não sou a vilã da história, mas uma de suas inúmeras VÍTIMAS. Como milhões de brasileiros honestos que trabalham e não tem direito de, no calor, dormir de janela aberta. Nem com grade a gente tem coragem de deixar a janela aberta a noite. Trabalhamos o ano todo mas não podemos ter a singela alegria de ver nossos filhos andando de bicicleta na praça porque vem um mal elemento e rouba. Somos todos reféns!
TODOS OS ANOS damos MESES do nosso trabalho ao Governo para que ele faça algo a respeito. Não são dez reais, são meses de trabalho!!!! Não sou Madre Tereza de Calcutá, mas vir me jogar na cara que "a culpa é nossa" dá ódio. Quem tem culpa no cartório que crie vergonha e mude suas atitudes.

Recapitulando:
1- Eu não disse que "não tô nem aí"!
2- Não prego o egoísmo;
3- Em momento algum eu disse "dane-se";
CLAAAAAARO que eu sei que é politicamente incorreto dizer o que eu disse. Mas digo porque posso. Além do mais não sou candidata a nenhum cargo público, então não preciso fazer média com ninguém nem posar de "intelectual-consciente-engajada".
Acho que a parte de cada um de nós é exercer generosidade e honestidade que já tá bom.
Pra ficar ótimo basta amar e dar a vida. Vai nessa?
Não preciso me sentir miseravelmente culpada por "isso aí" para desejar fazer algo. Meu motor não é esse.
A frase "engajada-chique" que anuncia que "somos todos culpados" não nos leva a nada. Nada!Jogar assim no genérico não resolve. Vira divagação infrutífera e no final... pizza!
QUANDO A CULPA É DE TODOS, A CULPA É DE NINGUÉM. Prefiro a objetividade ou nada. Generalidade vazia não me atrai.Quero fazer parte da solução. AJUDAR POR CULPA não me parece saudável e nem mesmo louvável.
Pense nesse exemplo:
Uma mulher sem instrução se juntou com um marginal, "deu pra ele" (desculpaê!) e pariu 6 filhos sem ter condições financeiras mínimas para isso. Como consequência não alimentou corretamente nenhum deles nem os educou. Etc. Isso é lamentável, é horrível. Quero poder ajuda-la de alguma forma, quero que ela e seus filhos tenham chance de levar uma vida melhor. Claro! Você também quer isso! Mas que fique claro uma coisa: eu não contribui para a triste história dessa mulher nem dessas crianças. Não a levei a tomar um monte de decisoes erradas e se dado mal no fim. Lamento, ajudo, mas NÃO TENHO CULPA NISSO.
Essa mulher hipotética precisa entender não apenas que foi vítima de uma realidade cruel mas que também fez merda.

Sentimentalismo vazio cega a gente para a realidade. Por isso que nossa sociedade nunca tira o pé da lama. Porque só dizem que "somos todos culpados" mas ninguém fala que o bandido também pode ter tido opção? Será que TODOS, ABSOLUTAMENTE TODOS fazem o que fazem porque não tem outro horizonte? Não há maldade nessas pessoas? Será que todo mundo que rouba o faz apenas pra comprar comida? AI QUE ROMÂNTICO!!!! Ninguém rouba pra comprar drogas não?
Será que os viciados de hoje não tinham conhecimento de que usar drogas fosse algo ilegal e que elas podem transformar em um inferno a vida do usuário e de quem convive com ele? Estou falando alguma novidade aqui?
Será que engolir, fumar, cheirar e picar não foi uma escolha livre e consciente de pelo menos 98% das pessoas envolvidas com drogas? PORQUE NIGUEM DIZ ISSO, MEU DEUS DO CÉU?
Aí vem aquela turma que desvia a discussão acusando a "sociedade" de egoismo, capitalismo, babaquismo... PÔ, e ninguém diz que o pobrezinho do bandido também tem sua parcela de culpa e maldade? Ninguem diz que alguns desejariam uma chance de levar uma vida decente mas que outros não querem p... nenhuma?
Só há maldade nos capitalistas que investem e trabalham? Filhos da mãe são aqueles que arriscam suas economias em um novo empreendimento? Monstros são os que gostam de conforto? CONFORTO: AI QUE PALAVRÃO! Ainda bem que raríssimas pessoas apreciam isso.
Você é culpado? Então não fale mais comigo porque não sou amiga de bandidos.
Cristina Faraon

terça-feira, 1 de maio de 2007

O Que Eu Também Não Entendo


Se você é solteiro, não adianta explicar.
Se você é casado, nem precisa.
Jota Quest
Composição: Fernanda Mello e Rogério Flausino

O Que Eu Também Não Entendo

Essa não é mais uma carta de amor
São pensamentos soltos traduzidos em palavras
Pra que você possa entender
O que eu também não entendo

Amar não é ter que ter sempre certeza
É aceitar que ninguém é perfeito pra ninguém
É poder ser você mesmo e não precisar fingir
É tentar esquecer e não conseguir fugir, fugir

Já pensei em te largar
Já olhei tantas vezes pro lado
Mas quando penso em alguém
É por você que fecho os olhos
Sei que nunca fui perfeito mas com você eu posso ser
Até eu mesmo que você vai entender

Posso brincar de descobrir desenho em nuvens
Posso contar meus pesadelos
E até minhas coisas fúteis
Posso tirar a tua roupa
Posso fazer o que eu quiser
Posso perder o juízo
Mas com você eu tô tranquilo, tranquilo

Agora o que vamos fazer, eu também não sei
Afinal, será que amar é mesmo tudo?
Se isso não é amor, o que mais pode ser?
Estou aprendendo também

Já pensei em te largar, já olhei tantas vezes pro lado
Mas quando penso em alguém é por você que fecho os olhos
Sei que nunca fui perfeito
Mas com você eu posso ser até eu mesmo
Que você vai entender

Posso brincar de descobrir desenho em nuvens
Posso contar meus pesadelos
E até minhas coisas fúteis
Posso tirar a tua roupa
Posso fazer o que eu quiser
Posso perder o juízo
Mas com você eu tô tranquilo, tranquilo

Agora o que vamos fazer? Eu também não sei
Afinal, será que amar é mesmo tudo?
Se isso não é amor, o que mais pode ser?
Estou aprendendo também.