Zoião

Durmo, acordo e ele está lá no meu quarto me olhando com aquele olhão redondo. Já disse que só pedi um tempo, que tudo vai voltar a ser como antes, que teremos momentos maravilhosos juntos! Mas ele não se conforma e fica me olhando com jeito acusador. Vou te contar!
Claro que é verdade quando ele diz que nossa relação estava crescendo e se tornando mais "azeitada", digamos assim. Estávamos cada dia mais íntimos, descobrindo os segredos, fraquezas e delícias um do outro. Mas meu dia-a-dia está meio louco! Já disse que penso sempre nele, que quero estar junto mas sei lá, os dias vão passando... e nada! Já jurei que ainda o amo, mas ele está magoado e não entende minhas razões. Falei que, assim como os homens, eu também preciso de espaço de vez em quando. Não adianta: ele chora, se joga no chão desconsolado, já ameaçou rebentar as cordas, empenar, tudo! Já fez todo o tipo de terrorismo. Disse inclusive que meus dedos vão encarangar se eu não voltar pra ele. O fato de eu estar dando um tempo não quer dizer que nosso amor não seja eterno. E sabe aquele calo que ele me deu, novinho em folha? Pois é: ele pediu de volta. Vou ter que cultivar outro de novo. Que mesquinho!
Pergunto: por que os violões são assim tão possessivos?
Não estou enrolando ninguém. Prometi que semana que vem provavelmente recomeçaremos nosso namoro. Ele disse (fazendo-se de gostoso) que se eu o quiser de volta terei que tentar reconquistá-lo do zero! E pior: ele não garante resultados rápidos. Já sei que vou ter que adular, paparicar, me dedicar, alisar, etc, etc. PODE?!!!! Depois mulher é que é chata e carente. Tudo bem, eu pago esse mico.
Pelo menos não posso me queixar de que ele pega no meu pé. O que ele quer mesmo é a minha mão... e os meus seios coladinhos em sua cara de pau. Eu topo!